Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ainda as Veias Abertas


Certa esquerda entrou em delírio quando Chávez entregou o livro "Veias Abertas da América Latina" para Obama.
Leio no diario gauche de hoje e comento, of course, depois.

Dias atrás o presidente Hugo Chávez deu um mimo ao presidente Barack Obama. A obra “As veias abertas da América Latina”, editado na década de 70, e um clássico da literatura política de denúncia das mazelas do então chamado Terceiro Mundo. Hoje, essa expressão está em desuso, porque o Terceiro Mundo penetrou Nova York, em Londres, em Paris e Tóquio, ao mesmo tempo que temos Primeiro Mundo em Santiago, Rio de Janeiro, Joannesburgo ou Lima.


O livro de Galeano começa assim:

Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. Este já não é o reino das maravilhas, onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus das conquistas, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região continua trabalhando como um serviçal.

[...]Um texto excelente do grande escritor Eduardo Galeano, outro uruguaio genial.


Meu humilde comentário:

Veias Abertas da América Latina do Galeano foi meu livro de cabeceira no início da década de 80. Eu achava e acreditava que a culpa de todas mazelas da América Latina era dos europeus, dos americanos e da elite. E não havia concausas. A causa era essa e ponto final. E eu saia nas ruas tentando doutrinar os trabalhadores do Brasil, com panfletos do Raul Pont, dizendo: Nós somos pobres e miseráveis porque somos explorados pelos capitalistas, pela mídia, pelos banqueiros e pelas multinacionais. E acreditava também que a história da humanidade já estava determinada. Mais cedo ou mais tarde, o socialismo, a salvação de tudo e de todos, iria vencer e o mundo, finalmente, iria mudar. Eu fazia parte da grife Guevara. De fato, o mundo mudou, as pessoas mudaram, a ideologia mudou, a filosofia mudou, a história mudou, tudo mudou. O que não mudou -- e são esses os verdadeiros conservadores -- foi a cabeça do Galeano que ainda acredita que a América Latina é miserável por culpa exclusiva da exploração dos exploradores, das multinacionais, da grande mídia. E tem gente que acredita nessa velha história. E o pior, tem gente que faz da sua vida um ritual de doutrinação em torno dessa mesma e velha história.

Nenhum comentário: