Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


domingo, 31 de outubro de 2010

Valeu, Serra


Ele fez o que pode. Foi educado, foi cordial, não foi ele quem baixou o nível da campanha, foi melhor em todos os debates e conseguiu a maioria dos votos dos brasileiros que residem nas regiões socialmente mais desenvolvidas do Brasil. Serra teve de lutar contra a grande máquina do governo federal, contra um presidente que fez política eleitoral o tempo inteiro, inclusive hoje de manhã quando disse que Serra se saiu menor nessa eleição. Serra pode-se espelhar em François Mitterrand ou no próprio Lula que disputaram diversas vezes a cadeira de presidente antes de levar a faixa.

Lula Elege Sua Sucessora - Dilma A Capitalista de Estado



Quem ganhou a eleição foi Lula. Dilma é apenas um adorno importante do governo do pop presidente. Mas ela, inegavelmente, ganhou. E a partir de hoje o Brasil vai conhecer a verdadeira Dilma que terá a missão de unir um pais que saiu das urnas um tanto dividido. Dilma não tem exatamente a personalidade adequada para essa importante missão convergente. Ela é irritadiça, muitas vezes mal humorada e tem também aquele toque arrogante de quem desfruta as benésses do poder. Dilma dificilmente terá -- porque ela não tem carisma -- a popularidade de Lula.  Um dos motivos -- e isso é preocupante -- pelos quais a nossa complicada esquerda está fechadinha com Dilma é exatamente pelo fato dela ser 'faca na bota' e, consequentemente, terá essa dificuldade de unir o pais. Como bem se sabe, certa esquerda ainda acredita que não existe paz sem divisão.

O que se espera é que Dilma cumpra o que prometeu: acabe com a miséria que existe - e muito - neste Brasil. E tudo está a indicar, se nenhuma marolinha atrapalhar,  que ventos alvissareiros vão soprar empurrando este pais ao crescimento econômico. Os economistas estão dizendo que vivenciaremos, nos próximos quatro anos, período de grande crescimento.  E Dilma vai ser a nossa gerente.

Pelo Menos Isso...

Nós, os gaúchos,  somos assumidamente arrogantes. Então, podemos dizer que no  RS, o Estado `mais politizado do Brasil` deu Serra. Pela vontade do povo do RS, Serra seria o presidente da republica. Pelo menos isso.

sábado, 30 de outubro de 2010

Nem Parece Porto Alegre



Esse é um vídeo divulgação para turistas, em inglês, de  Porto Alegre, pesquei do Blog do Terráqueo e da Bípede Falante. Uma pena essa cidade localizada em local privilegiado ainda insista - por tontura ideológica - em ficar de costas para o rio/lago Guaíba.

Um Debate Normal - Absolutamente Normal.


Well, sobre o debate ontem posso dizer que foi 11 a 1. Dilma respondeu melhor a primeira pergunta e Serra foi melhor nas 11 seguintes. Um debate normal, absolutamente normal.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Conselho de Educação Considera Racista Obra de Monteiro Lobato


Deu no Globo, via Blog do Diego Casagrande.



O livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, um dos maiores autores de literatura infantil, pode ser barrado nas escolas públicas. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) a obra é racista. A alegação foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE e foi feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. O parecer do CNE será avaliado pela Secretaria de Educação Básica e a decisão final cabe ao Ministério da Educação (MEC). O livro já foi distribuído pelo próprio MEC a colégios de ensino fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE).
Em nota técnica citada pelo CNE, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC diz que a obra só deve ser usada "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil".
Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narras as aventuras da turma do Sítio em busca de uma onça-pintada. Conforme o parecer do CNE, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais como o urubu e o macaco.
Um dos trechos da obra que sustenta a argumentação do CNE diz: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". Outro diz: Não é a toa que macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens." De acordo com Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do parecer, o livro deve ser banido das escolas ou só poderá ser adotado caso a obra seja acompanhada de nota sobre os "estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura".

Serra Será Canonizado Se Ganhar a Eleição

Lurdes Gonçalves, de Diadema, flagrou o tucano caminhando sobre as águas durante uma enchente em São Paulo

Direto da Piaui Herald.

Serra Está A Um Milagre de Ser Canonizado

VATICANO - Após incentivar bispos brasileiros a participarem mais da política, o papa Bento XVI iniciou o processo de canonização de José Serra. Em discurso proferido na sacada da Basílica de São Pedro, o papa destacou a "batalha silenciosa contra a simpatia, o carisma e o sex appeal" travada noturnamente pelo tucano. O pontífice destacou os valores sólidos de uma família que teve seus dados violados e permaneceu unida. Também enalteceu o combate “sem trololó” daquele que chamou de “Beato da Mooca” para acabar com o cigarro, o aborto, o PT, a maconha, o MST, o alho, empresas estatais e desvios sexuais. Em lágrimas, Bento XVI terminou a alocução lembrando “o martírio de Campo Grande”, no qual Serra enfrentou hereges e infiéis e fez desaparecer fitas de durex, de esparadrapo, band-aids e bolinhas de papel e tamanhos variados.


Segundo a Santa Inquisição, falta apenas um milagre para que o beato Serra seja canonizado. "O que pode acontecer caso ele reverta os números apontados nas pesquisas eleitorais", revelou o bispo Astrogildo Afonsinho. "Ele já resistiu bravamente às investidas sórdidas de Márcia Peltier e ao convívio com Indio da Costa. Portanto, nada é impossível. É só preciso ter fé."


Compungido, Serra agradeceu de joelhos a Nossa Senhora Aparecida e prometeu privatizar o Vaticano.

