Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sábado, 13 de outubro de 2012

Serra Se Aproxima dos Retrógrados

Esse beijo do Serra no imbecil do Malafaia é de amargar.


Acho um erro crasso esse do José Serra de namorar com a direita moralista, antiabortista e homofóbica. Sempre quando Serra está na pior ele parte para esse tipo equivocado de fazer política. Agora inventou de  abraçar e beijar  o imbecil do Pastor Malafaia. Uma pena. Vai perder a eleição para o Haddad, porque não é o voto da direita que Serra tem de ir atrás, ele tem de conquistar os votos que estão indo para Haddad. Em editorial -- que assino embaixo -- a Folha criticou esse guinada de Serra para a direita.



Kit Evangélico

A imagem do candidato tucano José Serra já foi mais associada a valores liberais, cultivados por grupos tanto à esquerda quanto à direita do espectro partidário.

Tais valores informam que preferências sexuais e religiosas são assunto da órbita privada; ao homem público caberia manter equidistância de lobbies que, na defesa legítima de seus interesses, acabam por conferir relevo exagerado a temas da esfera íntima.

Na corrida presidencial de 2010, ao explorar contradição da petista Dilma Rousseff -que se dizia favorável à descriminalização do aborto, mas recuou na campanha de maneira oportunista-, Serra já havia selado uma aliança com o conservadorismo evangélico. Sua atual peregrinação por templos e a aceitação graciosa de apoiadores que flertam com a intolerância indicam um caminho sem volta.

Tal rota pode render-lhe resultado nas urnas, sem dúvida. Pesquisas, como a realizada pelo Datafolha em setembro, indicam que convicções conservadoras são partilhadas por amplos setores da sociedade paulistana. Mas não há como comer do bolo conservador e, ao mesmo tempo, passar-se por liderança moderna, arejada.

Daí um certo cansaço, misturado a frustração, que se nota nos círculos mais liberais. Tanto mais quando um pastor, Silas Malafaia, defende com o espírito de cruzados medievais a candidatura de Serra. "Vou arrebentar em cima do Haddad", jactou-se o líder religioso.

O pretexto é o famigerado "kit gay", tentativa desastrada do então ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), de produzir um material -de formulação discutível- contra intolerância sexual nas escolas. Como já se tornou hábito no petismo, após o estrago e a grita dos religiosos, recuou-se completamente, e o próprio Haddad tentou desvencilhar-se da proposta.

O "kit gay", por qualquer ângulo que se olhe, é assunto de somenos na política pública federal. Que dirá na municipal, em que os destinos da ocupação do solo, do transporte, da assistência à saúde e do ensino assumem peso avassalador na lista de prioridades.

Ocupação do solo, aliás, integra o "kit evangélico" real, a agenda de interesses que religiosos apresentam aos candidatos. Desejam tratamento diferenciado para os templos -a fim de que possam ultrapassar os níveis de ruído exigidos de outros estabelecimentos e fixar-se onde e como queiram, a despeito das normas urbanísticas.

É preocupante a atitude amistosa de Serra com esses lobbies, bem como a disposição de Haddad de também acomodar-se a eles.

2 comentários:

guimas disse...

O Editorial da Folha é muito ruim. A pior falha é a que segue:

"...ao explorar contradição da petista Dilma Rousseff -que se dizia favorável à descriminalização do aborto, mas recuou na campanha de maneira oportunista..."

É o caso da mentira repetida que vira verdade: é perfeitamente possível ser a favor descriminalização do aborto e contra o aborto. Não há contradição aí. E, apesar de Dilma ter apontado isso na campanha, nossa mídia ignorou e a chamou de oportunista. Péssimo jornalismo aí.

Depois, o editorial está focado em um erro estratégico político de Serra, mas aproveita pra lascar o Haddad e a Dilma também. Pra quê? É proibido falar mal do Serra sem falar mal do PT também?

Por fim, Maia, Serra é isso aí. O Serra que tu apoias é o de uns 20 anos atrás, do passado. O atual, é essa coisa oportunista, egocêntrica, individualista. Serra entrou neste jogo de vale-tudo já faz tempos, pelo menos desde 2002. Eu realmente espero que ele perca, aposente-se e libere o PSDB para fazer oposição de verdade, que é o que precisamos.

Serra já era.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, passou o tempo do Serra. Ele não vai ser o nosso Mitterrand....