Por conta do resultado pífio e vergonhoso do RS no IDEB, a jornalista da RBS, Rosane de Oliveira, na sua coluna da página 10 da Zero Hora publicou a seguinte opinião, em azul. Em vista disso, o dono do Diário Gauche despeja toda sua ira contra a RBS, em vermelho bem encarnado. Eu, of course, comento depois, em preto.
Vergonha de ser gaúcho
A cada divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os gaúchos ganham novos motivos para se envergonhar. Divulgados anualmente a partir de 2005, os números atestam que a educação no Rio Grande do Sul vai de mal a pior, principalmente no Ensino Médio, porta de entrada da universidade e de um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Juntas, as redes pública e privada tiveram índice de 3,7 para uma meta de 4,0.Com esse resultado, o Ensino Médio gaúcho ficou nos mesmos 3,7 do Brasil, perdendo para Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O Estado mal conseguiu atingir a meta de 5,1 nas séries iniciais do Ensino Fundamental. E ficou atrás de Minas Gerais, Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná, São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nos anos finais do Ensino Fundamental, estancou em 4,1, quando a meta era 4,3.
Como explicar esses resultados em um Estado que sempre se ufanou de sua formação? Uma das explicações mais óbvias é a falta de investimento – ou a aplicação inadequada dos recursos. Com um plano de carreira dos anos 1970, defendido com unhas e dentes pelos professores, o Rio Grande do Sul não consegue pagar o piso salarial como salário básico.
A culpa pelo fracasso não pode ser debitada na conta deste ou do governo anterior. O processo de decadência começou há mais tempo, traduzido em problemas de estrutura, como prédios deteriorados, falta de bibliotecas, deficiência de laboratórios. Não se pode ignorar ainda o peso da desmotivação dos professores, a incapacidade de tornar as aulas interessantes para jovens inquietos, a perda de autoridade sobre os alunos e a falta de envolvimento das famílias com a escola.
Os dados do Ideb, assim como o de outros indicadores de aprendizagem, deveriam ensejar uma reflexão sobre a qualidade dos cursos de formação de professores no Rio Grande do Sul. Não estará faltando didática a quem tem a missão de ensinar crianças e adolescentes?
Fala o Diário Gauche:
Esse é o jornalismo-lixo que temos no Rio Grande do Sul. Um jornalismo que sugere - sem nenhuma sutileza ou eufemismo - que tenhamos vergonha do nosso chão e da nossa gente. Tenta politizar - e até eleitoralizar - dados negativos do desempenho da educação pública do nosso estado, quando se sabe que este processo de decadência do RS já vem se verificando há muitos anos, em todos os setores da vida pública, nos três poderes.
Curiosamente, mas não de forma aleatória, os responsáveis diretos pela calamidade no setor público sul-rio-grandense são os mesmos governos e líderes que foram apoiados pelo grupo midiático RBS/Família Sirotsky.
Em Porto Alegre, até os pombos do Mercado Público sabem que esse sub-baronato sub-jornalístico tem veleidades de partido político, que se comporta como partido político e milita como organização política, ainda que velada e clandestina, mesmo sem nunca admitir, mesmo sem registro cartorial, e sustentando um discurso pífio e mentiroso de neutralidade e apartidarismo.
Essa gente representa um perigo para a democracia e uma ameaça para a República.
Comento -- o RS está onde está também por conta de uma oposição chamada PT - que critica quem privatiza, mas também privatiza, que critica quem faz caixa 2, mas também faz caixa 2 -- e de certos movimentos sociais que querem manter no ensino do século XXI um plano de carreira da década de 70. Para o RS sair do atoleiro é necessário que todos façam sua parte e reconheçam seus erros. E vamos parar de ideologizar.
4 comentários:
na verdade, o que falta ao RS e ao Brasil também, é um pouco de inteligência... ok, professores precisam ganhar bem, mas são contra a meritocracia? Então, vai valer o quê? Tempo? Amisades? A coisa complica bastante quando vemos uma infraestrutura educacional sucateada, com escolas sem as mínimas condições de segurança, de equipamentos, de livros...
E com professores em desvio de função, nas unidades não de ensino Rio Grande afora. A primeira coisa a ser vista é um adicional por sala de aula.
A situação da educação é simples: a nossa zélite pouco se importa.
Pra quê pagar bem professor, se meu(s) filho(s) estão em escola privada? Iniciativa privada é regrada pelo Mercado, e mercado paga o que se faz por merecer.
Educação pública? Pouco importa, é coisa do povão. Se a escola não tem condições e está sucateada, azar o do povo. A escola privada de meu(s) filho(s) é limpinha e as professoras também.
Depois, o que é público é ruim por definição.
@Popa:
"Amizade" é com "z". Não é com "s". E meritocracia, hoje, seria uma canalhice. Sem inraestrutura, sem apoio institucional (público e privado, diga-se de passagem), exigir que o professor mude a coisa oferecendo umas merrecas é, repito, uma canalhice.
Isso é besteira Guimas, nossa elite tem sim de se preocupar com a educação pública brasileira, porque nosso bom futuro depende disso. Concordo que apenas meritocracia não basta, mas tem que ter sim meritocracia, senão as metas dificilmente serão cumpridas. E viva o serviço público que é essencial para um Brasil mais justo.
Maia,
É óbvio que a elite deve se preocupar. Mas não se preocupa, e isto é evidente, infelizmente. Eu vejo isso diariamente.
Meritocracia é uma bobagem que se inventou pra dizer que "sem a cenoura, o burro não anda". Coisa de liberal que curte, de novo, desmerecer o serviço público.
Mas é difícil nossa zélite reconhecer isso. E, repito isso explica muito do nosso Brasil de hoje.
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