Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Viciado em PPV


Depois que o Pay Per View ( PPV) entrou na minha vida, poucas vezes fui ao campo. Grêmio e Boca na final da Libertadores de 2007 foi a última vez que compareci ao Olímpico. Claro, em 2009, assisti um Botafogo x Grêmio no Engenhão, mas estava no Riiio. A verdade é que é muito bom  assistir aos jogos em frente a TV -- se tiver imagem HD melhor ainda. E, por esses motivos, estou interessado - e preocupado -- com essa irreversível crise no Grupo dos 13 que negociava diretamente com a televisão (no caso a Globo) os direitos de transmissão dos jogos dos clubes brasileiros.

Dizem que a Globo está fechando diretamente com os grandes clubes esses contratos. Dizem que  já fechou com o Flamengo, com o Corinthians e até com o Grêmio já acertou os valores. Dizem também -- e pode ser fofoca -- que todos esses grandes times vão duplicar ou até mesmo triplicar suas receitas e que o Grupo dos 13 -- intermediário nas negociações -  vai implodir.

Para mim pouco interessa se o G13 vai para o beleléu ou não. O que me interessa é continuar recebendo as imagens do PPV de todos os jogos (e não apenas de alguns)  a um custo justo. E como é que fica se um clube fechar com a Band ou Record e outro fechar com a Globo? Não estou perdendo o sono por causa dessa crise, mas é uma preocupação: uma diminuta preocupação, mas uma preocupação.

Os Medievais Não Gostam de Bicicleta


Bicicleta é o meio de transporte do futuro. É ágil, é saudável, é sustentável, faz bem para o corpo, é bom para a natureza, o meio ambiente, não faz barulho, não emite gases poluentes, evita congestionamento. Mas tem gente que não pensa assim. São os apressadinhos, aqueles que gostam de viver a vida de forma estressada. Na sexta-feira, a tardinha, um funcionário do Banco Central em Porto Alegre irritado com a baixa velocidade dos ciclistas do grupo Massa Crítica que estavam pacificamente fazendo um tour pela cidade,  resolveu acelerar e atropelou diversos ciclistas, como peças de dominó e depois fugiu. Evidentemente que a placa do carro foi anotada e os advogados do dono do veículo  vão apresentá-lo hoje na delegacia de polícia. Não tem explicação, as imagens abaixo falam por si. Recomendo o primeiro video abaixo que mostra como aconteceu essa barbárie.




O Primeiro Vacilo

Emir Sader sobre Gil e Caetano: "Quem diria que aquele nego baiano tem muito mais articulação do que o Caetano?"

 Passados dois meses, o governo Dilma cometeu apenas um equívoco: a nomeação do radical do Emir Sader na Casa de Rui Barbosa. Perdão pela insistência no tema, mas essa nomeação é completamente absurda. Para Sader, o Brasil para todos significa o Brasil para alguns.  Abaixo artigo de um cara sensato que é o Fernando Barros Silva da Folha que realmente coloca os pingos nos is:

Casa do Sader


Emir Sader fez o que estava a seu alcance para abocanhar o Ministério da Cultura. Ganhou de presente a presidência da Casa de Rui Barbosa. Sader faria menos estrago no Ministério da Pesca. Talvez na Secretaria Nacional de Peixes de Águas Rasas -onde gosta de navegar.

O sociólogo, notório defensor do fuzilamento dos dissidentes cubanos pelo regime castrista, em 2003, é figura periférica no governo Dilma. Sua importância é ainda menor que a do colega do Turismo, aquele que pagou a conta do motel com dinheiro da Câmara.

Mas Sader é um ideólogo. E quer transformar a Casa de Rui Barbosa, reputada fundação de pesquisa histórico-literária, num centro de debates sobre o "Brasil para todos".

Na boa reportagem de Paulo Werneck na Ilustríssima de ontem, Sader usa o slogan do governo Lula para defender que a instituição, séria e com reconhecida vocação documental, deve ser politizada em torno de "grandes temas" do país atual. Quando um intelectual sente falta dos "grandes temas" é bom ficar atento: ou se trata de um gênio ou de Emir Sader.

Sua figura é representativa do que há de pior na esquerda: a convivência do oportunismo rasteiro com o ranço stalinista. "É preciso tratar de ter políticas culturais que consolidem na cabeça das pessoas as razões pelas quais o Brasil está melhor", disse ele ao jornal "O Globo". Sader vê o trabalho intelectual como uma mistura de propaganda do poder e catecismo marxista.

Desço agora a um detalhe da reportagem de ontem, onde mora o diabo (ou o ato falho): "Quem diria que aquele nego baiano tem muito mais articulação do que o Caetano?", diz Sader, supostamente elogiando Gilberto Gil. Inverto a ordem da frase, apenas para lhe dar um "realce", sem alterar nada de seu sentido: "Aquele nego baiano tem muito mais articulação que o Caetano, quem diria?". Quem diria que isso é preconceito de...? O leitor julgue por si.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Porque hoje não é dia de prosa

Miguel Torga, poeta português.
De tanto olhar o sol

De tanto olhar o sol,
queimei os olhos,
De tanto amar a vida enlouqueci.
Agora sou no mundo esta negrura.
À procura
Da luz e do juízo que perdi. 

