Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A Cara ou Coroa dos Irmãos Coen




Os irmãos Joel e Ethan Coen fizeram o excelente Fargo que é um mix de violência com ingenuidade média americana. Em "Onde os Fracos Não Têm Vez" os irmãos Coen relembram Fargo, mas com gotas mais perversas da violência e com pitadas significativas do poder da força da grana que ergue e destroi coisas belas. Por que um homem comum resolve pegar uma maleta de dinheiro sujo e mudar totalmente o curso de sua vida, assumindo os grandes riscos do episódio? Por que as pessoas, certas pessoas, escolhem o caminho mais lucrativo e violento da vida mesmo sabendo e tendo a santa consciência de que o sonho dourado de uma vida certa, rotineira, longa e sadia pode ir para o espaço?

E a cidade pacata (e chata) do deserto do meio oeste americano, ali perto da fronteira com o México, onde a trilha sonora do vento bate forte, acorda para um dia anormal, porque foi sacudida com o barulho estridente e seco do tiro que a impiedosidade mata. Como é difícil para o americano médio mudar a sua rotina. Como é difícil para o homem branco comum responder perguntas diretas, pertinentes e desagradáveis. E no contexto disso tudo surge o grande vilão da história recente do cinema, Anton Chigurh (Javier Bardem), que lembra a morte do sétimo selo de Bergmann. A diferença é que o impiedoso do Chigurh não tem tempo para jogar xadrez, ele tem pressa e prefere jogar "cara ou coroa" e se o vivente a ser executado erra na aposta recebe o tiro seco e profundo da morte. Tudo na mesma hora, porque não importa - tempo é dinheiro.

O assassino frio não pertence aquele tempo e nem ao pitoresco lugar. Chigurh pertence a outras léguas e a outras épocas. Enquanto o homem médio de 1980 vai - ele já está voltando. Chigurh gosta de conversar sobre os assuntos banais da vida e faz perguntas secas sobre a rotina das pessoas e, por que elas agem dessa forma. A resposta não vem. A solução é jogar. Basta jogar o jogo da vida? Vale a pena o desafio? Você escolhe, cara ou coroa?
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