Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Risco do Radicalismo Insurgente

No Cairo protestos contra o governo Mubarak.


Essas ondas de protestos simultâneos  em diversos países no mundo árabe -- que começou com a revolução do Jasmin na Tunísia -- estão sendo  alimentadas pelo facebook e pelo twitter. Inequivocamente, a  internet  - e suas redes sociais - é mesmo uma grande ferramenta de mobilização social.

Esses  fatos fazem  lembrar dois episódios: a) a queda do regime do Xá Reza Pahlavi no Irã, em fevereiro de 1979, com a tomada do poder do radicalismo islâmico encabeçada por Ruhollah Khomeini; b)   a derrocada (como castelo de cartas) do socialismo real,  pelo povo unido que jamais será vencido,   em diversos regimes da ex União Soviética e que culminou com a queda do muro de Berlim em 1989.

Portanto, cautela e prudência são requisitos  importantes para qualquer tipo de análise sobre os recentes episódios no Oriente Médio.

O Egito de Hosni Mubarak está em estado de insurgência. Muito embora Mubarak seja mesmo um ditador, trata-se de uma "ditabranda" ou ditadura branda. Talvez até uma ditadura necessária, porque o principal grupo de oposição no egito é a Irmandade Muçulmana, que é uma organização islâmica fundamentalista. Foi fundada em 1928 por Hassan al Banna no Egipto após o colapso do Império Otomano. A irmandade islâmica opõe-se às tendências seculares das nações islâmicas (ex: na Turquia) e pretende "retornar" aos ensinamentos do Corão e rejeitar as influência ocidentais, conforme se lê na wikipedia.

Hoje a Irmandade Muçulmana disse que rejeita qualquer tipo de diálogo com Mubarak. Ou seja, os protestos continuam. Eles querem o poder.

Israel está em alerta, porque sempre defendeu e apoiou Mubarak, até mesmo porque o Egito faz fronteira com a faixa de Gaza, dominada pelo grupo radical Hamas. Seria o fim da picada se os irmãos muçulmanos se alinharem, via governos constituídos, com o Hamas. A guerra do mundo árabe contra Israel seria iminente. Prenúncio de uma 3ª Guerra Mundial?  Infelizmente, é possível.

Por esses motivos Israel solicitou aos Estados Unidos e a vários países europeus que apoiem a estabilidade do regime egípcio de Hosni Mubarak, indicou nesta segunda-feira o jornal israelense Haaretz.

Por outro lado, a oposição mais moderada, capitaneada pelo Mohamed ElBaradei -- prêmio nobel da paz que infernizou o governo Bush porque, com razão, insistia que não havia nenhum indício de que o governo de Saddam Hussein no Iraque estava utilizando armas químicas -- está agora a  pressionar os EUA a apoiar os pedidos para que o presidente Hosni Mubarak renuncie, dizendo que o "longo apoio ao ditador" precisa acabar.

A situação realmente é complicada. Que lado vai o Egito, a Tunísia, o Iemen? Do radicalismo muçulmano ou da oposição moderada? Essa é a grande questão.

3 comentários:

Pulha Garcia disse...

Post muito interessante, amigo Maia. Também estou preocupado com esta questão e mantenho um pouco de esperança na evolução democrática.

(e quanto à Dilma? quais as primeiras impressões?)

abraço

Fábio Mayer disse...

Eu não tenho esperanças na evolução democrática daqueles povos... acho que democracia lá, é utopia, e não é implausível a instalação de regimes ainda mais autoritários, conquanto de matriz religiosa... daí, f... tudo!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pulha e Fábio, gostei muito da entrevista do embaixador brasileiro no Cairo. Ele disse que a crise é econômica, 2/3 da população do Egito tem menos de 21 anos e 90% estão desempregados. E a força da irmandade muçulmana não é nada majoritária na população egípcia. Dificilmente eles teriam 30% dos votos em uma eleição democrática.

A Dilma, Pulha, por enquanto vai bem. Eu diria, muito bem. Sem alardes e fogos de artifícios.