Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Mulherengo DSK e a Tradição Puritana Americana

Dominique Strauss-Kahn e sua rica esposa, a jornalista Anne Sinclair


Os franceses sempre torceram o nariz para a prisão (irregular) de  Dominique Strauss-Kahn -- que pode ser o próximo  presidente da República francesa, tendo em vista o desfecho do caso. Os mais radicais estão a dizer que foi uma armação dos organizados  movimentos direitistas internacionais contra a esquerda francesa. Sério, li isso num site da nossa gauche. O fato é que DSK sempre foi um mulherengo e caiu na velha armadilha da camareira, uma afro americana que teria ligações com traficantes.  Nos EUA tudo caminha diferente, dizem que é por conta de sua tradição puritana.

Quem diz isso é o jornalista americano, radicado no Brasil há 28 anos, Michael Kepp,  autor do livro "Tropeços nos Trópicos -crônicas de um gringo brasileiro" (Record) mkepp@terra.com.br, na Folha de hoje.



Humilhação pública de Strauss-Kahn nos EUA faz parte da tradição puritana




Agora que o processo contra o ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn (DSK) está desmoronando, a imprensa francesa vem criticando o circo de mídia/judicial em torno dele. Afinal, na França não é praxe submeter acusados à humilhação pública.


As acusações dos promotores de Nova York contra DSK começaram a ruir quando a credibilidade da suposta vítima, uma camareira africana, foi posta em dúvida.


Eles revelaram ligações dela com supostos criminosos, disseram que ela mentiu sobre seu passado e sobre o que aconteceu logo após seu encontro com DSK. E um tribunal libertou DSK sem fiança.


Mas DSK já tinha feito seu "perp walk" (desfile do suspeito), uma prática comum da polícia americana que expõe acusados aos holofotes.


Fazê-lo convence um júri da culpa de um suspeito. Assim, como um troféu, a polícia exibiu DSK, algemado e com a barba por fazer, a fotógrafos e cinegrafistas a caminho do tribunal onde sua citação criminal seria também televisionada.


Na França, determinar se um caso deve ir a julgamento pode levar anos e quase nunca envolve um júri. E a mídia francesa proíbe a divulgação de imagens que exponham alguém à execração pública antes de uma eventual condenação.


Assim, não surpreende que o jornal francês "Le Monde" tenha criticado a "máquina midiática/jurídica que condenou DSK antes de uma investigação séria", uma corrida que custou a ele seu emprego e seu futuro político.


Se DSK fosse brasileiro, a imprensa daqui não teria reagido da mesma maneira? Afinal, aqui os acusados não fazem "desfiles de suspeitos", mesmo que sejam figuras públicas.


A Polícia Federal não algemou Paulo Maluf e o fez desfilar diante da mídia quando o prendeu por lavagem de dinheiro e outros crimes em 2005, nem tratou como troféu o banqueiro Daniel Dantas quando o prendeu duas vezes em 2008 por tentativa de suborno.


E, em 2000, depois de confessar ter matado sua ex-namorada, o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves foi escoltado pela polícia pela porta dos fundos de um fórum paulista para depor.


Os tribunais americanos também têm portas dos fundos. Mas, nos EUA, humilhações públicas fazem parte da tradição puritana, na qual os presos tornam-se exemplos públicos.


A presunção de inocência também é um pilar da justiça americana -na teoria, mas nem sempre na prática.



--------------------------------------------------------------------------------


www.michaelkepp.com.br

2 comentários:

Fábio Mayer disse...

No mínimo ele agiu como bobo. Se esse fato tivesse acontecido no Brasil, a camareira sairia na Playboy e ganharia uns trocos e tudo bem... nos EUA, um fato como este gera comoção nacional...

...Indivíduo deve pesar muito bem o que faz no exterior.

senna madureira disse...

Maia


Por favor, resgate o topico anterior do seu blog sobre o tema

Eu disse que era ARMAÇÃO contra o DSK

"Eu já sabia"

A "baranga" era "chave de cadeia".