Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Obviedades da Educação


A Folha fez uma pesquisa e constatou o óbvio a desigualdade na educação entre pobres e ricos neste complicado Brasil é muito maior do que a desigualdade de renda. O ensino público no Brasil é péssimo, mal administrado, mal gerido, os professores ganham mal e muitos deles ensinam mal. Há exceções. O Brasil é um país de renda desigual exatamente porque o sistema educacional é muito desigual. Sobre o assunto, artigo de Vaguinaldo Marinheiro, publicado na Folha de hoje:
*foto de Ana Regina Nogueira.


Obviedades da Educação


AVISO: este artigo é cheio de obviedades, mas, como as coisas não mudam e fim de ano é tempo de balanços, vale repeti-las. Obviedade número 1 - Todos sabem que acesso geral a uma escola de qualidade reduz a desigualdade social de qualquer país. É também sabido, há muito, que a desigualdade do Brasil é uma das maiores do mundo (ficamos à frente apenas de alguns poucos países africanos e de Bolívia, Haiti, Colômbia e Paraguai no nosso continente, segundo a ONU). Agora, um estudo divulgado por esta Folha na edição de segunda-feira mostrou que a desigualdade da educação no país é ainda maior que a econômica! Somos, talvez, os campeões mundiais nesse quesito. Obviedade número 2 - Diante desse novo dado, ou o Brasil redefine de vez suas prioridades ou vamos assistir aos demais países avançarem enquanto discutimos uma versão do teorema do biscoito: o país é desigual economicamente porque somos desiguais na educação ou somos desiguais na educação porque nossa distribuição de renda é vergonhosa? Obviedade número 3 - Se os mais pobres freqüentassem boas escolas, teriam condições de disputar com os mais afortunados bons trabalhos que pagam salários altos. Como isso não acontece, os que têm mais dinheiro pagam melhores escolas para os seus filhos. O que permite a eles acesso às universidades de ponta. O que leva a melhores empregos. Que garantem melhores salários. Que permitem mais acumulação de dinheiro. O que amplia a desigualdade. Obviedade número 4 - Essa todos os governantes deveriam ter aprendido, uma vez que foi repisada mais de 1 milhão de vezes: a política social que dá mais resultados é o investimento em educação. Povo mais bem educado é também mais saudável (noções de higiene evitam doenças) e tende a se envolver menos com a criminalidade (o tráfico, por exemplo, é mais atraente para os sem-ensino e perspectivas). Num só investimento há redução de custos com saúde e combate à violência. Obviedade número 5 - É claro que é preciso cobrar do poder público, mas os pais têm contribuição a dar. Educadores insistem que a escola melhora quando os pais participam cobrando resultados. Então não basta reclamar. Quer um futuro melhor para seu filho, freqüente a escola. Quanto aos professores, já pedindo perdão aos que se esforçam, é preciso mais seriedade dos que trabalham no setor público. Como reduzir a desigualdade se cerca de 12,8% dos 230 mil professores da rede estadual de São Paulo faltam por dia, sem que com isso percam salário? Na escola privada, as faltas não chegam a 1% e, obviedade final, quem abusa perde o emprego.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Cultura e Realidade


Artigo do cineasta José Padilha, diretor de ônibus 174 e Tropa de Elite, na Folha de hoje.
*Foto de José Moraes.


TODA NOITE , milhares de brasileiros não conseguem dormir por falta de espaço. Eles vivem em celas superlotadas, projetadas para três ou quatro pessoas, mas ocupadas por mais de 20. A maioria está doente e sofre de distúrbios mentais. São mal alimentados e subjugados por organizações criminosas. E estão sob a tutela do Estado. Todo dia, dezenas de brasileiros são asfixiados em sacos plásticos, submetidos a choques elétricos, espancados. São jovens favelados, muitos deles traficantes que foram capturados por agentes do Estado, policiais civis ou militares. Neste ano, de acordo com as estatísticas oficiais, mais de 1.300 jovens foram mortos por policiais no Estado do Rio de Janeiro. Em São Paulo, cerca de 500. A maioria deles com sinais inequívocos de execução. Para ter uma idéia de quão estarrecedores são esses números, nos EUA, um país que tem 300 milhões de habitantes, a polícia mata cerca 200 pessoas por ano. O que nós brasileiros fazemos ante tamanha brutalidade? Infelizmente, acho que a resposta é muito pouco ou quase nada. Não nos revoltamos. Não organizamos protestos nem marchamos em direção ao Palácio do Planalto. Aceitamos a violência do Estado e de seus agentes com estranha passividade. Será que não nos importamos com os direitos humanos? Postas assim, essas questões parecem pertencer exclusivamente ao campo da ética. Todavia, tenho a impressão de que a forma pela qual reagimos à violência tem uma forte relação com a própria existência dessa violência. Suspeito que a nossa passividade perante a violência do Estado seja uma de suas causas. A antropologia evolutiva parece corroborar essa tese. O comportamento humano foi moldado ao longo de milhares de anos de evolução. Na maior parte desse período, vivemos em pequenos grupos sociais, as tribos. Eram grupos em que todos os indivíduos se conheciam mutuamente e precisavam cooperar para sobreviver. Por isso, muitos biólogos defendem a idéia de que a cooperação e a compaixão, instintos que se opõem à agressividade, evoluíram para operar só entre indivíduos de uma mesma tribo, indivíduos que se conhecem. Para tais biólogos, esses instintos não operam fortemente entre desconhecidos. Diz o famoso zoólogo Desmond Morris: "Uma relação despersonalizada não é uma relação biologicamente humana". E Edmund Wilson, professor de Harvard: "Do ponto de vista da biologia, o que precisa de explicação é a paz, não a guerra". A julgar pela forma como reagimos à situação da segurança pública no Brasil, Morris e Wilson têm razão. A maioria de nós não conhece pessoalmente as vítimas usuais da violência no Brasil, que são miseráveis e favelados. Talvez por isso não nos importemos tanto assim com as violações de seus direitos humanos. A coisa muda de figura, claro, quando a vítima é nosso parente ou vizinho. Aí a biologia entra em campo e ficamos revoltados a ponto de protestar ostensivamente. Mas, nesse caso, vale notar, não protestamos por razões culturais, mas sim por instinto. Se é verdade que não temos fortes instintos biológicos de compaixão e cooperação para com indivíduos que não conhecemos, como é que algumas sociedades conseguem controlar a violência em geral e a violência do Estado em particular? Creio que existe um forte componente cultural associado ao controle da violência e que este controle funciona melhor onde existe uma ética social que valoriza o respeito ao indivíduo e as liberdades individuais. As reações sociais à violência do Estado não parecem se fundar nas idéias de coletividade e cooperação, mas na idéia de que os indivíduos não devem tolerar um Estado que pratique violência contra os seus cidadãos sob pena de eles serem a próxima vítima. Isso explicaria por que os Estados que se constituíram a partir de idéias totalitárias associadas à coletividade foram, ao longo da história, muito violentos. Vide a China de Mao Tse-tung, a Alemanha nacionalista de Hitler ou a União Soviética de Stálin. Por outro lado, os Estados modernos que aliaram a democracia ao respeito ao indivíduo, como Inglaterra e França, foram muito menos violentos. Se esse raciocínio está correto, o problema da violência urbana no Brasil tem um forte componente cultural e está associado ao fato de não termos uma tradição explícita de respeito aos direitos e às liberdades individuais. Nesse cenário, podemos imaginar que a grande interferência dos governos brasileiros na economia, a alta carga tributária que pagamos sem protestar e a nossa grande tolerância com a corrupção tenham muito a ver com a morte do garoto de 15 anos que tomou 30 choques elétricos pelo corpo e com a prisão da adolescente em meio a homens no Pará -ambos sob a tutela do Estado.
JOSÉ PADILHA, 40, é cineasta, diretor dos filmes "Ônibus 174" e "Tropa de Elite".

Feliz Natal


Pessoal


Feliz Natal para todos e com direito a todos os fetiches possíveis: muito papai noel, árvore de natal decorada e presentes legais ou maneiros. Todo mundo merece! Quem quiser rezar que reze, mas deixem os outros dormir. Quem quiser beber que beba, mas cuidado ao dirigir. Quem quiser comer que coma, mas que coma bem. E que todos curtam com alegria e sabedoria a noite de natal. É bom, muito bom, comemorar e bebemorar. Avante que a vida é mesmo para ser vivida.

Sendero Luminoso


Quando estive no Peru vi algumas marcas do Sendero Luminoso e uma foto que sempre me vem a cabeça é do líder do Sendero, Abimael Guzmán enjaulado (acima). Na Folha de hoje uma entrevista com o jornalista peruano Santiango Roncagliolo que está publicando o livro La Cuarta Espada, sobre o movimento. A reportagem é de Sylvia Colombo.

Quando tinha cinco anos e vivia no México com os pais, o peruano Santiago Roncagliolo viu nos jornais uma imagem que o marcou para sempre. A foto mostrava cachorros enforcados em postes de Lima. Pendurados a eles, pequenos cartazes enigmáticos diziam: "Deng Xiaoping: filho de uma cadela".
O pequeno Roncagliolo, intrigado, perguntou aos pais o que era aquilo. E a resposta foi dura: "Este é o seu país". Era o ano de 1980, e o grupo terrorista de filiação maoísta Sendero Luminoso anunciava, assim, o início de sua luta armada contra o Estado peruano. Mais de 20 anos depois, Roncagliolo, então um jovem escritor e jornalista tentando a sorte na Espanha, propôs ao diário "El País" uma reportagem sobre o líder daquele grupo guerrilheiro, o ex-professor universitário Abimael Guzmán.
Madri ainda vivia o trauma dos ataques do 11 de Março de 2004, e havia bastante interesse dos espanhóis pelo tema do terrorismo. O jornal topou na hora, e o escritor voou de volta ao Peru. Estava determinado a entrevistar todos os lados daquela guerra que durou mais de dez anos e provocou a morte de cerca de 70 mil pessoas. Falou com senderistas, companheiros e desafetos de Guzmán, encontrou seus irmãos -que hoje evitam divulgar seus vínculos de sangue com ele-, além de oficiais do Exército que encabeçaram a reação, também violentíssima, contra a guerrilha.