Conheça os milagres do Beato da Móoca


O Vaticano reconhece três milagres atribuídos a José Serra. Em 2009, houve uma comoção nacional diante da frondosa multiplicação de pedágios. Um ano depois, uma senhora fotografou o tucano caminhando sobre as águas durante uma enchente do Tietê. O terceiro milagre deu-se quando o beato apoiou e criticou Lula simultaneamente.

O Motivo da Morte do Polvo Paul


Charge do Sinovaldo.

A propósito, meu filho adora polvo, sobretudo sashimi de polvo que se chama "Takô". Não, ´"Takô" não  é polvo cru, mas cozido e cortado em lâminas bem fininhas e se serve com raiz forte, gengibre e molho shoyu.  Eu disse a ele que o polvo Paul morreu e ele lambeu os lábios e disse: gostaria de comê-lo. Tadinho do polvo Paul.

Jogo Uma Caixa de Malbec Que Battisti Fica no Brasil

Faz um ano que o Supremo autorizou a extradição do criminoso (crime comum) italiano e  jogou a batata quente para Lula decidir o destino de Césare Battisti.

E jogo uma caixa de bom malbec que Lula, depois de eleger Dilma e no fim do mandato, vai determinar que Battisti fique no Brasil.

A aposta esta na mesa.

Seis e Meia Dúzia



Uma grande e querida amiga postou a seguinte mensagem no facebook:

Sobre as eleições de domingo, sinto-me entre a cruz e a espada, entre gregos e troianos, que a minha candidata era a Marina.

Depois ela disse:

Não vou entrar em discussões pelo face. Eu acho que o Serra é meia-dúzia e a Dilma é o número 6.

Também acho que o facebook não é o local apropriado para discussões de qualquer tipo, inclusive sobre política.

Mas discordo do ponto de vista da minha amiga. Acho que Serra e Dilma estão sim enquadrados no mesmo lado ideológico de centro esquerda, mas existem diferenças. Serra já foi prefeito, governador, senador, ministro. E Dilma? Dilma foi escolhida por Lula, porque o PT não tinha outro nome para suceder o deus pop presidente. E o PT é um partido complicado (essa palavra mágica que diz tudo, mas não diz nada). Complicado porque eles se acham o ó do borogodó, os bambambam, são os donos da boa moral, da boa política, da boa economia. O que ganha uma eleição é a economia e o consumo. Sempre foi assim: FHC se elegeu duas vezes, no primeiro turno, por conta do plano real -- que o PT foi contra. Lula se elegeu duas vezes, no segundo turno, por conta da estabilidade econômica, porque o PT manteve a mesma política econômica do governo FHC. Se economia e consumo vencem eleição, como de fato vencem, melhor mesmo é colocar no centro do poder um gestor autêntico e não uma cópia, um adorno.

Serra pode ser seis e Dilma pode ser meia dúzia. Mas prefiro seis do que meia dúzia.

Isso sem falar na complicada política externa do governo Lula.

O Discurso da Santidade

O Papa mexendo com deus

Pois ontem o  cardeal Ratzinger - convertido em Papa Bento (ou Benedito) XVI -- falou aos bispos do Brasil e ponderou sobre a questão do aborto. Ele criticou a ambiguidade em relação a esse tema. Em outras palavras, ele criticou a Dilma. E o Serra beijou a nossa senhora.

Para uma pessoa assumidamente agnóstica e pró aborto, como o editor deste empório, o fato não tem nenhuma relevância, mas para o incauto povo brasileiro..... Domingo saberemos.

Abaixo o discurso da santa santidade:

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Escolha de Neo (Matrix)

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Pesquei do Blog da Mel.

Essas Pesquisas.....



Não é porque o meu candidato está atrás e já tenho a convicção, infelizmente, que a eleição está perdida e teremos mais quatro anos de continuismo, mas a legislação eleitoral deve mudar urgentemente.

Inegavelmente as pesquisas influenciam o eleitor. E tem muita pesquisa que é encomendada e não traduz a realidade dos fatos. Vejam o vox populi, por exemplo.

E estamos também, no Brasil, diante de um eleitor um tanto ignorante, desavisado, incauto que muitas vezes vota em quem está na frente para comentar depois: votei no que ganhou.

E inequivocamente pesquisas encomendadas em véspera de eleição e que demonstram uma diferença muito grande (mais de 10 pontos) entre os candidatos faz desanimar a militância e os apoiadores. Muita gente, por exemplo, que não gosta da Dilma e que votaria no Serra, vai sair para a praia ou para a serra no feriadão: a justificativa é sempre a mesma: o que adiante um voto se a eleição já está perdida?

Se o próximo governo for realmente sério -- e tenho dúvidas imensas sobre isso -- deveria enviar ao congresso -- para ontem -- uma mudança drástica na lei eleitoral ou sendo radical e proibindo pesquisas ou proibindo pesquisas 15 dias antes da eleição.

Porque, inegavelmente, pesquisa influencia o voto do eleitor.

Outra Falcatua de Erenice E Dilma Nunca Sabe de Nada

Dilma e Erenice eram amigas super chegadas e Dilma, "evidentemente", não sabia das falcatruas da companheira.

Copio e colo do Blog do Josias de Souza.


Corria o ano de 2007. Mês de janeiro. Dia 17. Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff recebeu uma carta do empresário José Roberto Melo e Silva.

Os repórteres Elvira Lobato e Mario Cesar Carvalho obtiveram cópia da correspondência. Em notícia veiculada nesta quinta (28), contam o seguinte:
A empresa de José Roberto, Unicel, disputava na Anatel uma licitação que daria ao vencedor o direito de explorar a telefonia celular na Grande São Paulo.
Um “filé mingnon”, para usar expressão cara a Dilma. Pois bem. Na carta endereçada à superministra, o empresário queixava-se da Anatel.
Em essência, Acusava a agência de prejudicar a Unicel na disputa. Erenice Guerra remeteu a Carta à Anatel. Cobrou explicações.
Até aí, nada demais. Nessa época, Erenice era a segunda de Dilma. O diabo é que o marido de Erenice, José Roberto Campos, era consultor da Unicel.
Mais: o dono da empresa, José Roberto Melo e Silva, é padrinho do casal.
Pior: a Unicel não cumprira as exigências do edital da Anatel. Para participar da licitação, exigia-se depósito de R$ 9,3 milhões. A Unicel depositou R$ 930 mil.


Dito de outro modo: Erenice usou carta enviada pelo padrinho de casamento à chefe, para pressionar a Anatel em favor de empresa que pagava o salário de seu marido.
Para resumir um caso longo: Depois de a encrenca fazer uma escala no Judiciário, a Anatel deu à Unicel a pretendida concessão.
Autorizou a empresa a operar telefones celulares na região metropolitana de São Paulo, o mercado mais próspero do país.
Hoje, a empresa do padrinho de Erenice encontra-se em estado pré-falimentar. Não teve experiência nem capacidade financeira para prover serviços telefônicos.
Os movimentos de Erenice em favor da Unicel foram mencionados em reportagem de Veja. A carta veiculada agora corrobora o fato.
Por meio de seus advogados, Erenice nega que tenha pressionado a Anatel. E quanto a Dilma?
Bem, a candidata de Lula manda dizer que não sabia que o presidene da Unicel era padrinho de casamento de Erenice nem que o marido dela era consultor da empresa.
Na campanha, Dilma se vende como uma superministra. Coordenava todo o governo. Por vezes, tem-se a impressão de que mandava mais que o chefe.
Dilma só não coordenava Erenice, a assessora que fazia e acontecia sob o seu nariz.

A Morte do Caudilho do Século XXI




Néstor Kirchner, um caudilho para o século 21, que não está mais aqui

Néstor Kirchner foi um homem impossível de classificar. Chegou ao poder em pleno apogeu na América do Sul de presidentes como o brasileiro Lula da Silva, o uruguaio Tabaré Vázquez ou o venezuelano Hugo Chávez. E, embora às vezes tomasse decisões que se inscreviam na esquerda moderada representada pelos dois primeiros, não tinha problemas para alinhar-se com o eixo bolivariano mais radical.

Em um mesmo discurso, Kirchner era capaz de misturar enunciados de Milton Friedman e de Ho Chi Minh sem mudar de tom. Seu grande motor, para o bem e para o mal, foi a paixão. Talvez por ser filho de uma mulher profundamente católica e ter crescido na ventosa imensidão da Patagônia, Kirchner invocou a paixão de Cristo para explicar seu projeto político: "Estamos saindo passo a passo da pior crise que vivemos, do que foi e ainda é o calvário da Argentina", disse diante do Congresso em 2005.

O ex-presidente jamais perdoou as meias tintas de seus colaboradores mais próximos nem admitiu fissuras na Frente para a Vitória, seu grupo dentro da família peronista. Uma pessoa muito próxima dele definiu uma vez o farol que guiava o político: "O poder é consenso e autoridade, e Kirchner só aceitava negociar depois de ter imposto sua autoridade e contar com o apoio das pessoas". O ex-presidente sabia que ser o centro de tudo era vital para sua sobrevivência política.

Se na história da Argentina, desde a independência, há 200 anos, o poder se dividiu entre nacionalistas (de direita ou de esquerda) e liberais (conservadores ou progressistas), Kirchner definitivamente se encaixava no primeiro grupo. Era um caudilho de seu partido, o peronista, como não poderia ser de outro modo para exercer e manter o poder.

Kirchner enquadrou-se perfeitamente no perfil do caudilho nacionalista, progressista e defensor fervoroso da intervenção do Estado na economia. De fato, foi o homem que devolveu o conceito de Estado à Argentina depois do desmantelamento do aparelho público durante a década de 1990. "Vamos devolver ao Estado os neurônios que lhe tiraram", declarou em várias ocasiões o ex-presidente no início de seu mandato em 2003.

"Facundo"

Para seus críticos, o ex-mandatário representava a tradição autoritária descrita por Domingo Faustino Sarmiento em seu célebre livro "Facundo", que descreve a vida de Juan Facundo Quiroga, governador e caudilho da província de La Rioja durante as guerras civis argentinas.

O caudilho é produto da imensidão da planície argentina e da força bruta - e autoridade sem limites - que ali predominam. Como o grosso dos peronistas de esquerda, Néstor Kirchner militava, e sua viúva, Cristina Fernández de Kirchner, ainda o faz, na corrente historiográfica que postula o caudilho - neste caso encarnado na figura de Juan Manuel de Rosas, o principal dirigente da chamada Confederação Argentina (1835-1852) - como o herói nacional oposto aos interesses oligárquicos.


Esta visão da história sustenta que a América Latina entrou em decadência quando se abriu para o mercado internacional e adotou os padrões econômicos reconhecidos no mundo desenvolvido. Ao mesmo tempo, condena muitos intelectuais como "traidores da pátria", isto é, por serem favoráveis aos interesses estrangeiros contra os nacionais. O revisionismo esteve muito presente no discurso da presidente Cristina Kirchner durante as comemorações dos bicentenários das independências argentina e venezuelana, durante este ano.

