Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jaqueline Roriz foi Absolvida e a Culpa é do Povo Brasileiro






Jaqueline Roriz lê sua defesa ontem no Congresso, a velha desculpa dos pilantras: estamos sendo atacados pela mídia.


Está mais do que provado, está comprovado, o vídeo -- nunca contestado -- mostra a cena, a deputada recebe dinheiro, propina, isso é corrupção. O vídeo foi mostrado no Jornal Nacional, o Brasil inteiro viu, o Brasil inteiro sabe.

Mas os nossos nobres parlamentares resolveram absolver Jaqueline, 265 votos contra 166.

A culpa é de quem? Dos nossos deputados? Também.

Mas a grande culpa é de quem colocou esses parlamentares lá: o povo brasileiro.

Greves no Chile - Que é Vítima de Seu Próprio Sucesso



O que está acontecendo no Chile?


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Quanto mais uma sociedade tem acesso à educação, maior a demanda por qualidade; portanto, o Chile parece ser vítima de seu próprio sucesso


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Há mais de dois meses, os estudantes estão em greve no Chile.
Mais de 70% da população apoia o protesto. É paradoxal que o melhor sistema de educação da região esteja vivendo uma crise, enquanto o Brasil, com indicadores educacionais bem piores, pareça satisfeito.
O Chile tem o mais alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região. Noventa por cento dos jovens chilenos têm ensino médio completo, e mais de 50% estão no ensino superior. No Brasil, menos de 40% dos jovens conseguem terminar o ensino médio, e 10% chegam à universidade.
Quanto mais gente em uma sociedade tem acesso à educação, maior é a demanda por sua qualidade e pela ampliação do acesso a níveis mais altos. Portanto, o Chile parece ser vítima de seu próprio sucesso. O país fez a lição de casa na educação básica.
Além de aumentar seu acesso e conclusão, ampliou a jornada escolar criando um único turno. Todos os alunos têm sete horas de aula, e os professores trabalham em uma só escola. O gasto por aluno, além de maior que o nosso, é proporcional à renda da família: as escolas que atendem aos mais pobres recebem mais dinheiro.
A diferença no desempenho entre os pobres e os ricos já diminuiu, como mostrou a prova internacional do Pisa, mas a desigualdade ainda incomoda os chilenos.
Uma de suas reivindicações é que se escreva na Constituição que a qualidade da educação seja um direito garantido pelo Estado.
O grande problema está no ensino superior -estopim das manifestações. Mais de 75% do gasto está nas mãos das famílias.
O aumento no acesso incluiu os mais pobres -sete de cada dez estudantes são os primeiros da família a ingressar em um curso superior-, mas eles têm dificuldades em pagar as mensalidades, e as bolsas de estudos são escassas.
As taxas de juros do crédito educativo são altas para o padrão chileno -de 6% a 8% ao ano-, e os graduados acabam comprometendo parte importante de sua renda no pagamento da dívida. Mais de 40% estão inadimplentes.
Soma-se a isso a percepção de que o Estado chileno não é capaz de fiscalizar as universidades privadas, que por lei não podem ter lucro, nem de garantir que elas entreguem uma educação de qualidade.
O progresso econômico do país, a diminuição da pobreza e a entrada dos chilenos na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aumentou a expectativa da sociedade sobre o seu desenvolvimento social.
Apesar de haver se distanciado dos países da região, o Chile olha para o mundo desenvolvido e percebe que ainda está longe de ser um país equitativo e justo.
Os jovens chilenos, ao contrário dos brasileiros, não parecem dispostos a esperar até 2020 para ter uma educação de qualidade para todos. Devemos aprender com o vizinho que ampliou as oportunidades educacionais e transformou a educação em prioridade nacional.
Não há dúvidas de que o Chile vai sair fortalecido dessa "crise".
Pena que nós, brasileiros, não estejamos passando pelo mesmo tipo de problema.

Artigo de Paula Louzano - doutora em educação pela Universidade Harvard (EUA) e pesquisadora da Fundação Lemann -- e Gregory Elacqua - diretor do Instituto de Políticas Públicas da Universidade Diego Portales, no Chile.

Publicado na Folha de hoje.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Confonto que Emperra o Rio Grande


No fundo, no fundo, matéria de ZH elogia Tarso e critica Olívio

Muito boa a matéria de capa de Zero Hora deste domingo, gosto pelo confronto emperra o Rio Grande, uma grande verdade.

Tem gente que não gostou, como se lê aqui - Falácias, amnésia seletiva e má sociologia da RBS deseducam o “Rio Grande”

O grande ranço que certa esquerda tem com a ZH vem do governo Olívio, mas esse governo fez de tudo exatamente para atrapalhar o necessário empreendedorismo, afastou investidores, torceu o nariz para o capital e todos os projetos que haviam sido aprovados no governo anterior foram barrados. Um deles o projeto do cais do porto. Foi a partir dai que o RS começou a perder espaço para outras regiões. E as críticas que a ZH fez ao governo Olívio foram sim totalmente procedentes pelos motivos apontados acima. Olívio não fez uma revolução, ele foi eleito num regime capitalista e deveria ter respeitado as regras do jogo. Não respeitou. Rompeu com a Ford (e por favor não venham me dizer que foi FHC que mandou a Ford embora, porque bastava Olívio ter liberado os valores contratados para a multinacional, o que não fez) não fez o cais do Porto e muitos outros (bons) projetos foram arquivados.  Agora, com Tarso é diferente e bem diferente. Tarso está fazendo um grande governo exatamente porque é muiiiito diferente de Olívio. O artigo de ZH, no fundo, no fundo, é uma homenagem e reconhecimento a Tarso e uma rotunda crítica ao péssimo governo Olívio, que foi rejeitado até mesmo (vejam só) pelo seu próprio partido.

Zé Dirceu e a Irrelevância da "Cortina de Fumaça"



Imperdível a Veja desta semana sobre o "poderoso chefão" Zé Dirceu.

O grande capo tenta desqualificar a reportagem alegando que o repórter da Veja tentou invadir seu quarto. Isso é fumaça para despistar incautos. O fato é que Zé Dirceu mora num 5 estrelas pertinho do ciclo do poder, tem motorista e todo um staff que trabalha para ele. Dizem que ele viaja de jatinho. A verdade verdadeira -- comprovada pelas fotos dos corredores do hotel -- é que Zé Dirceu recebe em seu quarto de hotel ministros, diversos ministros, deputados, senadores, pessoas importantes e influentes do poder.

Pergunta, quem paga essa conta? Porque ministros importantes vão ao quarto de Zé Dirceu?

