Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Sopão Ideológico do Laerte Braga


O jornalista Laerte Braga, articulista de sites e jornais de esquerda, que já conheço da internet faz algum bom tempo, escreve e desfila sua impressionante raiva no seguinte artigo que é, na verdade, um sopão ideológico.


1964 O TERROR - A VOLTA – NOVO ASTRO – “HELENO DE TRÓIA


"correndo o risco de parecer ridículo deixe-me dizer-lhes que o verdadeiro revolucionário é movido por sentimentos de amor”Não se trata de imaginar que as tropas vão sair às ruas prendendo pessoas e depondo um governo legítimo como aconteceu em 1964, quando a direita das Forças Armadas esmagou a esquerda, tomou o poder e implantou uma ditadura sanguinária, montada na tortura, no assassinato de adversários e na absoluta subserviência aos interesses do grande empresariado nacional e internacional.Foi esse grande empresariado, que financiou instrumentos de repressão como a OPERAÇÃO BANDEIRANTES (OBAN) e a construção do famigerado DOI/CODI que juntou todos os setores e grupos dos chamados serviços sujos da ditadura e acabou desembocando na Operação Condor, uma espécie de holding do terror em toda a América do Sul.

Líderes nacionais que se opunham às ditaduras em seus países foram assassinados no curso da Operação, criada para esse fim. Foi um desses crimes, o que matou Orlando Letelier, ex-chanceler do governo Allende assassinado em New York por agentes da DINA (Polícia Secreta chilena) que começou a levantar o véu do terror implantado nesta parte do mundo pelos militares. Até hoje não se pode afirmar com convicção que lideranças brasileiras como Juscelino e Jango não tenham sido mortos em operações dentro desse quadro.Esse tipo de prática retornou com toda a força no governo do terrorista norte-americano George Bush. Uma lei especial autoriza o governo dos Estados Unidos através dos chamados órgãos de segurança, a prender, manter incomunicável e a torturar em benefício da segurança do país, homens e mulheres em qualquer parte do mundo. Agentes da CIA (o serviço secreto dos EUA) respondem a processos por crimes de seqüestro em países europeus como a Alemanha e a Itália.Campos de concentração foram espalhados pelo mundo e o exemplo de uma das prisões no Iraque, onde presos muçulmanos eram submetidos a toda a sorte de humilhações chocou o mundo não faz muito tempo.Guantánamo é um exemplo. Uma parte ocupada do território de Cuba, onde os EUA guardam prisioneiros que consideram suspeitos de ações contrárias ao país ou países que ofereçam riscos, na ótica deles, aos seus interesses.O fim da União Soviética não significou o fim do pesadelo militarista e armamentista. Os EUA continuam a desenvolver tecnologias de armas de destruição em massa, construíram um escudo de proteção antimísseis e ocupam através de bases ou invasões militares (Iraque, Afeganistão) todos os espaços possíveis e considerados necessários para a consolidação do império terrorista de Washington.O maior campo de provas desse terror hoje é o Oriente Médio e o braço terrorista norte-americano ali é o Estado de Israel, um enclave do IV Reich. As humilhações, a violência, a barbárie semelhante à dos campos de concentração da IIª Grande Guerra que são impostas aos palestinos não encontram paralelo na história a não ser na horda de bárbaros que se desenrola ao longo do processo dito civilizatório, passar por Hitler e encontra seu ápice no terror do período Bush.A América do Sul é um dos alvos primordiais do terrorismo norte-americano neste momento. As sucessivas derrotas eleitorais em quase todos os países dessa parte do mundo e as profundas mudanças propostas por governos como os de Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Corrêa (Equador) e agora a vitória do ex-bispo Fernando Lugo no Paraguai, até então uma grande fazenda norte-americana e brasileira por conta da corrupção dos governos do partido Colorado, acenderam a luz vermelha em Washington.A rigor os norte-americanos dispõem de duas bases (colônias) na América do Sul. O governo do narcotraficante Álvaro Uribe e o de Alan Garcia, no Peru.Países como o Brasil e a Argentina, os dois maiores da região, têm governos independentes e o Chile alinha-se no geral com posturas de integração sul americana, ao contrário da proposta norte-americana (ALCA) de integração de todas as Américas na visão de Washington. Os ESTADOS UNIDOS e um monte de protetorados.À semelhança com o que acontece hoje ao México, um depósito de lixo dos norte-americanos. Na América Central a presença de Daniel Ortega na Nicarágua e a transição cubana para Raul Castro mantêm a perspectiva de luta popular nos outros países. O Haiti hoje é um país ocupado militarmente pelos EUA que contam com apoio da polícia brasileira que alguns insistentes teimam chamar de forças armadas.O recente ato de rebeldia e insubordinação do general Augusto Heleno, transformado em comandante militar dos EUA na Amazônia mostra que a estratégia dos EUA passa por acentuar o processo de cooptação de militares dos países alvos, sempre ligando a seta para um lado (nacionalismo, soberania nacional, integridade do território nacional e depois entrega absoluta).Foi assim no Iraque, foi assim quando atacaram o acampamento do chanceler Raul Reyes (das FARCS-EP) no Equador. A guarda republicana de Saddam e os principais generais do exército terminaram cooptados e hoje ocupam postos chaves no governo daquele país, como o exército equatoriano omitiu-se no ataque terrorista contra o país a partir da Colômbia.No caso