Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Preço da Qualidade



Não existe almoço grátis. Muitos alardearam que a grande mídia estaria com os dias contados, porque a notícia iria pipocar pela internet e os viventes teriam acesso a boa notícia de forma gratuíta. Ledo engano.

Os grandes jornais -- que também são muito espertos -- inventaram um sistema chamado paywall (ou muro da cobrança). Foi o  New York Times do jornalista Bill Keller que teve essa "brilhante" idéia.

O paywall é um sistema flexível: leio na Folha:
Cada internauta pode ler gratuitamente 20 textos do "NYT" por mês. A partir daí, o jornal oferece pacotes para leitores que querem ver o jornal sem restrições -o sistema contempla tablets e celulares. A assinatura começa em US$ 15 mensais (R$ 26).


O modelo, porém, tem "furos" propositais. A "home page" não é contada entre os 20 cliques gratuitos. Links colocados em redes sociais também não. Em seu mais recente balanço, divulgado no mês passado, o jornal disse ter 324 mil assinantes digitais.


"Está funcionando tão bem quanto esperávamos ou melhor", afirma Keller. Em setembro, após a implantação do novo modelo, ele deixou, a pedido, o cargo de editor-executivo do "NYT" e retomou sua função anterior, de colunista do jornal.
 
Abaixo entrevista com Bill Keller:



Bill Keller
Folha - A era da informação totalmente gratuita acabou?


Bill Keller - Não sei se é o final de uma era, mas é certamente o fim de um mito. Os profetas da internet argumentavam que tudo era gratuito e que as pessoas não pagariam por nada, que a informação em todos os seus formatos seria livre.

Mas então apareceu o iTunes e viu-se que as pessoas ainda queriam pagar por música. Desapareceu toda essa noção, que é um eco dos anos 60, de que tudo deveria ser gratuito, que o comércio é de certa maneira ilícito.

É natural que as notícias sigam [esse caminho]. Isso não significa que as pessoas vão pagar por todo tipo de coisa.

Jornalismo de serviço público exige muito tempo e investigação. É preciso ter advogados do seu lado. Jornalismo que exige ir a lugares longínquos e perigosos não estará disponível gratuitamente. Jornalismo muito local, aquele tipo realmente importante de jornalismo sobre o que está acontecendo na sua vizinhança, ou na capital do seu Estado, esse tipo de coisa ninguém está fazendo gratuitamente.






Em uma famosa palestra em 2007, o sr. chamou a internet de elemento de ruptura da imprensa. As coisas mudaram em que sentido desde então?


A internet mudou quase tudo na maneira como colhemos informação, como disseminamos informação e como pagamos pela informação. Ela causou ruptura de uma maneira que é ameaçadora, mas também de algumas maneiras muito boas. Nós agora usamos a internet não apenas para transmitir notícias, mas também para colher informação.


Um exemplo óbvio é o da Primavera Árabe. Se só tivéssemos as mídias sociais, não seria suficiente. Mas as mídias sociais foram muito importantes em dar uma percepção do que estava acontecendo nas ruas. Algumas vezes você não tem como chegar até a rua, ir até o país.


A maneira como apresentamos a informação hoje é totalmente diferente da de dez anos atrás. É mais rápido, mais gráfico, com vídeo e áudio quando achamos que eles acrescentarão algo. Todo mundo fica focado na circulação impressa, mas nós agora temos 40 milhões de usuários únicos. Estamos chegando a mais pessoas.

Nenhum comentário: