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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Pais dos Petralhas e a Privataria Tucana



Tio Reinaldo Azevedo da Veja lançou um livro chamado "O Pais dos Petralhas". O título do livro, por si só, é de se torcer o nariz, porque absolutamente parcial.

Agora o tal do jornalista Amaury Ribeiro Jr. lança o livro "Privataria Tucana". E depois, nas entrelinhas, se diz que a privataria também é petista. De qualquer modo o título do livro revela, também, que ele é parcial; que ele foi feito tendo em vista uma finalidade: atingir José Serra.

Se eu tivesse que escolher entre colocar a mão no fogo por José Serra ou Amaury Ribeiro Jr. eu não teria dúvida quem eu escolheria.

A privatização das estatais -- e como as choram as viúvas -- foi realizada na segunda metade da década de 90. O PT está há 9 anos no poder. Por que o assunto vem a tona justamente agora?

E mais, essas privatizações foram precedidas do necessário certame licitatório. Houve audiência pública, auditorias nas empresas, verificação de ativos e passivos, cálculos atuariais etc. e se chegou a um valor mínimo para venda. Foram publicados editais com esse valor e a data do certame. Muitos concorrentes apareceram e fizeram lances. Ganhou quem deu o melhor preço. E os valores arrematados foram todos superiores aos valores avaliados.

Aparentemente essas licitações públicas foram realizadas de forma lisa. Se algum membro do governo FHC recebeu, na época, alguma graninha por fora, isso pode ter acontecido, porque, infelizmente, acontece. Por outro lado, não se pode dizer que essas licitações foram realizadas a preço de banana ou de que foram danosas ao país: não foram.

Quem é razoável sabe bem disso. Não seria crível, hoje em dia, continuarmos num Brasil com monopólio estatal de atividade econômica, como acontecia antes. Se esse sistema antigo e retrógrado -- que a privatização fez acabar -- se mantivesse o Brasil não se desenvolveria, não faria a necessária inclusão social e estaria com muito mais problemas de corrupção.


Que interesses, afinal,  estão por trás de Amaury Ribeiro Jr.?

5 comentários:

guimas disse...

Maia,

"A privatização das estatais -- e como as choram as viúvas -- foi realizada na segunda metade da década de 90. O PT está há 9 anos no poder. Por que o assunto vem a tona justamente agora?"

Não é só sobre as privatizações que o livro trata. A coisa vem desde as privatizações até 2010 - respingando no PT. Está no livro (que não li), e na matéria da Carta Capital.

"Aparentemente essas licitações públicas foram realizadas de forma lisa. Se algum membro do governo FHC recebeu, na época, alguma graninha por fora, isso pode ter acontecido, porque, infelizmente, acontece."

Acontece, mas quando acontece com o PT, gera escândalo, a mídia sobe nos tamancos e nossa zélite faz passeata contra a corrupção e movimentos "Cansei" da vida. Quando acontece com o tucanato, fecha-se a boca e faz de conta que ninguém viu.

O problema não é a acusação que se faz ao PT. É o silêncio quando se acusa o PSDB. E as acusações são fortíssimas.

"Quem é razoável sabe bem disso. Não seria crível, hoje em dia, continuarmos num Brasil com monopólio estatal de atividade econômica, como acontecia antes..."

Ao que eu saiba, o livro não discute isso. O livro discute a armação de um esquema de propinas gigante - faz o mensalão do PT virar troco. E no centro do esquema está José Serra.

Por que que Serra é tão imaculado assim a ponto de não se poder acusá-lo de nada? Pelo que a matéria diz, o livro é farto em documentos e provas das acusações. Não faz sentido, para qualquer cidadão brasileiro, ignorá-las.

"Que interesses, afinal, estão por trás de Amaury Ribeiro Jr.?"

E interessa quais interesses estão por trás do autor? Se ele faz acusações embasadas, se fez um trabalho de jornalismo investigativo decente, que diferença faz? Não invalida em nada a acusação.

Essa cortina de fumaça que se joga, tentando acertar o mensageiro e evitando a mensagem é extremamente danosa ao país.

Eu poderia fazer uma lista de coisas que nossa mídia varreu para baixo do tapete por atingirem "amigos", ou "protegidos". E essa é a crítica que tem de ser feita. Não se pode pensar num país socialmente desenvolvido que tem uma mídia majoritária tão partidária e tão propensa a aceitar os desvios de seus aliados. O livro é uma bomba, e nossos barões jornaleiros fazem de conta que não é nada.

Isso é coisa de republiqueta de bananas. Se a mídia e nossa elite realmente quer combater a corrupção, que combata em todos os fronts, e não só nos que interessa.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, o nome do livro é privataria tucana. AS privatizações ocorreram de 1995 até 1999. E o livro não é sobre as privatizações??? Então, sobre o quê ele trata?

Evidente que é sobre as privatizações e,sobretudo,sobre os bastidores da privatização e os interesses obscuros dos fundos de pensão -- que ainda tem capital e controle de algumas empresas privatizadas.

Naquela conversa vasada do caso Eduardo Jorge se demonstrou que havia muito interesse do governo FHC para que os fundos de pensão das Estatais (PETRUS, PREVI, FUNCEF) participasse ativamente dos leilões.

