Gosto se discute sim, porque o mau gosto existe e está por ai. As cidades brasileiras têm um grave problema: a estética da violência. Nossas cidades são gradeadas. E o pior, não há nenhum padrão de simetria nessas grades. É uma liberalização total, cada um coloca a grade que bem entender, do estilo e cor que quiser.
Existem pequeníssimas exceções. Em Ipanema e Leblon, no Rio de Janeiro, os moradores são obrigados a manter o mesmo padrão de grades nos prédios. Se a estética do medo é necessária, então, pelo menos, vamos manter um padrão.
E isso não é preocupação pequeno burguesa, porque, parafraseando o poeta, estética é fundamental.
Outra questão complicada diz respeito aos fios que ligam nossa cidade de cabo a rabo. São diversos fios e cabos de vários serviços, eletricidade, telefonia, tv a cabo, serviço de banda larga etc. Além disso, cada empresa instala, como bem entender, a sua fiação, sem nenhum controle ou regulação dos entes públicos.
Na rua principal de Gramado, a prefeitura determinou que essas conexões, inclusive elétrica, devem ser subterrâneas. E aquela "disneylândia bávara" se tornou um pouco menos cafona. Mas ficou bem melhor, exemplo a ser seguido.
Esses serviços que custam caro ao consumidor e, muitas vezes, são ineficientes deveriam sim ter alguma regulação e fiscalização, a fim de padronizar e que as empresas possam compartilhar esses cabos e fios, diminuindo sua quantidade.
Mas tudo é complicado neste Brasil dos mensalões e quadrilheiros. O Estado que deveria regular e fiscalizar essas atividades, colocando em suas estatais gente competente e séria é completamente omisso.
E essa crônica desorganização, essa liberalização sem controle e fiscalização, essa falta de senso estético, todo esse descaso está a transformar as cidades brasileiras em verdadeiras babéis do mau gosto.
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