Poema de Miguel Torga 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

As Últimas Fotos da Libia

Moradores de Benghazi comemoram a libertação do Estado Moammar Khadafy's pela primeira vez em mais de quatro décadas. (Suhaib Salem / Reuters)

Manifestantes comemoram e gritam palavras de ordem em  Benghazi.  (Suhaib Salem / Reuters)

Manifestantes contra o governo Kadafi  se reunem em  Benghazi no dia 24 de fevereiro 2011. A primeira insurreição ganhou força em Benghazi em 16 de fevereiro, quando um grupo armado com pedras e bombas de gasolina se reuniram em um escritório do governo e exigiram a libertação de um defensor dos direitos humanos. (Waguih Asmaa / Reuters

Um homem dispara com sua pistola para o ar . Ele está a comemorar com os anti-governistas, dia 24 de fevereiro de 2011,  em um veículo do Exército na cidade do leste da Líbia Shahat. (Tomasevic Goran / Reuters)

Manifestante anti-governo, com  as cores da bandeira da Líbia  no rosto, pega uma xícara de chá em Benghazi quinta-feira. Os rebeldes tomaram o controle de Benghazi, maior cidade da nação segunda. (Waguih Asmaa / Reuters

Em Benghazi, o berço da revolta contra Moammar Khadafy, celebrações têm substituído confrontos na rua depois que os rebeldes tomaram a cidade.  Milhares convergem para o centro da cidade, acenando, as cores  verde e preto da monarquia (Suhaib Salem / Reuters)

Um manifestante faz o V da vitória em cima de um  tanque destruído em Al-Katiba base militar depois que caiu para os rebeldes.

A pista de um aeroporto militar foi fechada, dia 24 de fevereiro, na cidade de Al Abrak. (Tomasevic Goran / Reuters)

Um policial da Líbia que desertou para os rebeldes do homem um bloqueio na cidade de Tobruk quinta-feira. (Patrick Baz AFP / Getty Images

Tunisianos e libios durante protesto anti-Khadafy na fronteira com a Tunísia, na passagem de Ras Jdir. Milhares de pessoas, carregando  malas, cobertores, fugiram para a Tunísia. (Bensemra Zohra / Reuters

Pessoas fogem da Libia para a Tunisia em Ras Jdir. (Fred Dufour AFP / Getty Images /) #

Trabalhadores,  migrantes e expatriados preparam-se para entrar a bordo de navio que vai para a Grécia a partir do porto líbio de Benghazi. (Waguih Asmaa / Reuters).

Fotos: Boston Globe

Um Verão Quente nas Arábias

Mubarak e Ben Ali


Mubarak e Kadafi





Dezembro caiu a ditadura de Zine Abidine Ben Ali da Tunísia.

Em Janeiro iniciaram as manifestações no Egito e que culminou com a queda de Osni Mubarak, nos primeiros dias de fevereiro.

No final de Fevereiro inicia a revolta na Libia.

Na terra de Kadafi, os manifestantes rebeldes estão chegando nas cercanias de Tripoli. O ditador senil está perdendo apoio. Será que alguém - além da chavista Telesur -- acredita que essas manifestações de jovens drogados  são capitaneadas pela Al Qaeda e pelos EUA?   

A essa hora o ditador maluco  deve estar em algum bunker reunido com seus assessores fiéis discutindo qual estratégia  seguir, tal como Hitler no filme "A Queda".  

Melhor mesmo se Kadaffi  tivesse o bom senso de Mubarak e Zine Abidine Ben Ali que renunciaram a seus cargos. Kadaffi deveria tomar o primeiro avião com destino a felicidade em  Caracas, onde seu amigo fiel o aguarda.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O que o Emir Sader Tem a Ver com a Casa de Rui Barbosa?





Fiquei sabendo pelo Reinaldo Azevedo -- tudo bem, muita gente não gosta dele, porque ele radicaliza,  mas que ele é inteligente  e sabe escrever, ele sabe -- que o (argh) do Emir Sader é o novo presidente da Casa de Rui Barbosa. Tadinho do Rui Barbosa - um dos ícones do liberalismo brasileiro.

O irônico post de dar boas risadas do tio Rei é o seguinte:


Um país mental chamado Emirados Sáderes. Ou: A Madraçal do Emir

Vocês já sabem que Emir Sader é o novo presidente da Casa de Rui Barbosa! Se o indicado tivesse sido Luiz Inácio Lula da Silva por conta de seu rigor acadêmico, a instituição estaria mais bem-servida. O Apedeuta, a seu modo, não deixa de ser um sábio. Sader, o sábio, é um notório apedeuta.


Ninguém, por exemplo, espanca a língua portuguesa, a lógica e os fatos como ele. Mas, admito, é um senhor bem-sucedido: sabe arrumar emprego. Um leitor me envia uma entrevista que ele concedeu ao jornal O Globo no dia 5 deste mês. Eu não a havia lido. Não adianta! Sader não consegue me espantar. Não por acaso, eu o trato como uma espécie de pequeno país mental: os Emirados Sáderes.

Na Casa, ele diz querer estimular uma “reflexão mais contemporânea sobre o Brasil”, seja lá o que isso signifique. E também quer apostar na pluralidade. Sader e a pluralidade não costumam se encontrar nem na gramática. Que ele venha agora posar (ele próprio escreveria “pousar”) de grande democrata não deixa de ser expressão de alguma inteligência, a única possível no seu caso: o cinismo.

