Pipoca nas redes sociais a questão do suicídio coletivo da tribo Guarani-Kaiová em Naviraí, MS. A Justiça está determinando a retirada dos indígenas de uma área controvertida, devendo eles desocupar a propriedade privada.
Não pretendo entrar aqui no mérito dessa questão, segundo informações são 30 famílias dos Guarani Kaiowá que devem sair de uma área que ocupam há 10 anos. A decisão é do TRF da 3ª Região.
O povo das redes sociais está, como sempre fazem, a generalizar, pois alardeiam que os Guaranis Kaiowas perderam suas terras. Isso não é verdade, eles possuem suas terras em outro local.
Suicídio ou genocídio?
Aliás, sempre se falou neste Brasil em genocídio indígena, quando na verdade a grande maioria dos índios não foi morta pelo malvado homem branco, ela se incorporou a vida das cidades, da cidadania, da melhor qualidade de vida. Isso é fato, essa é a realidade histórica.
Não estou a dizer que não houve massacres indígenas. Houve sim, mas não apenas isso.
Mas o pensamento politicamente correto não quer saber, of course, de fatos e realidades históricas, o que importa é que o índio é um tadinho que é massacrado pelo agronegócio, pelos poderosos e o escambau.
Os índios, no Brasil, usufruem de áreas imensas, mas não têm, infelizmente, nenhuma condição digna de saúde, habitação, porque só terão melhoria na sua condição de vida se, de uma forma ou outra, se incorporarem a vida, a cultura, a saúde, as condições de moradia, o conforto da vida moderna.
De certa forma, na Roma antiga foi exatamente isso o que aconteceu. A força do império romano estava nas cidades e não apenas nos exércitos. A cidade romana propiciava um maior conforto e por isso os povos bárbaros (os nossos índios são povos bárbaros) se incorporavam a vida da cidade romana.
Muito interessante, nesse sentido esse artigo abaixo sobre o suposto suicídio coletivo dos índios do MS.
Índios: a simplista visão do 'bem contra o mal'
O problema indígena não é só terra. Há aldeias muito pobres com áreas gigantescas, é preciso avaliar se vale ampliá-las. E não é justo prejudicar o agricultor
A visão maniqueísta não é uma forma eficiente de retratar a realidade. Dividir problemas a partir da dualidade "bem contra o mal" é uma simplificação que atende à necessidade imediatista de se nominar culpados, mas de longe não contempla a sua complexidade e tampouco abre caminhos para uma solução justa e definitiva.
Assim é com a questão indígena no Brasil, um impasse que já passou da hora do país atender com a seriedade que merece.
Fazemos esta análise a partir do artigo de Marina Silva publicado na edição do último dia 19, com o título "Sobre todos nós".
A ex-senadora chama atenção para a condição dos guarani-kaiowá. Os indígenas reclamam falta de assistência e se negam a deixar propriedade ocupada em Naviraí (MS), mesmo depois de a Justiça ter determinado sua retirada.
Concordamos que é impossível não se sensibilizar com a desagregação social encontrada nas aldeias. Mas a realidade é bem mais complexa e a solução para a falta de estrutura e perspectiva dessas populações não se resume à concessão de território.
Atribuir os graves problemas enfrentados por essas etnias unicamente à falta de terra é tirar o foco do problema e justificar a inoperância do poder público.
Mais chão não dá ao indígena a dignidade que a falta de estrutura sanitária, de atendimento em saúde, de capacitação técnica e até mesmo de investimentos necessários para o cultivo dessas áreas lhes tira.
Os exemplos que temos no Estado evidenciam que a sobrevivência digna dessas culturas requer mais do que a ampliação das aldeias. A reserva Kadwéu é um exemplo. Situada em Corumbá (MS), em uma vasta área de 350 mil hectares, abriga 2.000 indígenas que vivem em condições precárias.
Entendemos como adequado o envolvimento do poder público e de toda a sociedade para a devolução da dignidade dos povos indígenas do Estado. Se a análise técnica apontar a necessidade de ampliar áreas indígenas, não é justo que o preço financeiro e moral seja depositado na conta do produtor rural que detém a certificação legal de origem da sua propriedade. A responsabilidade pela mudança na condição das populações indígenas é do poder público.
Marina também faz referência aos índices de assassinatos dos guarani-kaiowá. Porém, os dados sobre o número de homicídios de indígenas em Mato Grosso do Sul -constantemente repassados à mídia como estatísticas oficiais, atribuindo a violência aos litígios de terras- são oficiosos e tendenciosos.
Levantamento da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública mostra que, dos 27 boletins de ocorrência registrados no ano de 2011 nos quais figuram índios como vítimas de homicídio doloso, em 25 a autoria foi atribuída a outros indígenas, não existindo nenhum registro de violência motivada por disputa de terra.
A divulgação desses dados alimenta o maniqueísmo que tira o foco do problema real, em busca de atribuir uma responsabilidade imediata. Embora sejam com frequência colocados em lados opostos, índios e não índios estão na mesma posição. Os dois grupos querem apenas viver com dignidade e ter seus direitos respeitados.
Não se pode garantir essa condição apenas para um grupo, subtraindo os direitos do outro.