Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Voz da "Certa Esquerda" na Folha

Vladimir Safatle

Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP,  tem escrito às terças feiras na Folha. Ele é adorado por uma certa esquerda que tem idéias atrasadas para um Brasil melhor e possível. Hoje ele escreve sobre a necessidade de uma oposição de esquerda ao governo Dilma e sobre uma proposta de salário máximo que não poderia ser superior a 20 vezes o salário mínimo. Na verdade, o Brasil precisa também é de uma oposição mais consistente, porque a que hoje existe é..... brincadeira. Quanto a essa proposta de implantar um salário máximo eu acho correta no serviço público, como atualmente existe com os complicados tetos -- que muitas vezes vão até as núvens. Mas aplicar salário máximo na iniciativa privada é limitar consideravelmente o empreendedorismo. Existem outras formas mais eficientes de inclusão social e que foram adotadas pelos países socialmente mais desenvolvidos.

Abaixo artigo de Vladimir Safatle na Folha de hoje.


Salário máximo

Falta uma oposição de esquerda no país. A última eleição demonstrou que todos aqueles que procuraram fazer oposição à esquerda do governo acabaram se transformando em partidos nanicos. Uma das razões para tanto talvez esteja na incapacidade que tais setores demonstraram em pautar o debate político.


Contentando-se, muitas vezes, com diatribes genéricas contra o capitalismo, eles ganhariam mais se seguissem o exemplo do Die Linke, partido alemão de esquerda não social-democrata e único dentre os partidos europeus de seu gênero a conseguir mais que 10% dos votos.


Comandado, entre outros, por Oskar Lafontaine, um ex-ministro da economia que saiu do governo Schroeder por não concordar com sua guinada liberal, o partido demonstrou grande capacidade de especificação de suas propostas e de seus processos de aplicação. Eles convenceram parcelas expressivas do eleitorado de que suas propostas eram factíveis e eficazes.


Por outro lado, foram capazes de abraçar propostas que outros partidos recusaram, trazendo novas questões para o debate político, como a bandeira da retirada das tropas alemãs do Afeganistão.


Por fim, não temeram entrar em coalizões programáticas como aquela que governa Berlim. Isso demonstra que eles são capazes de administrar e que sua concepção de governo não é uma abstração espontaneísta. Esses três pontos deveriam guiar aqueles que gostariam de fazer oposição à esquerda no Brasil.


Um exemplo de novas pautas que poderiam animar o debate político brasileiro foi sugerida pelo provável candidato de uma coligação francesa de partidos de esquerda, Jean-Luc Mélenchon. Ela consiste na proposição de um "salário máximo". Trata-se de um teto salarial máximo que impediria que a diferença entre o maior e o menor salário fosse acima de 20 vezes. Uma lei específica também limitaria o pagamento de bonificações e stock-options.


Em uma realidade social de generalização mundial das situações de desigualdade extrema -outra face daquilo que certos sociólogos chamam de "brasialinização"-, propostas como essa têm a força de trazer, para o debate político, a necessidade de institucionalização de políticas contra a desigualdade.


Em um país como o Brasil, onde a diferença entre o maior e o menor salário em um grande banco chega facilmente a mais de 80 vezes, discussões dessa natureza são absolutamente necessárias. Elas permitem a revalorização de atividades desqualificadas economicamente e a criação da consciência de que a desigualdade impõe "balcanização social", com consequências profundas e caras. Discussões como essas, só uma esquerda que não tem medo de dizer seu nome pode apresentar.

4 comentários:

Fábio Mayer disse...

Não passa de um lunatico...

Carlos Eduardo da Maia disse...

ou um rançoso.

senna madureira disse...

Maia

Vc. lembrar do Nemec, da nossa lista antiga ?

Ele agora é diretor da FOLHA

Ele me disse que a contratação do
Vladimir Safatle foi feita de acordo com o alto grau de aceitação que ele tem no meio estudantil paulistano.

Pode um negócio desse ?

O Nemec, que é amigo nosso, até agora não entendeu o critério.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Sim, lembro do Nemec. Nâo sabia que ele é hoje diretor da Folha. Mas acho, Senna, que a Folha está certa e faz bem em contratar o Safatle. Pelo menos, é divertido ler certos ranços.