Embora com a queda do governo de Perón o revisionismo tenha sido duramente perseguido, o movimento sobreviveu e inclusive foi muito prolífico em textos e ensaios até o golpe de Estado de 1976. Sem dúvida, Kirchner se embebeu dessa corrente, dos livros de Raúl Scalabrini Ortiz, de Arturo Jauretche e de José María Rosa. O ex-presidente reverteu as privatizações, rompeu com o Fundo Monetário Internacional e apoiou "o nosso" acima de tudo. Um caudilho para o século 21, que não está mais aqui.

Matéria do Jornal Espanhol El Pais de hoje.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Para Não Dizer Que Nunca Falei Bem do PT

 








O governador eleito do RS, Tarso Genro, está surpreendendo. Ele mostra nos primeiros acordes de sua sinfonia um razoável grau de sensatez. Está pregando união, convergência e conciliação. É exatamente assim que se faz política. E gostei muito da indicação do secretário de cultura, o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil que é uma pessoa formidável e é da área. Pelo menos, não teremos, na cultura, apoio a bailes de debutantes.

Sarkô e a Cidadania de Deveres

Jovens Estudantes franceses se beijam na frente de policiais nos recentes protestos contra a reforma da previdência

Recebi por e-mail esse discurso do Sarkozy, talvez do ano de 2008. Dizem que se encaixa perfeitamente no Brasil de hoje.

E Sarkô - talvez por acreditar nas verdades contidas no discurso abaixo de criar uma cidadania de deveres-- vivencia uma onda de protestos na França, quando jovens de 20 anos protestam contra reformas previdenciárias que aumentam a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos.

“Primeiro os deveres, depois os direitos” “

Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas. O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada. Não vamos permitir a mercantilização do mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo.

A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale quanto o mestre, que não se pode dar más notas para não traumatizar o mau estudante. Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável. Era o slogan de maio de 1968 nas paredes da Sorbonne: “Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar”. Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética.
Uma esquerda hipócrita que permitia indenizações milionárias aos grandes executivos e o triunfo do predador sobre o empreendedor. Esta esquerda está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder. A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho. Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma farsa: “abriu-se uma fossa entre a política e a juventude”. O vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, inocente. Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, e seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela.
Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou ao mérito e ao esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República. Isso não pode ser perpetuado num pais como a França e por isso estou aqui. Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres. “Primeiro os deveres, depois os direitos”.

Tornamo-nos Sociais-Democratas, Mas Tem Gente Que Não Assume

François Mitterrand e a rosa vermelha da social democracia.

Se existe um cabra que eu respeito é o professor de filosofia da USP e autor de um bom e fundamental livro -- para entender como pensa a nossa esquerda --  "Uma Certa Herança Marxista", José Arthur Giannotti. Ele escreveu hoje na Folha uma interessante análise sobre os programas de Dilma e Serra. Seria muito salutar ao Brasil se o PT assumisse o que efetivamente é: social-democrata.



Dois programas antagônicos


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Se Dilma tende ao estatismo, Serra cada vez mais se torna adepto de controle desenhado por instituições que se tornem públicas sem serem estatais


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Aos poucos, na confusão generalizada da batalha eleitoral, vão se configurando duas diferentes concepções do que possa ser o Estado brasileiro. Lembremos, antes de tudo, que nossa política está atravessada pelo debate entre PT e PSDB, dois partidos de centro, sem que se possa perceber entre eles antagonismo ligado a classes sociais, embora cada um possa ser mais ou menos popular.


Não há no horizonte qualquer perspectiva neoliberal, pois os dois concorrentes à Presidência da República são profundamente intervencionistas, pedem um Estado forte, capaz de controlar democraticamente as instituições e o capitalismo brasileiro. A diferença reside na forma da democracia proposta e no modo de intervir no capital.


Depois do insucesso do socialismo real, que se mostrou um capitalismo de Estado propício a regimes ditatoriais, tornamo-nos sociais-democratas. Somos obrigados a conviver com um sistema capitalista de produção assentado em diversos mercados. Sem suas indefinições, que obrigam a economia a se ajustar segundo interesses privados, sem as informações que esses desajustes provocam, sem o estímulo da competição tecnológica, o sistema produtivo emperra e deixa de suprir as necessidades da população.


Além do mais, é preciso levar em conta diferenças no desempenho de cada indivíduo. Desapareceram as propostas de igualar os salários e de que cada um contribuísse segundo suas capacidades e recebesse segundo suas necessidades. Não há critério para determinar capacidades e necessidades sem o jogo das indefinições privadas.


Não é por isso, entretanto, que devemos acreditar que o movimento dos interesses privados naturalmente se ajustaria a padrões de justiça social. O mercado trama ilusões que abrigam sistemas injustos de troca sob a aparência de operações equilibradas. Bom exemplo são os efeitos perversos do mercado imobiliário na cidade de São Paulo.


Daí a importância da política. Mas, para ser democrática, não pode deixar nas mãos dos gestores instrumentos permitindo-lhes bloquear a luta pelo poder. É desse ponto de vista que a privatização deve ser discutida, pois nem sempre implica perda para os fundos públicos.


Tudo depende de como a empresa privada fica submetida a uma regulação pública e ao sistema tributário. Quando um partido submete uma empresa pública a seus interesses, ela se torna privada.


Se reconhecermos a necessidade da alternância do poder, já que um único partido não é capaz de anular as injustiças provadas pelo desempenho descontrolado dos mercados; se acreditarmos que somos apenas parte da verdade, o adversário vindo a ser indispensável na sua constituição, passaremos a combater o Estado proprietário.