O resultado acabou ficando muito maior do que uma convencional reportagem para um jornal impresso. Parte dela foi, sim, publicada no "El País", mas o projeto resultou mesmo no livro-reportagem "La Cuarta Espada" (ed. Debate). Recém-lançado na Espanha e nos países hispano-americanos, a obra deve sair no Brasil pela editora Objetiva em 2008. Leia a entrevista que Roncagliolo, 32, concedeu à Folha, de Barcelona, onde vive.

FOLHA - Por que ninguém havia feito, até hoje, um livro sobre Abimael Guzmán?
SANTIAGO RONCAGLIOLO - Isso é sintomático do trauma que ainda pesa sobre a sociedade peruana. É curioso que esse silêncio contraste com o ambiente de discussão que encontrei nas prisões, onde fui ler trechos para os senderistas encarcerados.
FOLHA - Pode falar da experiência na prisão de Castro Castro, em Lima, onde estão presos os senderistas?
RONCAGLIOLO - Sim. O interessante lá é que todos estão presos juntos. Não só senderistas, mas também terroristas de outras facções e soldados julgados pelas mortes que provocaram na luta contra o Sendero, e ainda agentes de inteligência do governo, punidos por afrontas aos direitos humanos. São todos os lados do período da guerrilha, e me falaram muito de suas experiências. Ouvi histórias incríveis, como a de um dos terroristas que hoje faz aulas de violão com o mesmo soldado que deu um tiro em sua cabeça numa perseguição.
FOLHA - Você trata a ideologia dos senderistas, à época, como uma espécie de delírio coletivo. Eles ainda pensam da mesma maneira?
RONCAGLIOLO - Os mais velhos, a cúpula do movimento, sim. Primeiro porque estão isolados e relacionam-se apenas entre eles. Não sabem o que é o mundo após a queda do Muro de Berlim, por exemplo. Têm idade e passaram vinte anos de suas vidas presos. Antes, outros vinte clandestinos. É praticamente impossível que, agora, se dêem conta de que suas vidas inteiras foram um erro.
FOLHA - Você faz uma comparação até certo ponto divertida, entre o modo como a ideologia senderista se impôs entre seus membros e a Força dos Jedi do filme "Guerra nas Estrelas". Pode explicar melhor?
RONCAGLIOLO - Pensei nisso porque o marxismo tornou-se para aquelas pessoas um guia místico, uma espécie de força maior para que tomassem decisões duras sem que parecessem que eram deles mesmos como indivíduos. As deliberações coletivas os imunizavam da responsabilidade pessoal. Daí a verem os assassinatos em massa de inocentes como uma necessidade daquela causa, e não crimes monstruosos, foi fácil. Agravava a situação o fato de que os senderistas viviam num mundo muito pequeno. Debatiam e casavam entre si. O extremismo passou a parecer algo normal, porque perderam os referenciais do mundo de fora.
FOLHA - Você aponta também a especificidade de a origem do Sendero ter se dado no ambiente universitário, e no interior do país. Como esses fatores combinaram-se?
RONCAGLIOLO - Nos anos 60 e 70, as idéias marxistas circulavam nas universidades. As mais afastadas reuniam gente de diversas zonas do país, muitos das mais pobres. As pessoas conheciam o comunismo e depois voltavam a seus povoados, onde o disseminavam. Assim o Sendero teve facilidade para recrutar voluntários.
FOLHA - E Guzmán, por ser chefe de uma universidade, em Ayacucho, tinha grande poder sobre esses professores interioranos, certo?
RONCAGLIOLO - Sim, ele controlava quem entrava na faculdade, e quem poderia graduar-se para virar professor. Influía no currículo das escolas da região serrana, onde o Estado está ausente e os educadores têm papel importante. Isso tudo produziu um contexto perfeito para fortalecer a base do Sendero.
FOLHA - Você voltou do México na adolescência e passou alguns anos em Lima. Como era a cidade na época?
RONCAGLIOLO - Era assustadora, havia bombas, colocávamos fitas adesivas nas janelas para que não se quebrassem. E havia os apagões. Nada se parecia com o que haviam me contado sobre o que era a "revolução". Meus pais eram de esquerda e não entendiam. Aquilo não tinha nada a ver com a ética comunista que defendiam. Mas, até então, eu ainda via a violência só de um lado. A única força que me parecia perigosa era a do Sendero.
FOLHA - Isso mudou quando começou a escrever o livro?
RONCAGLIOLO - Sim, a investigação me mostrou que a resposta do Estado foi desproporcional, desordenada, e só fez aumentar a violência. Foi revoltante perceber que as duras ações militares foram desatadas em meu nome e dos de minha geração. Percebi que todos foram vilões na história recente do meu país, o Exército, o governo e o Sendero. E o resultado dessa guerra só foi ruim de verdade para os pobres, os camponeses, que, em conseqüência, morreram inocentes, e aos montes. Para a sociedade, hoje, é mais fácil pensar que Guzmán foi um psicopata isolado e não que todo o Peru contribuiu para uma tragédia dessa proporção.
FOLHA - O que mais o impressionou nas conversas com senderistas?
RONCAGLIOLO - Elas não foram nada fáceis, porque seu lado emocional foi reprimido por conta da disciplina a que se impuseram. Não concebem sua vida pessoal fora do partido. É duro fazer com que contem coisas mais pessoais. Por exemplo, quando perguntei à Elena Iparraguirre, namorada de Guzmán, se havia sido difícil deixar seus filhos quando foi para a clandestinidade. Ela disse que sim, mas que sua vontade não importava, pois outras forças haviam decidido por ela.
FOLHA - Você acabou não conseguindo falar com o próprio Guzmán. Qual seria sua principal pergunta se isso tivesse sido possível?
RONCAGLIOLO - Gostaria que ele falasse sobre maior mistério de sua vida, que é o que aconteceu com sua primeira mulher, Augusta La Torre. Ela morreu com 40 e poucos anos. Os senderistas dizem que foi um ataque cardíaco. Já a polícia diz que foi Guzmán quem a matou.Quando perguntei à Iparraguirre, ela reforçou que Augusta tinha morrido do coração. Eu contestei, dizendo que achava estranho uma mulher jovem ter uma morte súbita assim. A resposta dela foi assustadora. Disse que essa versão era aquilo "que o partido tinha decidido".Assim como outros membros da cúpula, criticaram meu livro. Não pelo conteúdo, mas pelo princípio. Afinal, é a história de um homem, o que para eles não conta. O enfoque que os interessa é o da causa na qual ainda crêem e dentro da qual eles mesmos pouco significam.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Presente de Natal para Chávez

Que presente os Venezuelanos podem dar para Chávez? Essa pergunta faz parte de uma campanha do http://www.terra.com.ve/


As melhores respostas são as seguintes:






Viajem à lua sem regresso, o mandatário necessita de uma estadia indefinida fora de casa.


Um tapabocas para que não fale tanta mier... no programa "Alô Presidente..."




Uma esposa de verdade para acompanhar Chávez na viagens internacionais.


Um bosque para que Chávez se perca.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A Fome de Miséria do Bispo - Rodrigo Guéron







Pesquei do Diplô em Português esse artigo do marxista e esquerdista Rodrigo Guerón, sobre a questão da transposição das águas do São Francisco e a greve de fome do bispo chantagista. Um dos melhores textos sobre o assunto e que prova e comprova que o ultra conservadorismo, o fundamentalismo religioso do franciscano católico e a esquerda radical no Brasil estão - todos - de mãos dadas. Como o Diplô gosta de dar crédito à esquerda radical e burra, eles publicaram um artigo do Frei Leonardo Boff criticando a obra faraônica do governo do PT que - dizem - vai beneficiar, quase que exclusivamente o agrobusiness.

*As fotos acima são de Andreas Heiniger.

