Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 18 de março de 2009

Fogaça é Medroso e Indeciso


Trecho da crônica do David Coimbra hoje na ZH.

O projeto do Pontal foi remetido da Câmara de Vereadores à prefeitura. O prefeito vetou-o, modificou-o e o enviou de volta. Quer dizer: o projeto, agora, é do Executivo. Uma das mudanças que fez é a seguinte: propôs que daqui a 120 dias, no máximo, a população decida em plebiscito se o projeto deve ser implantado ou não.A emenda é que me intrigou. Pelo seguinte: o que significa o plebiscito? Que o prefeito não tem certeza se seu projeto é bom? Neste caso, por que o enviou à Câmara? Não teria de aperfeiçoá-lo? Ou talvez nem mandá-lo? Mas e se for o contrário? E se o prefeito tiver certeza plena da importância do seu projeto? Por que não aprová-lo simplesmente? Afinal, trata-se de uma questão técnica, não moral. O que está em jogo é a altura dos prédios que serão construídos, sua destinação, a distância entre um e outro, dilemas deste jaez. Que podem ser revolvidos com consultas a arquitetos, engenheiros e ambientalistas. Eu aqui, que até conheço razoavelmente o projeto, não me considero apto a decidir a respeito. Preferia que um prefeito fizesse isso por mim.Mas, tudo bem, o prefeito quis transferir a responsabilidade para a população. Certo. Vamos ao voto. Já estava me conformando com a incumbência. Só que, ao cabo da entrevista, a Rosane perguntou ao prefeito qual era a posição dele acerca do projeto. Isto é: acerca do seu próprio projeto. E foi a resposta de Fogaça que congelou meu café e transformou em nacos de paralelepípedo o bolinho do Bernardo. O prefeito respondeu que... não ia responder! Não opinou sobre sua própria opinião!!!Fogaça lembrou-me aquele ator alto, forte e espadaúdo que, ao ser indagado por um repórter de revista se era ou não gay, fez beicinho e miou:– Não vou dizer!É um tempo de vacilos, esse em que vivemos. O prefeito não sabe se suas ideias devem ser implantadas ou não e o Grêmio não sabe se disputa o Gauchão para valer ou não. Ambos sentem medo. O técnico do Grêmio tem medo do Inter, o prefeito da cidade tem medo da crítica. Não sabem que um e outra são inevitáveis. O Inter acabará cruzando o caminho do Grêmio, a crítica acabará desabando na mesa de trabalho do prefeito. Já que elas virão mesmo, não seria melhor enfrentá-las com atitudes firmes e ideias claras? A resposta é sim. Claro que sim. Não existe nada pior, para quem decide, do que a indecisão.

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