específico do Brasil a preocupação dos EUA se volta para as eleições de 2010, pelo menos até o momento existe a necessidade de manter o modelo de farsa democrática (“o direito do oprimido escolher o opressor”) e a tranqüilidade só não é total pelo risco de um terceiro mandato para Lula desejado hoje pela maioria dos brasileiros (sem juízo de mérito).Qualquer um dos pré-candidatos até agora citados, exceto a ministra Dilma Roussef, que venha a ser eleito é parte do esquema norte-americano, sobretudo o paulista José Serra.As ações golpistas contra o governo Chávez são visíveis e o golpe de 2002 terminou fracassado por conta da reação popular. No Equador, logo após o ataque traiçoeiro da Colômbia, o presidente Corrêa começou a mudar o perfil das forças armadas, o que implica em riscos de golpe, lógico.Na Bolívia as elites insistem em promover um referendo inconstitucional, condenado pela ONU e pela OEA, para constituírem um país à parte, onde possam abrigar os interesses e os “negócios” das classes dominantes.Classes dominantes. Palavra chave nessa história. Militares são apenas adereços com bordunas das mais variadas espécies e que se escoimam na palavra ordem como pressuposto de liberdade, democracia, todo o dicionário de farsas montadas pelos EUA ao longo da história das Américas.O mundo globalitarizado por conta do imenso poder do império, mesmo quando vive momentos difíceis como os riscos de uma grande recessão hoje, se curva ao poder destruidor das bombas e escudos militares de Washington, em bases espalhadas por todos os cantos.A quarta frota norte-americana, extinta quando os militares controlavam os países da América do Sul (bastava gritar sentido que se enquadravam) está sendo reconstruída como instrumento de ação militar em projetos que não excluem a criação de um novo Oriente Médio, aqui a partir do estado narcotraficante da Colômbia em ações contra países e governos que teimam em se manter fora da órbita dos senhores do mundo.No golpe de 1964 a quarta frota estava em águas territoriais brasileiras para o caso de algum contratempo, o fato foi revelado publicamente pelo jornalista brasileiro Marcos Sá Corrêa, no JORNAL DO BRASIL, quando liberados os documentos da época nos EUA.O general Heleno e seu suposto nacionalismo é mero agente norte-americano na Amazônia apesar de sinalizar e falar noutra direção. É a tática deles, o jeito deles ludibriarem e enganarem e hoje têm um poder fantástico, o da mídia, totalmente sob controle do império. O governo FHC no Brasil (Meném na Argentina, Fujimori no Peru, Carlo André Perez na Venezuela) desmontaram as efetivas soberanias e integridades nacionais. A exceção do Peru sob um governo policialesco e corrupto, o Brasil e a Venezuela (sobretudo esse país), reagem ao processo de recolonização ampliado a partir das vitórias de Morales, Corrêa, Lugo, Tabaré Vasquez e os governos independentes de Cristina Kirchner e Bachelet na Argentina e Chile, respectivamente.O caso do Brasil é fácil de perceber. Estamos prestes a nos transformar em um dos cinco maiores produtores de petróleo do mundo, sem sermos mais os donos desse petróleo. O fim do monopólio no governo FHC abriu as portas para a privatização disfarçada da PETROBRAS através da venda da maioria das ações preferenciais. Somos donos nominalmente.A garantia das terras amazônicas para o latifúndio é o ponto de partida da fala do norte-americano Augusto Heleno. A VALE, que desmembrou parte do território nacional não é problema, faz parte da tal soberania nacional deles. Em Washington.O processo de avanço dos EUA sobre a América do Sul acentua-se num momento em que aquele país começa a viver um pesadelo e se impõe militarmente ao mundo como forma de manter preservado o império construído na exploração de povos da Ásia, da África e das Américas. A primeira comissão que cuidou disso e montou o golpe de 1964 aqui e os golpes em outros países da região, chamou-se AAA – Tríplice A, Tri-lateral, ou seja exatamente Ásia, América e África.A África é um território devastado pela fome deliberadamente pelas políticas colonizadoras dos EUA e a ação de governos corruptos e submissos a Washington. A Ásia é um o que sempre foi, é só lembrar a derrota no Vietnã, um problema de dimensões maiores, tendo em vista a China e a Índia e o resto da América começa a ser atacado, com o controle da Colômbia e agora uma nova base no Peru.Transformar essa parte do mundo num Oriente Médio não vai criar dramas de consciência para os norte-americanos. A história do país se fez com saques (Califórnia, Texas, Havaí, Porto Rico), intervenções constantes na América Central e regimes ditatoriais ou não, dóceis a eles e seus interesses.Os contratempos resolvem com discurso e práticas como a do general Augusto Heleno, como lembrado por alguns “Heleno de Tróia”. O que vai falar de soberania nacional para militares sobreviventes do terror de 1964 e empresários da FIESP/DASLU, enclave internacional em São Paulo.Um relatório divulgado hoje mostra que o cultivo de soja transgênica avançou 20% na Amazônia e é isso que o general defende, não é o Brasil e os interesses nacionais não.1964 II, a volta, é o mesmo terror só que com roupagem, atores, diretor diferentes, um remaker em condições de tempo, espaço diversos mas os mesmos propósitos e objetivos.O general até agora é o astro desse filme de terror. E fraqueza do governo Lula, já deveria tê-lo exonerado para garantir exatamente a soberania e a integridade do território nacional.Colaboração enviada pelo nosso brilhante amigo

