Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Leilão do Abadia


Na Coluna da Monica Bergamo de hoje:


Uma hostess loura cumprimenta os convidados, mas quem chama a atenção, na recepção do leilão dos bens mais valiosos do megatraficante Juan Carlos Abadía, na noite de quarta-feira, são homens e mulheres com metralhadoras, pistolas e coletes da Polícia Federal. Em uma arena em forma de ferradura, as pessoas fazem fila para ver os relógios importados da coleção do colombiano. "Lindo, lindo!", dizia um convidado, diante dos modelos.


"Mamãe, me compra um brilhantinho?" É Giulia, 5, pedindo um relógio para Regiane Triolo, 38, secretária. "Ela aaama leilão. Gosta de relógios e até de jóias. Ou seja, de tudo que é bom", diz a mãe, taça de prosecco à mão. Na véspera, ela havia ido ao bazar "popular" do traficante. Comprou "essa bota!", um modelo marrom de pelica (R$ 40), um cinto, óculos escuros Tecnomarine (R$ 180) e "secador, bebedor e microfone da Hello Kitty, por 200 e pouco", para Giulia. O apresentador do leilão pede que "a imprensa desligue os equipamentos para preservar a privacidade dos presentes". É aplaudido. Arri Coser, da rede de churrascarias Fogo de Chão, diz: "Hoje estou aqui de discreto. Só vim me divertir." Ele dá R$ 15 mil por um Rolex de ouro branco e pedras preciosas. "Devo ter gasto uns R$ 70 mil em oito relógios", diz um advogado. Ele não quer se identificar porque "a casa dele [Abadía] foi arrematada por um amigo meu e, depois que ele apareceu na TV, foram lá e picharam tudo." Um empresário de São José do Rio Preto (SP) dá R$ 205 mil em sete modelos.
O consultor tributário Marcelo Tadeu levou a mulher, Walquíria, e o filho Kallil, 10, ao leilão. Saiu de lá com três relógios, de R$ 1.450. "Esse deve ser de quando ele começou a vender maconha", diz Walquíria. "Quem comprou coisas do Al Capone, comprou a história e com o Abadía é a mesma coisa. Daqui 30 anos, meu filho vai poder dizer que tem um relógio desse bandido", diz Tadeu, que ainda tenta pechinchar o relógio "Master of Complication" ("mestre da complicação"), o mais caro da noite. Com lance mínimo de R$ 120 mil, a peça acabou "encalhando".

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