Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


domingo, 13 de abril de 2008

O Gorbachev Caribenho

Será Raúl Castro uma espécie de Gorbachev caribenho?






Se havia dúvidas sobre os rumos de Cuba após a transferência de poder de Fidel Castro para seu irmão, Raúl, elas já foram dirimidas. As primeiras medidas adotadas pelo novo "comandante en jefe" deixam claro que ele está acelerando o ritmo da abertura econômica.O dirigente liberou a comercialização de computadores, aparelhos de DVD, fornos de microondas e celulares e permitiu que qualquer cidadão se hospede em hotéis de luxo. Agora a ditadura anuncia medidas para facilitar a obtenção do título de propridade por moradores de imóveis estatais.Além disso, o regime eliminou os tetos salariais com vistas a incentivar a produtividade e ampliou o raio de ação dos agricultores privados. Eles agora poderão plantar o que quiserem e arrendar terras públicas. Estima-se que 51% do território agrícola do país esteja ocioso.A motivação é econômica. Embora Cuba tenha superado o pior da ruína que se seguiu ao fim da ajuda soviética no início dos anos 90, a situação está longe de ser confortável. O país, cujo PIB é de US$ 50 bilhões, importa anualmente US$ 10,9 bilhões e exporta apenas US$ 3,3 bilhões.Só para trazer alimentos, Cuba gasta US$ 1,5 bilhão, pouco menos do que o US$ 1,9 bilhão gerado pelo turismo, principal atividade econômica do país. As remessas de dólares de cubano-americanos para parentes que ficaram na ilha e o petróleo a preços subsidiados vendido por Chávez aos Castro ajudam, mas não bastam para cobrir o buraco.É por sobrevivência, portanto, que Raúl aprofunda a versão caribenha da "perestroika", a abertura econômica da URSS nos anos 80. Surgem indícios, ao mesmo tempo, de que o novo dirigente ensaia uma descompressão política, ao que parece no intuito de aliviar tensões sem mudar a natureza do regime.



Editorial da Folha de hoje

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