E não me venham replicar dizendo que a Veja fez isso, isso e aquilo, porque o que a Veja fez foi uma lição de cidadania: mostrar ao Brasil que o arquiteto do mensalão continua plenamente na ativa.

E alguém paga essa conta.

sábado, 27 de agosto de 2011

Direto dos Discos de Vinil - Pô, Amar é Importante



Mais um hit alternativo do início dos anos 80 -- Arrigo Barnabé e Tetê Espíndola.


Tetê Espíndola e sua voz super soprano.

O Mago Arrigo Barnabé.







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Dos Meus Discos de Vinil -- Itamar Assumpção - Fico Louco




Pena que Itamar Assumpção morreu tão cedo. Ele tinha muito talento. Na década de 80 assisti um show dele -- fantástico -- na Reitoria da UFRGS.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Não, A Africa Nâo é Pobre Por Culpa do Capitalismo!


Estava lendo no Blog da Professora Raquel Nunes que os valores do capitalismo é que mantém a Africa pobre: Diz ela:
Sempre que aparece alguém  me dizendo que não inventaram nada melhor que o capitalismo de mercado para gestão de recursos e atendimento de demandas, jogo na cara deles a fome em meio à abundância e tudo o que eles me respondem de volta é: a culpa disso é justamente a interferência de estados nacionais corruptos, principalmente na África, conforme alude o texto abaixo: o princípio do capitalismo, da busca prioritária pelo lucro, impõe a distância entre as pessoas e os bens, e os estados nacionais apenas se submetem, pois são comandados por testas de ferro políticos do sistema.


O "texto abaixo" é do jornal Brasil de Fato, do MST. Complicado.

Mas dou meu pitaco:

Como disse o escritor Moçambicano Mia Couto, na Africa ocorreram duas tragédias: a chegada dos europeus e a saída dos europeus.
Grande parte da  Africa nem chegou ao estágio do capitalismo e a muitos países africanos tiveram a trágica experiência do socialismo real. Na verdade, a maioria dos africanos continuam vivendo os tempos da barbárie. Estados nacionais africanos? Onde eles estão?  Muitos povos africanos, a maioria,  passa fome,  por culpa de sua própria desorganização, porque não existe estado, e seus povos são constantemente vitimados por crônicos massacres internos, guerras de facão -- entre grupos e etnias -- que dizimam familias inteiras é realidade diária no continente africano. Para se entender melhor a Africa temos que ler os africanos. Leiam os livros dos autores  moçambicanos e angolanos, como o dramático relato da  moçambicana Paulina Chiziane - que foi da FRELIMO -- que escreveu Ventos do Apocalipse que descreve as tragédias, as sagas das lutas internas (entre negros) dos povos de Moçambique ou até mesmo o já citado   Mia Couto (que é branco) e  do angolano (negro)  José Loandino Vieira.

Nada é tão simples assim. É lastimável  que um continente com um potencial imenso continue a viver na idade das trevas. As regiões socialmente mais desenvolvidas da Africa são exatamente aquelas onde o capitalismo mais se desenvolveu. Coincidência? É evidente que não

Saudades dos Autênticos Governos Petistas!





charges do Angeli publicadas na Folha

O governo Dilma é uma chatice. Na época do Lula a gente, pelo menos, se divertia com "os menas", com os erros de concordância  e com as baboseiras que o "cara" gostava de dizer diariamente.

O governador gaúcho, Tarso Genro, também é um baita chato. Na época do governo do companheiro Olívio Dutra era bem diferente. Todo o dia tinha uma notícia bombástica, alguma briga ele comprava. Ele adorava dizer: nenhum parafuso será doado para multinacionais, mas deu dinheiro para a GM. São maravilhosas as contradições petistas.

Dilma e Tarso nem parecem ser do PT. Governo bom do PT é aquele dos velhos tempos,  que fazia balançar as estruturas e os fatos viravam notícias bombásticas que alimentavam as discussões. E era tudo inflamado. Hoje a vida se tornou mamão com açucar. Os atuais governos petistas são sonolentos, murchos e este Brasil está virando uma chatice. Essa que é a verdade.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Paixão de Kadafi por Condoleezza

No Terra:

 Kadafi escondia álbum de fotos de Condoleezza Rice em palácio

Rebeldes observam álbum de Condoleezza Rice encontrado no palácio de Kadafi, em Trípoli. Foto: AP Rebeldes observam álbum de Condoleezza Rice encontrado no palácio de Kadafi, em Trípoli
Foto: AP

O líder líbio Muammar Kadafi escondia em seu palácio um álbum de fotos da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice. A imprensa deu destaque nesta quinta-feira para as fotografias de um álbum descoberto pelos rebeldes líbios ao entrar no palácio que revela que a paixão de Kadafi por Condoleezza ia além das palavras que já havia dedicado a ela em público.
Em uma entrevista à rede de televisão Al Jazeera em 2007 - um ano antes da visita histórica que a chefe da diplomacia americana fez à Líbia-, Kadafi declarou sua admiração pela americana. "Admiro a forma como se reclina e dá ordens aos líderes árabes... Leezza, Leezza, Leezza. Gosto muito dela. Me sinto orgulhoso porque ela é uma mulher negra de origem africana", disse o ditador na ocasião.
No álbum, que alguns meios de comunicação compararam aos que um adolescente guarda de seu ídolo musical, podem ser vistas fotografias oficiais de Rice em eventos públicos, algumas em primeiríssimo plano. Perguntada sobre a coleção de fotos do líder líbio, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, reconheceu que não as viu, mas acredita que também não necessita fazê-lo "para definir como excêntrico e repulsivo o comportamento de Kadafi".

Em setembro de 2008, Condoleezza Rice realizou uma viagem oficial a Trípoli, a primeiro de um secretário de Estado em 55 anos, depois que em 1953 o então titular desse cargo, John Foster Dulles, se encontrou com o rei líbio Idris. Durante a visita, Kadafi rompeu o jejum do Ramadã para jantar com Condoleezza e presenteou a convidada com lembranças avaliadas em até US$ 212 mil.
Entre os presentes havia um anel com um diamante, um alaúde acompanhado de um DVD, um cadeado com uma foto de Kadafi no interior e uma cópia do "Livro Verde da Revolução" com uma dedicatória na qual o ditador expressava seu "respeito e admiração" por ela. Muito mais discreta, Condoleezza entregou a Kadafi um prato com o selo dos EUA. Além disso, devido à estrita política do Departamento de Estado, a então secretária não pôde aceitar os presentes.

