Leio, também, no Diário Gauche um post chamado "A velha marmita rançosa da mídia brasileira", onde se elogia a postura do jornal liberal londrino Financial Times que reconhece a crise capitalista e se critica o papel dos nossos jornais em defesa do status quo de um regime capitalista decadente.
Postei ali o seguinte comentário:
Numa boa, Marx disse uma bela frase: tudo o que é sólido se desmancha no ar, mas esse processo chamado capitalismo é como uma hydra de Lerna, ele é resistente, quando o vivente acha que ele está morto e acabado ele retorna com duas cabeças. Muito se critica a época do neoliberalismo, mas até hoje, juro, não sei exatamente o que significa "neoliberalismo". É uma palavra do tipo "comunismo" que ninguém sabe exatamente o que é, porque ela é usada como chavão, como discurso ideológico de massa de manobra do pensamento preguiçoso. No fundo, no fundo, ninguém sabe quais as alternativas para um mundo melhor e possível. O que se sabe, no entanto, é que o estado (o centro de tudo) não pode ser absolutamente livre e ausente, portanto tem sim de exercer seu papel regulador e fiscalizador.
Além disso é essencial que ele implemente, junto com a sociedade civil. política efetiva (e não demagógica) de inclusão social, o que interessa a todos. Será que alguém pode ser contra a inclusão social?
O que estou a dizer, no fim das contas, é que o caminho, a verdade e a vida não é ideológico e nem religioso, existem receitas que deram certo nos países socialmente desenvolvidos. Sim, eles estão em crise, mas isso não significa que tudo o que eles fizeram está completamente errado, como alguns simplórios estão a entender.
3 comentários:
Maia,
É divertido de ver as tuas críticas às simplorices preguiçosas.
Elas também são simplorices!
Mas tudo bem. Cada um no seu quadrado.
O mundo é feito de simplorices, Guimas. Vamos além.
O acúmulo de déficits orçamentários causou uma parte do problema nos EUA e na Europa, porque os Estados nacionais não tem mais capacidade de salvar bancos quebrados em razão da ganância e da inexperiência de garotos de 25 anos recém saídos de faculdades, que operam suas carteiras de títulos e investimentos.
Se a gente pensar bem, foi um engôdo global, do qual participa inclusive o Brasil, pois acreditava-se pelo mundo afora que esta farra de emitir títulos para financiar déficits jamais acabaria; O Brasil continua emitindo títulos, se bem que a dívida mobiliária federal caiu em 2011, o que é notícia alvissareira, apesar de fundada muito mais no crescimento de 10,1% da arrecadação de impostos do que no corte de despesas que por aqui são cada vez maiores e descontroladas (22000 cargos em comissão só no governo federal, vagas de emprego para inúteis apadrinhados).
Outra faceta do problema é justamente o sistema bancário ganancioso, o mesmo que foi alimentando o sub-prime nos EUA, na Irlanda e na Islândia, cujas operações eram feitas não com vistas nos riscos, mas com vistas nos bônus a serem recebidos por executivos empolados em ternos chiques, que rodavam de helicóptero pelas capitais...
Agora o mundo busca se reinventar. Na Europa, o recente pacto da UE prevê que os países coloquem em suas constituições a obrigação de manter superávits orçamentários, até porque, mesmo países de economia sadia com a Alemanha experimentaram déficits colossais nos últimos anos, sendo que havia países como a Grécia, que NUNCA experimentaram algo nem próximo de disciplina fiscal.
Penso que a crise não é só americana ou européia. É uma crise sistêmica, porque mostra que o sistema faliu e que a partir de agora, será necessário que os países aprendam a gastar o que arrecadam, e só. Aquela era de emissão de títulos que por sua vez eram usados para a especulação dos tubarões corporativos e das agências de rating, está chegando ao seu fim...
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