Cais Mauá no porto de Porto Alegre, a iniciativa privada já está na posse e vai construir benfeitorias que serão usufruidas pelo povo. E tem gente que é contra. |
Um certo Paulo Muzell que gosta de escrever no Blog do Marco Weissheimer engrossa a voz da esquerda radical que é contra a privatização dos espaços públicos no Cais Mauá -- a melhor notícia que Porto Alegre recebeu nos últimos tempos. O cidadão está indignadíssimo com o governo Tarso e com alguns políticos petistas que se esforçaram para que esse projeto fosse entregue à iniciativa privada.
Quem tiver paciência e estômago leia o que está abaixo:
Num governo cheio de problemas, com grandes chances de não dar certo, Tarso faz uma opção que lhe convém, cometendo um grande equívoco. Decide, sem aprofundar qualquer avaliação, dar continuidade ao projeto “Cais Mauá”, um velho sonho dos interesses imobiliários e da construção civil, obviamente apoiado pelo seu braço midiático, a RBS.
Trata-se de um projeto que privatiza espaços públicos nobres – hoje subutilizados -, que sofre críticas de inúmeros urbanistas que afirmam que ele não tem qualquer identidade com a história da nossa cidade. E o pior: é questionada a própria licitação, suspeita porque permitiu que as empresas e os profissionais que elaboraram o estudo preliminar concorressem, com óbvias vantagens. Um “jogo de cartas marcadas”?
Uma idéia “ousada” – uso o termo porque é um dos preferidos do governador – que tem origem lá no governo Brito, que dormitou no sonolento governo Rigotto e que ganhou forte impulso no pirado (des)governo Yeda. Comprometida até o pescoço com o projeto, a então governadora assinou, ao “apagar das luzes” – ignorando o que um mínimo de prudência recomendaria – um contrato com o consórcio vencedor apesar de existir uma ação judicial que ameaçava torná-lo nulo.
Trata-se de um projeto megalômano – que prevê obras faraônicas em uma área inadequada – e de um contrato assimétrico, lesivo ao patrimônio e ao interesse público. Não foram definidas e tornadas públicas as contrapartidas do setor privado. Quem vai custear as grandes obras viárias necessárias para viabilizar a acessibilidade à área? Há projetos ou pelo menos estudos iniciais com previsão de custos? Qual a taxa de retorno do empreendimento considerando-se uma concessão inicial pelo prazo de vinte e cinco, renovável por igual período?
O projeto foi viabilizado por uma lei do governo Fo-Fo (Fogaça-Fortunati) que alterou radicalmente o regime urbanístico da área, aumentando alturas, taxas de ocupação, índices de aproveitamento e o zoneamento de uso. O projeto dividiu a bancada petista na Câmara. Disseram não ao projeto Maria Celeste, Sofia Cavedon e Carlos Todeschini. A favor votaram – como sempre – os integrantes da bancada “modernista-empreendedora-imobiliária” do PT: engenheiro Comassetto, Mauro Pinheiro e Aldacir Oliboni. O vereador Adeli Sell não votou, estava ausente. É estranho, por se tratar de um projeto importante e de um tema polêmico, que “rachou” a bancada municipal, que o governador não tenha tido o cuidado ouvir os vereadores do seu partido na cidade para pesar os argumentos do “pró e do contra”.
O partido hegemônico do estado, a RBS, solta foguetes, comemora a vitória. Utilizando generosos espaços a ZH exalta a importância histórica do megaprojeto para o futuro de Porto Alegre. Tarso é objeto de fartos elogios: surge, enfim o governante de larga visão, o pacificador, um político com postura de estadista que finalmente acaba com a absurda guerra que perdurava há décadas, promovida pelo raivoso PT de antanho, felizmente já sepultado.
É exaltado, também, o importante papel no episódio do seu jovem chefe da Casa Civil. Ele foi incansável na sua sagrada missão de convencer os empedernidos burocratas da Antaq lá na capital federal de desistirem da ação que impedia o início do projeto. Um verdadeiro “peregrino de Brasília” que com tenacidade e grande esforço conseguiu afastar a “enorme pedra” que atravancava a estrada, impedindo o avanço do progresso.