Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 15 de abril de 2008

Edgar Morin - Ambivalências e Esperanças



Lá pelas tantas apareceu Morin. Edgar tem hoje 87 anos e já foi gauche na vida, participou da resistência contra o nazismo, lutou contra os totalitarismos e se desiludiu com as utopias. Morin estava ali - ontem - falando para uma imensa platéia no curso de altos estudos Fronteiras do Pensamento, no auditório da UFRGS em Porto Alegre. O marco inicial é maio de 68 e o termo final é a incerteza da nossa época. Que futuro, afinal, virá ? Quais serão os caminhos da história ? Ele se diz ser um resistente da barbárie, qualquer tipo de barbárie, científica, ideológica, do mercado e que acredita na metamorfose e que é possível sim mudar a sociedade a partir de seus erros, seus equívocos, sua barbáries. Os ideais de Maio de 68 eram de esperança, o questionamento do poder das autoridades, as minorias, a contracultura, a imaginação no poder, mas esse sonho dourado acabou, a esperança foi embora e a ambivalência da realidade se mostrou exacerbadamente impiedosa. O sonho socialista da igualdade, da sociedade perfeita, ruiu com as barbáries totalitárias feitas em nome da religião da ideologia que culminou com a queda do muro de Berlim, em 1989. É o fim do século XX. O fim da utopia não significa o fim da história, como proclamou Fukuyama, porque tudo é muito ambivalente. O livre mercado pode ser o sonho da liberdade, mas gera, também, graves desigualdades. A história continua, mas construída cotidianamente de fins e começos, de metamorfoses, de ambivalências, de esperanças e desencantos, de crises, conflitos e reestruturações e vamos dia-a-dia demolindo, construíndo e reconstruindo o nosso incerto destino. Como disse o poeta T.S. Elliot: "meu fim é meu começo". Tudo, tudo, tudo é muito ambivalente.

3 comentários:

ZEPOVO disse...

O genero humano, até hoje só conseguiu desenvolvimento com guerras, conquistas e geração de riquezas com sacrificio de muitos povos.
As utopias dos puros sempre foram exploradas pelos safados, mais preparados para dominar, enriquecer e gozar das delícias que o mundo tira de muitos e reserva aos poucos que sabem pegar o que querem sem se importar se vai faltar para alguém...

Cabe aos socialistas puros e bem intencionados, ter a coragem de identificar os aproveitadores, corruptos e aloprados e apontar o dedo para eles para que todos vejam!
Aqui na terra, os santos só servem para escravos...

Bípede Falante disse...

Sem dúvida tudo é muito ambivalente, começando por algumas pessoas que ontem estavam lá sentadinhas, se fazendo de interessadas na palestra, quando, na verdade, só queriam era fazer parte do show.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Zé, utopia dos puros é religião.E religião é seita. E seita gera sectarismos.E assim iniciam os problemas da humanidade de gente boa e aloprados.

Bípede, de fato, circulavam pelo ambiente pessoas que estavam apenas interessadas em aparecer, fazer parte do show, do espetáculo, porque o evento é modal, gera status e, paradoxalmente, tudo o que o velho Edgar se opõe e resiste.