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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Inatingível Rei dos Caras

O inatingível rei dos caras é notícia na mídia internacional



Ou Não se Cospe Sobre o Prato Que Comeu

Não adianta querer desqualificar o operador, não adianta dizer que ele mentiu, porque quem o contratou e recebeu os seus préstimos, já sabia que coisa boa não viria. Esse empresário, antes de fechar negócio com os donos do poder já havia trabalhado com a oposição em Minas - nesse mesmo tipo de negócio que não cheira nada bem. Quem prometeu um país decente e contratou esse operador,  sabia disso tudo, é o risco do empreendimento.

Se o contratado, o operador do esquema, resolveu abrir a boca na polícia é porque tinha suas razões. O que parece insustentável e inadmissível  é a tese de que o cara, o inatingível rei dos caras,  nunca sabe de nada. Ele que foi o maior favorecido pelo esquema, seus projetos - muitos dos quais impopulares -- foram aprovados. Por quê motivos ele não iria saber? E não adianta falar agora que tudo isso é invenção dos jornais, porque o depoimento está ali na delegacia de polícia.

Quem lê os jornais sabe do que se trata e já tem seu ponto de vista bem definido. Quem não lê fica a ver navios. No nosso país de pessoas mal informadas esse assunto - tão grave - não vai ter a mínima importância. Se o cara tiver peito de concorrer novamente certamente será eleito afinal ele é o inatingível rei dos caras.

12 comentários:

Grilo falante disse...

Maia, é impossível não farejar o teu deleite com qualquer notícia que atinja o Lula. E isso não cheira bem, cheira a desonestidade intelectual de certa direita. Como de costume, se a acusação e contra a esquerda, dás por verdadeira de antemão. “Se o contratado, o operador do esquema, resolveu abrir a boca na polícia é porque tinha suas razões” – é um primor de bobagem do ponto de vista lógico e, claro, jurídico (não és tu que tanto prezas o jurídico, afinal, qualquer decisão do STF é prova de que tudo aconteceu, é... inatingível?). Além de ser uma platitude das mais bobas. Qualquer pessoa que faz qualquer coisa tem suas razões, claro, mas o que isso quer dizer? Quais serão?
Aliás, seria difícil eleger a bobagem mais boba neste post. “E não adianta falar agora que tudo isso é invenção dos jornais, porque o depoimento está ali na delegacia de polícia” é candidata forte.
“Quem lê os jornais sabe do que se trata e já tem seu ponto de vista bem definido.”

A única coisa que fica de post tão vazio é: Quais seriam as TUAS razões?

LEANDRO FORTES disse...

Chame o ladrão
Em meados dos anos 1990, eu era repórter da sucursal de Brasília de O Globo, então chefiada pelo jornalista Franklin Martins. Por intermédio de um amigo de um amigo, eu havia conseguido uma entrevista exclusiva com José Carlos Alves dos Santos, ex-assessor da Comissão do Orçamento do Congresso Nacional. Estopim do chamado “Escândalo dos Anões do Orçamento”, José Carlos estava preso num quartel da PM, em Brasília, acusado de ter matado a própria mulher, Ana Elizabeth Lofrano, a golpes de picareta. Pelo crime, além de ter participado do esquema de corrupção no orçamento, ele pegou 20 anos de xadrez.

Eu fui à cadeia falar com ele, onde passei uma manhã inteira ouvindo aquela besta-fera jogar todo tipo de merda no ventilador. Além dos conhecidos participantes do esquema, José Carlos Alves dos Santos envolveu mais um bando de gente, sobretudo políticos graúdos àquela altura com cargos importantes no segundo governo Fernando Henrique Cardoso. Quando voltei à redação, relatei a entrevista a Franklin que, imediatamente, mandou que eu jogasse a entrevista no lixo.

- São acusações, sem provas, de um bandido.

Eram outros tempos, pois.

É preciso que se diga que essa matéria do Estadão repercutida na íntegra até por concorrentes é, do ponto de vista técnico, correta. Se, de fato, os repórteres tiveram acesso a um depoimento sigiloso de Marcos Valério, isso é notícia. Não se discute esse aspecto.

LEANDRO FORTES disse...


O que se deveria discutir é se, do ponto de vista ético, vale a pena acreditar no depoimento feito depois de Valério ter sido condenado no processo do mensalão. Trata-se de uma estratégia mais do que previsível de um réu apavorado diante da perspectiva de voltar para a prisão onde, segundo consta, sofreu todo tipo de extorsão.