A fome de miséria do Bispo
Os que apóiam Dom Cappio não podem ser de esquerda. Tornaram-se cúmplices e motores de um dos mais profundos conservadorismos brasileiros. Um esquema que glorifica exatamente aquilo que precisa ser vencido: fome, sofrimento e morte

Rodrigo Guéron
Escrevi um primeiro artigo sobre a greve de fome de Dom Luiz Cappio contra a transposição do Rio São Francisco no jejum anterior do religioso. Naquela ocasião, ele recebeu o apoio de alguns dos maiores coronéis oligarcas nordestinos: ACM foi visitá-lo e o então governador de Sergipe, João Alves Filho, chefe do pefelê local, participou de uma missa em sua homenagem. Note-se que ambos foram derrotados, nas eleições que se seguiram, exatamente por dois candidatos a governador do PT, numa campanha eleitoral onde as obras do rio não deixaram de ser debatidas.
É evidente que as discussões técnicas em torno da transposição são importantes. O problema são as características do ato protagonizado pelo bispo, o que esta performance diz e simboliza. Muito mais que os apoios ecléticos recebidos por Dom Cappio,
seu gesto traz à tona algo que expressa o que o Brasil, e o Nordeste em particular, têm de mais conservador e violento.
O ato do bispo é, em primeiro lugar, um culto à fome, ao sofrimento e em última análise à própria morte. O bispo se auto-exalta, e é exaltado, como alguém que seria mais virtuoso que os outros porque sofre e passa fome. Isso o faria uma espécie de portador da verdade. Ou seja, fome e sofrimento seriam uma espécie de passaporte para a bem. Dessa maneira, no entanto, o bispo restaura o próprio circuito de miséria, violência endêmica e poder, que se fecha numa lógica, num sentido, que há mais de um século aprisiona a vida, e conseqüentemente a política, no Nordeste.
A pulsão de morte... a mistificação religiosa contra a qual Glauber Rocha se levantou com veemência
O mal que o moralismo salvacionista católico fez, e faz, ao país, apesar de toda ambígua e impressionante potência de Canudos, parece não ter fim. O culto ao mártir morto e vitimizado, a lógica da sina do miserável predestinado; enfim, a mistificação religiosa contra a qual Glauber Rocha se levantou com veemência. Esse ímpeto, que balança entre o conformismo e a atitude suicida/auto-martirizante por uma grande causa – como supostamente é a do bispo – transforma-se numa espécie de pulsão de morte coletiva que transcende, no Brasil, os limites do Nordeste.
Estou longe de ser um entusiasta do desenvolvimentismo, do progresso a qualquer preço: aí também existe um culto positivista e uma crença na redenção, em torno da qual organizam-se esquemas de poder. Acredito, no entanto, que água, produção de alimento e mudanças nas relações de trabalho fariam bem ao sertão. É claro que deve haver pressão política, para que os pequenos proprietários desfrutem da obra. Eles podem vir a ser uma classe média rural, pequenos produtores, por vezes resultado das ocupações de latifúndios improdutivos feitas pelo MST, e que votaram massivamente em Lula nas últimas eleições. A Pastoral da Terra e a UDR que me desculpem, mas o MST é fundamental para o crescimento do nosso mercado agrícola; para que avance o processo de diversificação e barateamento dos alimentos que hoje vivemos no país.
E embora me considere à esquerda dos marxistas, com suas teleologias e transcendências, há até algo de marxista nessa minha afirmação, qual seja, entender que as transformações da produção são sempre, de certa forma, uma transformação – e uma produção – política. Mas o marxismo cristão brasileiro torna-se cada vez mais conservador: prefere a metafísica de Marx – a salvação em algum socialismo imaculado – ao seu materialismo. É triste que os teóricos da Teologia da Libertação, que produziram uma ruptura e um movimento liberador na imanência das lutas, na rebelião dos pobres e na potente palavra de ordem do MST (“Ocupar, resistir, produzir”, hoje um tanto esquecida...), tenham caído nessa captura conservadora que nega a vida pela transcendência.
A mesma lógica moralista de Frei Betto, quando diz que o problema é os pobres desejarem
É curioso, inclusive, que uma conhecida atriz global apóie com tanta veemência o tal bispo. Ela que, como milhões de pessoas, todos os dias toma banho em água limpa graças à transposição do rio Guandu, que abastece o Rio de Janeiro; e que é famosa graças, além de seu trabalho, à poderosa indústria do entretenimento e a seu custoso aparato tecnológico, quer agora negar a tecnologia aos pobres e falar dos perigos do mercado e do dinheiro se expandir pelo sertão. É a mesma lógica moralista que fez Frei Betto dizer, há não muito tempo, que a culpa da fome era da geladeira, porque fez os pobres desejarem ter sorvete e refrigerante, quando antes se satisfaziam com arroz, feijão e carne seca. Os pobres, os que estão fora do “mercado” desejando: este é na verdade o “perigo”....
Parece claro, portanto, que não foi contra os possíveis problemas da transposição do rio, nem contra as grandes misérias do capitalismo, que essa greve se voltou. É na verdade – como Gil e Caetano bem disseram na canção Haiti, numa menção à ira de nossas “classe médias” contra as escolas propostas por Darci Ribeiro — “um pânico mal-dissimulado diante de qualquer, mas qualquer mesmo, plano que pareça fácil é rápido, e vá representar uma ameaça de democratização...”
Suponhamos mesmo que, na pior hipótese, a transposição beneficie o agronegócio, as mega-empresas agrícolas exploradoras. Então, organiza-se um sindicato, reivindica-se melhores salários, participação nos lucros, faz-se uma boa greve... Em todo caso, melhor que o servilismo aos coronéis, que não querem a transposição; melhor que uma procissão de miseráveis que santificarão um bispo morto e pedirão que Deus “nos mande chuva” e se autogloficarão na miséria, na privação e na dor.
Acho inadmissível que setores que se dizem “de esquerda” apóiem isso: não são de esquerda, posto que estão sendo cúmplices e motores de um dos mais profundos conservadorismos brasileiros. Um esquema que e glorifica exatamente aquilo que precisa ser vencido: fome, sofrimento e morte.

Sobre Lutas e Consenso


A história é feita de lutas e consenso. O fato de haver conciliação não significa a derrocada da luta. A luta continua, porque o mundo é dinâmico. Mas existem formas e formas de lutar.
Tentar impedir e bloquear o livre fluxo do mundo, irritando os viventes, como gosta de fazer a esquerda é uma forma equivocada e ultrapassada de luta. Por isso o ibope anda lá embaixo em relação aos movimentos sociais que andam perdendo cordeirinhos para as igrejas pentecostais.

A esquerda não se deu conta que o Brasil não está aberto para o que a esquerda pretende para um mundo melhor e possível. E por que este país não está aberto? Porque existe em nossas cidades o padrão classe média de vida que é dominante. E os pobres deste país não querem receber ideologia, eles querem é ter seu celular, sua tv de plasma, sua casa confortável. Querem, também -- e isso é fundamental -- ter acesso a um ensino e um sistema de saúde decente, bem como viver em segurança.

Resumo, os pobres deste país querem ser incluídos socialmente. E essa é a grande luta. É claro, é evidente que tem uma ideologia que faz adorar papais noeis. Então, vamos fazer como Chávez, tirar o papai noel de circulação!!! Não é assim que se luta com a imposição totalitária de certas medidas. Essa é uma luta perdida e anacrônica.

A luta vencida é a da integração social e a da inclusão social dos excluídos, como gosta de dizer o professor Boaventura. A luta vencida dos tempos atuais é a que faz a Espanha, Portugal e o Chile que aprenderam, finalmente, uma linguagem de desenvolvimento. São países que incluíram socialmente parte considerável de sua população no contexto de qualidade de vida. Este é o caminho, a verdade e a vida.

Águas Republicanas - Fernando de Barros Silva


* Artigo de Fernando de Barros Silva na Folha de hoje:

Águas Republicanas

Não consigo ter simpatia pela greve de fome de d. Luiz Cappio. Sua atitude, de quem se submete à privação e ao martírio, pondo em risco a própria vida em nome de uma causa superior, parece-me uma manifestação extrema do masoquismo católico -um dos traços definidores dessa religião.Associado à sorte dos pobres, em nome de quem sempre falou, o sofrimento que o bispo se auto-infligiu teve o efeito de provocar uma corrente de identificação e solidariedade pelo país. O engajamento de artistas na luta em "defesa do rio" acabou por converter a transposição num caso de grande apelo emocional, um drama mexicano.Está fora de dúvida que sejam pessoas de boa-fé, ou movidas por bons sentimentos. Mas emoção e desinformação andam de mãos dadas -e neste caso certamente não são boas companhias. Pareceria até cômico, não fosse antes trágico, que uma liderança religiosa se torne o ponto de referência da discussão de um tema que exige a mobilização de tantos conhecimentos técnicos.O maniqueísmo católico não costuma ser amigo do pensamento. E a igreja, lembre-se, é uma das grandes responsáveis pelo lobby obscurantista em relação ao aborto, além de sustentar posição criminosa ao proibir o uso da camisinha. Não sei o que Cappio diria a respeito.A obra do São Francisco consta do programa de governo de Lula. Foi discutida em audiências públicas. Obteve a licença ambiental e removeu todos os entraves legais. É controvertida? Não há dúvida.Há quem considere seus efeitos socialmente escassos ou muito duvidosos diante de investimento tão faraônico. O grande beneficiário, diz-se, seria o agronegócio.Há ainda quem veja na transposição uma mina de ouro para o financiamento de futuras campanhas. É, de fato, a maior obra do PAC, injeção bilionária de dinheiro do Orçamento no cofre das empreiteiras.O governo fez sua escolha e tem seus argumentos. O país é laico e o regime, republicano. Melhor assim.

Vaticano Não Gosta da Bússola de Ouro


Melhor coisa que poderia acontecer para um filme em lançamento é receber uma crítica como essa do Vaticano. Isso significa que o longa "A Bússola de Ouro" vai encher os cinemas.Trata-se da produção de um dos best-sellers da trilogia Fronteiras do Universo, em que a Igreja aparece como vilã.No Brasil, a estréia da produção - estrelada por Nicole Kidman e Daniel Craig - está marcada para a terça-feira de Natal

Da ZH de hoje:
Segundo editorial do jornal Vaticano lOsservatore Romano, o filme é anticristão e promove a idéia de um mundo frio, sem Deus e caracterizado pela desesperança. O autor da obra literária, Philip Pullman, foi o principal alvo das críticas.- No mundo de Pullman, a esperança simplesmente não existe, porque não há salvação senão na capacidade pessoal e individualista de controlar a situação e dominar os acontecimentos - afirma o editorial.No livro, a Igreja e a instância que a rege, conhecida como Magisterium, estão ligadas a experimentos cruéis com crianças, cuja intenção seria descobrir a natureza do pecado e tentar acobertar fatos que prejudicariam a legitimidade e o poder da Igreja.A versão cinematográfica, contudo, não contém nenhuma referência à Igreja - o diretor do longa, Chris Weitz, não quis correr o risco de ofender o público religioso.


