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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Direita Pressionada

Em vídeo postado no YouTube, o psicopata Anders Behring Breivik aparece vestindo um uniforme maçom

Da revista alemã Der Spiegel:

Após os ataques na Noruega, a direita europeia se vê pressionada

Os populistas de direita da Europa não estão acostumados a verem-se na defensiva. Mas o perpetrador dos horríveis ataques da última sexta-feira na Noruega estava embebido da ideologia desses populistas, que é contrária à imigração e aos muçulmanos. Agora eles se encontram em uma situação desconfortável.



Foi uma reunião triste na rua, em frente à Embaixada da Noruega em Berlim, na última segunda-feira (26). Várias pessoas fizeram fila durante toda a manhã para depositar flores em frente aos portões da embaixada, e o líder socialdemocrata Sigmar Gabriel também prestou homenagens após os ataques da última sexta-feira, que mataram 76 pessoas em Oslo e na ilha de Utoya.

Pouco mais de doze das pessoas que estavam em frente à embaixada traziam cartazes com os dizeres: “A Capital do Medo? Não conosco!”, debaixo da imagem de uma figura ameaçadora usando uma máscara balaclava negra. O grupo pertencia ao pequeno grupo populista de direita Pro-Deutschland. “Solidariedade a Oslo!”, gritava o grupo.

“Quando algo tão terrível acontece na Europa, nós sentimos que precisamos manifestar a nossa simpatia”, disse a “Spiegel Online”, na terça-feira, Manfred Rouhs, o candidato do partido às eleições municipais de Berlim. “Nós também vemos isso como uma oportunidade para nos distanciarmos claramente desse ato terrível”.

Ao que parece esse desejo de distanciamento do fato tem estado no topo da lista de prioridades de grupos populistas de direita da Europa nesta semana. Grupos populistas contrários aos muçulmanos e à imigração de toda a Europa se apressaram a condenar os ataques perpetrados por Anders Behring Breivik e a retratá-lo como um indivíduo solitário e perturbado. A Liga de Defesa Inglesa, por exemplo, referiu-se a ele como sendo uma “criatura assassina”, e o Partido da Liberdade da Áustria classificou a ação de Breivik de um “crime psicopático”.


Indivíduo perturbado


Há pouco motivo para duvidar da sinceridade desses grupos. Embora muita gente os ache repugnantes devido às suas estridentes posições antimuçulmanas e às retóricas altamente polarizadoras em relação à imigração e aos imigrantes, os partidos populistas europeus de direita, de forma geral, não encorajam a violência – e Breivik, como até mesmo o seu advogado afirmou na terça-feira, é quase que com certeza um indivíduo profundamente perturbado.

Mesmo assim, da mesma forma que os muçulmanos na Europa e nos Estados Unidos passaram a ser vistos com suspeita após os ataques islamitas perpetrados no Ocidente – uma suspeição que é mais intensa, é necessário dizer, entre os retóricos populistas de direita –, agora Breivik tornou difícil para os direitistas anti-islâmicos evitar os holofotes que ora se focalizam sobre eles.


Afinal, grande parte do tratado de 1.518 páginas que Breivik publicou simultaneamente aos seus ataques poderiam muito bem ter sido oriunda das plataformas dessa direita populista: o conceito de “guerra demográfica muçulmana”, preocupações quanto à “imigração em massa”, e temores em relação à queda do “Ocidente cristão” são tópicos que se tornaram elementos chaves dos discursos públicos dessas organizações. Além do mais, Breivik manifestou admiração por vários líderes de direita, entre eles Geer Wilder, da Holanda, e Filip Dewinter, da Bélgica.


O líder do Partido da Liberdade da Áustria, Heinz-Christian Strache, expôs a sua posição de forma concisa em uma entrevista que concedeu a “Spiegel Online” no início de julho: “Nem todo muçulmano é terrorista”, declarou Strache. “Mas, na última década, todo terrorista era muçulmano. Este é o problema fundamental”.


O fato de essa afirmação ter deixado de ser verdadeira tornou-se agora um problema fundamental para Strache e seus companheiros ideológicos.


Um ato político


É possível, sem dúvida, questionar se os terríveis ataques a tiros e a bomba perpetrados por Breivik se constituíram de fato em um ataque terrorista. Apesar do tom frio e analítico do seu livro, o tamanho enorme da obra e a amplitude irregular dos temas cobertos fazem pensar em uma estrutura psíquica não inteiramente estável. A diferença entre o ato dele e um massacre de alunos de uma escola parece ser uma questão apenas de magnitude.


Mas o próprio Breivik viu claramente o massacre por ele perpetrado como sendo um ato político; a conclusão lógica da ideologia à qual ele aderiu. A sua escolha de alvos também indica que ele estava operando dentro da visão de mundo que criou para si: a sede do governo é o centro do poder político da Noruega e a colônia de férias recebia a ala jovem do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, que Breivik responsabiliza por aquilo que ele considera uma imigração excessiva para a Noruega.

Conforme um colaborador escreveu para o “Jihad Watch”, um website administrado por Robert Spencer, um conhecido crítico do islamismo: “O crime atroz cometido por Breivik prestou um incrível desserviço ao debate legítimo sobre a imigração muçulmana, um debate que poderá ser agora marginalizado”.


Os populistas de direita da Europa, conforme ficou aparente nesta semana, não estão acostumados a se verem na defensiva. Durante anos, esses políticos viram o apoio público às suas causas aumentar, e eles se encontram nos parlamentos de vários países europeus. Além do mais, como a questão da integração de imigrantes e do perfil demográfico da Europa subiu para o topo das listas de preocupações dos eleitores em vários países do continente, esses populistas não viam muito motivo para reduzir a intensidade dos seus ataques.

“Achamos que tivesse sido a Al Qaeda”

Agora, porém, eles estão ansiosos por evitar aquele tipo de rede de suspeição geral que grande parte da sua retórica lançou sobre o islamismo. E, até o momento, eles têm preferido, de forma geral, driblar as perguntas relativas às origens ideológicas do crime de Breivik. “Nós condenamos veementemente o ataque”, disse a “Spiegel Online” na terça-feira, David Lasar, do Partido da Liberdade da Áustria. “Mas não se pode permitir que os esquerdistas usem os ataques para marcar pontos políticos”.


Rouhs disse também que o Pro-Deutschland tomou a decisão de fazer uma vigília em frente à Embaixada da Noruega, na sexta-feira à noite, antes que ficasse claro quem tinha sido o perpetrador. “Como todo mundo, nós achamos que tivesse sido um grupo organizado como a Al Qaeda”, disse ele.

Se isso tivesse de fato acontecido, a impressão que se tem é que a figura vista nos cartazes na segunda-feira provavelmente estaria usando uma burca em vez de uma balaclava.

Um comentário:

PoPa disse...

Existem imbecis em todas as áreas da humanidade. Na esquerda, na direita e até entre democratas. A estupidez não conhece os limites da lei, nem da civilização.

Continuo sendo um conservador liberal, pois nada do que se apresenta como esquerda serve para mim. A direita também tem porcarias - e muitas - neste mundo maluco!

Na realidade, a política atual tem nuances de populismo, de corrupção e de má vontade como nunca antes. Não importa o matiz pelo qual os políticos eventualmente se apresentam. Direita, esquerda, centro. Temos corruptos e corruptores em todas as alas!