Segundo o jornal Huffington Post, Kadafi não é o único que tinha uma queda por Condoleezza: o ex-ministro de Relações Exteriores do Canadá, Peter McKay; o ex- ministro de Exteriores britânico, Jack Straw; e o ex-ministro de Relações Exteriores italiano, Massimo D'Alema, também sentiram mais que admiração pela política americana.

Guerra Perdida

Traficantes de drogas do Complexo do Alemão posam para foto na zona oeste do Rio de Janeiro, um pouco antes da ocupação daquela comunidade pela polícia, foto de 7 de novembro de 2010, Felipe Dana.

Os estados nacionais deveriam mudar a estratégia em relação ao combate ao tráfico de drogas. Perde-se muita grana e muito tempo combatendo titiquinhas, como as marijuanas da vida. A nossa sociedade está se viciando no crack - pasta derivada da cocaina - e isso tem de ser combatido. O foco deve ser esse.

Sobre esse assunto matéria do Financial Times, traduzida pelo UOL:

Fracasso na luta contra o tráfico de drogas é crescente na América Latina

O aumento estonteante dos preços das commodities nos últimos dez anos teve duas exceções notáveis: a heroína e a cocaína.
Ambos os produtos desafiaram a inflação de uma forma só equiparável aos microprocessadores de computadores: os narcóticos estão mais baratos em valores reais do que estavam 20 anos atrás.
Esta é apenas uma ilustração de um fracasso global da tentativa de restringir a oferta de drogas ilegais. Embora a luta tenha custado bilhões de dólares e milhares de vidas, o negócio – e os seus efeitos sobre aqueles que consomem esses produtos – praticamente não foi afetado. A produção aumentou, e o consumo global cresceu com ela. Dos cerca de 272 milhões de consumidores mundiais de drogas ilegais, aproximadamente 250 mil morrem por ano.

Biutiful É Muito Punk

Bardem está perfeito nesse filme de Iñarritu


São bons esses dramáticos  filmes do mexicano Alejandro González Iñárritu (Babel, Amores Perros e 21 gramas). Seu último filme, "Biutiful" é mesmo um soco no estômago. O tema favorito dele é a globalização, imigrantes ilegais, tráficos, enfim a diversidade pós moderna, étnica e cultural. Dessa vez ele escolheu o grande Javier Bardem e os graves problemas da  Barcelona atual. Bardem é Uxmal,um cara do bem, uma ponte entre os espanhóis e os imigrantes ilegais, mas tudo dá errado na vida dele. Tragédias, tragédias e tragédias. No final uma dúvida, será que a imigrante senegalesa foge com a grana?

Biutiful é muito punk, mas recomendo.



Crítica da Folha de S. Paulo sobre o filme abaixo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

E se Obama Fosse Africano?



Hoje cedo a senhora Maia me acordou para ler o que Mia Couto -- escritor moçambicano que vive em Portugal -- escreveu sobre os EUA. Que os americanos são isso, que são aquilo e aquilo outro. Que jogam bombas, que matam inocentes, torturam, apoiam ditadores, invadem países tudo por conta dos interesses de suas multinacionais. E, finalmente, concluiu: eu detesto os EUA.

Eu apenas disse a ela, nada é tão simples assim.

Os "Sem Religião" Avançam no Brasil



Como ateu ou agnóstico (qual é mesmo a diferença?) só posso comemorar essa recente pesquisa do IBGE.

Leio na Folha, em matéria do Hélio Schwartsman,  que "Os sem religião avançam nos extremos da pirâmide social".


Segundo a matéria, na década de 60, apenas 0,5% dos brasileiros se declaravam "sem religião". Em 2003 o número aumentou para 5,1% e em 2009 para 6,7%.  13 milhões de brasileiros se declaram "sem religião".

O detalhe interessante da pesquisa é que entre os brasileiros com menos de três anos de instrução, os irreligiosos são 7,3% (contra 6,7% na população). Já entre as pessoas com 12 ou mais anos de estudo, o número vai a 7,5%. O detalhe instigante é que, quando se consideram apenas mestres e doutores, a cifra salta para surpreendentes 17,4%.
Essa distribuição é compatível com um perfil de sem religião no qual ateus e agnósticos preponderariam nas camadas mais instruídas e pessoas com uma religiosidade indefinida e desinstitucionalizada reforçariam os estratos de menor escolaridade.


A correlação entre hiperinstrução e ateísmo está bem documentada em diversos trabalhos de diferentes países. Já o maior trânsito religioso é mais comum entre os menos escolarizados.


Até onde os sem religião podem crescer é uma incógnita. Se o Brasil seguir um padrão próximo ao dos EUA, é razoável esperar que, nos próximos anos, o número se aproxime dos 15%. Se o modelo for mais próximo ao da Europa ocidental, aí as cifras podem exceder os 40%.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Namorando Ditaduras

Deu no Diário Gauche de hoje, o pitaco vem depois.

Líbia: sem ditador, mas colonizado

Latuff


A bandeira da Líbia (acima, na ilustração de Latuff) usada pelos "rebeldes da Otan" é a mesma da monarquia, expulsa por Kadafi em 1969. 

Meu pitaco - Muito melhor ser 'colonizado' do que viver numa ditadura. Impressionante como certa esquerda adora namorar ditaduras.

Lentes

 

 Não nasci de óculos - nem de lentes. De manhã cedo, após ler o jornal, me debruço sobre a pia. Enquadro o olho esquerdo no espelho. Esse é barbada, na primeira oportunidade a lente se adere. Com a do lado  direito é outra história, sempre é assim,  diversas as tentativas. Sempre me pergunto, o que passa com meu olho direito?
 
Aos 25  passei a não enxergar mais as legendas no cinema, o nome da linha do lotação, o número do ônibus. O Doutor me prescreveu óculos. Juro que não fiquei tão chateado. Comecei a usar, mas sempre achei muito estranho. Tentei as lentes -  não me adaptei com as primeiras, mas quando desembarcaram as descartáveis - tudo mudou. Eu as uso direto;  coloco -- com alguns percalços -- de manhã cedo e só tiro quando vou dormir. Nunca durmo com elas, é que nem dormir de sapato.

Montagem das "Poderosas da Revolução" Coloca Jornalista na Prisão - Onde? Ora, Na Venezuela


Por conta desse cartaz, dessa montagem jornalistas foram presos na Venezuela.
Deu na Folha hoje:
E depois dizem que na Venezuela existe liberdade de crítica e expressão.
E não é a primeira vez que isso acontece.

Foto de 'mulheres de Chávez' leva a prisão

Diretora de semanário venezuelano é detida após publicar montagem com autoridades como dançarinas de cabaré

Segundo advogado, Dinorá Girón é acusada de fazer 'instigação ao ódio'; Justiça proibiu a distribuição e a edição

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Agentes do serviço de inteligência venezuelano mantêm detida desde anteontem a diretora do semanário "Sexto Poder", que em sua mais recente edição publicou montagem em que mulheres que ocupam altos cargos públicos aparecem como dançarinas de um cabaré chamado "revolução".