Quem são os “pluralistas” de Emir Sader? Ele os cita: Eduardo Galeano, István Mészáros, Slavoj Zizek, Marilena Chaui, Maria Rita Kehl, Carlos Nelson Coutinho, Luis Fiori… Uau! Vocês conseguem pensar em um grupo mais jovem e arejado do que esse? Vá lá que eles possam divergir sobre o prato predileto, mas, com essa turma, a gente pode fundar é uma madraçal (a imprensa brasileira grafa “madrassa”, o que o dicionário não endossa), não um centro dinômico de pensamento. Marilena Chaui era novidade no século 19!

Agora vejam que coincidência: Zizek, Kehl, Fiori e Mésazáros são autores da Editora Boitempo, da qual Emir Sáder é o grande Morubixaba. Viva o pluralismo! A Casa de Rui Barbosa está sendo, como se nota, privatizada.

Para encerrar este post: a estrela da turma, hoje em dia, é o delinqüente Slavoj Zizek, que tem feito bastante sucesso nos círculos de esquerda e de extrema esquerda do Brasil e do mundo. A grande obra deste senhor é tentar provar as virtudes renovadoras do terrorismo.

Essa gente está sendo abrigada na Casa de Rui Barbosa. Não é só a língua portuguesa que foi para o esgoto. A vergonha na cara também.

A Telesur Apoia Kadaffi



Dez entre dez blogueiros de esquerda têm um banner da emissora chavista Telesur em seus blogs.

Dez entre dez blogueiros de esquerda chamam a grande mídia de PIG: Partido da Imprensa Golpista.

Dez entre dez blogueiros de esquerda - pela inevitável lógica - consideram a Telesur o modelo ideal de mídia.

Pois a Telesur é controlada pelo governo Chávez da Venezuela.

E Chávez é amigo de Khadafi, ou Gaddafi ou Kadaffi.

E a Telesur, nos noticiários sobre a crise na Libia, é francamente favorável ao governo do senil tirano.

Aquele velho blá-blá-blá: as grandes potências estão de olho no petróleo da Libia, Não se pode acreditar no que diz a grande mídia internacional, Kadaffi tem apoio popular e outras baboseiras.

No fundo, no fundo, a Telesur é muito pior do que o chamado "PIG".



Sobre o assunto na Folha de hoje:



Autorizada a transmitir de Trípoli, a equipe da rede de TV chavista Telesur provocou controvérsia ontem ao reportar que a capital da Líbia estava "em total normalidade" e insinuar que outras redes estavam "pintando um panorama praticamente de guerra civil" quando há "festa" no centro da cidade.


O repórter Jordán Rodríguez falou ao vivo, por telefone, por pouco mais de cinco minutos -em transmissão pela Telesur e pela TV estatal local- no começo da tarde.


Rodríguez evitou criticar o governo de Muammar Gaddafi, um aliado próximo de Hugo Chávez, por haver detido por cinco horas a equipe de repórteres. Disse que a restrição respondeu a "razões óbvias".


"Foi um fato fortuito [a detenção]. Foi um ato justamente para confirmar quem está chegando, dada a situação de tanta desinformação", continuou. "Tínhamos de informar quem éramos, de onde vínhamos e para que estávamos na Líbia."


"As pessoas dizem que [Gaddafi] não é um presidente, que é um Deus. Que é mentira o bombardeio da cidade por aviões militares."


O embaixador do Brasil em Trípoli, George Ney Fernandes, também afirmou ao jornal "O Globo" que a cidade não foi bombardeada.


O repórter da Telesur disse ainda que entre 300 e 400 pessoas -na contagem extraoficial de uma "fonte diplomática"- morreram em "enfrentamentos" após tentar "tomar bases militares" e outras instituições oficiais.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Os Ressentidos e Rancorosos Começam a Criticar o Governo Dilma

A presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu a liberdade de imprensa durante evento que comemorou os 90 anos do jornal Folha de S. Paulo


O pessoal da esquerda ressentida, rancorosa e arcaica  já iniciou a enquadrar a Dilma. Ela está sendo criticada por ter comparecido a festa dos 90 anos da Folha de São Paulo. como se lê no Blog Brasília eu Vi do Leandro Fortes e no RS Urgente do Marco Weissheimer.

O post do Blogueiro Leandro Fortes se chama Dilma na Cova dos Leões e é o seguinte. Meu pitaco vem depois, é o mesmo que coloquei nos comentários do Brasilia eu vi.


Na íntegra do discurso de Dilma Rousseff proferido na cerimônia de aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, disponibilizado na internet pela página do Portal UOL, lê-se, não sem certo espanto: “Estou aqui representando a Presidência da República. Estou aqui como presidente da República”. Das duas uma: ou Dilma abriu mão, em um discurso oficial, de sua batalha pessoal para ser chamada de “presidenta”, ou, mais grave, a transcrição de seu discurso foi alterada para se enquadrar aos ditames do anfitrião, que a chama ostensivamente de “presidente”, muito mais por birra do que por purismo gramatical.

