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terça-feira, 28 de abril de 2009

O Desconhecido Influenza


A chegada de um desconhecido
Artigo de Stefan Cunha Ujvari, na Folha de hoje.

No último final de semana a humanidade tomou conhecimento de uma nova epidemia de gripe. O novo vírus influenza (H1N1) surgiu em porcos mexicanos. A história se repete. As últimas duas pandemias também surgiram de animais, porém no sudeste asiático. Uma ocorreu em 1957 pelo H2N2, e a outra em 1968 pelo H3N2. Ambas se alastraram pelo planeta e mataram pouco mais de um milhão de pessoas cada. O influenza atual formou-se por mistura genética de diferentes vírus influenza no organismo de porco no México. Conclusão: surgiu um vírus influenza desconhecido. As secreções e líquidos desses animais transmitiram o vírus ao homem a exemplo do que ocorreu com o influenza H5N1 há seis anos, sobretudo na Ásia, transmitido das aves ao homem. Mas esse vírus da gripe suína conseguiu passar de homem a homem -o H5N1, não.


Portanto, iniciamos uma epidemia humana pelo vírus suíno. O vírus mostrou o poder de disseminação de homem a homem, e novos casos devem surgir nas próximas horas. Será difícil conter seu avanço. Mas, por outro lado, as medidas de prevenção organizadas pelos órgãos de saúde podem surtir efeito e reduzir sua disseminação.


Dúvidas


Precisamos saber seu poder de agressão e de mortalidade. Até o momento, é cedo para sabermos como esse vírus se comporta no homem. O influenza H1N1 da gripe espanhola de 1918 agredia os pulmões e favorecia a pneumonia por bactérias. Conclusão: mais de 20 milhões de mortes pelo planeta. Já o vírus da gripe aviária H5N1 mostrou ser muito letal. Desencadeia inflamação importante nos pulmões e mata mais da metade dos doentes -por sorte não consegue se disseminar de pessoa a pessoa. O diagnóstico de novos casos dessa gripe suína implementará as estatísticas desse vírus e então saberemos qual o grau de mortalidade a que ele leva e quais as lesões pulmonares. Até o momento sabemos que se trata de um novo vírus originado em porcos e com capacidade de transmissão pessoa a pessoa. Estamos conhecendo o início da epidemia. Os órgãos de saúde internacionais tomarão as medidas cabíveis para conter seu avanço. Enquanto isso, a população deverá tomar as medidas necessárias para evitar a transmissão do influenza. O paciente com gripe deve tossir ou espirrar em um lenço para não disseminar o vírus pelo ambiente. Precisa ficar em casa para se recuperar e também evitar a transmissão da doença em aglomerados. A lavagem das mãos é fundamental porque é uma forma de transmitir a doença aos outros. Evita-se tocar as mãos na boca, nariz e olhos.

STEFAN CUNHA UJVARI, 44, é autor de "A história da humanidade contada pelos vírus (Ed. Contexto), médico infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo e mestre em doenças infecciosas pela Unifesp

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