Segundo o advogado da publicação, Pedro Aranguren, a diretora, Dinorá Girón, e o editor-presidente, Leocenis García, foram acusados pelo Ministério Público de "instigação ao ódio".


Segundo o semanário, a Justiça proibiu, por medida cautelar, a edição e a distribuição de "Sexto Poder". O periódico opositor vende, segundo seus proprietários, 80 mil exemplares semanais.


'MÍSTER CHÁVEZ'


Na fotomontagem, os rostos da presidente do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), Luisa Estela Morales, da defensora do povo (ouvidora), Gabriela Ramírez, da procuradora-geral, Luísa Ortega Díaz, aparecem colados em corpos de dançarinas.


O título do texto é "As poderosas da revolução", e se menciona um cabaré comandado por "míster Chávez". Também fazem parte da sátira a controladora-geral, Adelina González, a presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, e a vice-presidente da Assembleia, Blanca Eekhout.


"Ao som da melodia de um piano, as seis mulheres divertem o público com esperados bailes de pernas ao ar, que vem e vão, e saias ondeantes que se movem ao ritmo das canções tocadas pela banda 'PSUV' [partido governista]", diz o texto. "Não vamos permitir que nós nem nossas famílias sejam vilipendiadas ou ofendidas de nenhuma maneira", disse Morales, do TSJ. As afetadas fizeram uma manifestação de repúdio contra a publicação.
Uma sessão da Assembleia Nacional da Venezuela discutia o tema ontem.


Sobre o Silêncio Hipócrita de Certa Esquerda a Respeito da Derrocada de Kadafi

Rebelde pixa muro com a caricatura de Kadafi  Gadayem, oeste de  Tripoli, em 21 de agosto de 2011. (Filippo Monteforte/AFP/Getty Images) #
Onde Está Kadafi?

Certa esquerda, com memória absolutamente seletiva,  adora torcer o nariz em relação a alguns fatos que pipocam por ai. Sim Kadafi já foi amigo do ocidente, das grandes potências, assim como o Taleban -- que defendia a retirada soviética do país na épocada guerra fria. As pessoas são movidas a interesses e  por isso  mudam de lado. Os países e seus regimes também  mudam de lado. Tudo é mutável e dinâmico. Os interesses econômicos são os que efetivamente importam. E assim seguimos nossas vidas no rumo da sagrada hipocrisia. Assim como os donos do poder são hipócritas -- e necessitam da hipocrisia para continuar no poder -- certa esquerda também adora investir na hipocrisia, porque faz questão de defender todos os tiranos que erguem sua voz contra as potências imperiais (porque para eles essas nunca têm razão) e por isso os Blogs da nossa esquerda ficam em completo silêncio quando ditaduras e regimes autoritários caem porque o povo unido que jamais será vencido assim quer. Assim aconteceu no Afeganistão quando as forças americanas libertaram o povo afegão das garras do Taleban e assim está acontecendo agora com a possível derrocada de Kadafi.

A propósito, Kadafi já chegou a Caracas?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

É Bom Esse Western Spaghetti



O Bonzinho, o Malvado e o Feio

É um western, produção italiana e filmado na Espanha em 1966. A direção é do grande, do magnífico, do sensacional Sérgio Leone. E a trilha sonora, ah, a trilha sonora é do estupendo Enio Morricone. O título italiano é Il buono, il brutto, il cattivo que, na tradução do português de Portugal é O bom, o mal e o vilão. Os ingleses preferiram traduzir para the god, the bad and the ugly. E no Brasil, como não poderia deixar de ser, o título é completamente insosso: três homens em conflito. O filme faz parte de uma trilogia -- apelidada de western spaghetti --  em 1964 foi produzido Per un pugno di dollari (Por Um Punhado de dólares) (A Fistful of Dollars) e em 1965 – Per qualche dollaro in più (Por Uns Dólares a Mais) (For a Few Dollars More). Foi Sérgio Leone convidou o novato ator Clint Eastwood que faz o papel de Blondie, o bonzinho, mas quem rouba o filme é Eli Wallach que faz o papel de Tuco, the Ugly.

Recomendo com estrelinhas.

sábado, 20 de agosto de 2011

Cinco Receitas Para Se Transformar num Autêntico Latino Americano



Já tinha lido o guia politicamente incorreto da história do Brasil do Leandro Narloch. Dessa vez eles e Duda Teixeira  estão lançando o guia politicamente incorreto da América Latina. Passei no shopping e peguei.

A introdução é bem legal: a receita para se preparar um bom latino americano só pode ser a seguinte: (fiz uma adaptação do que está escrito no livro)

a) Lamentar - nós, latinos americanos gostamos de lembrar episódios tristes da nossa história: massacre dos índios, escravidão, ditaduras violentas.

b) Encarar a cultura local como forma de resistência -- O bom mesmo é usar ponchos, saias coloridas, bombachas, lenços vermelhos, camisetas da grife Che.

c) Condenar o capitalismo - Cara, isso é essencial. O legítimo latino americano tem que acreditar que o comunismo foi uma boa idéia, mas mal implantada, mas já que ele está tão distante, na direção da utopia, temos que defender sistemas sociais, solidários, justos e comunitários.

d) Denunciar a dominação externa -- Isso é uma barbaridade, os gringos nos exploram. Primeiro foram Portugal, Espanha, França e depois os ingleses e, of course, os americanos. Como disse o nosso guru, Eduardo Galeano, no hit simplista Veias Abertas da América Latina: "a cada país dá-se uma função, sempre em benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento."

e) Cultuar Heróis Perversos - Quanto mais bobagens eles falarem e quanto mais eles sabotarem seu próprio pais mais estátuas, mais camisetas, mais cultuados eles serão.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Porque Microsoft e Apple Oferecem os Melhores Produtos, Estúpido!!!!


Duas grandes cabeças dos nossos tempos: Steve Jobs da Apple e Bill Gates da Microsoft. Eles são ricos, famosos, porque os produtos que eles vendem são muito bons.

Meu filho tem 11 anos e utiliza em casa o sistema Microsoft ou Apple. Na escola eles usam Linux. Outro dia ele me disse, pai os computadores da escola são muito ruins, são lentos e burros.

Leio nos Blogs Alfabetizados Políticos  e Trezentos uma denúncia de  que o Ministério do Planejamento do governo petista de Dilma estaria beneficiando, em concorrência pública, a Microsoft.  O fato estaria desagradando o pessoal do software livre.

