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terça-feira, 8 de maio de 2012

O Globo Falou e Tá Falado!


Não, Cachoeira e Policarpo não eram e nunca foram bons amigos.

Aproveitando a onda, assisti uma matéria da Record do último domingo criticando a Veja. Onde chegamos, o Bispo Macedo dando aulas de moral ao Roberto Civita. Policarpo Júnior é citado algumas vezes nas conversas de Cachoeira, mas na conversa em que ele aparece não há nada incriminador. O jornalista vai atrás da notícia, não importa onde ela está. Dizer, como está se dizendo, que o crime organizado pauta a Veja é uma irresponsabilidade, porque não existe até agora nenhuma prova disso.

Editorial do Jornal O Globo hoje:

Blogs e veículos de imprensa chapa branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista “Veja”, na esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta.



A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo.


É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Roussef, com a liberdade de expressão.


A manobra se baseia em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta.


As gravações registraram vários contatos entre o diretor da Sucursal de “Veja” em Brasília, Policarpo Jr, e Cachoeira. O bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados fazem parte.


A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do Cachoeira iria “desmascarar o mensalão”.


Aos poucos, os tais blogs começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de “Veja” com o bicheiro. E, no fim de semana, reportagens de TV e na mídia impressa chapas brancas, devidamente replicados na internet, compararam Roberto Civita, da Abril, editora da revista, a Rupert Murdoch, o australiano-americano sob cerrada pressão na Inglaterra, devido aos crimes cometidos pelo seu jornal “News of the World”, fechado pelo próprio Murdoch.


Comparar Civita a Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois o jornal inglês invadiu, ele próprio, a privacidade alheia.


Quer-se produzir um escândalo de imprensa sobre um contato repórter-fonte. Cada organização jornalística tem códigos, em que as regras sobre este relacionamento - sem o qual não existe notícia - têm destaque, pela sua importância.


Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é preciso extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por fontes no anonimato.


Até aqui, nenhuma das gravações divulgadas indica que o diretor de “Veja” estivesse a serviço do bicheiro, como afirmam os blogs, ou com ele trocasse favores espúrios. Ao contrário, numa das gravações, o bicheiro se irrita com o fato de municiar o jornalista com informações e dele nada receber em troca.


Estabelecem as Organizações Globo em um dos itens de seus Princípios Editoriais: “(…) é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia”.


E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes. Mas as informações que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da publicação. E nada pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do anonimato, quando necessário.


O próprio braço sindical do PT, durante a CPI de PC/Collor, abasteceu a imprensa com informações vazadas ilegalmente, a partir da quebra do sigilo bancário e fiscal de PC e outros.


O “Washington Post” só pôde elucidar a invasão de um escritório democrata no conjunto Watergate porque um alto funcionário do FBI, o “Garganta Profunda”, repassou a seus jornalistas, ilegalmente, informações sigilosas.


Só alguém de dentro do esquema do mensalão poderia denunciá-lo. Coube a Roberto Jefferson esta tarefa.


A questão é como processar as informações obtidas da fonte, a partir do interesse público que elas tenham. E não houve desmentidos das reportagens de “Veja” que irritaram alas do PT.


Ao contrário, a maior parte delas resultou em atitudes firmes da presidente Dilma Roussef, que demitiu ministros e funcionários, no que ficou conhecido no início do governo como uma faxina ética.


Assista abaixo o programa da Record do último domingo dando lição de moral à Veja.

6 comentários:

Gelso Job disse...

AHAHAHA. Maia, olha o que diz o Marco Aurélio Mello, do blog DoLaDoDeLá:

Site da Veja(patético):

Vemos no destaque (primeira manchete na coluna da direita) o patrão, dono da editora e da revista e, ao lado dele, uma chamada forte: Civita não é Murdoch. Quando o leitor curioso clica no link, ao invés de encontrar um texto editado pela própria Veja, é levado direto para o editorial dO Globo de hoje. Só um gesto de desespero levaria a maior revista semanal do país a se apegar a conteúdo de um jornal cada vez mais provinciano, editado no Rio de Janeiro.

Mas a sutileza vai além do que os olhos alcançam à primeira vista. Civita mostra assim que não está sozinho. Tem atrás dele as Organizações Globo, maior conglomerado de mídia da América do Sul e um dos maiores do mundo. Trata-se de um recado do tipo: - Não mexam conosco!

Temo em dizer que agora é tarde. O escândalo Veja-Demóstenes-Cachoeira já chegou à opinião pública, por um caminho até ontem impensável. Começou uma semana antes na blogosfera. Sábado último foi parar na capa da revista Carta Capital, de tiragem modesta, se comparada à Veja, e no Domingo Espetacular da Rede Record, no dia seguinte.

Aí a coisa apertou. A Record está em mais de 120 países e a reportagem deu uma audiência de 14 pontos no Ibope (se bem que eu preferia outro instituto mais confiável para fazer a medição). Se cada ponto equivale a algo em torno de 60 mil aparelhos ligados e se cada aparelho tem, em média, três pessoas acompanhando a programação, estamos falando para 60.000x14x3, só em São Paulo.

