Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Por que os mais pobres apoiam Kadafi?

Foto da piscina da família Kadafi, tirada pelos rebeldes.

Rebeldes posam e tiram foto deu um sofá tri cafona do Kadafi

Porque Kadafi distribuia Bolsa Família

As últimas notícias de Tripoli é de que o regime de Kadafi é história, caiu, mas o excêntrico ditador tem sim seus simpatizantes, uma vez que o principal foco de resistência são as áreas pobres da capital, sobretudo o bairro de Abu Salim, conforme matéria da Folha de hoje (integra abaixo).

Ora, porque Kadafi dava aos mais pobres uma ajuda mensal, uma espécie de bolsa família, como se lê na matéria:

Poucos são os que ousam falar abertamente em favor de Gaddafi, como o desempregado Walid Neili, 30, e a mulher, Marwa Labib, 26. Com o cuidado de só falar dentro de casa, longe dos olhares e ouvidos das patrulhas rebeldes, eles expuseram sua preocupação com o futuro sem Gaddafi.

"Com Gaddafi nós tínhamos segurança e a garantia de uma ajuda mensal de 500 dinars [R$ 615]" do governo, diz Walid no casebre que construíram com as próprias mãos num terreno baldio.

Nem mesmo o Lula deu uma "bolsa família" desse valor.



Resistência em Trípoli se mantém em áreas pobres







Apoio ao ditador líbio Muammar Gaddafi é evidente no bairro Abu Salim






Simpatia a Gaddafi é vista por oposicionistas como reflexo do sistema paternalista do ditador, que comprava apoio






MARCELO NINIO


ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLI






A resistência do regime ao controle rebelde de Trípoli está cada vez mais isolada, reduzindo-se a disparos esporádicos de franco-atiradores.


Mas o apoio ao ditador líbio Muammar Gaddafi persiste em alguns bolsões de pobreza da capital. O mais evidente deles é o bairro de Abu Salim, o distrito mais humilde de Trípoli.


O apoio é marcado pela incerteza quanto ao futuro sem as benesses distribuídas pelo ditador. O apoio é silencioso. Com a tomada de Trípoli pelos rebeldes, o jogo do medo virou. Se antes a oposição agia na clandestinidade, temendo represálias do regime, agora são os gaddafistas que preferem a discrição máxima.


Poucos são os que ousam falar abertamente em favor de Gaddafi, como o desempregado Walid Neili, 30, e a mulher, Marwa Labib, 26. Com o cuidado de só falar dentro de casa, longe dos olhares e ouvidos das patrulhas rebeldes, eles expuseram sua preocupação com o futuro sem Gaddafi.


"Com Gaddafi nós tínhamos segurança e a garantia de uma ajuda mensal de 500 dinars [R$ 615]" do governo, diz Walid no casebre que construíram com as próprias mãos num terreno baldio.


Os filhos brincam com cartuchos de fuzil recolhidos nas ruas, enquanto os pais elogiam até a criação de Gaddafi mais vilipendiada pelos rebeldes, o "Livro Verde", obra que descreve os mandamentos do ditador. "Moramos ilegalmente aqui há nove anos, mas graças ao 'Livro Verde', que diz que a casa pertence a quem mora nela, nunca fomos despejados", explica Marwa.


Perto dali, um eletricista de 30 e poucos anos que pede para não ter o nome mencionado repete o refrão, revelando um ranço de divisão social quase sempre negado pelos rebeldes.


"A revolução é criação das classes média e rica", afirma ele, olhando para os lados na avenida principal de Abu Salim. "A saída de Gaddafi não trará nada de bom para os mais pobres."


As marcas da batalha pelo controle de Trípoli estão por toda parte, mas são ainda mais visíveis em Abu Salim, onde os rebeldes encontraram forte resistência.


A simpatia a Gaddafi é vista por muitos oposicionistas como reflexo do sistema paternalista do ditador, que comprava o apoio das camadas mais humildes com benesses e muita propaganda.


"Temos um ditado na Líbia: se quiser que um cachorro lhe siga, mantenha ele com fome", diz o empresário Adel Bibas, que apoia a revolução.


Conhecido por abrigar a mais terrível prisão da Líbia, o bairro fica a poucos metros do complexo de Bab al Azizia, antiga sede do regime de Gaddafi que viveu alguns dos piores combates de Trípoli.


Nas barreiras rebeldes espalhadas por Abu Salim, a simpatia persistente de alguns moradores a Gaddafi é vista com a maturidade dos vitoriosos. "Contanto que não cometam violência, podem falar o que quiserem", garante Nureidin Ahmed, com uma faca na cintura. "A Líbia agora é democrática."


Ontem, insurgentes afirmaram que a cidade de Bani Walid, a sudeste de Trípoli, não é mais abrigo de Saif al Islam e Mutassim Gaddafi, filhos do ditador líbio.

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