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Meu comentário:


Conheço Laerte Braga há muito tempo, desde os tempos das listas de discussão politica na internet dos anos 97 e 98. Laerte é um reacionário e que adora manipular informações e lançar dados em seus artigos sem nenhuma fonte. Isso é típico de Laerte Braga, o jornalistinha de Juiz de Fora. Em qualquer mídia decente deste mundo, um articulista como Laerte Braga não seria admitido, parece não ser este o caso do Brasil de Fato ou outros sites da nossa reacionária esquerda que adora publicar matérias sem nenhum compromisso com fontes e verdades.

O texto do Laerte e é uma imensa salada de frutas. Parece o Olavo de Carvalho falando, misturando alhos com bugalhos num imensão sopão ideológico. Ele diz que o general Heleno - apesar de sua ambivalência - defende interesses americanos e que é assim que fazem todos os governos que não estão comprometidos com a esquerda "séria". Muito pelo contrário ( e eu até discordo do general Heleno), mas o general Heleno está preocupado com dois pontos: a) o interesse americano na amazônia, uma vez que ali estão presentes os neopentecostais e religiosos americanos e b) o risco da amazõnia servir como berço de organizações terroristas como as FARC. Mas na ratatouille ideológica do Laerte é sempre assim. FAla-se apenas no genérico, na superfície e NUNCA, NUNCA E NUNCA MESMO se aperfeiçoa o debate, se analisa mais nitidamente cada caso. Laerte continua supérfluo e superficial. Ele navega apenas pela epiderme.

A Morte Comanda o Cangaço - Editorial Brasil de Fato


Leio no Diario Gauche de hoje o Editorial do Jornal Brasil de Fato, edição de 29 de abril de 2008, o título é "A Morte Comanda o Cangaço. O texto é mais ou menos extenso e comento depois.

A foto acima é da Liga dos Camponeses Pobres que estaria organizando movimento guerrilheiro em Rondônia. Essa é a razão do editorial.

