Eurodeputado Luiz Herrero
"A polícia se atirou sobre mim e me senti sequestrado", diz eurodeputado expulso da Venezuela
El Pais
O governo da Venezuela expulsou no sábado o eurodeputado Luis Herrero, que estava em Caracas na qualidade de observador internacional do referendo de domingo passado, que afinal abriu as portas para a reeleição indefinida do presidente Hugo Chávez. As autoridades venezuelanas consideraram "lesivas" as declarações do eurodeputado espanhol do Partido Popular, nas quais ele criticou a ampliação do horário de votação e qualificou Chávez de ditador.O governo espanhol convocou no próprio sábado o embaixador venezuelano, Alfredo Toro, e lhe manifestou sua queixa pelo tratamento recebido pelo parlamentar, que foi privado da imunidade consular. O Ministério das Relações Exteriores pretende apresentar uma nota de protesto formal. O presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, qualificou a expulsão de Herrero como "desprezo pelas instituições democráticas".Segundo a versão do governo espanhol, Herrero "foi convidado a deixar o país". O eurodeputado e seus acompanhantes, entre os quais seu correligionário Carlos Iturgaiz, pintam um quadro diferente. "Apresentou-se no hotel um funcionário das Relações Exteriores acompanhado de seis ou sete policiais. Me perguntaram se era o deputado Herrero. Assim que respondi que sim, atiraram-se sobre mim", explica o eurodeputado por telefone, de São Paulo. "Um me segurou pelo pescoço, outro pelos braços, outro me empurrou pela cintura. Me tiraram dali como se me levassem na cadeirinha da rainha. Carlos Iturgaiz se portou como um valente. Tentou interpor-se no caminho e lhe tiraram seu celular como se estivessem desarmando um pistoleiro no oeste. O empurraram. É claro que não me deixaram pegar minha bagagem ou meu passaporte. Também tiraram meu celular."Herrero foi colocado em uma van. Suas perguntas recebiam como resposta um movimento negativo de cabeça do policial que estava ao seu lado. "Esses momentos de incerteza foram os piores. Me senti sequestrado. Embora também deva dizer, em honra da verdade, que em nenhum momento duvidei que se tratava de policiais - tinham um jeito inconfundível - e que os maus-tratos não se prolongaram além da abrupta saída do hotel."Finalmente, conseguiu saber que se dirigiam para o aeroporto de Maiquetía, a meia hora de Caracas. "Ao chegar ao aeroporto, para fazer ver quem mandava ali, entraram diretamente na pista e estacionaram junto a um avião da Varig. Tentaram me fazer embarcar, mas é claro que eu não tinha passaporte. Então foi preciso esperar que um motorista fosse até o hotel e trouxesse meu passaporte. O tempo todo me mantiveram fechado na van."A bordo do avião ele soube que se dirigia ao Brasil. "Nesse momento me senti feliz, livre", comenta Herrero do aeroporto de São Paulo, enquanto esperava para embarcar em um avião com destino a Madri. "Embora as pessoas não acreditem, não gosto de estar no centro desta polêmica. Mas se for para servir para alguma coisa, que seja para que os venezuelanos percebam os métodos de Chávez, o que acontece quando alguém pensa diferente dele e diz isso."O eurodeputado Carlos Iturgaiz declarou no sábado em Caracas que ações como a expulsão de Herrero dão muito o que pensar sobre o respeito às garantias individuais na Venezuela."O governo venezuelano privou Luis Herrero da liberdade de expressão, de movimento e de comunicação", disse Iturgaiz, acrescentando que nenhuma autoridade tinha dado explicações à delegação espanhola do Parlamento Europeu, convidada pela oposição venezuelana. O Conselho Nacional Eleitoral também não havia credenciado os eurodeputados como observadores. Mas Iturgaiz disse que esperaria as credenciais até um minuto antes da abertura das seções eleitorais.As reações à expulsão de Herrero não demoraram. O Partido Popular expressou sua "repulsa" pelo incidente, que o senador Iñaki Anasagasti, do PNV, qualificou de "despropósito". Anasagasti lembrou que nenhuma delegação parlamentar espanhola havia sido admitida para vigiar a lisura do plebiscito. O presidente do Grupo Popular Europeu (PPE-DE), Joseph Daul, declarou: "A impressão é que Hugo Chávez e seus seguidores não querem testemunhas incômodas do que poderia acontecer no referendo".O presidente venezuelano acusou Luis Herrero de ter "produzido o incidente de maneira intencional" e confiou que o ocorrido "não empane as excelentes relações" que mantém com o governo espanhol.