Em vez dele, apostamos em forte sistema de controle social, para que cada um de nós tenha assegurada suas liberdades pública e privada. Sob esse aspecto, avultam as diferenças entre Dilma Rousseff e José Serra. Se Dilma tende ao estatismo, a um controle direto dos meios de produção, Serra cada vez mais se torna adepto de um controle desenhado por instituições que se tornem públicas sem trazerem o peso de serem estatais.


Essas duas tendências independem das personalidades dos candidatos, intensamente propositivos, mas se configuram pelas forças políticas que passam a representar.


Numa democracia em que o embate político se dá no centro das opções ideológicas, se o governo será mais à direita ou à esquerda, tudo vai depender de como cada grupo que chega ao poder se abre às novas formas de demanda social e às exigências de um capitalismo atual e competitivo.
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JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI, filósofo, é professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). É autor, entre outras obras, de "Certa Herança Marxista".

Financial Times - Serra é a Melhor Escolha Para o Brasil

Tadinho do eleitor, a discussão que deveria ser de projeto político e econômico passou a ser entre a bolinha de papel e a "bexiguinha". Charge do Ronaldo no Jornal do Comércio de Pernambuco.

Será que alguém de sã consciência é capaz de duvidar que Serra é a melhor escolha para o Brasil? Impossível concluir em sentido contrário.

Do site Terra e BBC Brasil:

Em editorial, o jornal britânico "Financial Times" defendeu nesta quarta-feira (27) que o candidato do PSDB à presidência, José Serra, "é a melhor escolha para o Brasil".



No artigo "Eleições Brasileiras - José Serra é a melhor escolha para presidente, por pouco", o diário sustenta que os dois principais candidatos ao Planalto são bastante similares, mas a eleição de Serra afastaria uma possível influência de Lula no próximo governo.


"Ambos (Serra e a candidata do PT, Dilma Rousseff) são notavelmente similiares. São sociais-democratas que crêem em políticas pró-mercado com forte componente social. São tecnocratas inoportunos. E são também desprovidos de charme", diz o jornal.


"Onde as diferenças existem, são pequenas mas significativas. Serra é mais linha-dura em termos fiscais. Com boa vontade, ele poria um fim no uso de esquemas extraorçamentários recentemente aplicados para cumprir as metas fiscais."
"Reduzir o gasto público, ainda ascendente apesar de uma economia em pleno vapor, também diminuiria as taxas de juros e assim limitaria a apreciação da moeda."
Para o "FT", Serra também seria "menos indulgente" com o Irã, a Venezuela e Cuba.
Já Dilma, ressalta o editorial, "é a favor de um Estado maior, embora um quinto das maiores companhias de capital aberto já tenham, de uma forma ou de outra, ele entre seus cinco maiores acionistas".
"Mas a maior diferença talvez seja o papel que o popular padrinho de Dilma assumirá se ela ganhar - o que é provável, tendo em vista a sua vantagem de dez pontos nas pesquisas. Uma presidência paralela, como a de Putin na Rússia, é possível; assim como a volta de Lula ao poder em 2014 e 2018."
O artigo conclui afirmando que "pelo menos para interromper esta relação com o poder, Serra é a melhor escolha para o Brasil".

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Falando Fino e Falando Grosso

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad (dir.), abraça o colega boliviano, Evo Morlaes, ao recebê-lo em Teerã. Morales faz uma visita oficial de três dias ao país do Oriente Médio




Chico Buarque -- que apoia Dilma o que desapontou algumas pessoas -- disse que no governo Lula o Brasil deixou de falar fino com os EUA e grosso com a Bolívia e o Paraguai.

Eu acho que o Brasil não deveria falar grosso com os EUA e nem fino com Bolívia, Cuba, Venezuela e Irã.

Acima a chegada do companheiro Evo em Teerã, terra do companheiro Ahmadinejad.

Halloween


Francamente, não entendo as pessoas. Sábado encontrei um um amigo que não via faz tempo. Ele é de uma família de fazendeiros na região de Bagé, mas mora em Porto Alegre uns bons anos. E agora está mexendo com gado e vendendo para frigoríficos. Ele me disse, sabe aquela picanha do supermercado Zaffari que você compra? Ela talvez seja lá de fora. Posso dizer que ele é um fazendeiro. No sábado ele me disse, entre um gole e outro de vinho, que vai votar na Dilma. Eu disse, não acredito, até tu? Ele me explicou: é  que o cunhado do meu irmão é muito chegado ao Tarso Genro.

E hoje, no facebook, ele colocou a imagem acima.

Sábado ele estava enfeitiçado. Ele sempre foi muito fraco com a bebida.

O PT e a Direita Podre

Do Angeli



Minha professora de economia esteve semana passada no Maranhão. Enquanto tirava os óculos ela dizia: gente, é  impressionante como lá o Sarney domina. Ele tem um jornal,  o Estado do Maranhão e as manchetes são sempre pró Dilma ou pró Roseana. Fui conferir. O fac- símile acima é da edição de hoje. Não é a toa que 70% dos eleitores do nordeste vão votar na Dilma. Esse tipo de chamada de capa induz o voto do eleitor, sobretudo o mais ignorante. Dilma está na frente? Ah, vamos votar nela.

Lembro que a grande crítica que o PT fazia ao governo FHC é que ele se alinhou com a banda podre, o PFL do Sarney, do ACM etc. E o PT -- esse grande partido que se diz de esquerda -- faz o mesmo ou faz pior, porque faz alianças com o que há de mais podre e atrasado no Brasil. E o PT prometeu um Brasil decente. Onde ele está?