E o governo -- que tem de ter um serviço público competente, sobretudo para melhorar as condições de vida das pessoas mais carentes -- tem que utilizar o que existe de melhor no mercado. Sempre defendi as contratações da Microsoft nos governos FHC e Dilma (que faz um bom governo ) faz muito bem em contratar o que há de melhor.


Porque Este Blog Sempre Esteve Aberto aos "Gauches"

Manifestante atira pedra e fogo numa van em Tottenham

Considero as revoltas inglesas (como pode acontecer  esse tipo de manifestação, digna de terceiro mundo, em um país socialmente desenvolvido????) o  grande assunto dos tempos recentes. Este Blog acompanha de perto este fato, porque o tema é fascinante. Desta vez publicamos artigo do professor português Boaventura de Souza Santos, publicado hoje na Folha. Mais um que descasca a "sociedade neoliberal",  David Cameron e o  consumismo (que gera emprego, renda e impostos).

O caos da ordem



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Em Londres, estamos perante a denúncia violenta de modelo que tem recursos para resgatar bancos, mas não os tem para uma juventude sem esperança


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Os motins na Inglaterra são um perturbador sinal dos tempos. Está a ser gerado nas sociedades um combustível altamente inflamável que flui nos subterrâneos da vida coletiva sem que se dê conta.


Esse combustível é constituído pela mistura de quatro componentes: a promoção conjunta da desigualdade social e do individualismo, a mercantilização da vida individual e coletiva, a prática do racismo em nome da tolerância, o sequestro da democracia por elites privilegiadas e a consequente transformação da política em administração do roubo "legal" dos cidadãos. Cada um dos componentes tem uma contradição interna.


Quando elas se sobrepõem, qualquer incidente pode provocar uma explosão de proporções inimagináveis. Com o neoliberalismo, o aumento da desigualdade social deixou de ser um problema para passar a ser a solução.


A ostentação dos ricos transformou-se em prova do êxito de um modelo social que só deixa na miséria a maioria dos cidadãos porque estes supostamente não se esforçam o suficiente para terem êxito.


Isso só foi possível com a conversão do individualismo em valor absoluto, o qual, contraditoriamente, só pode ser vivido como utopia da igualdade, da possibilidade de todos dispensarem por igual a solidariedade social, quer como agentes dela, quer como seus beneficiários.


Para o indivíduo assim construído, a desigualdade só é um problema quando lhe é adversa; quando isso sucede, nunca é reconhecida como merecida. Por outro lado, na sociedade de consumo, os objetos de consumo deixam de satisfazer necessidades para as criar incessantemente, e o investimento pessoal neles é tão intenso quando se têm como quando não se têm.


Entre acreditar que o dinheiro medeia tudo e acreditar que tudo pode ser feito para obtê-lo vai um passo muito curto. Os poderosos dão esse passo todos os dias sem que nada lhes aconteça. Os despossuídos, que pensam que podem fazer o mesmo, acabam nas prisões.


Os distúrbios na Inglaterra começaram com uma dimensão racial. São afloramentos da sociabilidade colonial que continua a dominar as nossas sociedades, muito tempo depois de terminar o colonialismo político. Um jovem negro das nossas cidades vive cotidianamente uma suspeição social que existe independentemente do que ele ou ela seja ou faça.


Tal suspeição é tanto mais virulenta quando ocorre numa sociedade distraída pelas políticas oficiais da luta contra a discriminação e pela fachada do multiculturalismo.


O que há de comum entre os distúrbios da Inglaterra e a destruição do bem-estar dos cidadãos provocada pelas políticas de austeridade comandadas por mercados financeiros? São sinais dos limites extremos da ordem democrática.


Os jovens amotinados são criminosos, mas não estamos perante uma "criminalidade pura e simples", como afirmou o primeiro-ministro David Cameron.


Estamos perante uma denúncia política violenta de um modelo social e político que tem recursos para resgatar bancos e não os tem para resgatar a juventude de uma vida sem esperança, do pesadelo de uma educação cada vez mais cara e mais irrelevante, dados o aumento do desemprego e o completo abandono em comunidades que as políticas públicas antissociais transformaram em campos de treino da raiva, da anomia e da revolta.


Entre o poder neoliberal instalado e os amotinados urbanos há uma simetria assustadora. A indiferença social, a arrogância, a distribuição injusta dos sacrifícios estão a semear o caos, a violência e o medo, e os semeadores dirão amanhã, genuinamente ofendidos, que o que semearam nada tem a ver com o caos, a violência e o medo instalados nas ruas das nossas cidades.

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BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, sociólogo português, é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal). É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2007).

Descascando Cameron

Primeiro ministro britânico, David Cameron que teve a infeliz idéia de propor o bloqueio das redes sociais nas zonas de turbulência social na Inglaterra de nossos tempos.


Colapso moral

Aqueles que se veem como excluídos da sociedade não têm razão alguma para obedecer às suas normas.


Eis uma colocação trivial que qualquer habitante de metrópoles brasileiras aceitaria. Conhecemos bem tal situação social onde a exclusão e a falta de perspectiva gera a descrença (no melhor cenário) ou a violência (no pior) contra o império das normas sociais.


Muitos gostariam de chamar isso de "sociologismo vulgar", como se fosse questão de afirmar que onde há pauperização sempre haverá crime.


Talvez seja o caso de simplesmente dizer que a pauperização e o sentimento de ter sido deixado de lado pelo Estado gera, de maneira forte, a desagregação do laço social.


Quando não há nada que sirva de contrapeso a tal processo, é fácil começar a ver carros queimados, lojas quebradas e outros atos de vandalismo.


Nesse sentido, há algo de profundamente cômico em ouvir o premiê britânico, David Cameron, afirmar que a Inglaterra está vivendo um "colapso moral" e que devemos colocar os confrontos em Londres e em outras cidades na conta da ausência de valores como "espírito de equipe, decência, dever e disciplina".


Sim, as escolas e as famílias não ensinam mais esses grandes valores, mas, segundo o primeiro-ministro, em seu papel de último esteio moral da ilha, "desencorajam o trabalho" e fornecem "direitos sem responsabilidade". Por muito pouco, não fomos brindados com a ideia inovadora de que as altas taxas de desemprego eram fruto da "preguiça".


Alguém deveria ter dito a Cameron que ele não é exatamente um bom enunciador contra o colapso moral britânico, ainda mais depois de um de seus principais assessores ser pego envolvido no escândalo que expôs as relações incestuosas entre a política britânica e o magnata da mídia Rupert Murdoch.