Caso tenha, de fato, por conta própria, aberto mão do título de “presidenta” que, até então, lhe parecia tão caro, este terá sido, contudo, o menor dos pecados de Dilma Rousseff no regabofe de 90 anos da Folha.
Explica-se: é a mesma Folha que estampou uma ficha falsa da atual presidenta em sua primeira página, dando início a uma campanha oficial que pretendia estigmatizá-la, às vésperas da campanha eleitoral de 2010, como terrorista, assaltante de banco e assassina. A ela e a seus companheiros de luta, alguns mortos no combate à ditadura. Ditadura, aliás, chamada de “ditabranda”, pela mesma Folha.
Esta mesma Folha que, ainda na campanha de 2010, escalou um colunista para, imbuído de sutileza cavalar, chamá-la, e à atual senadora Marta Suplicy, de vadia e vagabunda.
Essa mesma Folha, ora homenageada com a presença de Dilma Rousseff.
Digo o menor dos pecados porque o maior, o mais grave, o inaceitável, não foi o de submeter a Presidência da República a um duvidoso rito de diplomacia de uma malfadada estratégia de realpolitik. O pecado capital de Dilma foi ter, quase que de maneira singela, corroborado com a falsa retórica da velha mídia sobre liberdade de imprensa e de expressão. Em noite de gala da rua Barão de Limeira, a presidenta usou como seu o discurso distorcido sobre dois temas distintos transformados, deliberadamente, em um só para, justamente, não ser uma coisa nem outra. Uma manipulação conceitual bolada como estratégia de defesa e ataque prévios à possível disposição do governo em rever as leis e normas que transformaram o Brasil num país dominado por barões de mídia dispostos, quando necessário, a apelar para o golpismo editorial puro e simples.
A liberdade de expressão que garantiu o surgimento de uma blogosfera crítica e atuante durante a guerra eleitoral de 2010 nada tem a ver com aquela outra, defendida pela Associação Nacional dos Jornais, comandada por uma executiva da Folha de S.Paulo. São posições, na verdade, antagônicas. A Dilma, é bom lembrar, a Folha jamais pediu desculpas (nem a seus próprios leitores, diga-se de passagem) por ter ostentado uma ficha falsa fabricada por sites de extrema-direita e vendida, nas bancas, como produto oficial do DOPS. Jamais.
Ao comparecer ao aniversário da Folha, a quem, imagina-se, deve ter processado por conta da ficha falsa, Dilma se fez acompanhar de um séquito no qual se incluiu o ministro da Justiça. Fez, assim, uma concessão que está no cerne das muitas desgraças recentes da história política brasileira, baseada na arte de beijar a mão do algoz na esperança, tão vã como previsível, de que esta não irá outra vez se levantar contra ela. Ledo engano. Estão a preparar-lhe uma outra surra, desta feita, e sempre por ironia, com o chicote da liberdade de imprensa, de expressão, cada vez mais a tomar do patriotismo o status de último refúgio dos canalhas.
Dilma foi torturada em um cárcere da ditadura, esta mesma, dita branda, que usufruiu de veículos da Folha para transporte e remoção de prisioneiros políticos – acusação feita pela jornalista Beatriz Kushnir no livro “Cães de guarda” (Editora Boitempo), nunca refutada pelos donos do jornal. A presidenta conhece a verdadeira natureza dos agressores. Deveria saber, portanto, da proverbial inutilidade de se colocar civilizadamente entre eles.

Meu pitaco:
Não votei nela, mas estou gostando do governo da Dilma, porque ela está fazendo política sem ressentimento, rancores, mesquinharias e tititis. Vamos combinar, essa preocupação babaca de chamar de presidente ou presidenta é pura abobrinha. Ela é presidente e ponto final.

E mais, uma presidente tem de passar por cima de antigas divergências. Essa é a arte da política. É assim que se faz política. E a Folha é um jornal plural, talvez o melhor jornal do Brasil de hoje, e Dilma fez muito bem em ir nessa comemoração e defender, como defendeu, a liberdade de imprensa.

Grande Artigo de Vargas Llosa - As Incompreendidas Revoluções da Informação e da Liberdade no Oriente Médio

Protesto contra o governo Kadafi na Libia, os países ocidentais -- com medo do radicalismo muçulmano -- custaram a acreditar nas boas intenções dessas revoltas.
Maravilhoso esse artigo do grande Mario Vargas Llosa, publicado no Estadão,  sobre os acontecimentos no Oriente Médio. Pena que ele foi escrito antes do início da "revolução Libia" que está em curso.

A História feita pelo Povo

Mario Vargas Llosa Prêmio Nobel de Literatura 2011

O movimento popular que sacudiu países como Tunísia, Egito e Iêmen e cujas réplicas chegaram a Argélia, Marrocos e Jordânia é o mais completo desmentido de quem, como Thomas Carlyle, acredita que "A história do mundo é a biografia dos grandes homens".

Nenhum caudilho, grupo ou partido político pode se atribuir esse levante social sísmico que já decapitou as satrapias tunisiana de Ben Ali e egípcia de Hosni Mubarak, colocou à beira do colapso a iemenita de Ali Abdullah Saleh, e provoca calafrios nos governos dos países onde a onda convulsiva chegou mais fraca como na Síria, Jordânia, Argélia, Marrocos e Arábia Saudita.

É óbvio que ninguém podia prever o que ocorreu nas sociedades autoritárias árabes e que o mundo inteiro e, em especial, os analistas, a imprensa, as chancelarias e centros de estudos políticos ocidentais ficaram tão surpresos com a explosão sociopolítica árabe como ficaram com a queda do Muro de Berlim e a desintegração da União Soviética e seus satélites.