Com todo o respeito, mas não é assim que funciona o mundo?

Mesmo assim, alguns grupos católicos nos Estados Unidos fizeram campanha para que o filme fosse boicotado. No início de dezembro, uma das estrelas do filme, a atriz Eva Green, disse que as críticas dos grupos religiosos representavam "muito barulho por nada".- Nos regimes passados da Rússia e da China, todos controlavam crenças. Isso é mais sobre liberdade de expressão e destino - justificou Eva.O jornal do Vaticano disse ainda que A Bússola de Ouro é o filme "mais antinatalino possível" e considerou um consolo o fato de a bilheteria de seu primeiro fim de semana em cartaz ter sido decepcionante: US$ 26 milhões. A expectativa era de que o filme arrecadasse entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões nesse período.

O "controle das crenças" pela ideologia ou pela religião é efetivamente um grande mal.

Iotti


Monstrinhos de Celular - David Coimbra


David Coimbra continua muito bom. Ele é um grande cronista de Porto Alegre e do RS. Gremistão. Ele tem aquela linguagem "deu prá ti" típica do RS. Não é mole enfrentar 500 adolescentes de "hormônios formigantes". E uma lei proíbe os alunos de utilizarem telefone em sala de aula, determinação que todo o professor deveria exigir dos seus alunos. Mas, pelo visto, alguns não tem essa autoridade. Projetos de lei idênticos tramitam em todo o Brasil. O artigo do David Coimbra é exatamente sobre isso, o RS dos nossos dias. E o Brasil também.


Monstrinhos de celular

Numa dessas tardes abrasadoras de fim de ano, tempos atrás, fui palestrar aos alunos da Escola Estadual Cândido de Godói, na zona norte da capital de todos os gaúchos. Já ao entrar, reparei que a escola era muito limpa e bem organizada, tudo em seu lugar, tudo rebrilhando como talheres de hotel. As professoras levaram-me para um auditório onde 300 adolescentes e seus hormônios formigantes me esperavam. Ou talvez fossem 400. Não duvido que chegassem a 500.


Enfim, lá estava eu, de microfone em punho, olhando perplexo para aquele lago de adolescentes que gritavam, pulavam, uivavam e se esganavam com a fúria e a energia de mil bisontes com dor de dente. Como detê-los? Como aquietá-los? Era evidente que eu não conseguiria nem abrir a boca. Lancei um olhar de aflição para os professores, sentados atrás de mim, como se lhes pedisse socorro. Pareciam estranhamente tranqüilos. Pareciam estar acostumados com a situação. Então, do meio deles ergueu-se uma mulher, que, vim a saber depois, era a diretora Marlise Wienandts.


Ela caminhou serenamente até a frente do palco e parou, olhando a assistência. E, sem que emitisse um único som, sem que gesticulasse, sem nem piscar, calou a todos. Em um segundo, ninguém mais falava. Em 10, ela me apresentou. Em meia hora, quedava-me encantado com a atenção, o interesse e a inteligência dos alunos.Descobri mais tarde que a condução firme dessa diretora transformou a Cândido de Godói em uma espécie de modelo de escola. Uma das professoras, hoje aposentada, falou-me do prazer que sentia em trabalhar lá. Tanto que, quando havia uma tarefa extra a executar, fazia-a na escola mesmo, adiando o momento de voltar para casa.


Naquela tarde, saí do colégio pensando que educadores como a diretora Marlise eram heróis do Brasil. Agora, semana passada, pensei nela outra vez. Por causa da lei que a Assembléia aprovou, proibindo os telefones celulares em salas de aula. Como a diretora Marlise deve estar envergonhada, ao tomar conhecimento dessa lei. Deve ter concluído, com razão, que a mera cogitação de se votar uma lei que tal é o atestado de incompetência dos professores do Rio Grande do Sul. Se o professor não conquistou autoridade para dizer como o aluno precisa se comportar em sala de aula, que credibilidade terá para convencê-lo da utilidade da Fórmula de Báskara?


É esse tipo de professor que vai bater sineta em frente ao Palácio Piratini, pedindo aumento?A vergonha que essa proposta de lei significa para o magistério só se equivale à que representa para a própria Assembléia Legislativa. Os deputados gaúchos legislando sobre uma norma de sala de aula! Qual será o próximo projeto? A proibição da cola? A regulamentação do espancamento de professores? O estabelecimento das regras do Três-Dentro-Três-Fora que se joga na hora do recreio?Agora, o opróbrio definitivo recai sobre as famílias gaúchas, estufas de monstrinhos que, hoje, só se comportam em aula sob a sombra dos cassetetes da Brigada, e que, amanhã, estarão desviando, falsificando, forjando, roubando.São esses os pais gaúchos, e os deputados gaúchos, e os educadores gaúchos. É esse o Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A Cara do Cara


Tá ai a cara do homem branco que furtou o Picasso e o Portinari. O nosso Ladrão de Casacas.

Isso Tem que Ter Fim


A Zero Hora e a Rede RBS, aqui no sul do Brasil, lançou uma campanha contra a violência no trânsito. Na edição de ontem a ZH colocou, na primeira página, o nome de todos os 379 mortos do trânsito no verão de 2007, nas estradas gaúchas, sendo que a maioria dos falecidos são os homens da faixa entre os 18 e 29 anos. A campanha se chama "Isso tem que ter fim, basta de violência no trãnsito".

Como sempre ocorre, a mídia e os blogs alternativos de esquerda -- os espartaquistas ou carapebeus -- estão a dizer que se trata apenas de uma campanha publicitária para vender mais jornal e mídia.

É o que diz, por exemplo, o diario gauche, com sua afiada lâmina do ódio:

é uma campanha de fachada, uma campanha institucional que visa dar contornos humanitários ao business empresarial da mídia corporativa. Os mídias no mundo todo periodicamente fazem tais campanhas com a finalidade de aproximá-los dos seus leitores e simpatizantes. Mera questão de imagem, de aparência pública formal. Como eles passam o tempo inteiro apregoando as excelências da civilização do automóvel, exaltando de todas as formas - direta ou indiretamente - um tipo de sociedade moldada plasticamente para que o automóvel seja o feitiço central do nosso tempo, por vezes é necessário distensionar a corda e passar algumas horas lembrando das perdas que o automóvel pode causar. É o morde-assopra da mídia corporativa, que tem na indústria automobilística uma de suas principais fontes de receita. E os anúncios da indústria automoveira são verdadeiras rapsódias in blue de elogio aos valores mais fundamente atávicos e primevos do homem (como macho): velocidade, força, individualismo, convite à projeção das frustrações em objetos e extensões fetichizadas (a máquina), disputa narcísica, darwinismo social, rebaixamento objetificado da mulher, etc.


Comentário deste blogueiro:

Por que nos países desenvolvidos, como Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Austrália, onde existem e circulam muito mais carros que o Brasil morre muito menos gente do que aqui? Sabem por que? Porque lá existe uma maior educação no trânsito. Porque as estradas lá são mais seguras, porque o Estado lá é muito mais fiscalizador. E quando a mídia faz uma campanha exatamente para que o brasileiro tenha mais educação no trânsito vem os espartaquistas denunciar que a propaganda tem apenas uma finalidade: a comercial, businesse empresarial, alimentar darwinismo social e outras baboseiras de sempre. Concordo com o diario gauche que a civilização do automóvel é danosa, mas que o Estado faça, então, um transporte público decente, como existe nos países desenvolvidos, para que as pessoas com maior poder aquisitivo circulem no transporte público. Quem circula nos metrôs de Paris, de Londres e Nova York são pessoas de TODAS as classes sociais. A crítica -- sempre bem-vinda -- não é por ai.

O Exemplo de Bogotá - Artigo de Hugo A. Velásquez


Bom, muito bom o artigo que saiu na Folha de hoje do sociólogo colombiano Hugo Acero Velásquez que foi secretário da segurança cidadã de Bogotá entre 1995/2003 e é hoje consultor do PNUD(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). São exemplos como o que ocorreu em Bogotá que o Brasil deve copiar. E por que não copia?
*A imagem acima é de Bogotá.


E os índices são impressionantes:


No caso de Bogotá, passou-se de um índice de 80 homicídios para cada 100 mil habitantes, em 1994, para 23 homicídios por 100 mil habitantes em 2003 -e hoje são 18 homicídios por 100 mil habitantes. No caso de Medellín, a redução foi de 174 homicídios por 100 mil habitantes para 36 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Segurança não se resume a polícia