Da mesma forma, quando seu governo destrói todo o resto de sistema público de educação e de assistência social após ter pago (com o beneplácito de seu partido) a conta de bancos responsáveis pela crise de 2008, há de se perguntar se o colapso moral vem da City ou de Tottenham.


Pelo menos Cameron mostrou o que o pensamento conservador pode nos oferecer hoje: ladainhas morais em vez de ações enérgicas contra os verdadeiros arruaceiros, ou seja, esses que operam no sistema financeiro internacional.


Enquanto isso não ocorrer, jovens roubando lojas de iPads e tênis continuarão dizendo: não aceitaremos estar fora do universo de consumo e sucesso individual que vocês mesmos inventaram. Nós entraremos nele, nem que seja saqueando.


Por isso, antes de cobrar responsabilidades de setores desfavorecidos da população, Cameron deve parar de tentar escapar de suas próprias.

Artigo de Vladimir Safatle na Folha de hoje.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

E a Ipanema FM Morreu.


Sai o Rock e Entra o Sertanejo

Sou eclético, gosto de tudo, menos de música sertaneja. Não, não sei quem é Luan Santana ou Bruno e Marrone. Pois hoje -- quando vinha para o trabalho -- ouvi comentários na Band FM de Porto Alegre, no programa do Diego Casagrande,  que a rádio Ipanema mudou de programação. Imediatamente coloquei no 49.9. Era um cantor com voz de taquara rachada dizendo  que não aguenta mais as mentiras da mulher amada, acompanhado por um arranjo de lascar.

Uma pena, a Ipanema FM de Porto Alegre foi um marco da programação do rock alternativo de Porto Alegre morreu. Virou história e foi sucedida pelo que há de mais medíocre na programação musical: a música sertaneja.

Como disse o Milton Ribeiro no seu Blog:
A ex-Ipanema FM de Porto Alegre trocou The Who, Stones, Beatles, Radiohead, Amy Winehouse e todo o rock gaúcho e brasileiro por Luan Santana, Bruno Marrone e todo o sertanejo universitário.

O locutor Cláudio Cunha chuta o balde na sexta-feira passada na verdadeira Ipanema FM e é tirado do ar.
Absurdo.



Eles Dobram Por Ti

O grande Ernest Hemingway posa ao lado das forças republicanas na guerra civil espanhola (1936/39)

Por Quem os Sinos Dobram

Depois de ter assistido o último filme de Woody Allen me deu uma vontade louca de ler  Ernest Hemingway. Então, fui buscar numa prateleira o clássico, "Por Quem os Sinos Dobram". É uma obra de 1940  desse escritor que se engajou nas fileiras republicanas na sangrenta Guerra Civil Espanhola (1936/39) que dividiu ideológicamente a Espanha. Robert ou Roberto Jordan talvez seja  Hemingway,  porque americano, professor de espanhol e engajado nas brigadas internacionais que tinham o apoio da antiga União Soviética. Não, o livro não exalta a babaquice do sonho esquerdista.

 Ele  faz uma análise ácida, com críticas à atuação extremamente violenta das tropas de ambos os lados: a direita auxiliada pelo governo fascista italiano e nazista alemão e a esquerda pelas brigadas internacionais e União Soviética. Critica também a burocratização e o panorama de privilégios rapidamente instaurado no lado da República.

Acima de tudo o livro trata, no entanto, da condição humana. O título é referência a um poema, e invoca o absurdo da guerra, mormente a guerra civil, travada entre irmãos. "Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade". (segundo a wikipédia)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Israel e Suas Desigualdades



No fim de julho de 2011, 250.000 pessoas invadem a  avenida Rothschild, uma das principais vias de Tel Aviv, para protestar contra o aumento no preço dos aluguéis e o corte de benefícios sociais.

Do New York Times

Protestos forçam Israel a confrontar a desigualdade de riqueza


Ethan Bronner
Em Tel Aviv (Israel)

Eles são presença constante nas páginas sociais e nas revistas. Alguns são elogiados pelas alas de hospitais que construíram, outros são alvos de fofoca por suas peculiaridades.

Mas atualmente, o punhado de famílias ricas que domina a economia israelense está assumindo um novo papel: o de principais alvos dos manifestantes acampados, que têm sacudido Israel no último mês.
Os “magnatas”, como são conhecidos mesmo em hebraico, repentinamente passaram a sofrer um escrutínio enfurecido por parte das famílias de classe média, que se queixam de que um país antes visto como exemplo de igualdade agora apresenta uma das maiores desigualdades de renda do mundo industrializado.
Os manifestantes acampados, que mudaram o discurso público exigindo moradias a preços acessíveis e outros bens essenciais, emitiram um documento nesta semana pedindo uma nova agenda sócio-econômica. A principal de suas metas: “a redução das desigualdades sociais”.

“O que está mantendo as pessoas nas ruas é a pergunta: se todos nós estamos enfrentando dificuldades e estamos todos trabalhando e pagando impostos, quem está lucrando?” disse Daphni Leef, a cineasta de 25 anos que iniciou este movimento com uma postagem no Facebook e permanece em seu centro. “Nós sabemos que existem certas famílias que têm muito dinheiro e muita influência, e que não há transparência. As pessoas se sentem enganadas.”
Essas famílias –os Ofers, os Dankners, os Tshuvas, os Fishmans e outros– são responsáveis pelos 10 maiores grupos empresariais no país e juntas controlam aproximadamente 30% da economia. Elas sem dúvida estão entre os alvos de outra série de manifestações de rua, planejadas para a noite de sábado.

