No Cairo protestos contra o governo Mubarak. |
Essas ondas de protestos simultâneos em diversos países no mundo árabe -- que começou com a revolução do Jasmin na Tunísia -- estão sendo alimentadas pelo facebook e pelo twitter. Inequivocamente, a internet - e suas redes sociais - é mesmo uma grande ferramenta de mobilização social.
Esses fatos fazem lembrar dois episódios: a) a queda do regime do Xá Reza Pahlavi no Irã, em fevereiro de 1979, com a tomada do poder do radicalismo islâmico encabeçada por Ruhollah Khomeini; b) a derrocada (como castelo de cartas) do socialismo real, pelo povo unido que jamais será vencido, em diversos regimes da ex União Soviética e que culminou com a queda do muro de Berlim em 1989.
Portanto, cautela e prudência são requisitos importantes para qualquer tipo de análise sobre os recentes episódios no Oriente Médio.
O Egito de Hosni Mubarak está em estado de insurgência. Muito embora Mubarak seja mesmo um ditador, trata-se de uma "ditabranda" ou ditadura branda. Talvez até uma ditadura necessária, porque o principal grupo de oposição no egito é a Irmandade Muçulmana, que é uma organização islâmica fundamentalista. Foi fundada em 1928 por Hassan al Banna no Egipto após o colapso do Império Otomano. A irmandade islâmica opõe-se às tendências seculares das nações islâmicas (ex: na Turquia) e pretende "retornar" aos ensinamentos do Corão e rejeitar as influência ocidentais, conforme se lê na wikipedia.
Hoje a Irmandade Muçulmana disse que rejeita qualquer tipo de diálogo com Mubarak. Ou seja, os protestos continuam. Eles querem o poder.
Israel está em alerta, porque sempre defendeu e apoiou Mubarak, até mesmo porque o Egito faz fronteira com a faixa de Gaza, dominada pelo grupo radical Hamas. Seria o fim da picada se os irmãos muçulmanos se alinharem, via governos constituídos, com o Hamas. A guerra do mundo árabe contra Israel seria iminente. Prenúncio de uma 3ª Guerra Mundial? Infelizmente, é possível.
Por esses motivos Israel solicitou aos Estados Unidos e a vários países europeus que apoiem a estabilidade do regime egípcio de Hosni Mubarak, indicou nesta segunda-feira o jornal israelense Haaretz.
Por outro lado, a oposição mais moderada, capitaneada pelo Mohamed ElBaradei -- prêmio nobel da paz que infernizou o governo Bush porque, com razão, insistia que não havia nenhum indício de que o governo de Saddam Hussein no Iraque estava utilizando armas químicas -- está agora a pressionar os EUA a apoiar os pedidos para que o presidente Hosni Mubarak renuncie, dizendo que o "longo apoio ao ditador" precisa acabar.
A situação realmente é complicada. Que lado vai o Egito, a Tunísia, o Iemen? Do radicalismo muçulmano ou da oposição moderada? Essa é a grande questão.
3 comentários:
Post muito interessante, amigo Maia. Também estou preocupado com esta questão e mantenho um pouco de esperança na evolução democrática.
(e quanto à Dilma? quais as primeiras impressões?)
abraço
Eu não tenho esperanças na evolução democrática daqueles povos... acho que democracia lá, é utopia, e não é implausível a instalação de regimes ainda mais autoritários, conquanto de matriz religiosa... daí, f... tudo!!!
Pulha e Fábio, gostei muito da entrevista do embaixador brasileiro no Cairo. Ele disse que a crise é econômica, 2/3 da população do Egito tem menos de 21 anos e 90% estão desempregados. E a força da irmandade muçulmana não é nada majoritária na população egípcia. Dificilmente eles teriam 30% dos votos em uma eleição democrática.
A Dilma, Pulha, por enquanto vai bem. Eu diria, muito bem. Sem alardes e fogos de artifícios.
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