Não é arbitrário aproximar os dois acontecimentos: os dois têm uma transcendência semelhante para as respectivas regiões e provocam precipitações e sequelas políticas para o restante do mundo. Que melhor prova de que a história não está escrita e ela pode tomar, de repente, direções imprevistas que escapam a todas as teorias que pretendem sujeitá-la a procedimentos lógicos? Dito isso, não é impossível discernir alguma racionalidade nesse movimento contagioso de protesto que se inicia, como numa história fantástica, com a autoimolação pelo fogo de um pobre e desesperado tunisiano do interior chamado Mohamed Bonazizi e com a rapidez do fogo que se espalha por todo o Oriente Médio.


Os países onde ele ocorreu sofriam com ditaduras de dezenas de anos, corruptas até a medula, cujos governantes, parentes próximos e clientelas oligárquicas haviam acumulado fortunas imensas, bem seguras no estrangeiro, enquanto a pobreza e o desemprego, assim como a falta de educação e saúde, mantinham enormes setores da população em níveis de mera subsistência e, às vezes, de fome. A corrupção generalizada e um sistema de favoritismo e privilégio fechavam à maioria da população todos os canais de ascensão econômica e social.

Mas esse estado de coisas que foi o de incontáveis países ao longo da história, jamais teria provocado o levante sem um fato determinante dos tempos modernos: a globalização. A revolução da informação foi esburacando por toda parte os rígidos sistemas de censura que os governos árabes haviam instalado para manter os povos que exploravam e saqueavam, na ignorância e no obscurantismo tradicionais. Hoje, porém, é muito difícil, quase impossível, um governo submeter a sociedade inteira às trevas midiáticas para manipulá-la e enganá-la como outrora.


A telefonia celular, a internet, os blogs, o Facebook, o Twitter, as redes internacionais de televisão e demais recursos da tecnologia audiovisual levam a todos os rincões do globo a realidade de nosso tempo e forçam comparações que por certo mostraram às massas árabes o anacronismo e barbárie dos regimes que sofriam e a distância que os separa dos países modernos.


E esses mesmos instrumentos da nova tecnologia permitiram que os manifestantes coordenassem ações e pudessem introduzir alguma ordem no que, num primeiro momento, pôde parecer uma caótica explosão de descontentamento anárquico. Não foi assim. Um dos traços mais surpreendentes da sublevação árabe foram os esforços dos manifestantes para tolher o vandalismo e sair da frente, como no Egito, dos valentões enviados pelo regime para desprestigiar o levante e intimidar a imprensa.


Solução negociada. A lentidão (para não dizer a covardia) com que os países ocidentais - sobretudo os da Europa - reagiram, vacilando primeiro ante o que ocorria e depois com vagas declarações de boas intenções a favor de uma solução negociada do conflito, em vez de apoiar os rebeldes, deve ter causado uma terrível decepção aos milhões de manifestantes que se lançaram às ruas nos países árabes pedindo "liberdade" e "democracia" e descobriram que os países livres os olhavam com receio e, por vezes, pânico. E constatar, entre outras coisas, que os partidos políticos de Mubarak e Ben Ali eram membros ativos das Internacional Socialista! Bela maneira de promover a democracia social e os direitos humanos no Oriente Médio.

O equívoco garrafal do Ocidente foi ver no movimento emancipador dos árabes um cavalo de Troia pelo qual o integrismo islâmico poderia se apossar de toda a região e o modelo iraniano - uma satrapia de fanáticos religiosos - se estenderia por todo o Oriente Médio. A verdade é que a explosão popular não foi dirigida pelos integristas e, até agora ao menos, estes não lideram o movimento emancipador nem pretendem fazê-lo.

Eles parecem muito mais conscientes que as chancelarias ocidentais de que o que mobiliza os jovens de ambos os sexos tunisianos, egípcios, iemenitas e os demais não são a sharia e o desejo de que alguns clérigos fanáticos venham substituir os ditadorezinhos cleptomaníacos que querem derrubar. Precisaríamos ser cegos ou preconceituosos para não perceber que o motor secreto desse movimento é um instinto de liberdade e de modernização.


Naturalmente, não sabemos ainda o rumo que tomará essa rebelião e, claro, não se pode descartar a possibilidade de que, na confusão que ainda prevalece, o integrismo ou o Exército tratem de tirar partido. O que sabemos, porém, é que, em sua origem e primeiro desenvolvimento, esse movimento foi civil, não religioso, e claramente inspirado em ideais democráticos de liberdade política, liberdade de imprensa, eleições livres, luta contra a corrupção, justiça social, oportunidades para trabalhar e melhorar.


O Ocidente liberal e democrático deveria celebrar esse fato como uma extraordinária confirmação da vigência universal dos valores que representa a cultura da liberdade e dar todo seu apoio aos povos árabes neste momento de luta contra os tiranos. Não somente seria um ato de justiça como também uma maneira de assegurar a amizade e a colaboração com um futuro Oriente Médio livre e democrático.


Porque esta é agora uma possibilidade real. Até antes dessa rebelião popular, muitos de nós considerariam isso difícil. O que ocorreu no Irã e, de certa forma, no Iraque, justificava certo pessimismo com respeito à opção democrática no mundo árabe. Mas o que ocorreu nestas últimas semanas deveria ter varrido essas reticências e temores inspirados em preconceitos culturais e racistas. A liberdade não é um valor que só os países cultos e evoluídos apreciam.

