Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os Monólogos de Cristina



Cristina K. comemora o 202º aniversario da Revolução de Maio, em 25 de maio de 2012, em Bariloche, seu discurso foi transmitido por cadeia nacional e ela falou por 45 minutos.


Muito boa a matéria da Sylvia Colombo, publicada na Folha de hoje (leia abaixo), sobre Cristina Kirchner: ela não dá entrevistas e nem realiza reuniões ministeriais. Em compensação, ela discursa, 10 vezes por mês, e sua voz penetra, com grande frequência, na população de baixa renda. Por isso ela foi eleita e tem popularidade. Na verdade, ela utiliza uma tática semelhante a de Chávez na Venezuela. Rompeu com a grande mídia e faz demorados discursos que são transmitidos pela mídia chapa branca ou cadeia nacional, como ocorreu, na sexta-feira, 25 de maio.

A Folha  faz um resumo dos monólogos de Cristina, leia depois a matéria de Sylvia Colombo.

Presenças constantes: Ministros, governadores, deputados e senadores governistas, líderes das Mães e Avós da Praça de Maio e de outros grupos de direitos humanos.

Ausências: Jornalistas do "Clarín" e "La Nación", com quem está em guerra, o líder sindical Hugo Moyano, com quem rompeu, Maurício Macri, prefeito de Buenos Aires, seu principal rival.

Duração dos discursos em média: 20 a 40 minutos.

Freqüência: 10 vezes por mês.

Ocasiões: Inaugurações de obras, espaços da Casa Rosada ou outras que levem o nome de "Néstor Kirchner", também acontecem em inaugurações de instalações de empresas.

Figurino:Sempre de vestido preto e colar vistoso.

Presenças ilustres: Os atores Pablo Echarri, Leonardo Sbaraglia e Luis Machín, os roqueiros Charly Garcia e Andrés Calamaro

Palavras proibidas: - inflação - segurança - crise - recessão.

Militância: La Cámpora (grupo jovem), Movimiento Evita e Juventude Peronista vão a todos os eventos.

Palavras mais repetidas: Malvinas - pátria - modelo - colonialismo - Néstor - todos e todas - nacional - popular - história - meios - direitos humanos


Os monólogos de Cristina







Presidente da Argentina abusa dos discursos, foge de entrevistas e nunca fala de rivais ou da crise






SYLVIA COLOMBO


DE BUENOS AIRES


A presidente Cristina Kirchner não dá entrevistas nem realiza reuniões ministeriais. Em compensação, não deixa de se fazer ouvida e de entrar na casa dos cidadãos com uma frequência enorme.






Só no último mês, foram 12 discursos, oferecidos nas mais distintas ocasiões. Pode ser a inauguração de uma hidrelétrica, um ato de memória a seu falecido marido, Néstor Kirchner, ou a abertura de um salão na Casa Rosada dedicado à sua heroína, Evita Perón.






Também são palco para suas mensagens as aberturas de fábricas ou sedes de empresas privadas, como aconteceu com as novas instalações da Pirelli e dos supermercados Coto.






Como a presidente tem se isolado cada vez mais na cúpula do governo, conversando apenas com os funcionários mais próximos, como o secretário Legal e Técnico Carlos Zannini ou o chefe do serviço secreto, Hector Icazurriaga, os discursos são a forma por meio da qual Cristina dá aos ministros notícias sobre alterações no funcionamento de suas pastas.






Grupos de direitos humanos, em especial as Mães e Avós da Praça de Maio, são figuras constantes. Hebe de Bonafini, 83, e Estela de Carlotto, 81, líderes das organizações, estão em quase todas as ocasiões, mesmo quando a ditadura está longe de ser o tema dos encontros.






Fechada no luto ao qual se impôs desde a morte do marido, em outubro de 2010, Cristina mantém um padrão em seus discursos. Faz muitas referências ao companheiro, elogia o que chama de "modelo"-o modo como governa, com maior presença do Estado na economia-, ataca os meios de comunicação e as potências estrangeiras e reforça que sua gestão é "nacional" e "popular".






Recentemente, mais de 200 jornalistas se reuniram no programa de Jorge Lanata, "Periodismo para Todos", para pedir que a presidente fale com a imprensa.






Estavam lá colunistas, repórteres, apresentadores e o diretor de Redação do "Clarín", Ricardo Kirschbaum. Carregavam faixas dizendo "Queremos perguntar" e "Não à mídia governista".






Formularam dez perguntas que gostariam de fazer, entre elas explicações sobre as acusações de corrupção e tráfico de influências do vice, Amado Boudou.






Não houve resposta do governo. Logo depois, Cristina embarcou para Angola.



Um comentário:

Fábio Mayer disse...

Mais um, no caso uma, da turma do Fidel, que aprendeu bem a arte de discursar e criar factóides.

Alunos aplicados como ela e Hugo Chaves são comuns na esquerdofraternidade mundial.