“Está ficando mais claro para mais e mais pessoas que esta questão da concentração de renda se tornou mais importante”, disse Einat Wilf, uma legisladora que apresentou no ano passado um projeto de lei para tratar do assunto. “Em consequência dos protestos, há uma maior vontade política de combatê-la do que no passado.”
Outros rebatem que a concentração de renda é apenas um dos vários fatores que contribuem para o atual lamento da classe média, e que se concentrar exclusivamente nela desvia a atenção de outros assuntos igualmente importantes. Eles apontam para o orçamento inchado da defesa, os subsídios para os ultraortodoxos e o custo dos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde o Ministério do Interior disse na quinta-feira que construiria 1.600 moradias e anunciou planos para 2.700 adicionais. Mas a questão tem forte apelo populista.
Apesar da economia de Israel ser forte, os dados sobre concentração de riqueza, publicados pelo Banco de Israel, são incômodos. Um pequeno grupo de empresas de propriedade familiar controla os bancos, redes de supermercados e empresas de mídia, telefonia celular e seguradoras. Elas tomam empréstimos em peso, colocando a economia como um todo em risco e, por meio de uma rede de empresas interligadas, dificultam para outros ingressarem nos mercados que dominam.
“Estes são os chamados esquemas de pirâmide, porque por meio das ações de uma empresa elas assumem o controle de uma segunda empresa e, por meio desta, de mais outra, em uma cadeia de propriedades”, disse Eytan Sheshinski, um economista da Universidade Hebraica de Jerusalém. “Elas conseguem mover os lucros pela pirâmide, o que não acontece nos Estados Unidos, devido ao sistema tributário de lá.”
Mesmo assim, o estudo do Banco de Israel mostra que apesar dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha terem menos concentração de renda do que em Israel, ele não é muito diferente de várias outras democracias. Com base nas empresas das 10 maiores famílias empresariais, Israel está mais ou menos na mesma situação que a Suíça, França e Bélgica, e sua riqueza é bem menos concentrada do que no caso da Suécia.
No ano passado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu formou um comitê para examinar a concentração de renda e encontrar formas de reduzir o poder dos monopólios.
“Uma pirâmide é uma ferramenta para alavancar em peso seu capital e manter o controle sobre grandes entidades econômicas”, disse o professor Eugene Kandel, o assessor econômico chefe de Netanyahu, em uma entrevista. “Nós sabemos ao olhar para outros países que grandes grupos empresariais alavancados podem desacelerar o crescimento, causar instabilidade e obstruir a concorrência. O comitê nomeado pelo primeiro-ministro Netanyahu trabalha para impedir que isto cresça em um programa de grande escala em Israel.”
Daniel Doron, que dirige o Israel Center for Social and Economic Progress, uma organização de pesquisa pró-mercado, disse estar convencido de que a forma como os ativos estatais deficitários foram privatizados nos anos 80 e 90 levou a uma consolidação perigosa, assim como ocorreu na antiga União Soviética e em alguns países árabes, como o Egito e a Síria. Bancos, construtoras e mineradoras, todos de propriedade do Estado e em diversos graus de dificuldades, foram vendidos para aqueles que podiam comprá-los.
“Foi basicamente uma venda de ativos para amigos”, disse Doron. Assim que a economia começou a crescer no final dos anos 90, essas empresas usaram suas poderosas posições de mercado para aumentar acentuadamente suas taxas, ele disse, acrescentando: “Hoje, toda a economia israelense é composta por elites exploradoras e consumidores espoliados”.
Na época das privatizações, dizem alguns, a direita as apoiava por motivos ideológicos, enquanto a esquerda queria tirar a economia das mãos do governo, que a direita frequentemente controlava.
O resultado –um número limitado de indivíduos com controle de muitos ativos nacionais– preocupa os israelenses, tanto da esquerda quanto da direita.
Talvez o melhor exemplo seja Nochi Dankner, presidente da IDB Holdings. Seu grupo controla a Super-Sol, a maior rede de supermercados, a Cellcom, a maior empresa de telefonia celular, a Netvision, uma das maiores empresas de Internet, e a Clal Finance, uma das maiores instituições financeiras. Ele acabou de comprar o controle acionário do “Maariv”, um dos maiores jornais. Dankner se recusou a comentar para este artigo.
O controle de empresas de mídia, especialmente ao se tornarem menos lucrativas, é um aspecto da concentração de renda que deixa muitos particularmente preocupados. As emissoras de TV comerciais já são parcialmente de propriedade dos magnatas, assim como vários jornais. Sheldon Adelson, um proprietário de cassino judeu-americano e amigo de Netanyahu, publica um jornal israelense gratuito, amplamente visto como promotor da agenda do primeiro-ministro.
Guy Rolnik, editor do “The Marker”, um jornal financeiro de propriedade do “Haaretz” que tem atacado a concentração de riqueza, disse que a questão não tem recebido atenção na mídia devido a quem é dono das empresas e pelo temor de perda de receita publicitária. Os jornais com frequência parecem ser ferramentas de magnatas enfrentando uns aos outros, assim como certas figuras políticas.
Um repórter de televisão, que falou sob a condição de anonimato devido à delicadeza do assunto, disse que sua emissora provavelmente não faria um programa a respeito da concentração de renda, para evitar incomodar os proprietários da emissora.
Mas muitos dos magnatas estão um pouco à esquerda de Netanyahu em política exterior, e seus jornais podem ser impiedosos contra ele. Outros jornais acusam o primeiro-ministro de estar na cama com os ricos. Outros dizem que o foco nos magnatas é uma tentativa de desviar a atenção do custo dos assentamentos e das políticas de paz fracassadas.
O comitê de Netanyahu deverá fazer recomendações daqui a um ou dois meses. Elas poderão incluir uma mudança no código tributário para as empresas, assim como regulamentações antitruste, dificultando ou tornando ilegal a propriedade em diversos setores, lembrando os passos adotados nos Estados Unidos na primeira metade do século 20. Mas elas não recomendarão o tipo de redistribuição de renda que muitos manifestantes estão pedindo.
“Antes era politicamente impossível atacar os cartéis, mas agora que 300 mil pessoas foram às ruas, nós temos um mandado”, disse um assessor de Netanyahu. “Mas o primeiro-ministro não transformará novamente esta nação em um país socialista.”

Tradução: George El Khouri Andolfato

Gumex


Nas prateleiras da minha memória encontro a barbearia localizada na esquina da rua onde morava. A imagem não é bem clara, mas ele era um senhor calvo e de bigode. Eu não lembro exatamente a idade que tinha, talvez menos de dez. Minha mãe me levou para cortar o cabelo. E ali fiquei olhando para mim mesmo no espelho, enquanto o velho senhor fazia o trabalho de cortar os fios - até que finalizou. E antes de me liberar ele passou uma goma que deixou, por alguns dias, o meu cabelo completamente duro.


Brizola Neto e Protógenes Vão à Libia a Convite de Gaddafi


O perverso ditador convida

O tijolaço do Brizola Neto aceita

e o ex delegado Protógenes também diz sim.
Certa esquerda adora posar de politicamente correta, mas na hora de abraçar algumas ditaduras, ela vai correndo, desde que ela seja anti-EUA.

Duas "cultuadas" personalidades da nossa esquerda receberam convite do ditador Gaddafi (ou Kadafi) para visitar "as atrocidades da OTAN" na Libia. São eles, Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e Brizola Neto (PDT-RJ), este último dono do Blog Tijolaço.

Ah, o ditador paga a conta.

Segundo a Folha: ver abaixo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Para Aqueles Que Ainda Acreditam nos "Velhos Donos do Poder".