São 2,5 milhões de paulistanos! Se formos extrapolar esse número grosseiramente para todo o país estamos falando em algo como 40 milhões de pessoas. Significa que de cada cinco brasileiros, um teve conhecimento do caso. Sem contar o efeito reverberador depois na internet, nas redes sociais e outros caminhos.


O que esses senhores de engenho precisam entender, de uma vez por toda, e isso vale para Marinhos, Civitas, Mesquitas, Frias e Sirotskys é que a sociedade brasileira mudou, está mudando e não vai parar de mudar. Não adianta bater o pé. Vamos até o fim. Portanto, dominem o medo que está tomando conta de vocês, para que não fiquem imobilizados diante da nova engrenagem do Brasil, que vem com a força de uma moenda de cana, igualzinha aquelas que vosmicê tinham lá na fazenda.

guimas disse...

É isso aí, Maia!

Quando apertou pro lado da Veja, entrou a turma do "Veja bem, não há provas ainda!".

Quando se fez denúncias que resultaram em condenação POLÍTICA (não da justiça), e em demissões, sem NENHUMA prova (é o caso de vários dos ministros e funcionários da "faxina ética"), assume-se que há culpa e que a Veja é o bastião da moral.

São dois pesos e duas medidas.

Não há como esconder que há uma relação íntima entre um criminoso corrupto e a redação de Veja.

Veja usou e abusou das informações passadas por Cachoeira. Sem checar nada, apenas "reportando". Como neztepaíz a justiça demora anos pra condenar qualquer órgão de imprensa, fica tudo por isso mesmo.

Aliás, acho curioso o Globo mencionar o Roberto Jefferson. Ele mesmo confirmou que a Lista de Furnas era verídica. Onde foi parar o jornalismo? Alguém de "dentro do esquema" denunciou algo que atingia os políticos errados, e FOI TUDO PRA BAIXO DO TAPETE.

Eu já disse isso antes, não vejo problemas em Veja focar seus ataques ao PT. Se nossa grande imprensa fosse séria, atacaria e daria direito de defesa. Mas como não é, faz matérias idiotas baseadas em MENTIRAS, e, por pressão política, acaba vencendo no grito.

O real problema está no fato de que a imprensa, mesmo tendo as informações - e isto já ficou evidente, óbvio, descarado em vários casos - resolve ficar muda pra proteger seus amigos.

Cachoeira foi protegido pela Veja. Só sendo muito ingênuo para acreditar que o Policarpo não sabia do esquema de corrupção que forneceu matérias pra revista.

Mas, tudo bem. No teu conceito, mais vale uma revista que defende corrupção dos amigos (modus operandi clássico de nossa zélite) do que uma discussão séria sobre esse óbvio abuso de poder.

Segue o baile!

Carlos Eduardo da Maia disse...

O escândalo que existe é na própria república. A Veja faz o que deve fazer, este é o seu papel. Ela não é chapa branca e nem está a inventar notícias, tanto é assim que 6 ministros caíram. Caíram por quê?`Porque as denúncias não eram vazias. Ou será que a presidente Dilma foi tão precipitada assim em demitir os 6 ministros. Ontem no depoimento do procurador da república, Raul Souza segundo as notícias que vazaram do sigiloso depoimento, ficou razoavelmente esclarecido, quando o delegado respondeu questionamentos de petistas e do senador Fernando Collor (PTB-AL) sobre a relação de Carlinhos Cachoeira e a mídia. Questionado se havia “matérias encomendadas” por Cachoeira na revista “Veja”, o delegado disse que há várias conversas entre o empresário e o diretor da publicação em Brasília, Policarpo Júnior, mas que elas denotam apenas relação entre repórter e fonte.

guimas disse...

"A Veja faz o que deve fazer, este é o seu papel. Ela não é chapa branca e nem está a inventar notícias, tanto é assim que 6 ministros caíram. Caíram por quê?`Porque as denúncias não eram vazias."

Primeiro, a Veja faz metade do trabalho, porque varre para baixo do tapete as denúncias que envolvam seus amigos.

Segundo, para um ministro cair não é necessário provas. Basta este não ter suporte político. Muitas das denúncias eram apenas denúncias vazias, sem provas. Só que, claro, não te interessa, então assumes, com os olhos fechados que Veja está certa e seja lá quem for está errado.

É interessante, porque quando alguém faz isso com políticos que tu apoias, Maia, tu também reclamas, e chama de "pensamento caduco", "certa esquerda" e etc.

Ou seja, para ti, Maia, basta a Veja denunciar que a criatura denunciada já está condenada. Sem direito a recurso. Basta que a criatura não seja do grupo político do teu gosto.

É o velho pensamento pequeno, bairrista, que atrasa este país, e muito.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, sinceramente hoje não apoio nenhum político. Cogito até de votar em Tarso e na Dilma na próxima eleição. De agora em diante voto no político menos ideológico e que faça o que efetivamente importa: inclusão social. O que eu não apoio é babaquices ideológicas ou religiosas.

guimas disse...

"O que eu não apoio é babaquices ideológicas ou religiosas."

Pois bem dito! Só não esquece que a implicância de Veja com o PT é de ordem puramente ideológica. Não vejo porque tratar a revistinha de maneira diferente.

E não esquece também que o porta-voz de Veja, o tio-rei, é um católico fervoroso, daqueles que faz questão de anunciar a todo mundo.