Marcos Valério esperou sete longos anos para revelar que, após se reunir com José Dirceu e Delúbio Soares, no Palácio do Planalto, foi ao gabinete presidencial receber um “ok” de Lula. Um réu desesperado por dizer isso, é um direito dele, é um ato de humanidade aceitá-lo como tal. Mas acreditar numa coisa dessas, para qualquer repórter que tenha passado mais de seis meses em Brasília, é quase inacreditável.

Mas, de repente, Marcos Valério, o bandidão que financiava o PT, passou a ser uma fonte altamente confiável. O depoimento tardio de um condenado, sem base documental alguma, passou a ser mais uma prova da participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no “maior escândalo de corrupção da história do Brasil”, quiçá de toda a civilização ocidental, desde sempre.

O depoimento de Marcos Valério foi dado à subprocuradora Cláudia Sampaio, mulher do procurador-geral Roberto Gurgel, casal responsável pelo engavetamento da Operação Vegas, da Polícia Federal, que em 2009 detectou as ligações criminosas entre o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

O marqueteiro João Santana, o inesquecível Patinhas dos meus tempos de foca no Jornal da Bahia, talvez tenha cometido um terrível erro ao aventar a possibilidade de Lula sair candidato ao governo de São Paulo, em 2014.

LUIS NASSIF I disse...

Para entender o xadrez da política
Há um jogo em que o objetivo maior é capturar o rei – a Presidência da República. O ponto central da estratégia consiste em destruir a principal peça do xadrez adversário: o mito Lula.
Na fase inicial – quando explodiu o “mensalão” – havia um arco restrito e confuso, formado pela velha mídia e pelo PSDB e uma estratégia difusa, que consistia em “sangrar” o adversário e aguardar os resultados nas eleições presidenciais seguintes.
A tática falhou em 2006 e 2010, apesar da ficha falsa de Dilma, do consultor respeitado que havia acabado de sair da cadeia, dos 200 mil dólares em um envelope gigante entrando no Palácio do Planalto, das FARCs invadindo o Brasil e todo aquele arsenal utilizado nas duas eleições.
A partir da saída de Lula da presidência, tentou-se uma segunda tática: a de construir um mito anti-Lula. À falta de candidatos, apostou-se em Dilma Rousseff, com seu perfil de classe média intelectualizada, preocupações de gestora, discrição etc. Imaginava-se que caísse no canto de sereia em que se jogaram tantas criaturas contra o criador.
Não colou. Dilma é dotada de uma lealdade pessoal acima de qualquer tentação.
O “republicanismo”
Mas as campanhas sistemáticas de denúncias acabaram sendo bem sucedidas por linhas tortas. Primeiro, ao moldar uma opinião pública midiática ferozmente anti-Lula.
Depois, por ter incutido no governo um senso de republicanismo que o fez abrir mão até de instrumentos legítimos de autodefesa. Descuidou-se na nomeação de Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu-se mão da indicação do Procurador Geral da República (PGR) e descentralizaram-se as ações da Polícia Federal.
Qualquer ação contra o governo passou a ser interpretada como sinal de republicanismo; qualquer ação contra a oposição, sinal de aparelhamento do Estado.
Caindo nesse canto de sereia, o governo permitiu o desenvolvimento de três novos protagonistas no jogo de “captura o rei”.
STF
Gradativamente, formou-se uma bancada pró-crise institucional, composta por Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, e Luiz Fux, à qual aderiram Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. Há um Ministro que milita do lado do PT, José Antonio Toffolli. E três legalistas: Lewandowski, Carmen Lucia e Rosa Weber.
O capítulo mais importante, nesse trabalho pró-crise, é o da criação de um confronto com o Congresso, que não terá resultados imediatos mas ajudará a alimentar a escandalização e o processo reiterado de deslegitimação da política.
...

LUIS NASSIF II disse...

...
Para o lugar de César Peluso, apostou-se em um ministro legalista, Teori Zavascki. Na sabatina no Senado, Teori defendeu que a prerrogativa de cassar parlamentares era do Parlamento. Ontem, eximiu-se de votar. Não se tratava de matéria ligada ao “mensalão”, mas de um tema constitucional. Mesmo assim, não quis entrar na fogueira.
Procuradoria Geral da República (PGR)
Há claramente um movimento de alimentar a mídia com vazamentos de inquéritos. O último foi esse do Marcos Valério ao Ministério Público Federal.
Sem direito à delação premiada, não haveria nenhum interesse de vazamento da parte de Valério e seu advogado. Todos os sinais apontam para a PGR. Nem a PGR nem Ministros do STF haviam aceitado o depoimento, por não verem valor nele. No entanto, permitiu-se o vazamento para posterior escandalização pela mídia.
Gurgel é o mais político dos Procuradores Gerais da história recente do país. A maneira como conquistou o apoio de Demóstenes Torres à sua indicação, as manobras no Senado, para evitar a indicação de um crítico ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), revelam um político habilidosíssimo, conhecedor dos meandros do poder em Brasília. E que tem uma noção do exercício do poder muito mais elaborada que a do Ministro da Justiça e da própria Presidente da República. Um craque!
Polícia Federal em São Paulo
Movimento semelhante. Vazam-se os e-mails particulares da secretária Rosemary Noronha. Mas mantém-se a sete chaves o relatório da Operação Castelo de Areia.
O jogo político
De 2005 para cá, muita água rolou. Inicialmente havia uma aliança mídia-PSDB. Agora, como se observa, um arco mais amplo, com Ministros do STF, PGR e setores da PF. E muito bem articulado agora porque, pela primeira vez, a mídia acertou na veia. A vantagem de quem tem muito poder, aliás, é essa: pode se dar ao luxo de errar muitas vezes, até acertar o caminho.
Daqui para frente, o jogo está dado: um processo interminável de auto-alimentação de denúncias. Vaza-se um inquérito aqui, monta-se o show midiático, que leva a desdobramentos, a novos vazamentos, em uma cadeia interminável.
Essa estratégia poderia ter uma saída constitucional: mais uma vez “sangrar” e esperar as próximas eleições.
...

LUIS NASSIF III disse...

...
Dificilmente será bem sucedida no campo eleitoral. Mas, com ela, tenta-se abortar dois movimentos positivos do governo para 2014:
1. É questão de tempo para as medidas econômicas adotadas nos últimos meses surtirem efeito. Hoje em dia, há certo mal-estar localizado por parte de grupos que tiveram suas margens afetadas pelas últimas medidas. Até 2014 haverá tempo de sobra para a economia se recuperar e esse mal-estar se diluir. Jogar contra a economia é uma faca de dois gumes: pode-se atrasar a recuperação mas pratica-se a política do “quanto pior melhor” que marcou pesadamente o PT do início dos anos 90. Em 2014, com um mínimo de recuperação da economia, o governo Dilma estará montado em uma soma de realizações: os resultados do Brasil Sorridente, resultados palpáveis do PAC, os efeitos da nova política econômica, os avanços nas formas de gestão. Terá o que mostrar para os mais pobres e para os mais ricos.
2. No campo político, a ampliação do arco de alianças do governo Dilma.
Há pouca fé na viabilidade da candidatura Aécio, principalmente se a economia reagir aos estímulos da política econômica. Além disso, a base da pirâmide já se mostrou pouco influenciada pelas campanhas midiáticas.
À medida que essa estratégia de desgaste se mostrar pouco eficaz no campo eleitoral, se sairá desses movimentos de aquecimento para o da luta aberta.
Próximos passos
Aí se entra em um campo delicado, o do confronto.
Ao mesmo tempo em que se fragilizou no campo jurídico, o “republicanismo” de Lula e Dilma minimizou o principal discurso legitimador de golpes: a tese do “contragolpe”. Na Argentina, massas de classe média estão mobilizadas contra Cristina Kirchner devido à imagem de “autoritária” que se pegou nela.
No Brasil, apesar de todos os esforços da mídia, a tese não pegou. Principalmente devido ao fato de que, quando o STF achou que tinha capturado o PT, já havia um novo em campo – de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Padilha – sem o viés aparelhista do PT original. E Dilma tem se revelado uma legalista até a raiz dos cabelos e o limite da prudência.
Aparentemente, não irá abrir mão do “republicanismo”, mas, de agora em diante, devidamente mitigado. E ela tem um conjunto de instrumentos à mão.
Por exemplo, dificilmente será indicado para a PGR alguém ligado ao grupo de Roberto Gurgel.
...

LUIS NASSIF IV disse...

