Típico cartaz muquirana. Infelzmente o prefeito (muquirana) Fogaça cedeu as pressões da muquiranagem. Isso é Porto Alegre, isso é Rio Grande do Sul. |
Muito boa - e assino embaixo porque é isso mesmo -- a Crônica de David Coimbra publicada na Zero Hora de hoje. Infelizmente, no RS o pensamento muquirana tomou conta do estado nas últimas décadas e, por isso, estamos onde estamos. Fazer o quê? Ora, caramba, temos de mudar.
Muquiranagem em estado sólido
O Rio Grande do Sul é um Estado muquirana.
O que não significa que todos os gaúchos sejam muquiranas, claro.
Muitos não são.
Mas há uma névoa de muquiranagem pairando entre a fronteira oeste histórica e as franjas procelosas do Oceano Atlântico, infiltrando- se, sobretudo, nos palácios do poder.
As pessoas olham e não acham a muquiranagem um defeito grave, mas é justamente essa característica que faz do Estado o que menos investe em educação, o que tem a masmorra mais desumana do país, o que oferece um dos 10 piores sistemas de tratamento da água do Brasil, o que apresenta um índice de 97% de reprovação num teste para professores, o que elege governantes que só conseguem administrar escorchando o contribuinte.
A muquiranagem é um problema sério porque dá à pessoa a justificativa para não fazer o melhor que pode.
O muquirana é isso: é aquele que bota material de segunda, que pretere a beleza pela economia, que confunde o popular com o barato, que considera luxo o que é sofisticado.
O muquirana nunca ousa, ele alega que existem outras prioridades.
O prefeito muquirana diz assim: – Eu não posso transformar essa orla em um local aprazível para as pessoas se divertirem, enquanto outras pessoas passam fome na vila.
Aí ele não transforma a orla em um local aprazível para as pessoas se divertirem, e as outras pessoas continuam passando fome na vila.
Não faço a ilustração por acaso.
É que está justamente ali, espalhado na orla do Guaíba, o maior exemplo de muquiranagem da cidade.
Nos anos 80, o então prefeito Collares rasgou num naco dessa orla a última obra pública não muquirana da Capital: aAvenida Beira- Rio.
Havia algumas propostas questionáveis no projeto, como a permissão de construção de arranha- céus, mas, no geral, era uma ótima ideia, muito mais abrangente do que se tornou.
Mesmo assim, Collares por pouco não foi derrubado da prefeitura.
Um dia, milhares de muquiranas foram para o local, um ermo repleto de touceiras, lixo e mendigos que se drogavam em meio às ratazanas.
Os muquiranas deram- se as mãos e, simbolicamente,“ abraçaram a orla”, na tentativa de protegê- la do asfalto do capitalismo.
Gritavam que, por“ consciência ecológica”, impediriam a derrubada da vegetação nativa ( a propósito: aquilo é um aterro).
Hoje, se você fizer um passeio pela Beira- Rio, constatará que ali está a mais bela avenida da cidade.
Abstenha- se de olhar para os quiosques bagaceiras do Gasômetro e para as peças de arte contemporânea plantadas nas imediações.
Veja as pessoas caminhando, correndo, passeando de bicicleta e até de patins, veja- as tomando chimarrão, admirando o espelho d’água do rio- lago, fazendo exercícios, rindo e conversando.
Elas estão felizes.
Entre elas, os muquiranas.
Que não fizeram nada.
Muquiranas não fazem.
Nem deixam fazer.
3 comentários:
David Coimbra é aquele que publica textos pornográficos, sofre de megalomania e acredita fielmente que será o novo Nelson Rodrigues?
Ah bom!!!
Gelso, importante lembrar que Nelson Rodrigues foi atacado e muito pela patrulha ideológica de esquerda.
Não importa quem é David Coimbra. Ele publica textos com boa escrita, com fundamento e, especificamente neste texto, ele tem razão. Foi exatamente assim que aconteceu quando o projeto de Collares foi colocado em prática.
A propóstico, nunca li nenhum texto pornográfico dele. Mas li um livro dele e os textos em ZH. Pornografia, talvez ele tenha escrito em outros meios.
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