Agora, parentes ou conhecidos do Serra podem ter recebido propina, assim como o Lula não sabia de nada sobre o mensalão, sendo que o núcleo de conversas era na sala ao lado.

O que é mais importante para a mídia e noticiário, divulgar assuntos quentes, que estão acontecendo agora, ou ficar divulgando fatos que aconteceram faz 15 anos e relacionado a processo de privatização completamente exitoso e que não causou mal algum à população brasileira, muito antes pelo contrário????

Abraços

Maia

guimas disse...

Maia,

Eu acho curioso esse ar blasé de "Tá, e daí? Rolou umas propinas lá." que se assume. Diz muito sobre o caráter de nossa zélite.

Também acho curioso esse papo de que não interessa o que aconteceu, porque a população é beneficiada pela privatização. OK, sob este ponto de vista, o mensalão do PT não deveria nem ter sido divulgado, já que o esquema de propinas não usava dinheiro público, e a população não foi prejudicada. "Tá, e daí que rolou umas propinas?"

"Guimas, o nome do livro é privataria tucana. AS privatizações ocorreram de 1995 até 1999. E o livro não é sobre as privatizações??? Então, sobre o quê ele trata?"

Trata de um esquema criminoso, corrupto, montado pelos tucanos para desviar e lavar dinheiro, enriquecendo uns e outros, e financiar suas campanhas. Durante e depois da época das privatizações.

"O que é mais importante para a mídia e noticiário, divulgar assuntos quentes, que estão acontecendo agora..."

Peraí, a moral prescreve assim tão rápido para a mídia? Serra era, na campanha do ano passado, um exemplo de moralidade. De repente se perdoa tudo aos tucanos? Já que qualquer um pode comprar um celular agora (e pagar uma das tarifas mais caras do mundo), vale tudo? Que tipo de pensamento é esse?

Se o livro fosse sobre Lula, seria assunto quentíssimo, mesmo que tivesse ocorrido há 15 anos. Como é sobre os imaculados tucanos paulistas, é coisa antiga, não se fala mais nisso.

O cerne da questão é muito simples: o tucanato está, como o DEM, acabando. Moral e politicamente. O livro mostra isso de maneira simples. E indiretamente mostra, também, que a indignação da mídia com a corrupção tem lado definido. Lembra que a mídia apoiou incondicionalmente um candidato que, pelo livro, está atolado em denúncias de corrupção escandalosas. E que quer ser candidato de novo.

É como disse o Bob Fernandes, do Terra. O silêncio da mídia é ensurdecedor. É revelador. E esse "Tá, e daí?" de quem apoia o PSDB (como tu) revela que estamos longe de ser um país socialmente desenvolvido.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, o Brasil está mudando. O governo Tarso e Dilma é sinal disso. Eles estão governando sem ressentimentos, sem revanchismo. Infelizmente, parte da nossa esquerda quer o revanchismo, quer colocar adversários políticos na cadeia por fatos que ocorreram no século passado.

Volto a dizer, a privatização ocorreu mediante licitação que é um processo transparente e com diversos interessados. Os valores adquiridos foram acima dos avaliados.

As empresas estatais eram péssimamente geridas e tinham grandes dívidas. Aloisio Biondi, no livro Brasil Privatizado, nada refere sobre esses déficits, como se essas empresas tivessem apenas receitas.

Esse livro "Privataria Tucana", como o próprio nome está a dizer é uma obra parcial e, portanto, limitada. Tal como o Pais dos Petralhas do tio Rei.

abraços

guimas disse...

Maia,

"Esse livro "Privataria Tucana", como o próprio nome está a dizer é uma obra parcial e, portanto, limitada. Tal como o Pais dos Petralhas do tio Rei."

Ha dois pontos aí:

1. o livro do Tio Rei é um livro com artigos opinião. E todo mundo sabe o que ele pensa do PT. O livro do Amaury é fruto de uma investigação, e ele disse que levou 10 anos investigando. É uma diferença gritante.

2. Quem fez as privatizações foram os tucanos, durante seu governo. É óbvio que, para investigar irregularidades nestas privatizações, se investigaria quem as realizou, que são os... tucanos! Isso não limita em nada o livro.

"Eles estão governando sem ressentimentos, sem revanchismo. Infelizmente, parte da nossa esquerda quer o revanchismo..."

Parte de nossa esquerda pouco me importa. Mas investigar crimes de corrupção que os tucanos possam ter cometido está longe de ser revanchismo. Esse argumento invalida qualquer denúncia. É infantil e inútil.

"Volto a dizer, a privatização ocorreu mediante licitação que é um processo transparente e com diversos interessados. Os valores adquiridos foram acima dos avaliados."

Esse argumento só funciona se tiveres fé de que a licitação ocorreu de maneira transparente (parece até que fraude em licitação nunca ocorre neztepaís), e também se tiveres fé de que a avaliação das empresas foi transparente e correta. Fé nesses casos me cheira a... ingenuidade.

Maia, o que tu não entendeste do que eu digo é que é importante, para este Brasil que está mudando, colocar os pingos no iis de sua história. Serra é um político atuante e forte. Quer concorrer à presidência novamente. Se há manchas graves em seu passado recente é importante esclarecê-las. O que não dá é fazer de conta que nada aconteceu, que é o que tu sugeres, e é o que a mídia gostaria que acontecesse. Isso é dar dez passos pra trás.