Interessante análise de Fernando Rodrigues na Folha de hoje. Toda a vez que o PIB caiu a popularidade dos presidentes despencaram. Será o caso de Lula?
Lula, o PIB e a história
Lula especializou-se em contrariar previsões desde a sua posse, em janeiro de 2003. Com a forte desaceleração da economia, como mostrou ontem o IBGE, seu desafio agora se tornou um pouco maior. Terá de desautorizar o histórico dos últimos 24 anos de presidentes civis cujas taxas de aprovação ruíram diante de crescimento do PIB próximo de zero.Toda vez que a economia rumou para a estagnação, a popularidade do presidente de turno fez uma curva idêntica nos anos recentes. O PIB em 1988 teve retração de 0,1%. A taxa de ótimo e bom de José Sarney no Datafolha mergulhou para 8% em dezembro daquele ano.Collor assumiu com aprovação altíssima em março de 1990. Doze meses depois, em 1991, sua taxa bateu em 23%. O PIB havia caído brutais 4,3% em 1990. Em 1991, houve crescimento vegetativo de 1%.FHC foi bem enquanto a farra do populismo cambial o sustentou nas alturas. A economia surfou na fantasia eleitoreira de um real valer, às vezes, até mais do que um dólar.Quando a realidade bateu à porta, o PIB patinou. Só cresceu 1,3% em 2001 e 2,7% em 2002. A aprovação total do tucano flutuou um pouco acima dos 20%. O resto é história conhecida, com a eleição de Lula.É necessário levar em conta as idiossincrasias de cada época. A inflação era estratosférica com Sarney e Collor. E FHC nunca teve a aprovação estelar de Lula, acima de 70% em todos os institutos.Um dado sinistro é o fato de Sarney ter sido o único antecessor de Lula (pós-ditadura) a registrar PIBs "chineses": 7,9% em 1985 e 7,5% em 1986. O efeito comparação com o baixo crescimento dos anos seguintes foi devastador. Ele saiu do Planalto com 9% de aprovação.Tudo somado, nada impede, é claro, Lula de surpreender a todos, permanecendo popular até com a economia no buraco. Mas a história emite sinais diferentes a respeito.
3 comentários:
há uma grande diferença entre os atores desta história: os outros tinham a ferrenha oposição do pt, sabidamente muito competente para destruir pessoas. Agora, toda a estrutura política está montada para a proteção do presidente. Poderá até cair um pouco, pois é impossível (será?) ter mais aprovação do que tem hoje. Mas continuará nas alturas, pode apostar!
Concordo integralmente contigo, Popa.
Se aparelho assistencialista aperfeiçoado pelo Lula continuar estável e a inflação relativamente controlada, ele tem tudo para continuar nossos messias.
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