Que Bom Que Não Vi o Debate da Record


Tomei conhecimento do debate da Record hoje de manhã pela Internet. Li que os casos Erenice e Paulo Preto foram os temas principais. Que bom que não vi o debate. Com todo o respeito, mas acho a Dilma o fim da picada. E quando ela fala que o Serra vai privatizar o pré sal -- e tem gente que acredita nessa baboseira -- dá vontade de tomar um leite de magnésia. É muita dor no estômago. E não dá para se comparar o caso Paulo Preto (não tem nem inquérito policial) com o caso Erenice. Erenice era braço direito de Dilma. Paulo Preto e Serra mal se conheciam. Paulo Preto teria (porque não se  sabe se isso é verdade)  desviado R$ 4 milhões da campanha de Serra (quem foi o prejudicado???) e Erenice fez sim tráfico de influência na Casa Civil comandada por Dilma. O caso Erenice é muito mais grave do que o caso Paulo Preto e foi uma forma que Dilma achou para evitar o desgaste com a crise de sua braço direito. E o que é mais irritante é que este imenso  Brasil alienado e inconsciente está caindo no conto da Dilma. Cada vez que vejos os debates mais eu chego a conclusão que este país é mesmo muito ignorante.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Presidente Sumiu


E hoje tem debate na Tv Record do Bispo Macedo.
Haveria outro no SBT, mas a Dilma refugou.
E sexta na Globo.

Protestos na França
















Pela Manutenção do Status Quo

Reformas previdenciárias são sempre impopulares e por isso os políticos evitam falar sobre esses temas em época de eleição. O governo Sarkozy conseguiu -- apesar de todos os protestos -- aprovar no Senado as reformas que dizem são necessárias para o equilíbrio das contas públicas. De agora em diante os franceses vão trabalhar e contribuir mais tempo para se aposentar ou receber pensões.

As fotos são do sempre excelente Boston Globe. Clique nas imagens para ampliá-las.

sábado, 23 de outubro de 2010

Pelas Razões Expostas em Tropa de Elite 2

Seu Jorge e José Padilha nas filmagens do bom e violento "Tropa de Elite 2"

Recomendo Tropa de Elite 2.
Uma das boas cabeças do Brasil de nossos dias é José Padilha.
O diretor de Tripa de Elite foi incluído na lista dos intelectuais que apoiam Dilma.
Ele negou o apoio pelas razões expostas em Tropa de Elite 2.

O que ele quis dizer com isso?

É uma faca no estômago dos brasileiros.
O poder corrompe.
Eleição é dinheiro.
E a cadeia do crime é bem maior do que se imagina.

Capitão Nascimento balança entre o bem e o mal.
Ele não é de direita e nem de esquerda.
Ele é apenas um justiceiro.
Uma ameaça ao poder organizado.

Saí do cinema e a primeira coisa que veio na minha cabeça foi:
Que país de merda.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

França Vivencia Choque Étnico e de Gerações


Bela análise sobre os tumultos franceses.Leia também Trabalhar? Para quê Trabalhar?


Mas por que a França tem tanto medo de seus jovens?


Luc Bronner do Le Monde

Entre seus 4 milhões de estudantes, por enquanto são somente algumas dezenas a centenas de milhares deles que se manifestam contra a reforma da previdência – mas eles apavoram os poderes públicos. Os baderneiros são alguns milhares, muitos deles vindos de bairros desfavorecidos, violentos e minoritários – mas eles afligem a sociedade que preferiria se esquecer, fora a época do aniversário dos tumultos do outono de 2005, da guetificação de parte de seus subúrbios.
A mobilização estudantil atual não tem muito a ver com a previdência – é muito mais profunda, mais grave, mais enigmática. Mais imprevisível também: embora as organizações de jovens tenham feito uma convocação para uma nova manifestação, na quinta-feira (21), ninguém é capaz de dizer se o movimento sobreviverá às férias de Todos os Santos, e sob qual forma. Ninguém sabe tampouco se os atos de violência podem se ampliar ou sair de cena tão bruscamente quanto surgiram.

Se a situação atual é de alto risco, é porque entram em colisão dois medos franceses: o medo tradicional, de uma sociedade que envelhece diante de sua juventude turbulenta; e o medo novo, de uma sociedade que se descobre multiétnica e multicultural. Na angústia coletiva do momento, revelam-se os tabus da França, sua grande dificuldade em se olhar de frente, seu temor em se aceitar como é, certamente porque, em nossa religião republicana, é difícil admitir que as promessas de igualdade e de integração não estão sendo cumpridas.


O primeiro tabu diz respeito à questão das gerações. No DNA dos políticos franceses, a juventude é primeiramente um perigo, uma ameaça antes de ser uma possibilidade ou uma esperança. Como se a lembrança de 1986 (Devaquet e as universidades), de 1990 (Jospin e os direitos dos estudantes), de 1994 (Balladur e o contrato de inserção profissional-CIP), de 2005 (Fillon e a reforma do bac [equivalente ao vestibular]) e de 2006 (Villepin e o contrato primeiro emprego-CPE), aos quais devem-se acrescentar os tumultos urbanos de 2005, houvesse definitivamente bloqueado o pensamento do poder público, paralisado unicamente pela questão da manutenção da ordem.

