Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Mundo Perdeu Um Grande Contador de Histórias

Hobsbawm visitando os leões da prefeitura de Porto Alegre


Agora que a ficha caiu e perdemos Eric Hobsbawm vou falar um pouco sobre ele. Primeiro ele me influenciou na leitura dos bons livros de história. Li e continuo relendo a trilogia sobre o "longo" século XIX, a Era das Revoluções (1789/1848), a Era do Capital(1848/1875() e a Era dos Impérios (1875/1914), livros que antecederam o famoso a Era dos Extremos (1914-1991), esse  sobre o "breve" século XX.

Hobsbawm - dizem - sempre foi marxista, mas, engraçado, ele não doutrinava. Simplesmente,  eele contava a história de cada época, trazendo fatos interessantes, traçando paralelos, mas nunca se perdeu, porque fazia questão de passar ao largo de qualquer tipo de ranço ideológico.

Até mesmo quando Hobsbawm conta a história da fascinante revolução industrial inglesa, na Era do Capital, que foi a época de Marx, ele simplesmente conta a história como ela foi. Evidentemente que haviam questões sociais envolvidas, mas ele as trata como fatos históricos, sem fazer maiores propagandas, apenas conta a história e da melhor maneira possível, com conhecimento, cultura, senso crítico e também, com humor.

Perdemos um grande contador de histórias.

3 comentários:

Fábio Mayer disse...

Tinha o dom de mostrar a história sem o ranço ideológico. Em "A Era dos Extremos", não deixa de criticar o comunismo e Stalin pela falta de democracia ao mesmo tempo em que justifica muitos dos atos graves da URSS como necessidade de consolidar um regime.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Essa era, Fábio, a explicação do regime para se manter no poder. Não sei se Hobsbawm endossava, mas ele nunca foi, de qualquer modo, um doutrinador do marxismo.

Fábio Mayer disse...

Não foi não.

Ele era MARXISTA, não comunista.

Há diferenças.

O marxismo não prega a existência do Estado onipresente, diz apenas que é um meio processual para se chegar à igualdade entre as pessoas, já que é o único que pode impor tamanha mudança de comportamento.

Agora, discordo que tenha sido a explicação do regime para as atrocidades cometidas por Stalin, por exemplo, não foi, Stalin simplesmente fez o que achou que tinha que fazer com uma pitada de loucura, porque louco e paranóico, ele era tanto ou até mais que Hitler. Em verdade ele empreendeu o que fez, porque acreditava quenão o fazendo a URSS se cindiria, como acabou acontecendo. O exemplo era assim: o Estado vai produzir relógios de pulso? Pois bem: parte da máquina será feita na Ucrânia, parte na Georgia, parte na Bielo Russia e monta-se tudo na Rússia, ou seja, o país nada produz sem estar integrado e quem não se integrar, morre.