Toffoli está sendo pressionado por seu padrinho Lula a participar do julgamento do mensalão. |
Seria tão fácil para o Ministro Dias Toffoli se ele se adiantasse e desse uma declaração de que não vai participar do julgamento do mensalão. Mas pressionado por Lula, Zé Dirceu e Cia. ele - de forma teimosa - insiste em manter o mistério. Um mistério que corroi as instituições brasileiras. Não é o fato de Toffoli ser ligado ao PT, ou ter sido o Advogado Geral da União na época do escândalo, mas, sobretudo, por ser companheiro de Roberta Rangel, advogada que atuou no caso. Gostei da entrevista do Ministro Marco Aurélio ontem no Jornal Nacional, que se deu por suspeito no julgamento de seu primos Collor, que disse que se Toffoli não se declarar suspeito ele vai suscitar a suspeição. Bem que faz. Se Toffoli não se declarar suspeito vai manchar sua toga e carregar consigo a fama de juiz suspeito.
Pois hoje, finalmente, inicia o julgamento e não se sabe se Toffoli participará. Abaixo nota da Monica Bergamo sobre o assunto e artigo de Bernardo Mello Franco.
Toffoli é pressionado até por namorada para não votar no caso do mensalão
As pressões para que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) José Antonio Dias Toffoli não vote no caso do mensalão vêm também de seu círculo de amigos e até de sua
namorada, a advogada Roberta Rangel. A possibilidade maior, até quarta (1º), era a de que ele participasse do julgamento.
EM CASA
Os amigos e a namorada de Dias Toffoli estão incomodados e preocupados com a exposição do ministro às críticas que, em alguns momentos, resvalaram em sua vida pessoal.
EM CASA 2
O ministro tem sido pressionado a não participar do julgamento por ter trabalhado com José Dirceu na Casa Civil no governo Lula e por Roberta Rangel já ter advogado para um dos réus.
A:rtigo de Bernardo Mello Franco na Folha de hoje.
"Sai daí rápido, Zé!"
No depoimento mais eletrizante da crise do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson instou José Dirceu a pedir demissão da Casa Civil para preservar o mandato do presidente Lula. O grito abalou o Planalto: "Sai daí rápido, Zé!".
Chamado pelo chefe de "capitão do time", Dirceu era cabeça, tronco e membros do primeiro governo petista. Treinou guerrilha em Cuba, mas não conseguiu resistir mais de dois dias à metralhadora verbal de Jefferson. O petebista falou ao Congresso numa terça-feira; ele entregou a carta de renúncia na quinta.
Hoje começa o julgamento do mensalão no Supremo. O tribunal reservou cadeiras para todos os réus, mas o Zé do plenário será outro: o ministro José Antonio Dias Toffoli, ex-advogado do PT e ex-assessor de Dirceu na Casa Civil da Presidência.
Ele tem motivos de sobra para se declarar suspeito e deixar que os outros dez juízes decidam o caso. Defendeu Lula em três campanhas presidenciais pelo PT. A de 2002 teve contas pagas pelo réu Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT. Sua namorada, Roberta Rangel, foi advogada do réu Professor Luizinho, ex-deputado pelo PT. O irmão José Ticiano Dias Toffoli é prefeito e candidato à reeleição em Marília, no interior paulista. Adivinhe por que partido...
Hoje os repórteres Catia Seabra e Breno Costa dão mais um motivo para Toffoli não julgar o mensalão. Em 2006, ainda como advogado do PT, ele afirmou ao Tribunal Superior Eleitoral que as acusações "jamais ficaram comprovadas".
Como Jefferson também não estará no Supremo hoje, deve caber só ao ministro a tarefa de pedir para sair.
Declarar-se suspeito é um direito que a lei assegura ao magistrado para protegê-lo de ter a imparcialidade posta em dúvida. Uma das hipóteses previstas é a amizade com um dos acusados. Em 2007, a Folha questionou Toffoli: "O senhor é amigo de Dirceu?". Ele respondeu: "Sou".
Como se diz nos filmes de tribunal: sem mais perguntas, meritíssimo!
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