Releio Kafka. Fazia tempo que não lia Kafka. Ele nunca esteve tão atual. É exatamente isso o que caracteriza um grande escritor, ele não tem tempo, ele pode ser lido em qualquer época.
A nossa vida é kafkiana, absolutamente kafkiana.
Semana passada precisei de moeda para o parquímetro que fica em frente a loja onde pretendia atualizar meu chip para acessar a internet na praia. Como a geringonça não aceita dinheiro de papel tive de trocar uma nota de 2 por duas moedas de 1. Que dificuldade.
Ninguém tinha troco, nem mesmo o vendedor de cachorro quente da esquina, muito menos o pessoal da grande e iluminada loja de celular. Eles não trabalham com moedas.
Ao lado, um quiosque movimentado do Macdonald's e a mocinha, um tanto desinteressada com a minha presença, disse que não tinha troco. Impossível você não ter troco, disse a ela. Ela nem me respondeu. Peguei uma água mineral de copinho e perguntei, quanto custa?
Secamente ela me disse, olhando para os lados, que não podia vender a mineral sozinha, apenas se eu comprasse uma casquinha. Tudo bem, compro o sorvete, mas levo apenas a mineral e apresentei uma nota de 10. O senhor não tem menos?
Não. Brava, muito brava ela me deu o troco e levei a mineral que estava quente naquela manhã mormacenta.
Antes de chegar no carro, passei pelo vendedor de cachorro quente e disse a ele: a única forma de se trocar dinheiro por aqui é comprando.
Depois dessa pequena e insignificante "saga" me encaminhei para a loja de celular, onde fiquei esperando 40 minutos para ser atendido.
Um comentário:
verdade, guri. Foi-se o tempo em que o cliente era tratado com dignidade, respeito e simpatia. E estes parquímetros, verdadeiras chagas das cidades modernas, em nada contribuiram para a melhoria do trânsito ou dos espaços de estacionamento. Como fato real, apenas a retirada dos flanelinhas em alguns locais.
Decididamente, as pessoas querem emprego e não trabalho...
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