NA AMÉRICA Latina, a gestão institucional da segurança dos cidadãos tem tradicionalmente ficado a cargo das instituições armadas, predominando o caráter policial e militar. É uma situação herdada da Guerra Fria e que persiste hoje na maioria dos países da região. Pode-se afirmar que os governos democraticamente eleitos ainda não conseguiram conferir um caráter civil ao tratamento da questão e menos ainda um tratamento integral a um problema sobre o qual a maioria dos especialistas concorda em dizer que é complexo e tem causas múltiplas, problema para o qual a resposta policial é insuficiente e, quando se recorre aos militares, inapropriada. Falar do tratamento integral da insegurança supõe reconhecer que existem múltiplas violências e muitos fatos que afetam a convivência dos cidadãos. São violências que vão desde as psicológicas e físicas registradas no interior dos lares, nas comunidades e nas ruas, em razão de conflitos diversos, até as violências cometidas por criminosos e delinqüentes. Também supõe reconhecer que existem fatos que afetam a convivência cidadã, como a resolução violenta dos conflitos e a sensação de intranqüilidade e insegurança gerada pela presença de lixo nas ruas, pela falta de iluminação pública, pela deterioração dos espaços públicos, pelo barulho, pela mendicância e pela invasão do espaço público. Para fazer frente a esses problemas, é necessário traçar e executar políticas públicas integrais de convivência e segurança dos cidadãos. Essas políticas devem partir da premissa básica de que as ações terão que ser empreendidas num espectro amplo, que abrange desde o nível preventivo -entendido como a prevenção do aparecimento de riscos e o controle de sua difusão- até os níveis legítimos de coerção dentro do Estado de Direito. Ou seja, é preciso contar com uma política pública que preveja, dissuada e exerça o uso legítimo da força para fazer frente a atos que sejam criminosos e violentos. Uma política pública que seja desenvolvida dentro do quadro do Estado de Direito, respeitando os direitos humanos. Uma política que, no âmbito preventivo, desenvolva programas e projetos que fortaleçam a cultura cidadã, o controle dos riscos (desarmamento, atenção ao consumo de álcool e outras drogas, prevenção e assistência a emergências) e a atenção a grupos vulneráveis (jovens, prostitutas, indigentes, migrantes) e que promova programas para aproximar a Justiça do cidadão, favorecendo a resolução pacífica de conflitos familiares, interpessoais e comunitários. Uma política pública que fortaleça os organismos de segurança e Justiça para que, de maneira profissional, realizem trabalhos de coleta de informações, investigação criminal, perseguição e captura de criminosos, julgamento e condenação. Uma política pública que fortaleça o sistema carcerário, para que este possa cumprir as funções de punição exemplar do delinqüente, com cumprimento da pena com estrita disciplina e respeito pelos direitos humanos, de ressocialização e de reinserção social dos condenados. São essas as características de uma política integral que deve ser implementada pelos governos nacionais e locais democraticamente eleitos, independentemente de serem de direita, de centro ou de esquerda. O importante é que a política de segurança deve ser tratada sob uma ótica civil, com um responsável que coordene todas as ações e instituições envolvidas nos programas e projetos e que também coordene o trabalho com outras instâncias governamentais importantes, como as áreas da educação, da saúde, do desenvolvimento urbano e dos transportes, entre outros, para melhorar a convivência e a segurança dos cidadãos. Foi sob essa perspectiva de integralidade que foram implementadas as políticas de segurança e convivência de Bogotá e Medellín, na Colômbia, cujos resultados são internacionalmente reconhecidos pela redução da violência verificada.

Procura-se

O Retrato de Suzanne Bloch", de Picasso, quadro de 65x54 centímetros, furtado do MASP nesta madrugada.



O Lavrador de Café", obra de 100x81 centímetros de Portinari, furtado do MASP esta madrugada.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sabatella


Do Blog do Reinaldo Azevedo eu copio e colo, porque dei boas risadas. E a culpa é do malbec argentino.

Há uma foto de Letícia Sabatella, toda linda (mesmo!), com o rosto choroso, olhando o celular. É a moça que se diz contrária a um sistema econômico baseado no lucro, segundo quem a “política de aceleração do crescimento vai aumentar o trabalho escravo, aumentar a prostituição infantil”. Tadinha, é uma petista autêntica. É daquelas que levavam a sério as bobagens que o partido dizia. Deveria se comunicar por meio de sinais de fumaça ou tambor

Ufa, "Descoblilam" o "Atlaso" do "Blasil"


Leio no Diario Gauche de hoje que o professor Bernardo Kucinski está de mal com a vida. Na verdade, o professor BK parece estar de mal com os movimentos sociais. O gauche chama a atenção que BK gosta de escrever átlas com acento na primeira sílaba e, por isso, lembra o personagem Cebolinha do Maurício de Souza. Diz o gauche:

O jornalista e professor Bernardo Kucinski está se despedindo da Agência Carta Maior. Escreveu semana passada um artigo torquemadesco mesmo contra a greve de fome cidadã de frei Cappio, e por inúmeros motivos cruzados está dando adeus às armas. Ontem, publicou o seu arremate final contra uma chusma de inimigos que ele escolheu para si. Contra o movimento ambientalista, contra a Igreja, contra padres em geral, contra críticos (pela esquerda) do governo Lula, contra o MST, contra a CPT, contra a raiz latina do vocábulo atlas, contra a lógica formal e contra si próprio. O homem está de mal com o mundo. Deve - seguramente - ser o sujeito mais ranheta da rua dele.


Comentário do dono e fiel proprietário deste Blog:


Parece que o professor BK caiu na real e descobriu que o Brasil anda "atlasado" por causa mesmo de seus ex amiguinhos e ex companheiros. Tem gente que emperra o Brasil e culpa os outros pelo "atlaso". BK - ufa, finalmente - descobriu o caminho das índias e muita gente do PT também está descobrindo que o Brasil precisa mesmo se livrar de certos preconceitos e adotar certas linguagens que outros países adotaram para se desenvolverem econômica e socialmente. Pena que o governo do PT levou 5 anos para descobrir que é salutar licitar serviço público fazendo parcerias com a iniciativa privada e vem fazendo com grande êxito e o ágio tem sido sempre lá em cima. Mas o movimento espartaquista que defende um Brasil estatal para poucos e caduco para muitos está se tornando microscópico, quase insignificante, como se viu na última eleição do PT. Os companheiros estão se desalienando e se conscientizando que existe uma linguagem de desenvolvimento. É só seguir o caminho que o Chile -- faz tempo - segue.

Aos Saudosos do Monopólio Estatal


Foi um sucesso o leilão de faixas de frequências de celular para o serviço 3G. O àgio foi bem acima do esperado, em certas área, 274%. Isso é muito bom. Isso é bom demais. Isso é resultado de competição acirrada entre as operadoras. E o Brasil, o povo brasileiro, é que lucra com isso. Muito se criticou o modelo de privatização implantado por FHC e os resultados -- agora -- estão sendo colhidos.

E tem gente que tem saudades do monopólio estatal das teles....

Pena que o governo do PT demorou 5 anos para descobrir o óbvio. O caminho do desenvolvimento é o da parceria entre atividade pública e privada. Mas tem gente que torce a cara, protesta, faz alarde e muito barulho. Esses são os "spartaquistas" de sempre que não querem que o Estado se oxigene e insistem em defender - por interesses corporativos -- as estruturas arcaicas de sempre. Eles não estão preocupados com o povo e nem com o serviço público, eles estão preocupados é com os lucros das grandes empresas -- e querem impedir que isso ocorra, a torto que é direito. A nossa esquerda caduca tem apenas uma preocupação na vida: o preconceito com o capital.


Na Folha de hoje:

O primeiro dia do leilão de faixas de freqüência de celular para serviços de 3G (terceira geração, com acesso em alta velocidade à internet, recebimento de imagens e outros serviços) foi marcado por disputas acirradas e grande ágio, revelando apetite das empresas em relação ao mercado brasileiro.A concorrência mais forte ontem foi para saber quem oferecerá o serviço para Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Vivo, Oi, TIM e Claro pagaram entre 90% e 274% acima dos preços mínimos.Com o resultado parcial, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que, antes do leilão, previa ágio médio de 25% em cima do preço mínimo total, refez suas projeções para ágio médio de 100%. O leilão recomeça hoje às 9h. A região de São Paulo, o maior mercado do país, será leiloada hoje.O sobrepreço forte nessa fase do leilão surpreendeu analistas e o próprio governo. As grandes operadoras de celular foram forçadas a fazer propostas cada vez mais altas por conta da atuação surpreendente da Nextel -empresa que hoje opera apenas no mercado corporativo, com 1,187 milhão de clientes no Brasil. Para analistas e executivos do setor, haveria outro grande investidor por trás dos lances da Nextel, possivelmente a Motorola.A Nextel fez propostas agressivas para os lotes de faixas de freqüência que disputou, chegando a propor ágios superiores a 100% do preço mínimo. O mercado avaliava que a empresa teria uma atuação discreta, porque não teria como arcar com os custos de universalização (instalação de acessos) nas áreas definidas pela Anatel. Para alguns Estados onde fez proposta, a Nextel não tem rede construída. A Nextel não quis comentar sua estratégia.A Vivo pagou R$ 310,356 milhões para ter uma faixa de freqüência na área de prestação 1 (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe), 89,6% acima do preço mínimo. A Oi ofereceu R$ 467,9 milhões por outra faixa na mesma região - ágio de 90,5%. Os maiores ágios foram pagos por TIM (R$ 528 milhões, 222,6%) e Claro (R$ 612 milhões, 273,92%). Ontem a agência só conseguiu levar a licitação até o primeiro lote da área 2 (regiões Sul, Centro-Oeste, Tocantins, Rondônia e Acre). A faixa de freqüência foi levada pela Vivo, por R$ 528,2 milhões (ágio de 132,2%).Capacidade maiorAlgumas operadoras, como Vivo e Claro, oferecem serviços que chamam de 3G em alguns Estados. Só que as freqüências que estão sendo ofertadas no leilão têm muito mais capacidade, permitindo mais serviços. A partir do fim de janeiro, os vencedores do atual leilão têm um ano para começar a oferecer o serviço. A expectativa da Anatel, contudo, é que comece a funcionar em cerca de três meses onde já há rede.O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, que falou antes do leilão, avalia que, quando as operadoras aumentarem a sua receita oferecendo pacotes 3G (recebimento de imagens, acesso à internet etc.), deverão reduzir o preço cobrado pela ligações normais. Ou seja, quem não se interessar ou não puder pagar pelos novos serviços e usar o celular só para ligações normais pode ganhar.Ainda segundo Sardenberg, deverá haver ganhos para os usuários de acesso a internet em banda larga oferecido por operadoras de telefonia fixa e TVs por assinatura. Na avaliação da Anatel, os serviços de 3G competirão com banda larga normal e, com isso, reduzirão os preços dos pacotes."O serviço de 3G é a segunda onda das telecomunicações no Brasil. A primeira foi em 1998, com o surgimento do celular pré-pago", disse. Segundo Sardenberg, o Brasil deve atingir a marca de 200 milhões de celulares no final de 2014 (hoje, são 116,3 milhões).Sardenberg confirmou o objetivo do governo, de fazer da 3G instrumento de universalização das telecomunicações."A idéia básica é levar a todos os municípios do país o serviço de telefonia móvel", disse. Com base em um ágio de 25% sobre o preço mínimo total (R$ 2,8 bilhões), ele estimou os investimentos totais das vencedoras em R$ 10 bilhões - soma que inclui a compra das autorizações e investimentos para colocar o serviço em operação.

Angeli


Grande Notícia


Por 37 votos a 17, o governo Yeda conseguiu aprovar o projeto que permite a realização de parceria entre o Estado e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips).
Como disse o jornalista Diego Casagrande hoje de manhã na BandNews: nas galerias da Assembléia gaúcha estava a mesma vanguarda do atraso de sempre. Aqueles que não querem e não tem interesse que o Estado seja oxigenado, porque defendem as velhas estruturas arcaicas e decadentes. É isso mesmo.

Pela nova lei, o governo terá a possibilidade de transferir a gestão de serviços públicos para as Oscips - que são organizações não-governamentais (ONGs) habilitadas pelo próprio Estado.

O aval da Assembléia para as Oscips é uma das contrapartidas acertadas pelo Estado junto ao Banco Mundial para garantir o empréstimo de US$ 1 bilhão obtido em 6 de dezembro. O Piratini partirá agora para a regulamentação da lei - que virá por decreto da governadora.

Fonte: Zero Hora

Iotti


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Dica de Leitura


Excelente livro que li este fim de semana. A República de Weimar é a fascinante história da Alemanha de 1918 até 1933. A Alemanha derrotada da Grande Guerra de 1914/18 e humilhada pelas disposições do Tratado de Versalhes e tem de se reerguer. Houve a abdicação do Imperador Guilherme II e consequentemente a realização e aprovação em poucos meses em 1918 de uma democrática constituição na cidade de Weimar. Depois, a grave crise social que teve seu ápice em novembro de 1918, com a ativa participação da Liga Spartacus liderada por Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht que queriam transformar a Alemanha de 18 numa Rússia de 17. Esse movimento foi controlado e sufocado pelos sociais-democratas do SPD alemão, seus líderes foram mortos em janeiro de 1919. Iniciou ai o ódio que a esquerda radical tem com a social democracia. Depois, houve um incrível progresso econômico e social na Alemanha e, sobretudo, na fascinante Berlim da década de 20 até o início da década de 30. O Estado de Direito da República de Weimar é sufocado pelo totalitarismo e pela intolerância do movimento nazista de Hitler. Karl Popper lançou a seguinte frase sobre esse momento histórico: Se damos à intolerância o direito de ser tolerada, destruímos a tolerância e o Estado de direito, como ocorreu com a república de Weimar.

Melhor Blog Português 2007


Arranjei hoje um pequeno tempinho para ficar navegando pela blogosfera e notei que já foi eleito o melhor blog português de 2007. É o Bitaites (a informática foi apenas um pretexto) e a simpática dona do Blog se sente a Paris Hilton da blogosfera: loira, burra e cheia de atenções que não mereço. Não pretendo é fazer um vídeo porno rasca ou desfilar como um gafanhoto fotogénico - escusam de insistir.


A foto foi pescada do Bitaites.


Fotos do Ano - UNICEF

Foto Vencedora da americana Stephanie Sinclair mostrando o casamento de uma menina (Ghulam de 11 anos) com um homem de 40 anos no Afeganistão


Segundo Lugar, Golam Mostofa Bhuiya Akash, Bangladesh, Freelance Photographer, Panos Pictures


Terceiro lugar: 3º Prémio - Hartmut Schwarzbach, Germany, ARGUS.

Venceu ontem em Berlim o prêmio de imagem do ano do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) uma foto que mostra uma menina de 11 anos casada com um afegão de 40. A foto, feita pela americana Stephanie Sinclair, foi eleita a melhor entre 1.230 outras imagens por sua denúncia de uma prática "mundial e terrível" -a dos casamentos forçados de crianças-, afirmou a primeira-dama alemã, Eva Luise Köhler, citada pelo jornal espanhol "El País".A foto mostra a garota Ghulam, 11, com olhar de temor a seu marido, sentado a seu lado. Ela é parte de uma série de retratos sobre matrimônios infantis tirados durante dois anos no Afeganistão, Etiópia e Nepal. Segundo o "El País", os parentes de Ghulam decidiram vendê-la para poder alimentar os outros filhos, apesar de se sentirem envergonhados.A fotógrafa bengalesa Golam Mostofa Bhuiya Akash ficou em segundo lugar com uma imagem sobre a exploração do trabalho infantil em seu país.



Na Arábia Saudita


Enquanto isso na Arábia Saudita do Abdullah (foto).

O rei saudita Abdullah perdoou ontem uma mulher vítima de estupro que fora condenada em novembro a 200 chibatadas e seis meses de prisão, livrando-a da pena.A xiita estuprada, de 19 anos, havia sido condenada inicialmente a 90 chibatadas por estar sozinha em um shopping com um homem que não era seu parente quando foi seqüestrada por sete estupradores. Ao apelar da sentença, teve a pena aumentada, causando comoção internacional.Os estupradores também tiveram suas penas aumentadas na apelação, de até cinco para até nove anos de prisão. O país tem um sistema de cortes religiosas que seguem a lei islâmica (sharia) e muitas penas dependem da interpretação do juiz. A Comissão de Direitos Humanos do governo informou que o perdão foi decidido em resposta à controvérsia sobre o caso.


Fonte:Folha

Iotti


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Tadinha da Yeda


Leio no Blog do Diego Casagrande:

Datafolha coloca Yeda na última posição. O ego vai deixar ela mudar?
A Folha de S.Paulo deste domingo publicou pesquisa Datafolha com a avaliação dos governadores brasileiros. A governadora do RS, Yeda Crusius, ficou na última colocação, com nota média de 4,2 – a única pontuação abaixo de 5.

Em primeiro lugar no levantamento aparece o governador Aécio Neves (MG), com nota 7,7. Na seqüência ficaram o cearense Cid Gomes (6,6) e o paulista José Serra (6,5). O único petista entre os dez primeiros é o baiano Jaques Wagner, que obteve 6 pontos. A pesquisa do Datafolha foi realizada entre os dias 26 e 29 de novembro.

A derrocada política de Yeda é inegável. E parece ter se tornado inevitável. Neste sábado o cientista político Paulo Moura fez uma análise interessante do fato. "Tantos secretários trocados em tão curto espaço de tempo é algo, no mínimo, intrigante. Observando-se sob o ponto de vista pedagógico, já que a governadora é professora, pergunta-se: se numa determinada turma de escolares cerca de 1% recebe reprovação, ninguém acha estranho. No entanto, se antes do início do ano alguns alunos se recusarem à matricula numa determinada turma e outros 25% dos matriculados receberem reprovação ao final do ano, qual é a primeira interrogação que vem a cabeça do observador? Sim, exatamente essa. Há grandes probabilidades de o problema não estar nos alunos e sim na professora".

Será que o ego de Yeda não lhe permitirá mudar?

sábado, 15 de dezembro de 2007

Los Hermanos - Samba a Dois

Dantos Unidos Jamais Serão Vencidos


Eu, Senna Madureira e outros companheiros formamos um grupo político chamado Dantons Unidos Jamais Serão Vencidos, no final da década de 90 ou início de 2000, quando fomos sumariamente expulsos da lista de discussão politica-br@yahoogroups.com.br , do Joca, por divergências ideológicas.

Foram os Carapebeus (Laerte Braga, Menezes da vida, Luiz Favre, Démerson Dias, o popular DD, uma Eliana que adorava o Olívio e outros) que pediam e insistiam ao Joca nossa imediata e sumária exclusão da lista, porque estávamos prejudicando o debate correto, certo e determinado e,como disse o DD, era uma forma saudável de impedir o excesso de democracia.

E o Joca marcou a data da execução. E numa manhã, exatamente às 9 horas, os Dantons foram ao cadafalso. E - de fato - fomos -- nós, os Dantons -- decapitados da lista política-br do yahoogroups e ingressamos na lista politicab@yahoogroups.com.br formada pela Dona Ivete, uma ilustre e desconhecida senhora.

* Imagem de Georges Danton decapitado em 1794.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Declaração Equivocada


O líder da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ABONG), José Antônio Moroni, está bem equivocadinho ao afirmar "Ao vetar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e manter a Desvinculação de Recursos da União (DRU), o Senado cortou a verba destinada à saúde e manteve o dinheiro público que alimenta o sistema financeiro." (A informação é da Agência Brasil e pesquei a notícia do Diario Gauche.)

E continua dizendo mais equívocos: “O Senado derrubou a CPMF com o discurso de que o Estado gasta demais”, afirma. Mas, destaca, o tributo que foi derrubado pelo Senado atende, principalmente, à saúde e assistência social. “E, na mesma noite, aprova a DRU, que joga 20% de todas as receitas do governo federal para o pagamento de juros da dívida, ou seja, para girar o mercado financeiro.”

A DRU autoriza a desvinculação de 20% de todos os impostos e contribuições federais que formava uma fonte de recursos livre de carimbos e objetiva tão somente dar uma maior flexibilidade à alocação dos recursos públicos e não significa elevação das receitas disponíveis para o governo federal.

O líder da ABONG confunde pagamento de juros da dívida com girar esse dinheiro no mercado financeiro. Os 20% destinados ao DRU não servem e nem vão para o pagamento de juros da dívida. Aliás, esses recursos até podem ( e devem) ser investidos no mercado financeiro (para render mais graninha) enquanto se aguarda a alocação desses valores nos investimentos que o Estado deve fazer para a sociedade.

*Foto de Luiz Humberto

O Desafio da Mediocridade - Cerqueira Leite


Copio e colo trecho do artigo do físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite , "o Boimate e o Desafio da Mediocridade". sobre o projeto de Fundação Pública de Direito Privado que alguns deputados do PT e certos membros do Ministério Público querem desvirtuar, inserindo no texto da lei as fontes da mediocridade e da ineficiência do Estado brasileiro.

....Ninguém duvida das boas intenções da administração federal ao enviar ao Congresso Nacional a proposta de criação de uma nova fórmula institucional, a Fundação Pública de Direito Privado. A iniciativa demonstra que o governo federal percebe que atividades diversas exigem organizações diversas. Não podemos esperar que operem com eficiência ideal a tropa de elite e o Corpo de Baile do Teatro Municipal se a ambas organizações forem impostas as mesmas regras, a mesma disciplina e, enfim, o mesmo uniforme. O que seria uma blitz da valorosa tropa de elite ao som do "Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky e com aquelas sapatilhas cor-de-rosa? A vitaliciedade, isto é, a estabilidade irreparável, como é o caso do funcionalismo brasileiro, é fonte de ociosidade, irresponsabilidade e mediocrização. Em alguns casos, traz benefícios compensatórios. É o caso de policiais, juízes, fiscais, promotores etc., que, se pressionados, encontram na estabilidade um escudo eficiente. Todavia, na grande maioria de funções públicas e paraestatais, a estabilidade protege apenas o medíocre e se constitui no maior obstáculo à qualidade e à eficiência. Essa característica se torna tanto mais saliente quanto mais intelectualmente intensa for a atividade. Foi, pois, com o objetivo de promover a eficiência na produção intelectual que foi instituída, há pouco mais de dez anos, a fórmula "organização social" (OS). É uma organização civil sem fins lucrativos que firma com o governo um contrato dito "de gestão" estabelecendo objetivos e metas e cujo desempenho é periodicamente avaliado. Cada OS propõe seu próprio sistema de seleção, que o governo aceita ou não, e este último pode sempre interromper o contrato de gestão. O Conselho de Administração da OS é civilmente responsável. Essas condições resultam em eficiência e produtividade comparáveis às do setor privado. A legitimidade da fórmula foi recentemente testada graças a denúncias de inconstitucionalidade provenientes de dois partidos importantes e que foram rejeitadas pelo Supremo Tribunal Federal. Mas eis que ressurgem as cruzadas defensoras da mediocridade e da estabilidade vitalícia. Uma irmandade misericordiosa de deputados do PT pretende inserir na fórmula sofrível de criação das fundações híbridas a exigência de concursos públicos. Outro franco ataque às organizações dessa natureza acaba de ser realizada pelo Ministério Público, o que reflete o conceito equivocado de que o bem-estar do indivíduo deve prevalecer sobre o interesse da sociedade, que é o que fundamenta a exigência da estabilidade. Paradoxalmente esse preceito é uma característica do capitalismo, e não do socialismo. O profissional competente, meritório, não precisa desse tipo de proteção. E é engano pensar que o medíocre é apenas um peso morto, tolerável, inerte. Pois a experiência mostra que o medo da comparação com o competente e as exigências naturais de um meio ativo e comprometido com a qualidade geram militância e corporativismo adversos que terminam corrompendo o ambiente de trabalho e pervertendo os valores da instituição.
* Foto Francisco Aszmann

O Ataque das Bolinhas de Gude


Na Folha de hoje:


O advogado carioca João Eduardo Amaral, 35, há dois anos morando em São Paulo, nunca pensou que enfrentaria mais problemas com violência do que no Rio. "Eu me livrei da ameaça de bala perdida para levar bolinha de gude na vidraça", reclama.Ele se refere a um morador do prédio ao lado que tem atirado as bolinhas e já quebrou duas vezes os vidros que protegem sua cobertura com piscina. Amaral reuniu 14 "projéteis" lançados em seu apartamento e em outros três da redondeza e os levou ontem ao 15º DP, onde já havia registrado queixa.O ataque das bolas ocorre em um dos bairros mais luxuosos de SP, a Vila Nova Conceição (zona sul), onde o metro quadrado dos imóveis pode chegar a R$ 10 mil.De acordo com a perícia, as bolinhas partiram de um dos três últimos andares do edifício Coubert, cujos apartamentos medem 155 m2.O prédio tem 16 andares, com duas unidades em cada, exceto nos três últimos, onde os apartamentos têm o tamanho de dois.O principal suspeito, segundo moradores, é um jovem de 25 anos. Os vizinhos dizem que o rapaz leva uma "vida desregrada", tem fama de arruaceiro e antecedentes no arremesso de bolinhas de gude -e também de ovos- pela janela.Além de Amaral, foram alvejados a pecuarista Aracy Delicato e o próprio síndico do Coubert, Antônio Carlos Martins. Há poucos dias, o alvo foi a cobertura de um prédio recém erguido, a cerca de 20 metros."Mas não é só bolinha, ele joga ovo também", diz o segurança da obra, Gilmar.Aracy, que teve o vidro da sala trincado, conta que "o faxineiro achou uma bolinha de gude lá embaixo, na direção da minha janela; deixei por isso mesmo."O síndico do Coubert afirma que fez uma reforma e que o pedreiro viu quando o rapaz atirou ovos e bolinhas de gude na parede externa da área de serviço. Depois de fazer uma queixa formal, recebeu desculpas da mãe do jovem. "Mas ela não admite que seja ele. Diz que achou bolas de gude em casa, mas pensou que fossem contas de seu colar", diz.O pai do suspeito afirma que o rapaz está viajando. Ele se exalta quando questionado sobre as acusações. Ele afirma que o filho estava fora de casa nos horários dos arremessos, e que não sabe nada sobre o assunto.Amaral pretende processar o culpado e pedir uma indenização de R$ 4 mil, por danos materiais e morais.

Filhos da Escravidão - David Coimbra



Considero David Coimbra um dos bons comentaristas e cronistas do Rio Grande do Sul e recomendo a leitura de sua crônica publicada hoje na Zero Hora. (A foto acima é de Roberto Linsker)


Filhos da escravidão


Uma amiga minha caiu no golpe do seqüestro por telefone. Mulher inteligente, bem informada, mas caiu. É que a filha dela já havia sido seqüestrada antes. Seqüestro mesmo, com arma na cabeça e tudo mais. Então, quando aquela voz chorosa de mulher ligou implorando por socorro, ela desabou. Acreditou na hora. Depois, o bandido foi monitorando-a por telefone. Tinha absoluto domínio psicológico sobre ela, conduziu-a sob seu poder até o banco, onde o gerente desconfiou. O que havia acontecido? Por que ela chorava? O gerente salvou-lhe do desfalque com uma única ligação para a filha, que estava no recôndito do lar, bela e tranqüila, ouvindo um rock suave na Itapema.Encerrado em uma cela de presídio, a três Estados de distância, por telefone, um sujeito desses interpreta vozes diferentes e mantém uma cidadã com terceiro grau completo mesmerizada durante duas horas. Esse mesmo tipo, dê-lhe uma colherinha de chá e ele cava um túnel sob a cadeia, uma obra de engenharia perfeita, com vigamento, iluminação e sistema de ventilação, e por ela escapa para a liberdade. Nunca alguém ouviu falar de um túnel de presidiários que desabasse, de um fugitivo que morresse soterrado em sua obra, nunca.São homens admiráveis, de criatividade e iniciativa. Por que estão a serviço do crime, e não produzindo para a sociedade? Por que não são eles os empreendedores do Brasil?




Durante 300 anos, o empreendedorismo, mais do que inibido, era proibido na colônia. Os portugueses vinham cá, extraíam a riqueza que podiam e voltavam em suas caravelas para gozá-la no ultramar. Depois de o Brasil ter sido fundado como nação, em 1808, o Estado continuou ocupado pela classe dirigente portuguesa, que vivia do escravagismo e que, por isso mesmo, considerava o trabalho um ultraje. O Estado servia para que a elite se servisse dele. O escravo e o liberto, já a maioria da população, nada podiam esperar do Estado, viviam de expedientes, aprenderam que à margem da sociedade tinham mais chances do que incluídos nela. O imigrante europeu, esse, sim, com tradição empreendedora, também se desenvolvia ao largo do Estado, e apesar do Estado, abandonado que foi nos ermos do continente, em comunidades onde reproduzia seu país de origem até na língua.E assim foi, mesmo depois da República, mesmo depois de a nobreza lusitana ter se apartado do poder. O Estado brasileiro sempre esteve tomado por um grupo, sempre atendeu a interesses de uma pequena parcela da fidalguia nacional, fossem os usineiros do Nordeste, fossem os produtores rurais de São Paulo e Minas, fosse a classe industrial forjada pelos imigrantes europeus.Enquanto isso, os descendentes dos escravos continuavam pendurados nas franjas da sociedade, sobrevivendo de artifícios. É isso que o cidadão brasileiro aprendeu desde sempre: que viver ao arrepio da lei é mais lucrativo e é mais fácil. E é assim que se chega ao golpista por telefone, ao engenheiro de túnel de presídio. Ele exercita sua criatividade e sua iniciativa à parte do Estado, porque o Estado não lhe é atraente.É essa criatividade, é essa iniciativa que teriam de ser aproveitadas pelo Estado brasileiro, um Estado que tem só 18 anos de legitimidade, que só passou a representar de fato o cidadão comum depois de 1989. Muito pouco tempo, claro que é. Mas talvez o suficiente para se aprender que só com Educação é que o Brasil um dia poderá contar com o talento, a força e a imaginação dos filhos da escravidão.


