Ibope: tendência do eleitor é oposta à do 1º turno
O Ibope indica que dobrou a diferença de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB) na última semana. Houve recuperação da petista e queda do tucano.
Dilma tem hoje praticamente a mesma vantagem que tinha nesta época no primeiro turno: 56% contra os 55% de 23 de setembro. Nos 10 dias entre a pesquisa e a votação de 3 de outubro, ele caiu, Marina Silva (PV) subiu, e a eleição precisou de um novo turno.
Desta vez há uma diferença importante. No primeiro turno, Dilma vinha em queda nesta fase da campanha. Agora, seu movimento é ascendente. Mais do que o tamanho da vantagem, é o movimento do eleitorado que favorece a petista.
Há indicativos de que a questão religiosa voltou a influenciar o eleitor, mas no sentido oposto. Na rodada anterior do Ibope, Dilma tinha estabilizado entre católicos e evangélicos. Nesta, ela cresceu entre os cristãos e caiu entre agnósticos, ateus e seguidores de outras religiões.
Pelos números, as ações da petista para recuperar o apoio de lideranças evangélicas e católicas surtiram efeito. Isso incluiu a divulgação de uma carta rejeitando mudar a legislação sobre o aborto -o que pode ter lhe tirado votos entre quem é a favor da liberação da prática, algo mais comum entre agnósticos e ateus.
Ao mesmo tempo, Serra caiu nos segmentos religiosos. Pode ser apenas fruto da recuperação dos eleitores por Dilma. O tucano, porém, perdeu mais votos cristãos do que a petista ganhou.
Isso indica que sua queda no segmento pode ter sido consequência da divulgação de notícias de que sua mulher teria feito aborto nos EUA, quando estavam exilados. As buscas no Google pelo binômio "Serra + aborto" suplantaram as pelo binômio "Dilma + aborto" na última semana.
Sejam quais forem as causas, Serra tem uma tarefa mais difícil do que Dilma. Para encurtar a distância que o separa da petista, ele precisa reverter a tendência do eleitorado. Brigar contra a inércia requer novas armas. O rolo no Rio pode ser uma delas: associar medo/insegurança à rival. Dura missão para uma bolinha de papel.
Acho que não foi essa bolinha de papel a responsável pela ida de Serra ao hospital. O que importa é que não se pode impedir um candidato de se fazer campanha na rua. Estamos no Brasil, não estamos em Cuba.
NÃO SEI SE alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto.
Eu não.
A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.
O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.
Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.
Estão azedadas as relações entre o PSDB mineiro e o paulista. Considera-se que a trapalhada de Eduardo Jorge – divulgando partes do inquérito da Polícia Federal – espalhou lama por todos os poros.
O tema pegava todo mundo: o Estado de Minas (que contratou Amaury), Aécio Neves (ligado ao jornal), o PT (que tentou contratar o repórter), José Serra (principal personagem da Operação Caribe, a reportagem em questão). Por isso mesmo, o melhor para todos seria deixar rolar até depois das eleições.
Embora tivesse todas suas despesas de reportagem bancadas pelo jornal o Estado de Minas, em seu depoimento Amaury Jr procurou poupar Aécio. Assumiu sozinho a responsabilidade pela compra dos dados sigilosos. Em nenhum momento teria declarado que levantou os dados para «proteger Aécio». Como o único vazador do inquérito foi Eduardo Jorge – cuja advogada teve acesso aos depoimentos, por meio de uma liminar – interpretou-se em Minas que a trapalhada da EJ visou deixar Aécio acuado.
Mas o que levaria EJ a esse gesto meio autofágico, de acessar o relatório e vazar partes selecionadas para a Folha de São Paulo?
Simples. No inquérito da Polícia Federal, o jornalista Amaury Jr anexou o tal «Relatório Caribe», a extensa reportagem que escreveu para o Estado de Minas sobre os fluxos de dólares da privatização. É uma espécie de rascunho do seu livro – que, pelo acordo com a TV Record (que recentemente o contratou) só deveria ser publicado no próximo ano, para evitar exploração eleitoral.
