Nosso ângulo de visão de vida, nosso contexto, é como essa girafa da foto que enxerga, convive e respira apenas uma pequena parte do mundo que estamos embutidos.
Eu sou um cara classe média que vive numa cidade classe média, num bairro classe média e minha visão de mundo tem uma razoável influência da classe média portoalegrense. E, nesse contexto, as pessoas que eu convivo ou votaram no Serra ou na Marina no primeiro turno, como é o caso da senhora Maia. E agora, no segundo turno, vão votar direto no Serra sem titubear. Grande parte dessas pessoas não pode nem ouvir a voz da Dilma. Impressionante as mensagens que recebo no "facebook" ou no e-mail contra a Dilma e o PT. Por que isso? Por causa da "luta de classes", porque o pessoal do PT fomenta, incrementa e excita a chamada "luta de classes". Como disse o companheiro Olívio Dutra, quando governador do RS, "meu governo alimentou o antagonismo social". E a classe média melindrosa e medrosa da violência não gosta muito desse tipo de discurso.
Tenho amigos e conhecidos que vão votar na Dilma e gosto muito de debater com eles. Troquei com um grande amigo, que sempre foi petista, mensagens no "facebook" sobre isso, mas definitivamente não considero o "facebook" um local apropriado para esse tipo de embate.
Sei que esse meu contexto é limitado e não espelha a realidade do povo brasileiro, do povo gaúcho e também do povo portoalegrense, sobretudo das pessoas de baixa renda, muitas das quais eu tenho contato e boa parte delas também vão votar no Serra.
Porque este Brasil -- que vai votar silenciosamente na Dilma - é grande demais. O contexto que vivo e estou embutido é mínimo, é uma titiquinha, é um ponto perdido no meio de um grande oceano. E por isso eu sempre fiz, em toda a minha vida, um esforço para sair do meu contexto e ultrapassar os meus limites. Sempre gostei de transgredir até que um dia me dei conta de que ser "gauche na vida" é também uma forma limitada de se pensar e enxergar o mundo.
Sei que meu contexto é limitado, mas o dos outros também é.
8 comentários:
Nem sei porque os petistas tem tanta aversão a classe média. Olhei o patrimônio da Dona Dilma declarado para a receita federal e ela é bem riquinha. Tem vários apartamentos. Coloca um carrinho mais popular para parecer modesta, mas o patrimônio ultrapassa a um milhão de reais. Ela é de que classe social mesmo?
Ah, e por falar, nisso por que será que o casamento da filha dela foi no Leopoldina Juvenil, no salão Imperatriz com direto a cobertura pela revista Caras?
O voto e o preconceito de classe
Enviado por luisnassif, qui, 21/10/2010 - 12:57
Por Pedro Migão
O voto e o preconceito de classe
Um fenômeno muito interessante que venho observando nestas eleições, em especial as presidenciais, é a existência de um declarado "ódio de classe" em especial das camadas de maior renda.
Acho que já contei para o leitor que moro em um bairro de classe média aqui no Rio. Embora seja um local da Zona Norte, suas características geográficas - é um lugar relativamente isolado e que possui a Baía da Guanabara perto e boas áreas verdes - trazem uma boa qualidade de vida e atraem pessoas de maior renda - além de alguns petroleiros que trabalham no Cenpes e na refinaria de Duque de Caxias, relativamente próximas.
Pois é. Em meu carro tenho um adesivo no vidro traseiro da candidata Dilma Roussef - além de um da Portela e outro da Igreja Messiânica, mas isto é outra história... Com o acirramento da campanha tenho de ouvir comentários de vizinhos na linha "vai continuar a sustentar vagabundo?", "eles vão tomar o seu lugar, hein!" e coisas correlatas.
Infelizmente, a nossa classe média (e mais ainda a classe média com qual convivo, que é a mesma do Maia) despolitizou-se, e prega, desde sempre, que o PT é o partido dos pobres, e por isso é contra.
Eu não consigo, no dia a dia, ver alguém defender o voto ao Serra sem recorrer ao anti-petismo. Nem o próprio Estadão, ao abrir seu voto, conseguiu. Mas, até aí, tudo bem.
O problema é que Serra tornou-se, evidentemente, um candidato pior do que Dilma.
Às vezes me divirto fazendo o oposto dos anti-petistas: sendo anti-tucano. O que acontece, invariavelmente, é que acabo sendo chamado de petista (com cara de nojo, às vezes), e a conversa acaba no "nenhum político presta, mesmo".
Eu não quero que ninguém vote no PT. O que eu quero é que as pessoas defendam seu voto e seu candidato por ele ser melhor do que o do PT.
Hoje Serra só é melhor do que Dilma se ignorarmos todos os defeitos dele. E ele acumulou muitos nesta campanha.
Só o que sobrou foi o anti-petismo. E isso, infelizmente, pra nossa classe média preconceituosa, é o que basta.
O que a Bípede Falante escreveu um exemplo desse preconceito. Petista não pode ser rico, não pode ganhar dinheiro. Petista que é petista é pobre.
Bem, e aí estão as minhas críticas, e o que me levará a não votar em Serra.
Bípede e Guimas, eu acho que petista tem todo o direito de ganhar dinheiro, casar em clubes de classe média alta como Leopoldina Juvenil, mas ele tem de deixar de ser arrogante e radical em relação ao capital e a própria classe média. A classe média é por excelência uma classe conservadora, isso ocorre em todos os países do mundo, e, portanto, não gosta de discurso mais radical. Não acho Dilma radical, mas o PT tem alas radicais e elas fazem muito barulho e tem muito preconceito. Vejam o que é o Diário Gauche que hoje bate no Carpinejar, porque escreveu um artigo sogre LFV. Eles são uns imbecis.
Todas as pessoas que conheço que radicalizaram contra o PT, é porque já são anti-PT há muito tempo... mas eu que não sou anti-PT e até já tive irmã militando por ele, vejo o PT como apenas mais um partido, cheio de correntes insanas e patrmonialistas.
Eu não gosto do PT, e entendo que existem dentro dele correntes minoritárias de gente que defende o fim da democracia... mas mesmo assim o PT em nada difere dos demais partidos.
"A classe média é por excelência uma classe conservadora, isso ocorre em todos os países do mundo, e, portanto, não gosta de discurso mais radical."
Ora, Maia, quem adotou um discurso mais radical nesta campanha foi o PSDB. Por esse critério, Serra deveria estar afastando os eleitores mais ricos (e parece que está, na reta final).
"Não acho Dilma radical, mas o PT tem alas radicais e elas fazem muito barulho e tem muito preconceito."
Ora, Maia, todo o partido tem gente mais radical militando e estas são justamente as mais barulhentas. Eu já ouvi muita declaração radical vinda de gente filiada ao PMDB, ao PSDB, ao DEM. Por que só os radicais do PT são "do mal" e merecem crítica?
Eu concordo contigo quando criticas as posições do Diario Gauche. É um blog exagerado. Mas faz parte de uma minoria, e deve ser tratado desta forma.
A generalização dos radicais para todo o PT é, como toda generalização, burra.
Guimas,
Tenho visto na propaganda eleitoral do PT uma divisão bem clara de classes. Dizem eles com a sua balança que carne é coisa de rico e feijão com arroz coisa de pobre.
Isso não quer dizer nada?
E por que mesmo que eles também dizem nas propagandas que o Serra se finge de pobrinho sem nunca ter sido?
Bípede Falante
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