...
Espera-se que, nas próximas substituições do STF, busquem-se juristas com compromissos firmados e história de vida em defesa da democracia – e com notório saber, peloamordeDeus. De qualquer modo, o núcleo duro do STF ainda tem muitos anos de mandato pela frente.
Muito provavelmente, baixada a poeira, se providenciará um Ministro da Justiça mais dinâmico, com mais ascendência sobre a PF.
Do outro lado do tabuleiro, se aproveitará os efeitos do pibinho para iniciar o processo de desconstrução de Dilma.
Mas o próximo capítulo será o do confronto, que ocorrerá quando toda essa teia que está sendo tecida chegar em Lula. E Lula facilitou o trabalho com esse inacreditável episódio Rosemary Noronha.
Esse momento exigirá bons estrategistas do lado do governo: como reagir, sem alimentar a tese do contragolpe. E exigirá também um material escasso no jogo político-midiático atual: moderadores, mediadores, na mídia, no Judiciário, no Congresso e no Executivo, que impeçam que se jogue mais gasolina na fogueira.

guimas disse...

Estava esperando, Maia!

Já vi no facebook alguns protestos, as vezes exagerados, contra Lula.

Mas vamos lá: o ponto de vista agora é que não interessa o que Marcos Valério diz, com provas, ou sem provas. Não interessa. Como já ditou o STF, o "Chefe" tem que saber de tudo, sempre. Zé Dirceu sabia, por osmose até. Não foi preciso provas materiais, apenas a aplicação de uma teoria do direito. "É óbvio que sabia, ora!"

Aí vem o seu Maia dizer que "não adianta querer desqualificar o operador". Como assim? Quer dizer que qualquer coisa que Marcos Valério diga é a verdade, implica fatos indiscutíveis? Depois, MV esperou 7 anos pra dedar Lula? Por que? Estava esperando alguém livrar ele e guardou uma "carta na manga"? Tens noção de quão ridículo é isso?

Depois, a pérola: "Quem lê os jornais sabe do que se trata e já tem seu ponto de vista bem definido." Ah, bom, porque os jornais nunca erram, e são portadores sépticos da verdade.

Esse clima de caça às bruxas que a oposição está aumentado é perigoso, Maia. Agora qualquer criminoso - Cachoeira já levantou as orelhas - vai ser alçado a herói por "delatar" o PT? E vamos passar 2013 e 2014 ouvindo a oposição acusar o PT de que mais? Do holocausto? Da corrupção no mundo inteiro? Tudo com base no depoimento célebre de gente como Marcos Valério?

Querem condenar Lula? Condenem com provas. Mostrem que ele comandou o esquema. Mostrem como ele deu as ordens que resultaram na compra de votos. Mostrem que ele é o cérebro da operação.

Ficar no "Por quê motivos ele não iria saber?" é coisa de antipetista rolando bosta, Maia.

É mais ou menos como querer condenar qualquer presidente de empresa quando um funcionário comete algum crime. Os chefes sempre sabem de tudo!

Não é Lula que é inatingível. É a oposição que não tem nada pra oferecer. Bem simples.

Carlos Eduardo da Maia disse...

O inatingível rei dos caras e seus ortodoxos seguidores: Leandro Fortes, Nassif ou Nassifra, Grilho Falante e Guimas. Tem gosto para tudo neste mundo.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Mas o Nassif tem razão, o rei dos caras tem uma capacidade impressionante de eleger seus postes.

Grilo falante disse...

hahaha, acusou o golpe...

guimas disse...

Oras Maia,

Não defendo o Lula por um minuto sequer. Estás tão hipnotizado assim a ponto de não perceber?

O próprio MPF de Gurgel não aceitou o depoimento de MV como verídico. Ele não tem nada a acrescentar.

Mas vives num mundinho em que o bicho-papão é o Lula e o PT. Aí, qualquer um - e qualquer um mesmo - vale como prova irrefutável da corrupção de Lula.

É hilário te ver faceiro com as denúncias. Hilário mesmo. Hoje, falando com um antipetista, perguntei:

OK, digamos que a denúncia de MV impeça Lula de se candidatar, ou até que leve ele a prisão. E imagine que isso faça o PT sumir do mapa, acabar.
Quem é mais competente do que o PT hoje, para governar o Brasil? Não pode ser de partido envolvido em escândalos!

Nenhum antipetista me respondeu isso ainda. Nem responderá.

Maia, estás torcendo para a coisa piorar o que der, para o PT ser banido do poder. Estás jogando contra ti mesmo, por preconceito, por burrice mesmo.

Ainda bem que fazes parte de uma minoria participativa!

PS.: Tem gente que, de repente, virou fã de MV. Tem gosto pra tudo mesmo, concordo!