Aparentemente foi a leitura do relatório que fez Eduardo Jorge dar publicidade seletiva ao inqu
O Serra foi fazer campanha num bairro onde há um sindicato extremamente opositor a ele, pessoalmente, que é o dos "mata-mosquitos".
O que ele fez foi comemorar o gol do Grêmio no meio da torcida do Inter. No Beira-Rio.
Quem procura, acha.
E, é claro que discordo de violência. Mas que é mais ou menos óbvio que a campanha de Serra está procurando confusão, isto é.
Ele não é uma pobre vítima de radicais petistas. Ele (e sua entourage) só não quis ouvir manifestação contra. E deu no que deu.
De novo, Maia, estás a ignorar o erro óbvio do PSDB, e realçando os do PT. Isto pode ser bom para militantes partidários, mas para quem é um cidadão sem filiação partidária, é um erro.
Por outro lado, já que Serra "agendou" o bairro, manda a boa democracia que quem se opõe a ele deve se calar. Protestar outro dia. Naquele, não pode.
Não tapa o sol com a peneira, Pablo. No mundo real, as pessoas não gostam quando tu vais lá esfregar na cara delas o que elas não querem ouvir.
Já dizia minha vó, quem fala o que quer, ouve o que não quer.
O bairro é concentradamente anti-Serra. Tá mais do que óbvio que a ida dele lá foi uma provocação calculada.
E ninguém sabe quem começou a briga. Pode muito bem ter sido o aparato de segurança do Serra. Aliás, ninguém fala disso. Só se fala do dodói na careca dele.
Quem acha que Serra é vítima nesta baixaria toda foi enganado (ou deixou-se enganar). Não é uma indicação de esperteza.
8 comentários:
Do Blog do José Roberto de Toledo
Ibope: tendência do eleitor é oposta à do 1º turno
O Ibope indica que dobrou a diferença de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB) na última semana. Houve recuperação da petista e queda do tucano.
Dilma tem hoje praticamente a mesma vantagem que tinha nesta época no primeiro turno: 56% contra os 55% de 23 de setembro. Nos 10 dias entre a pesquisa e a votação de 3 de outubro, ele caiu, Marina Silva (PV) subiu, e a eleição precisou de um novo turno.
Desta vez há uma diferença importante. No primeiro turno, Dilma vinha em queda nesta fase da campanha. Agora, seu movimento é ascendente. Mais do que o tamanho da vantagem, é o movimento do eleitorado que favorece a petista.
Há indicativos de que a questão religiosa voltou a influenciar o eleitor, mas no sentido oposto. Na rodada anterior do Ibope, Dilma tinha estabilizado entre católicos e evangélicos. Nesta, ela cresceu entre os cristãos e caiu entre agnósticos, ateus e seguidores de outras religiões.
Pelos números, as ações da petista para recuperar o apoio de lideranças evangélicas e católicas surtiram efeito. Isso incluiu a divulgação de uma carta rejeitando mudar a legislação sobre o aborto -o que pode ter lhe tirado votos entre quem é a favor da liberação da prática, algo mais comum entre agnósticos e ateus.
Ao mesmo tempo, Serra caiu nos segmentos religiosos. Pode ser apenas fruto da recuperação dos eleitores por Dilma. O tucano, porém, perdeu mais votos cristãos do que a petista ganhou.
Isso indica que sua queda no segmento pode ter sido consequência da divulgação de notícias de que sua mulher teria feito aborto nos EUA, quando estavam exilados. As buscas no Google pelo binômio "Serra + aborto" suplantaram as pelo binômio "Dilma + aborto" na última semana.
Sejam quais forem as causas, Serra tem uma tarefa mais difícil do que Dilma. Para encurtar a distância que o separa da petista, ele precisa reverter a tendência do eleitorado. Brigar contra a inércia requer novas armas. O rolo no Rio pode ser uma delas: associar medo/insegurança à rival. Dura missão para uma bolinha de papel.
Se é verdade a encenação (e parece que é), Serra acabou de entregar a eleição à Dilma.