Massas desinformadas, discriminadas e exploradas também podem, às vezes por caminhos tortuosos, descobrir que a liberdade não é um ente retórico desprovido de substância, mas uma chave mestra para sair do horror, um instrumento para construir uma sociedade onde homens e mulheres possam viver sem medo, dentro da legalidade e com oportunidades de progresso.

Ocorreu na Ásia, na América Latina, nos países que viveram submetidos ao jugo da União Soviética. E agora, por fim, está começando a ocorrer também nos países árabes com uma força e heroísmo extraordinários. Nossa obrigação é mostrar-lhes nossa solidariedade ativa, porque a transformação do Oriente Médio em uma terra de liberdade não beneficiará apenas a milhões de árabes, mas ao mundo inteiro em geral (incluindo, é claro, Israel, embora o governo extremista de Binyamin Netanyahu seja incapaz de compreendê-lo).

Vai Kadafi, Vai para a Venezuela


Tio Hugo te espera. A propósito, os blogs da nossa esquerda fizeram um carnaval danado quando o povo unido que jamais será vencido começou a se reunir para derrubar o ditador Mubarak no Egito. E agora, quanto o regime do "amiguinho tirano" da Libia começa a cair de podre, o silêncio é absoluto.

Juro que  não entendo esse pessoal, basta alguém dizer que é contra os americanos e contra o mundo ocidental que ele é o ó do borogodó, não importa se é tirano, ditador ou  sanguinário. O importante é que o sujeito faça o confronto com o chamado  imperialismo dos poderosos.  Típica mentalidade do perfeito idiota.

Dizem que essas rebeliões e as derrocadas das ditaduras do oriente médio são demonstrações de que efetivamente o  século XXI está iniciando. Pode ser que sim, mas uma coisa é certa: essas manifestações são de liberdade não só política, mas também econômica. As pessoas querem ter acesso a uma boa qualidade de vida e com  liberdade de informação, tal como ocorre nos países do mundo socialmente desenvolvido. Os protestos têm muito pouco de carga ideológica ou religiosa. E isso, talvez, seja um grande avanço e uma ótima novidade.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

127 Horas de Muita Angústia


Talvez esse tenha sido um dos filmes mais angustiantes que assisti.
127 horas é do mesmo diretor (que tem uma linguagem muito peculiar) do premiado "Quem quer ser um Bilionário?", o inglês Danny Boyle.
É uma história real que aconteceu com Aron Ralston, interpretado por James Franco, tendo como cenário o Parque Nacional de Utah, sendo que  as cenas foram filmadas exatamente no mesmo local onde os fatos ocorreram.
Aron fica preso numa rocha, numa região completamente deserta, onde ninguém passa.
Nas cenas mais angustiantes é interessante olhar para os lado e ver as pessoas se contorcendo.

Grande Cidinha Campos





Deputada Cidinha Campos falando sobre os que mamam, bandidos, corruptos. Muito bom. por migueldf13 no Videolog.tv.

Quem Será a Próxima Bola da Vez?



Marrocos - 10h15 -Cartazes carregados pelos manifestantes continham frases como "o rei deve reinar, e não governar" e "o povo quer uma nova Constituição" em protestos em várias cidades do Marrocos



Iêmen - 14h - Centenas de estudantes iemenitas se manifestaram neste domingo em frente ao campus da Universidade de Sanaa, sem serem incomodados por partidários do regime, mantidos à distância pela polícia. Os estudantes gritavam slogans contra o governo do presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos



Bahrein - 16h25 - Mensagem escrita com pedras contra o governo direcionada ao rei Hamad bin Isa al-Khalifa, próxima à Praça da Pérola, em Manama, é observada por manifestantes. Partidos de oposição do Bahrein se encontraram para discutir as demandas que serão apresentadas aos reguladores dos países dos Golfo Árabe




Argélia - 12h - Manifestantes gritam palavras de ordem em frente a policiais durante mais um protesto, em Argel. Um parlamentar do partido Assembléia pela Cultura e a Democracia (RCD) foi gravemente ferido pelas forças policiais durante as manifestações, que pedem mudanças no regime


China - Polícia dispersou neste domingo uma manifestação em uma rua central de Pequim, convocada para iniciar uma "revolução do jasmim", como as que se estendem por países árabes.



Libia -  O líder líbio, Muammar Kadafi, vai enfrentar a revolta popular "até o último homem que estiver de pé", disse um de seus filhos nesta segunda-feira, após os protestos - antes confinados ao leste do país - chegarem a Trípoli, a capital. Manifestantes saíram às ruas, líderes tribais falaram contra Kadafi, e unidades do Exército desertaram para a oposição, numa revolta que já matou mais de 200 pessoas.

Eu aposto na Libia.


Os Palhaços



O professor José Arthur Giannoti está lançando um novo livro: Lições de Filosofia Primeira e concedeu uma entrevista para o caderno de cultura da ZH do último sábado.

Destaco a seguinte parte da entrevista:

 
ZH – Como o senhor vê a relação entre a academia e os intelectuais públicos?

Giannotti – A figura do pensador público está cada vez mais restrita. Você não tem mais os maîtres à penser, mesmo na França. Quais são os grandes mestres do pensamento francês hoje? O último caso que tivemos foi na Alemanha, com Jürgen Habermas, e depois que a Europa entrou em crise o pensamento de Habermas se afundou. Você não tem mais grandes mestres do pensamento. Temos uma situação de medianidade.