Ora, do ponto de vista das elites políticas atuais, os movimentos dos jovens não são somente perigosos em termos estritamente policiais. Eles o são muito mais quanto à essência, como mostram os trabalhos do sociólogo Louis Chauvel sobre os processos de rebaixamento social. Porque eles podem desestabilizar a relação entre gerações. Porque eles obrigam todos a verem como se opera a distribuição das riquezas entre faixas etárias. Porque eles levam a reavaliar as gerações no poder há 40 anos e a questionar a distribuição das dívidas entre os mais idosos, que se beneficiaram diretamente disso, e os mais jovens, que deverão pagar por isso.


O segundo tabu diz respeito à diversidade étnica. As elites políticas francesas – é muito menos verdadeiro para as elites econômicas – não se conscientizaram da nova cara da sociedade francesa, especialmente em suas grandes cidades, especialmente entre os jovens. A França continua a se ver como uma sociedade branca e relativamente uniforme. Em suas zonas urbanas, ela é na realidade totalmente mestiça. A ponto de a linguagem da periferia e a cultura urbana serem hoje as dominantes entre os jovens, fenômeno social e cultural subestimado.


Mas essa mestiçagem é acompanhada de um movimento de guetificação – outra realidade que perturba o poder público – com bairros que, na verdade, concentram os pobres, os jovens e os imigrantes em proporções inéditas. Ora, essa segregação não é neutra em termos de comportamento e de atos de violência, como acaba de mostrar o pesquisador Hugues Lagrange em seu livro “Le Déni des Cultures” [“A negação das culturas”, Ed. Seuil]. Se os parlamentares se preocupam como o risco de reprise dos tumultos do outono de 2005, se agora ocorrem incidentes em cada movimento estudantil, é primeiramente um efeito bumerangue da segregação urbana, social e étnica.


O movimento estudantil atual causa medo nos políticos, tanto de direita quanto de esquerda, porque ele reúne as problemáticas da juventude e da periferia, da igualdade entre gerações e da igualdade entre territórios. O problema é que as elites políticas não têm nenhum interesse em abordá-los de frente. A curto prazo – que é o tempo do político - , na verdade nem os jovens, nem a periferia têm rendimento eleitoral: os menores de 18 anos não votam, os jovens adultos se abstêm mais do que o resto dos eleitores, infinitamente mais que o eleitorado mais velho. A menos de dois anos da próxima eleição presidencial, o medo dos jovens continua sendo vantajoso.

Tradução: Lana Lim

A Baixaria Nessas Eleições Tem Lado Bem Definido

Angeli

Quem  chegou primeiro o ovo ou a galinha?
Quem incentiva a baixaria nessas eleições: o PT ou PSDB?
Dizem que essas perguntas não têm resposta.
Mas elas têm.
Como sou agnóstico e acredito na ciência,
o ovo veio antes da galinha.
E quem incentiva a violência e a baixaria tem lado bem definido.
Quem é que joga pobres contra os ricos?
Quem é que alimenta o antagonismo social?
Quem se acha o dono da dignidade e da boa moral?
Quem se acha o bambambam da boa administração?
Quem se acha o dono da opinião pública?
Quem morre de medo de perder a boquinha do poder?
Esses -- que estão hoje em cima sentadinhos na cadeira do poder e ameaçados de perder a boquinha -- é que fomentam a baixaria.

Querem Comparar Governos FHC e Lula? Pois vamos aos Números.



Recebi do nosso amigo  Pablo Vilarnovo, do Fala Ai!,  essa planilha comparativa disponível neste endereço aqui.

Nesta Eleição O Que Está em Jogo São Cargos

Charge do Humberto.

Todos iguais


O vereador Carlos Apolinário, dos autointitulados “democratas”, é líder dos evangélicos de São Paulo. Trata-se de um tipo polêmico. Entre suas propostas de lei estão a criação do Dia do Orgulho Heterossexual, a proibição da parada GLS na Avenida Paulista e outras questões que tais.

Indagorinha, esta semana, estive a poucos metros do vereador, num encontro promovido pelo PT de São Paulo em apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Fui à Pauliceia para preparar um perfil do vice de Dilma, Michel Temer.

Apolinário compunha a mesa que dirigia a reunião. Foi chamado a discursar. Ergueu-se, os cabelos de um negro tisnado bem esticados no crânio, submetidos à força de gel. Microfone em punho, vociferou contra José Serra, “esse ateu que agora vem falar em Jesus!”.

Aplaudiram-no Mercadante, detrás do frondoso de seu bigode; Martha Suplicy, detrás da esquisitice do seu botox; o ator Sérgio Mamberti, detrás do venerando da sua barriga; e José Genoino, detrás de toda a assistência, no fundo da sala, de pé, quase anônimo. Além, é claro, de tantos outros militantes de vários partidos e tendências.

Lembrei-me de antigas reuniões do PT que cobri. Nelas volta e meia ouviam-se disparates, mas seria impensável um discurso do jaez do vereador Apolinário, sobretudo por ser ele dos autoproclamados “democratas”.

Nessa reunião, a estrela era Michel Temer. Que, todos sabem, é presidente do PMDB. O adversário dele e de Dilma, o imputado ateu José Serra, é do PSDB, que foi arrancado das vísceras do PMDB. Por sinal, parte do PMDB apoia Serra. Que também é apoiado por parte dos autoatribuídos “democratas” de Apolinário.

Aliás, há dois dias assisti a um debate em que ponteavam o antigo comunista Roberto Freire e a atual comunista Manuela D’Ávila, ele agora serrista, ela agora dilmista.

Todo mundo pode apoiar todo mundo nessa eleição. Nada a estranhar. Não há diferença entre um e outro. Dilma e Serra são quase iguais. Ambos dignos, ambos com propostas semelhantes, ambos sem projeto.