* Foto de Roberto Linsker

Iotti


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Imbecilidade


A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou na manhã desta quinta-feira (13) projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que proíbe o uso de estrangeirismos no país.
Pelo projeto, toda palavra ou expressão escrita em língua estrangeira e destinada ao conhecimento público no Brasil virá acompanhada, em letra de igual destaque, do termo ou da expressão correspondente em português. Isso inclui os meios de comunicação de massa, as mensagens publicitárias e as informações comerciais.No caso de documentos da administração pública, o uso do português é obrigatório. A punição para os infratores ainda será definida em lei.

A Mala Preta de Chávez para Cristina Krischner


O obscuro caso da mala de US$ 800 mil dólares apreendida no aeroporto de Ezeiza com o empresário venezuelano Guindo Antonini Wilson em avião fretado pela PDVSA está sendo desvendado: era uma contribuição do governo de Hugo Chávez à campanha presidencial de Cristina Fernández de Kirchner, afirmou à Justiça dos EUA o procurador federal Thomas Mulvihill, a um tribunal de Miami ao apresentar denúncia contra os empresários venezuelanos Carlos Kaufman, Franklin Durán, Moises Maionica e contra o uruguaio Rodolfo Wanseele Panciello, presos anteontem pelo FBI.

Essa notícia está na Folha de hoje que prossegue:

Os quatro e Antonio Chancica Gómez, que está foragido, são acusados de atuar como agentes do governo venezuelano e de pressionar Wilson para que não revelasse a origem e o destino do dinheiro."A denúncia feita hoje descreve uma conspiração de agentes do governo venezuelano para manipular um cidadão americano [Wilson tem também a cidadania venezuelana] em Miami em um esforço para ocultar um escândalo internacional", disse Kenneth Wainstein, procurador-geral assistente de Segurança Nacional dos EUA, em comunicado à imprensa do Departamento de Justiça.Segundo as investigações, os cinco teriam ameaçado a família de Wilson e mantiveram reuniões com o empresário onde arquitetaram a elaboração de documentos falsos para encobrir a origem do dinheiro.Os investigadores afirmaram que a operação ocorria com o conhecimento de "altas esferas do governo de Hugo Chávez", incluindo a Vice-Presidência e o serviço de inteligência.Mulvihill disse ao tribunal que escutas do FBI indicam que o destino do dinheiro era a campanha de Cristina, segundo informou a Associated Press.Embora a lei eleitoral argentina não preveja cassação do candidato em caso de financiamento ilegal de campanha, mas apenas sanções ao tesoureiro e ao presidente do partido, a suspeita é um duro golpe para o governo de Cristina, que tomou posse há apenas três dias.FuncionáriosO caso Wilson ocorreu no último dia 4 de agosto, quando o empresário voou de Caracas a Buenos Aires em um avião fretado pela estatal argentina Enarsa, no qual também viajavam três funcionários do governo argentino e quatro executivos da petroleira estatal venezuelana PDVSA.A Alfândega argentina surpreendeu Wilson com a mala e apreendeu o dinheiro, mas ele não foi detido e assim pôde retornar à Miami, onde vive.O governo argentino pediu a extradição de Wilson sob a acusação de tentativa de contrabando, mas o pedido ainda não foi aceito pela Justiça dos EUA.Chávez sempre negou qualquer envolvimento com o caso. A viagem de Wilson antecedeu em apenas dois dias uma visita do presidente venezuelano à Argentina. Até o fechamento desta edição, o governo argentino não comentara o caso.

Indios para Cá, Brancos para lá - Vinicius Mota


Recentemente conheci uma pessoa que nasceu em Angola que é branca e era adolescente em 1975 e foi forçada a deixar aquele país africano, sua casa, seus pertences, porque os brancos -- qualquer branco que passava pela rua, não importando a idade, condição social e sexo -- estavam sendo executados em plena rua, sem qualquer dó ou piedade.

Lendo o artigo que Vinicius Mota escreveu hoje para folha, lembrei (por que será?) dessa história cruel envolvendo os brancos de Angola.

Índios para cá, brancos para lá

A Bolívia não é a Venezuela; Evo Morales não é Hugo Chávez -a cada um a sua agonia. A do boliviano é vertiginosa.O conflito que ameaça a Bolívia de secessão tem raiz numa dupla afluência: a urbanização acelerada, de tez indígena, e a exploração em larga escala do gás natural. Enquanto os índios e o gás estavam confinados -uns no campo, o outro no subsolo-, a política boliviana era um jogo mais simples e para brancos. Instável, mas por outros motivos.Há 12 anos, o gás natural ocupava um discreto quarto lugar na pauta de exportações da Bolívia; era responsável por menos de 8% de tudo o que o país vendia ao mundo. Em 2005, o combustível já dominava francamente a lista -respondia por mais de 35% das exportações.Não há nação sul-americana com taxa mais acelerada de urbanização na última década e meia. Em 1990, praticamente metade dos bolivianos ainda vivia no campo. Hoje mais de 70% estão nas cidades. Aglomeram-se em regiões metropolitanas como as de La Paz e de Santa Cruz de la Sierra.Essa urbanização tem viés étnico. Um estudo da Cepal mostra que a região de La Paz atrai indígenas, que se concentram no município vizinho de El Alto, mas repele não-indígenas, que descem o altiplano em direção a Santa Cruz. O maior erro da política de Morales é reforçar essa tendência ao cisma, que opõe o ocidente andino ao oriente de terras baixas e ricas.A Bolívia imaginada no programa de Morales -em parte inscrito num projeto de Constituição sem capacidade de obter respaldo amplo no país- seria um caso raro de passagem direta da política pré para a pós-moderna. Em vez da universalização dos direitos, a clivagem de uma sociedade inteira por critérios de identidade étnica. A reinvenção, pois, do racismo.A libanização da Bolívia terá um round decisivo no sábado. Quatro Departamentos do leste pretendem declarar-se autônomos. Os militares serão o fiel da balança.

E o CPMF se Foi


E a CPMF se foi. E a oposição de olho em 2.010 derrotou o governo do PT que vai ter menos recursos (40 bi por ano) para fazer proselitismos e políticas sociais. E os tucanos -- que criaram a CPMF -- votaram contra o governo, sendo que os governadores tucanos apoiaram a aprovação da renovação do imposto. Lá estava o Osmar Terra, secretário de saúde do RS da governa tucana Yeda do RS, ao lado de Temporão fazendo pressão aos deputados para a aprovação, mas falou mais alto o clamor de parte da sociedade que está cansada de pagar imposto e também falou alto a eleição de 2.010. Quem conhece o PT de outros tempos sabe muito bem que este partido usa e abusa da demagogia para chegar ao poder. Se assim faz quando está na oposição imaginem (e não é necessário muita imaginação, basta cair na real) o que o PT faz -- e está fazendo -- para se perpetuar no poder. Ninguém quer perder a boa boquinha. E os ideais republicanos, como sempre acontece neste complicado Brasil, é jogado para escanteio.

Bate-Boca com Letícia Sabatella


A atriz militante Letícia Sabatella está apoiando a chantagem do bispo Dom Cappio em Sobradinho, na Bahia e, por isso, foi censurada pelo governo do PT, da Bahia, que apoia o projeto de transposição das águas do São Francisco (este blogueiro, a princípio também apoia). Ela teria sido impedida de falar ao microfone durante uma comemoração ao Dia Mundial dos Direitos Humanos em Salvador.
Diz ela para a coluna da Monica Bergamo da Folha:
Eu tinha acabado de encontrar dom Cappio em Sobradinho. Eu não perguntei se poderia ler [a carta]. Não fui totalmente educada. Mas não imaginei que seria tão inconveniente em se tratando de uma questão relacionada a direitos humanos. O diretor do evento ficou chocado no primeiro momento. Ele falou: "Isso é uma sacanagem. Isso não foi combinado". Eu respondi: "Sacanagem é ele [dom Cappio] não poder ser ouvido". Aí ele falou: "Você foi autoritária". "Autoritário é impor um projeto de cima para baixo, sem debate", respondi. Fizemos um atentado cultural. Brinquei com Marcos: "Talvez a gente nunca mais receba apoio da Petrobras".

Está havendo aí um conflito ideológico entre o PT prático e o PT das raízes que não admite pagar dinheiro público para que empreiteras construam grandes obras de infra-estrutura. Mas se não forem as grandes empreiteiras quem é que vai realizar essas obras? Frise-se, contudo, que esses contratos têm de ser super hiper bem fiscalizados pelo governos, pela sociedade organizada ou não e pelas instituições encarregadas de fiscalizar a gestão pública, inclusive o Judiciário e o MP.

Mas o que chama a atenção nas palavras da atriz militante é que ela afirma que Dom Cappio não está sendo ouvido.
Ora, carambas, o bispinho chantagista é capa de todos os jornais do Brasil todo o santo dia. Não há motivo razoável -- a não ser o preconceito ideológico contra o capital que vai fazer a obra e receber sua remuneração -- para impedir que milhões de pessoas tenham acesso, finalmente, a àgua no semi arido e sertão nordestino. E a burrice ideológica segue o trem do bispo chantagista.