Muita gente critica a educação pública no RS. Mas o Estado está na vanguarda da educação nacional, como se pode ver pela matéria que saiu hoje na Folha.
Os municípios cujos alunos conseguiram o melhor desempenho no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) são também aqueles que apresentam menor distância entre a rede pública e a particular. Essa realidade é encontrada principalmente no Rio Grande do Sul, Estado que mais se destacou no ranking elaborado pela Folha comparando todas as 124 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. Das dez melhores cidades no Enem, seis são gaúchas: São Leopoldo (a melhor), Caxias do Sul, Santa Maria, Porto Alegre, Novo Hamburgo e Canoas. Em comum entre elas está o fato de a média dos estudantes da rede privada não ser tão distante da encontrada na rede pública. Em todas as cidades, a rede privada tem sempre melhores médias. O município menos desigual nesse critério também é gaúcho (Alvorada), mas não aparece entre os melhores. Depois, porém, vêm Novo Hamburgo, Caxias do Sul, São Leopoldo, Pelotas e Canoas, todas no Estado -e bem avaliadas. Nessas cidades, a distância entre o setor público e o privado é sempre inferior a 10 pontos na prova (numa escala que vai de zero a 100). (.....) Das dez melhores cidades por desempenho de alunos da rede pública, todas são da região sul -oito são gaúchas, inclusive as sete primeiras. A melhor, de novo, é São Leopoldo. (...)
Para a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação na região Sul, Magela Formiga, o bom desempenho das cidades gaúchas é resultado de um investimento de municípios e do Estado que fez voltar à escola pública uma parcela da classe média. Ela diz que em escolas em regiões centrais essa característica é mais visível do que em bairros periféricos, com maior parte dos alunos de baixa renda. A oficial de projetos de educação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil, Maria de Salete Silva, diz que a presença de alunos de classe média em escolas públicas beneficia a todos. "Isso tira o estigma de que a escola pública é apenas para pobres. Ser de classe média não é garantia de que a família se preocupe mais com educação, mas pais com maior escolaridade sem dúvida contribuem muito para aumentar a mobilização em torno da escola." Para a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Mariza Abreu, a menor desigualdade no Estado tem razões históricas. Segundo ela, os investimentos do Estado na educação pública sempre foram eqüitativos, e, por isso, os colégios têm um desempenho mais homogêneo. Mas ela considera que o desempenho deve ser relativizado. "Ser a melhor média num universo de baixo conhecimento não é tão bom assim." Ela diz que há resultados preocupantes dos alunos no ensino fundamental que devem servir de alerta: "Se não reagirmos agora, dificilmente manteremos a boa colocação no ensino médio".
Folha de hoje
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