Mas se fossem muito diferentes, se apresentassem propostas discordantes, o que aconteceria com seus apoios?

Lhufas. Continuaria tudo igual.

Porque os partidos políticos brasileiros não têm projeto de país. Foram forjados na luta pela democracia, essa era a sua bandeira. Alcançada e consolidada a democracia, foi extirpada dos partidos a sua espinha dorsal ideológica. Viraram moluscos.

O PT, até porque surgiu no entardecer da ditadura, foi o último partido autêntico do Brasil. Não que tivesse um projeto; tinha postura. O PT se legitimava pelo que não era. Pela sua não aceitação de certas condutas. Lula passou por cima do PT, tornou-se maior do que o partido e o transformou numa massa disforme como são os outros. Hoje está tudo tão igual...

Nesta eleição, o que está em jogo não são ideias. São cargos. Seja quem for o novo presidente, o Brasil continuará movendo-se como se move. Talvez não exatamente à deriva. Mas certamente sem saber aonde quer chegar.

Artigo de David Coimbra na ZH de hoje.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Não Era Bolinha de Papel



No vídeo acima, Dilma foi perguntada sobre os livros que ela leu. Ela disse que estava lendo Sandor Marai -- que é um tremendo escritor; disse que havia terminado de ler na noite anterior, mas, surpreendentemente, ela  não se lembrava o nome do livro. Essa mulher parece não ter substância.



Estão a dizer que a campanha está agressiva. Mas quem, afinal, está sendo agressivo?

Ora,  geralmente quem fica nervoso, quem fica agressivo é quem está por cima e corre o risco de perder.

E Lula não está governando o Brasil, está fazendo campanha política direto e mostrando sua raiva e agressividade. Parece o Lula da década de 80.

E há, também, uma guerra na mídia.

O SBT mostrou uma imagem incompleta do protesto de ontem quando uma bolinha de papel bateu na cabeça calva do candidato tucano. Ocorre que 15 minutos depois -- e o SBT editou a matéria sem perceber isso? -- Serra foi atingido por outro objeto, maior e com pais peso.

Também se verificou que a bolinha de papel e este outro objeto atingiram regiões diferentes na cabeça de Serra.

Definitivamente, não era bolinha de papel.


No Terra:

O perito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ricardo Molina afirmou, em entrevista concedida ao Jornal Nacional na noite desta quinta-feira (21), que "com certeza absoluta" houve dois momentos de agressão ao candidato à presidência da República José Serra (PSDB) no Rio de Janeiro. "São dois eventos completamente separados. Esse evento é uma fita. A gente vê alguma coisa redonda, com uma circunferência central", afirmou Molina.
O perito disse ainda que a o rolo de fita e a bolinha de papel bateram em regiões diferentes da cabeça do candidato tucano. "Ela (a fita) bate na região superior da cabeça, frontal superior, completamente diferente do evento bolinha", disse o perito.

Um vídeo gravado pelo celular de um repórter da Folha de S. Paulo mostra o momento em que o candidato do PSDB seria atingido por um segundo obejto, de maior tamanho e peso. Imagens anteriores do SBT e da Rede Record monstravam um objeto similiar a uma bola de papel que tocava na cabeça de Serra durante caminhada que ele fez pelo bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio.

Estão a Dizer que Serra Foi Atingido Por Bolinha de Papel e Quase Entrou em Coma Profundo






Pescado daqui.

No Meu Limitado e Pequeno Contexto o Serra Ganha de Goleada

Nosso ângulo de visão de vida, nosso contexto, é como essa girafa da foto que enxerga, convive e respira apenas uma pequena parte do mundo que estamos embutidos.

Eu sou um cara classe média que vive numa cidade classe média, num bairro classe média e minha visão de mundo tem uma razoável influência  da classe média portoalegrense. E, nesse contexto,  as pessoas que eu convivo ou votaram no Serra ou na  Marina no primeiro turno, como é o caso da senhora Maia. E agora, no segundo turno, vão votar direto  no Serra sem titubear. Grande parte dessas pessoas não pode nem ouvir a voz da Dilma. Impressionante as mensagens que recebo no "facebook" ou no e-mail contra a Dilma e o PT. Por que isso? Por causa da "luta de classes", porque o pessoal do PT fomenta, incrementa e excita a chamada "luta de classes". Como disse o companheiro Olívio Dutra, quando governador do RS, "meu governo alimentou o antagonismo social". E a classe média melindrosa e medrosa da violência não gosta muito desse tipo de discurso.

Tenho amigos e conhecidos que vão votar na Dilma e gosto muito de debater com eles. Troquei com um grande amigo, que sempre foi petista,  mensagens no "facebook" sobre isso, mas definitivamente não considero o  "facebook" um local apropriado para esse tipo de embate.

Sei que esse meu contexto é limitado e não espelha a realidade do povo brasileiro, do povo gaúcho e também do povo portoalegrense, sobretudo das pessoas de baixa renda, muitas das quais eu tenho contato e boa parte delas também vão votar no Serra.

Porque  este Brasil -- que vai votar silenciosamente na Dilma - é grande demais. O contexto que vivo e estou embutido é mínimo, é uma titiquinha, é um ponto perdido no meio de um grande oceano. E por isso eu sempre fiz, em toda a minha vida, um esforço para sair do meu contexto e ultrapassar os meus limites. Sempre gostei de transgredir até que um dia me dei conta de que ser "gauche na vida" é também uma forma limitada de se pensar e enxergar o mundo.

Sei que meu contexto é limitado, mas o dos outros também é.