Diversidade, Liberdade e Inclusão Social
Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt
terça-feira, 27 de novembro de 2012
A Mulher Bomba
Do Blog do Josias:
Lula desenvolveu com Rosemary Noronha, a Rose, uma intimidade que ultrapassou as fronteiras do mero relacionamento funcional entre chefe e subordinada. Conversavam sobre temas pessoais, alheios às atribuições da chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, exonerada por Dilma Rousseff após a deflagração da Operação Porto Seguro.
Ministros e parlamentares petistas que privam da amizade de Lula receiam que a investigação da Polícia Federal possa render-lhe constrangimentos. Preocupam-se menos com as suspeitas de malfeitos que pesam contra Rose e mais com os diálogos extrafuncionais que ela mantinha com o ex-chefe. Conversavam amiúde. E os contatos entre ambos sobreviveram à presidência de Lula.
Deve-se o temor dos amigos de Lula a eventuais inconfidências de Rose, que teve a memória do computador copiada pela PF e trocou e-mails e telefonemas com pessoas grampeadas durante o inquérito policial. A investigação começou em fevereiro de 2011. Em privado, o próprio Lula admite que, embora já fosse ex-presidente, manteve-se em contato com Rose.
Daí o frêmito que estremece o petismo desde o final de semana. A ponto de um ministro ter sido destacado em segredo para “acalmar” a servidora demitida. Daí também o interesse de parlamentares do PSDB em arrastar Rose e, no limite, o próprio Lula para prestar esclarecimentos no Congresso. “Eles não têm voto”, desdenhava, na noite passada, um deputado do PT.
Hora antes, informa a coluna Painel, editada pela repórter Vera Magalhães, o ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça), superior hierárquico da PF, repassara a Dilma Rousseff uma informação tranquilizadora. Rose não foi grampeada pela PF, disse o ministro à Presidente. Confirmando-se o informe do doutor, os investigadores sob seu comando talvez tenham dificuldades para explicar por que deixaram de executar uma providência tão comezinha em inquéritos do gênero.
Mercê do prestígio que desfrutava junto a Lula, Rose colecionou feitos incomuns para uma servidora de terceiro escalão. Convenceu o ex-chefe a indicar para agências reguladoras do governo os irmãos Paulo e Rubens Vieira, presos pela PF. Empurrou para dentro da folha do governo a filha Mirelle, que se demitiu nesta segunda-feira (26) de um cargo que lhe rendia contracheques de R$ 8,6 mil na Anac.
O poder incomum de Rose foi percebido em várias passagens da gestão Lula. Sem necessidade aparente, ela acompanhava o chefe em viagens internacionais. Por vezes, seu nome nem constava da comitiva oficial. Portadora de um cartão corporativo da Presidência, foi liberada de prestar esclarecimentos a uma CPI aberta no Congresso graças ao Planalto, que mobilizou a infantaria governista para brecar os requerimentos da oposição.
O prestígio de Rose voltaria a ficar em evidência na tramitação do nome de Paulo Vieira no Senado. A pedido dela, Lula indicou para a diretoria de Hidrologia da Agência Nacional de Águas o personagem que a PF agora chama de “chefe” da quadrilha que agenciava interesses privados no Estado. Conforme já noticiado aqui, foram necessárias três votações, muita pressão de Lula e uma manobra do aliado José Sarney (PMDB-AP) para que o nome fosse aprovado pelos senadores.
Lula conheceu Rose na década de 90, quando ela assessorava José Dirceu no PT. Eleito presidente em 2002, acomodou-a na função de assessora do escritório da Presidência em São Paulo. Em 2005, guindou-a ao cargo de chefe de gabinete. Em 2010, antes de passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula pediu à sucessora que não bulisse com Rose. Foi atendido. Agora, Dilma informa que vai extinguir o cargo. Algo que apenas reforça a desnecessidade da servidora que, sob Lula, foi tratada como se fosse ultranecessária
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3 comentários:
Há uma excitação natural na imprensa brasileira em torno das possíveis indiscrições sobre o ex-presidente Lula que tenham sido captadas pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Ontem, o jornal Metro, do grupo Bandeirantes, noticiou que há 122 telefonemas entre Lula e Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da presidência da República. Hoje, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que, segundo relato do Ministério da Justiça à presidência da República, não há gravações.