ZH – Na sua opinião, esse tipo de intelectual está em declínio?
Giannotti – Eu acho. Hoje, meu caro, quem ocupa a cena pública são basicamente os palhaços. Não é à toa que nós temos Berlusconi.


ZH – Que outros exemplos o senhor daria?

Giannotti – Temos o Berlusconi (Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália) o palhaço escrachado, temos o palhaço refinado, que é o Sarkozy (Nicolas Sarkozy, primeiro-ministro da França), ou temos o palhaço maravilhoso, o Macunaíma, que tem a capacidade de levantar todo o país, mas na hora de tomar grandes decisões as deixa para o sucessor. É o Lula.



ZH – O senhor é a favor da política de cotas nas universidades?

Giannotti – Sim. Não é possível deixar toda essa massa da população fora do ensino universitário, porque será prejudicada em sua formação. Só que tem um problema: eu prefiro que essas cotas não sejam raciais. Hoje, mais da metade da população brasileira é negra. Os negros são, basicamente, as classes pobres do país. Se houver cotas para pobres, tenho um processo de integração da população negra sem que meu filho precise, na escola, se declarar branco ou negro. Ainda quero conciliar o programa de cotas com a preservação do espaço público onde as pessoas não tenham que declarar suas raças, suas origens, sua sexualidade, sua religião e assim por diante.


ZH – Qual é o futuro do socialismo?

Giannotti – “Socialismo” é a palavra mais ambígua possível. Define-se o que é socialismo em uma determinada situação. No final do século 19, Oscar Wilde (escritor britânico) se dizia socialista. Não sei por que tenho dizer que Bakunin (anarquista russo) era socialista, e Oscar Wilde, não. O que é socialismo, você sabe? Socialismo é uma palavra vazia. O que nós temos são políticas de justiça social. Isso é o que vamos tentar construir. É mais fácil haver um socialismo brasileiro do que uma filosofia brasileira. Ninguém sabe o que é socialismo hoje! Sabemos o que é socialdemocracia. Isso sabemos. E sabemos que todo socialista é favorável à economia de mercado. (Risos.)


ZH – Recentemente, um comentarista escreveu que os intelectuais falharam ao não fazer um balanço sistemático dos anos Lula.
Giannotti – (Interrompendo.) Mas não se fez uma boa análise nem do governo Fernando Henrique Cardoso!

ZH – Como o senhor vê essa ausência de balanço?


Giannotti – Não se fez um balanço crítico nem do governo Fernando Henrique nem do governo Lula. Mas o governo Lula está acabando agora. O que está se escrevendo sobre o governo Lula, todo mundo sabe, é extremamente seminal.


ZH – Por que não se fez essa análise?
Giannotti – Porque os intelectuais estão fechados neles mesmos.


ZH – Há um componente ideológico nisso?
Giannotti – Não creio que haja um componente ideológico. O que existe é uma cegueira em relação à importância desses dois governos. Vamos dizer francamente: esses dois governos mudaram as perspectivas do país, com suas diferenças e suas proximidades. Fazer uma boa análise desses dois governos significa desenhar um projeto para o Brasil. E isso ninguém está fazendo.


ZH – O senhor tem se desinteressado da função de intelectual público?
Giannotti – Não, pelo contrário. Acompanho os acontecimentos políticos com o maior entusiasmo. Não desgrudei da TV enquanto a situação no Egito não se configurava.


ZH – O senhor arriscaria dizer o que se pode esperar do governo Dilma Rousseff?
Giannotti – Por enquanto, ela está se saindo bem no papel.


ZH – O Brasil pode ocupar um papel de protagonista no cenário mundial?
Giannotti – Não sei. Está diferente. Temos uma política que está mais ou menos correta, mas se fizermos cagada, vamos para o brejo. A inflação está rondando os nossos bolsos. Vamos ver como Dilma conseguirá segurar essa inflação. E o fenômeno não é apenas brasileiro. Já há linhas mundiais inflacionárias.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

À Deriva


Comenta-se que nos rankings dos jornais os filmes nacionais sempre aparecem com, no mínimo, (4) quatro estrelas.  Sim, claro, são os interesses xenófobos dos nossos críticos, mas não apenas isso, o momento do cinema nacional é realmente muito bom. E nesse contexto é que faço minha crítica -- positiva -- do filme À Deriva, produção de 2009, dirigido e escrito por Heitor Dhalia.

O ponto forte do filme é a fotografia. A água, os corpos nadando ou boiando na imensidão azul do mar ou nos azulejos da piscina. As ondas que se encontram e que fazem a cor opaca da areia desaparecer. E o recanto paradisíaco de Búzios, RJ, seus cactos, suas pedras claras, as ilhas, a linha do horizonte.  Não existe nada melhor no mundo do que um local aprazível e um pouco selvagem para se passar as férias de verão.

Laura Neiva, a Felipa, boiando na bela Búzios.
Um verão da década de 80, época que  não se usava cinto de segurança, que as pessoas fumavam, quando não havia, ainda,  o inferno e o conforto do celular, os embalos dos discos de vinil, das fitas K7, das sandálias do Dr. Scholl, das mobiletes, das latas de nescau, das fitas que prendiam os cabelos.