O governo da Venezuela expulsou no sábado o eurodeputado Luis Herrero, que estava em Caracas na qualidade de observador internacional do referendo de domingo passado, que afinal abriu as portas para a reeleição indefinida do presidente Hugo Chávez. As autoridades venezuelanas consideraram "lesivas" as declarações do eurodeputado espanhol do Partido Popular, nas quais ele criticou a ampliação do horário de votação e qualificou Chávez de ditador.O governo espanhol convocou no próprio sábado o embaixador venezuelano, Alfredo Toro, e lhe manifestou sua queixa pelo tratamento recebido pelo parlamentar, que foi privado da imunidade consular. O Ministério das Relações Exteriores pretende apresentar uma nota de protesto formal. O presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, qualificou a expulsão de Herrero como "desprezo pelas instituições democráticas".Segundo a versão do governo espanhol, Herrero "foi convidado a deixar o país". O eurodeputado e seus acompanhantes, entre os quais seu correligionário Carlos Iturgaiz, pintam um quadro diferente. "Apresentou-se no hotel um funcionário das Relações Exteriores acompanhado de seis ou sete policiais. Me perguntaram se era o deputado Herrero. Assim que respondi que sim, atiraram-se sobre mim", explica o eurodeputado por telefone, de São Paulo. "Um me segurou pelo pescoço, outro pelos braços, outro me empurrou pela cintura. Me tiraram dali como se me levassem na cadeirinha da rainha. Carlos Iturgaiz se portou como um valente. Tentou interpor-se no caminho e lhe tiraram seu celular como se estivessem desarmando um pistoleiro no oeste. O empurraram. É claro que não me deixaram pegar minha bagagem ou meu passaporte. Também tiraram meu celular."Herrero foi colocado em uma van. Suas perguntas recebiam como resposta um movimento negativo de cabeça do policial que estava ao seu lado. "Esses momentos de incerteza foram os piores. Me senti sequestrado. Embora também deva dizer, em honra da verdade, que em nenhum momento duvidei que se tratava de policiais - tinham um jeito inconfundível - e que os maus-tratos não se prolongaram além da abrupta saída do hotel."Finalmente, conseguiu saber que se dirigiam para o aeroporto de Maiquetía, a meia hora de Caracas. "Ao chegar ao aeroporto, para fazer ver quem mandava ali, entraram diretamente na pista e estacionaram junto a um avião da Varig. Tentaram me fazer embarcar, mas é claro que eu não tinha passaporte. Então foi preciso esperar que um motorista fosse até o hotel e trouxesse meu passaporte. O tempo todo me mantiveram fechado na van."A bordo do avião ele soube que se dirigia ao Brasil. "Nesse momento me senti feliz, livre", comenta Herrero do aeroporto de São Paulo, enquanto esperava para embarcar em um avião com destino a Madri. "Embora as pessoas não acreditem, não gosto de estar no centro desta polêmica. Mas se for para servir para alguma coisa, que seja para que os venezuelanos percebam os métodos de Chávez, o que acontece quando alguém pensa diferente dele e diz isso."O eurodeputado Carlos Iturgaiz declarou no sábado em Caracas que ações como a expulsão de Herrero dão muito o que pensar sobre o respeito às garantias individuais na Venezuela."O governo venezuelano privou Luis Herrero da liberdade de expressão, de movimento e de comunicação", disse Iturgaiz, acrescentando que nenhuma autoridade tinha dado explicações à delegação espanhola do Parlamento Europeu, convidada pela oposição venezuelana. O Conselho Nacional Eleitoral também não havia credenciado os eurodeputados como observadores. Mas Iturgaiz disse que esperaria as credenciais até um minuto antes da abertura das seções eleitorais.As reações à expulsão de Herrero não demoraram. O Partido Popular expressou sua "repulsa" pelo incidente, que o senador Iñaki Anasagasti, do PNV, qualificou de "despropósito". Anasagasti lembrou que nenhuma delegação parlamentar espanhola havia sido admitida para vigiar a lisura do plebiscito. O presidente do Grupo Popular Europeu (PPE-DE), Joseph Daul, declarou: "A impressão é que Hugo Chávez e seus seguidores não querem testemunhas incômodas do que poderia acontecer no referendo".O presidente venezuelano acusou Luis Herrero de ter "produzido o incidente de maneira intencional" e confiou que o ocorrido "não empane as excelentes relações" que mantém com o governo espanhol.
2 comentários:
Seria esta uma resposta ao "por que não te calas?"
Algo semelhante aconteceu, meses atrás, com observadores de uma entidade internacional de direitos humanos. Foram sumariamente expulsos, pois a Venezuela expulsa estrangeiros que estejam no seu país e façam declarações depreciativas contra o mesmo.
Esta legislação venezuelana é uma tremenda tonteria, e os venezuelanos, começando por Chávez, deveriam ter o bom senso de revogá-la. Como Stuart Mill bem ensinou, todos devem ter o direito de falar o que bem entendem, desde que não causem dano direto, como morte ou violência, com suas declarações. Ir contra isso é ser tolo, antes de tudo, em um mundo como o nosso, o qual é praticamente constituído por declarações e repercussões.
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