De concreto, até agora, surgiram emails de Rosemary para Paulo Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em que ela trata de um emprego para a filha Mirelle. “A Mirelle já te enviou os documentos? Peço a gentileza de só nomeá-la depois de eu confirmar com o PR. Estou em Maputo. Embarco para Seul na 4ª-feira com ele, aí após conversar te aviso.”
Rosemary trata de um emprego para a filha (já demitida pela presidente Dilma Rousseff), e de coisas mais prosaicas, como ingressos para um cruzeiro marítimo com a dupla Bruno & Marrone. Coisa de "chinelagem", como definiu um delegado da Polícia Federal. E foi apontada, pelo tucano Xico Graziano, como caso extraconjugal do ex-presidente Lula (leia mais aqui).
Até agora, portanto, os grampos que envolvem o ex-presidente Lula são bem menos graves do que aqueles que já atingiram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 1995, uma reportagem de capa da revista Istoé publicou gravações feitas no Palácio do Planalto que tratavam do caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), um negócio, à época, de US$ 1,4 bilhão. Flagrado nas conversas, o chefe do cerimonial de FHC, embaixador Júlio César Gomes foi afastado.
Nas conversas, havia também o registro de supostas intimidades de FHC. Por isso mesmo, o então diretor da Polícia Federal, Paulo Chelotti, passou a alardear aos quatro ventos que teria o ex-presidente nas mãos.
Naquela época, a imprensa era muito mais ciosa da privacidade dos governantes. E não foi atrás da "mulher de FHC". Pouco depois da eclosão do escândalo, Veja publicou uma reportagem de capa sobre Xico Graziano, intitulada "O corvo é Graziano". E ele também foi demitido, numa história reduzida a um caso de espionagem ilegal.
Três anos depois, em 1998, o então presidente FHC foi citado em novos grampos. As conversas envolviam o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o presidente do BNDES, André Lara Resende. Envolvidos na privatização das teles, eles falavam em acionar a "bomba atômica" para influir na formação dos consórcios.
FHC era a "bomba atômica", não o "PR".
Ali, não era coisa de "chinelagem" que se discutia
Vem cá, o FHH não teve um filho bastardo, que ele só reconheceu deposi da morte da esposa. Com uma jornalista da globo em exílio dourado? hahaha, a caros amigos denunciou anos antes e ninguém 'repercutiu'... hahaha. E todos os escândalos não investigados, as voações compradas a reeleição, a desastradas privatizações. Antigos? E as do Serra, que sforam a semana passada? maia, nos fazes ganhar o dia. te desafio a postar algo minimamente surpreendente...
Superintendente em São Paulo, Roberto Troncon, diz que há ligações entre o ex-presidente Lula e Rosemary Noronha, mas nega que sejam 122 e diz que não há indícios de crimes; "se ele tivesse sido pego em algum crime, certamente estaria sendo investigado ou já indiciado"; nada impede que existam conversas que Lula não gostaria de ver divulgadas
28 de Novembro de 2012 às 09:52
247 - O superintendente da Polícia Federal, em São Paulo, delegado Roberto Troncon, confirma: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi grampeado. Há conversas entre ele e a ex-chefe de gabinete da presidência da República, em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha.
"O ex-presidente não tem foro privilegiado. Se ele tivesse sido pego em algum crime, certamente estaria sendo investigado ou já indiciado", disse Troncon, ao jornal O Globo. "Não existe essa história de que foram interceptadas 122 ligações entre ele e a Rosemary. Agora, como ex-presidente , ele ligou algumas vezes para o escritório da Presidência em São Paulo, o que é normal”, afirma.
A informação sobre as 122 ligações em 19 meses (uma a cada cinco dias) foi divulgada em primeira mão pelo jornal Metro, do grupo Bandeirantes. Ainda que a Polícia Federal afaste a hipótese de crime, não está descartada a possibilidade de que a instituição tenha em seu poder conversas que um ex-presidente da República não gostaria de ver divulgadas.
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