Pra mim, esta é a gota d'água. Serra acabou como político.
Acho que não foi essa bolinha de papel a responsável pela ida de Serra ao hospital. O que importa é que não se pode impedir um candidato de se fazer campanha na rua. Estamos no Brasil, não estamos em Cuba.
NÃO SEI SE alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto.
Eu não.
A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.
O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.
Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.
O Relatório Caribe no inquérito da PF
Enviado por luisnassif, qui, 21/10/2010 - 17:32
Estão azedadas as relações entre o PSDB mineiro e o paulista. Considera-se que a trapalhada de Eduardo Jorge – divulgando partes do inquérito da Polícia Federal – espalhou lama por todos os poros.
O tema pegava todo mundo: o Estado de Minas (que contratou Amaury), Aécio Neves (ligado ao jornal), o PT (que tentou contratar o repórter), José Serra (principal personagem da Operação Caribe, a reportagem em questão). Por isso mesmo, o melhor para todos seria deixar rolar até depois das eleições.
Embora tivesse todas suas despesas de reportagem bancadas pelo jornal o Estado de Minas, em seu depoimento Amaury Jr procurou poupar Aécio. Assumiu sozinho a responsabilidade pela compra dos dados sigilosos. Em nenhum momento teria declarado que levantou os dados para «proteger Aécio». Como o único vazador do inquérito foi Eduardo Jorge – cuja advogada teve acesso aos depoimentos, por meio de uma liminar – interpretou-se em Minas que a trapalhada da EJ visou deixar Aécio acuado.
Mas o que levaria EJ a esse gesto meio autofágico, de acessar o relatório e vazar partes selecionadas para a Folha de São Paulo?
Simples. No inquérito da Polícia Federal, o jornalista Amaury Jr anexou o tal «Relatório Caribe», a extensa reportagem que escreveu para o Estado de Minas sobre os fluxos de dólares da privatização. É uma espécie de rascunho do seu livro – que, pelo acordo com a TV Record (que recentemente o contratou) só deveria ser publicado no próximo ano, para evitar exploração eleitoral.
Aparentemente foi a leitura do relatório que fez Eduardo Jorge dar publicidade seletiva ao inqu
Ora, Maia, democracia é isto.
O Serra foi fazer campanha num bairro onde há um sindicato extremamente opositor a ele, pessoalmente, que é o dos "mata-mosquitos".
O que ele fez foi comemorar o gol do Grêmio no meio da torcida do Inter. No Beira-Rio.
Quem procura, acha.
E, é claro que discordo de violência. Mas que é mais ou menos óbvio que a campanha de Serra está procurando confusão, isto é.
Ele não é uma pobre vítima de radicais petistas. Ele (e sua entourage) só não quis ouvir manifestação contra. E deu no que deu.
De novo, Maia, estás a ignorar o erro óbvio do PSDB, e realçando os do PT. Isto pode ser bom para militantes partidários, mas para quem é um cidadão sem filiação partidária, é um erro.
É Guimas... já não basta político ter que pedir permissão para traficante para fazer campanha em favela.
Agora precisa pedir permissão para sindicalistas do PT...
Essa sua democrácia é supimpa.
Pablo,
Por outro lado, já que Serra "agendou" o bairro, manda a boa democracia que quem se opõe a ele deve se calar. Protestar outro dia. Naquele, não pode.
Não tapa o sol com a peneira, Pablo. No mundo real, as pessoas não gostam quando tu vais lá esfregar na cara delas o que elas não querem ouvir.
Já dizia minha vó, quem fala o que quer, ouve o que não quer.
O bairro é concentradamente anti-Serra. Tá mais do que óbvio que a ida dele lá foi uma provocação calculada.
E ninguém sabe quem começou a briga. Pode muito bem ter sido o aparato de segurança do Serra. Aliás, ninguém fala disso. Só se fala do dodói na careca dele.
Quem acha que Serra é vítima nesta baixaria toda foi enganado (ou deixou-se enganar). Não é uma indicação de esperteza.
Postar um comentário