E a história que parece  banal, mas não é. A crise conjugal. As pequenas e grandes traições. A adolescência dos filhos, as pequenas e saudáveis gangs de praia, a  celebridade francesa, o ator  Vincent Cassel, a grande  Débora Bloch e a beleza intacta da menina de 14 anos que sonha em ser mulher.O nome da pequena atriz: Laura Neiva, como Felipa.

Efeitos (Positivos) da Deslulização do Brasil


Na época do governo do pop presidente ele dominava as manchetes do dia. Era ele tocando violino, colocando bonés de entidades, caminhando de tênis nos tuneis inaugurados.

O Brasil vive a deslulização. Existem os nostálgicos e os que comemoram. Este Blog comemora, porque, como disse o poeta da minha geração: o futuro não é mais o que era antigamente.

Artigo de Roberto Muylaert sobre o assunto, hoje na Folha

Questão de bom senso



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A despedida de Lula foi na hora certa, quando aprovação quase unânime fez com que perdesse o bom senso, uma qualidade fundamental


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A propaganda é mesmo a alma do negócio. Sem perceber, o Brasil ficou viciado em ouvir Lula a explorar, pela TV, a série "nunca antes neste país", que acabou se tornando refrão. De repente, parece que estamos em processo de desintoxicação do ex-presidente, não porque ele fosse tóxico, mas porque suas ubiquidade e loquacidade obrigavam os telejornais a fartas coberturas diárias de som e imagem.


É ponto pacífico que Lula deu condições para boa parte da classe mais pobre dos brasileiros sair da miséria. Por outro lado, sua despedida foi na hora certa, quando uma aprovação quase unânime fez com que perdesse uma qualidade fundamental para quem exerce o poder: bom senso.


Surge então a presidente Dilma, eleita a partir da avalanche de prestígio transferida por seu mentor, embora estreando nas urnas. A boa notícia é que, logo de saída, mostra bom senso: começa a trabalhar todo dia, cumpre horários, como quem ganha um novo emprego e precisa justificar o salário.


Uma de suas últimas decisões foi a de avisar aos auxiliares diretos que talvez seja melhor eles ficarem em Brasília nos finais de semana, já que podem ser chamados a qualquer momento: trabalho em tempo integral. Não mais aviões da FAB à disposição das autoridades para retornar ao lar nas sextas-feiras.


De um jeito ou de outro, ela anda tentando resolver, sem muita onda, o problema da herança deixada pelo presidente anterior, como ameaças à liberdade de expressão, deficit fiscal, inflação assanhada, real sobrevalorizado, inchaço da máquina pública, gastos públicos crescentes, falta de conscientização e de preparo de quem trabalha no governo.


Seria uma boa ideia enviar para as repartições públicas, junto com a foto da presidente, um dístico-lembrete, assim: "a missão do funcionário público é a de servir ao público". Alguns deles talvez nunca tenham sido informados disso.


Por último, valeu a sua percepção de que a compra dos caças da FAB do chamado projeto FX-2 precisava mesmo ser reavaliada.


Ela poderia ter levado, no embalo, o mico de US$ 10 bilhões em Rafales, sendo que, desde o ano 2000, os franceses não conseguem vender um caça desses para ninguém, a não ser compulsoriamente, para a sua própria Força Aérea.


Como ela anda preocupada com a vigilância das nossas fronteiras, o reequipamento poderia começar por embarcações rápidas e baratas para navegar no litoral e nos nossos rios, mais um reforço nos aviões de reconhecimento e nos Super-Tucanos, fabricados aqui mesmo.


A questão dos caças avançados, nada difícil de decidir, ficou entre o modelo americano F-18 E/F, o mais testado em combate, pela postura bélica permanente dos irmãos do Norte, e o Gripen NG, da Suécia, aquele que nos daria maior independência tecnológica, por ser um avião ainda em projeto, embora já existam 230 aeronaves de outros modelos desse mesmo avião voando em cinco forças aéreas.


O Brasil pode compartilhar esse projeto com os suecos, a ponto de se tornar, no futuro, exportador desses caças, cujo custo de operação é dividido por dois, pelo fato de ser monomotor, dotado de uma turbina de grande confiabilidade.


Ainda no quesito bom senso, falta Dilma perceber que não está com nada aquela coisa jeca de uma presidente da República ficar dando beijinho de duas bochechas em todo mundo, no Brasil e no exterior.


Além de pouco salubre, esse hábito faz perder tempo, algo que ela tem sabido utilizar com critério, até agora, com horário para começo e fim das reuniões palacianas.

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ROBERTO MUYLAERT, jornalista, é editor, escritor e presidente da Aner(Associação Nacional dos Editores de Revistas). Foi presidente da TV Cultura de São Paulo (1986 a 1995) e ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social (1995, governo Fernando Henrique Cardoso).

Porque hoje é sexta

A chuva forte que cai sobre a estrada nos campos de cima da serra.
No mundo Árabe a sombra da revolta contra o ditador maluco. No Japão o protesto dos vendedores de robôs. Na América Latina a discussão sobre o mínimo que impacta a economia. Na Europa o frio que grassa no campeonato mundial de inverno. Na Austrália o sucesso dos cangurus de metal. Nos Estados Unidos a celebridade que furtou na livraria é apresentada na polícia.

E desligamos a tv com a inevitável sensação de "deja vu".