Os velhos donos do poder? Eles estão mortos e enterrados. A sociedade - ainda bem - é dinâmica. E tudo se dissolve, ou como diria o velho barbudo: tudo que é sólido se desmancha no ar e viva esse dinamismo que movimenta o motor social. Tem gente - infelizmente - que pensa olhando para trás.




The Blackberry Riots



Foto de vítima em fuga define reviravolta na opinião pública


Dada pelo "Guardian" como "a imagem definitiva", que "entra para a história", a foto mostrando o salto da polonesa Monika Konczyk, em fuga de um prédio em chamas no bairro de Croydon, tem concorrentes na cobertura, na verdade.


É o caso de outro prédio em chamas, na madrugada de sábado para domingo em Tottenham, também capa de jornais mundo afora. Mas a foto tirada por Amy Weston e destacada na terça-feira nas bancas londrinas, por "Telegraph", "Times", "Guardian" e os tabloides "Sun" e "Daily Mirror", marcou uma reversão na opinião pública inglesa.


A BBC, que antes qualificava os conflitos como ação de "manifestantes" (protesters), trocou a partir de terça para "desordeiros" (rioters). E se desculpou com os telespectadores, registrando que dezenas deles haviam reclamado à emissora.


Os próprios jornais, que de início ressaltavam a origem dos conflitos na morte de um jovem negro pela polícia, passaram a condenar a violência e cobrar intervenção maior da polícia, em uníssono, da direita à esquerda. Na expressão de um editorial do "Guardian", "neste momento, trata-se de controle".


A evidência apresentada pela foto, de que as vítimas estavam agora do outro lado e que os "manifestantes" haviam se tornado vilões, foi confirmada pela morte de três jovens em Birmingham, todos de famílias imigrantes, ontem pela manhã.


'THE BLACKBERRY RIOTS'


Do outro lado, o episódio indicou que as mídias sociais servem para mobilizar depredações. No caso, o sistema preferido teria sido o BlackBerry Messenger ou BBM, que é gratuito e de difícil rastreamento.


Aqui e ali, na internet, os tumultos já são tratados como "The BlackBerry Riots". O próprio jovem morto pela polícia no final da semana passada, Mark Duggan, transmitiu via BBM sua mensagem derradeira à namorada: "Os federais estão me seguindo" (the Feds are following me).


Segundo levantamento Ofcom, o BlackBerry, pela gratuidade do serviço de mensagens, é o aparelho preferido pelos jovens britânicos de 12 a 24 anos. A partir de 25 anos, a preferência passa para o iPhone.

Nelson Sá, Folha de hoje.

As Turbas Querem Celulares e Roupas Fashion



Belo artigo de Clóvis Rossi na Folha de hoje. Concordo em gênero, número e grau e, por isso, copio e colo.




Rebeldes com causa e sem agenda


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Não se trata de rebelião de cidadãos frustrados pela crise mas, sim, de revolta de consumidores/saqueadores
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Seria tentador ver nos distúrbios dos últimos dias no Reino Unido uma revolta dos "famélicos do mundo", para citar a Internacional. Tentador, mas errado.


Visto pelos olhos da esquerda britânica que se expressa pelo jornal "The Independent", o que está acontecendo "não é um protesto político. Os amotinados não têm uma agenda. Não têm um comando central. A meta é o saqueio aquisitivo ou a destruição descerebrada". Reforça Walter Oppenheimer, o excelente correspondente do espanhol "El País" em Londres: "As turbas não assaltam supermercados para levar comida; o principal objetivo têm sido as lojas de celulares, as de eletrodomésticos, as de roupas e de calçados esportivos". O "Independent" informa que houve um caso em que o saqueador, antes de levar a mercadoria, experimentou um sapato, para ver se a ponteira era, digamos, "fashion".


Tudo somado, dá para dizer que se trata não de uma rebelião de cidadãos frustrados pela crise e pelos cortes promovidos pelo governo, e, sim, de uma revolta de consumidores/saqueadores que não conseguem satisfazer a ânsia de consumo, a bandeira do capitalismo. A esse respeito, diz ao "Guardian" Alex Hiller, especialista em marketing e consumo da Nottingham Business School: "A sociedade de consumo depende de sua habilidade para participar dela. O que hoje reconhecemos como um consumidor nasceu de horas mais curtas [de trabalho], salários mais altos e disponibilidade de crédito. Se você está lidando com uma porção de gente que não têm os dois últimos elementos, o contrato [social] não funciona".


Não pense que esse raciocínio se aplica exclusivamente aos bairros deprimidos de Londres (que, aliás, seriam de classe média no Brasil, sem parentesco com as favelas).


Como diz Darryl Seibel, responsável pela Comunicação dos Jogos Olímpicos de Londres, o que está acontecendo "não é um reflexo de Londres, mas do mundo que vivemos hoje em dia".


Claro que Seibel está se antecipando a possíveis questionamentos sobre a segurança em Londres com vistas à Olimpíada, mas nem por isso deixa de ter razão. Tanto que muito brasileiro também questiona o Rio como sede olímpica cada vez que há casos mais espetaculares de violência urbana.


Se Seibel está certo -e acho que está-, então a rebelião consumista ocorre também em São Paulo, de que dão prova, para citar apenas casos recentíssimos, as "meninas do arrastão" da Vila Mariana e os marmanjos dos arrastões em restaurantes, respeitadas as colossais diferenças de escala e de violência empregada.


Vale também para o Brasil a avaliação para o "Monde" de Fabien Jobard, sociólogo do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Social): "A única certeza é a de que, em uma sociedade na qual os bairros são tradicionalmente sustentados por chefes de comunidade respeitáveis, um laço se rompeu. Seja entre tais responsáveis e a polícia, seja entre esses líderes e parte da população que se emancipou de sua autoridade moral e escapou a seu controle".


Não lembra o que se diz sobre o controle do crime organizado em certos bairros de tantas cidades brasileiras.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Stop Burning My City




Sim, claro, eles são jovens e estão desempregados. Grande parte deles são imigrantes do norte da Africa. Muitos são muçulmanos. Até que um dia a polícia londrina deu o motivo: matou um inocente. O fato foi potencializado pelas redes sociais e os jovens perderam o medo e foram às ruas não apenas protestar, mas demonstrar suas revoltas quebrando e incendiando patrimônio. E os prejudicados são pequenos comerciantes, donos de veículos, gente comum, como nós.  Paris já assistiu este filme meses atrás. Agora é Londres. Enganam-se aqueles que acreditam que essa massa é revolucionária. Não, ela não é.

E no dia de ontem outra manifestação foi às ruas, a classe média e dominante saiu com suas vassouras para limpar as ruas das sujeiras e da violência. Parem de queimar minha cidade, eles dizem. Quem tem razão?