A morte comanda o cangaço
Não sejamos paranóicos. Mas não temos direito de ser tontos.
Quando em política se multiplicam coincidências, devemos sempre estar atentos. Enfim, o que se passa em nossas fronteiras da chamada Calha Norte?
Desde o bombardeio e invasão do Equador pelas tropas do narco-presidente colombiano, Álvaro Uribe, há um mês, seguido de uma inesperada visita da chefa do Departamento de Estado de Washington, senhorita Condoleezza Rice, fatos aparentemente isolados têm colocado as nossas fronteiras da região conhecida como Calha Norte, nas manchetes de jornais.
Depois das pressões de Miss Condie, em torno da "flexibilização das fronteiras nacionais", sempre que se tratasse da necessidade de perseguir "terroristas", a instabilidade ronda a região.
O primeiro caso foi a crise aberta pelos "arrozeiros" em parceria com o general Augusto Heleno Pereira, comandante militar da Amazônia, contra a demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR).
Em seguida, a revista "IstoÉ" publica longa matéria sobre suposta guerrilha em Rondônia.
Por fim, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anuncia – contrariando toda a política externa do Governo a que deveria servir, anuncia que, se as Farc pisarem em solo brasileiro, serão recebidas a bala.
Depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a Reserva Raposa-Serra do Sol (2005), os "arrozeiros já atacaram quatro comunidades indígenas, incendiaram 34 casas, espancaram e balearam índios, arrebentaram postos de saúde. Somente agora, no entanto, a crise ganharia um novo protagonista: o comandante da região, general Heleno, um militar da linha dura do regime pós-64, que ganhou notoriedade por seu envolvimento no escândalo do hoje ex-juiz Nicolau dos Santos Neto. Além disto, em 2004, pouco depois de assumir seu posto de chefe da Força de Estabilização do Haiti (Minustah), atribuiu a violência naquele país às críticas do então candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, contra a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide pelo consórcio Washington-Paris. A declaração gerou um incidente diplomático. No ano seguinte (2005), o general foi acusado, em documento lançado pelo Centro de Justiça Global da Universidade de Harvard, de dar cobertura à campanha de terror da Polícia Nacional do Haiti, e de violação (pela própria Minustah) de direitos humanos.
Agora, com suas declarações, o general violou triplamente a Constituição: primeiro, por que esta define que os oficiais da ativa devem obediência a seus superiores na cadeia de comando, em cujo topo está o presidente da República; segundo, por que a Constituição consagrou (artigo 231) o direito dos índios às terras que tradicionalmente ocupem; finalmente, por que é papel das Forças Armadas zelar pela aplicação da Carta. Assim, ele – e não os índios ou a Reserva – colocou em risco a Segurança Nacional. Mais que isto, clubes militares se manifestaram, abaixo-assinados circularam, o DEM cerrou fileiras.
Acontece que as terras demarcadas e outrora propriedade dos arrozeiros é uma área entre duas cadeias de montanhas, única passagem, naquele estado, de acesso à Venezuela.
A suposta guerrilha em Rondônia, denunciada pela revista "IstoÉ" há duas semanas, é outro mistério. De acordo com a "IstoÉ" de Daniel Dantas (Banco Opportunity), a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), estaria implantando uma guerrilha naquele Estado. A revista descreve supostos acampamentos, homens e mulheres usando passa-montanhas, descreve ações que teriam sido levadas a cabo na região, supostos contatos com as Farc, etc.
Algo difícil de acreditar. Implantar e ativar uma guerrilha hoje, no Brasil, soaria tão suspeito quanto o atentado do 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas, ou o Incêndio do Reichstag na Alemanha dos anos 1930.
Um documento lançado pela LCP, dias depois que a revista começou a circular, denunciou um massacre a um dos assentamentos de camponeses organizados pela Liga, com dezenas de mortos e outro tanto de desaparecidos.
Em documento entregue ao desembargador José Gercino Filho, da Ouvidoria Agrária Nacional, e ao deputado Anselmo de Jesus, o sacerdote e advogado Afonso Maria das Chagas, também membro da coordenação da Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT-RO) desqualifica a reportagem pela sua falta de clareza, sensacionalismo e por "passar a impressão de agir com poderes de polícia". Refere-se ainda a um fato constatado na região onde "um grupo de 'funcionários' efetuou uma reintegração judicial (sic) à força, para não dizer à bala, sem que nada os afetasse".
De acordo com o documento, "Tornou-se pública a nota encaminhada pela Secretaria de Segurança (...) informando que, em momento algum, por parte do Estado, foi dito sobre a existência de guerrilha na região de Campo Novo, Buritos, Jacinópolis".
O texto diz ainda que o tipo de informação veiculada pela revista só pode ter como objetivo lançar uma cortina de fumaça sobre os problemas do Estado, e criminalizar os movimentos camponeses. Ainda que grave, gostaríamos de acreditar que o objetivo da publicação do senhor Dantas seja apenas esse.
Rondônia – encravada entre o Amazonas e o Mato Grosso, tem uma vasta fronteira com a Bolívia.


Meu comentário:

O "jornal" Brasil de Fato e o MST apoiam veladamente as FARC e certos movimentos de esquerda que utilizam a luta armada. MST e FARC, Brasil de Fato, movimentos bolivarianos participam dos mesmos fóruns e estão alinhados pelos mesmos mofados e reacionários laços ideológicos. MST e FARC não são irmãos siameses, mas são primos-irmãos. E as FARC é um movimento que recebe muita graninha dos movimentos e dos governos da esquerda mundial, além disso recebem, também, graninha do crime organizado. O MST também recebe dinheirinho da esquerda e dos governos da esquerda organizada mundial, bem como verbas muitos esquisitas das ONGS ligadas ao movimento, como se provou na CPI da Terra, pouco divulgada pela grande mídia. Tá tudo muito ligado. Não é, portanto, difícil de acreditar que a Liga dos Camponeses Pobres estejam organizando uma guerrilha em Rondônia, que é uma área estratégica perto da Bolívia de Evo, da Colômbia das FARC, da Venezuela chavista e de movimentos terroristas e bolivarianos afins. O editorial do Brasil de Fato tenta apenas disfarçar e contornar o que efetivamente pode estar ocorrendo. O Brasil precisa estar de olho a certos movimentos que pregam um mundo melhor e possível na forma de ditaduras totalitárias, com a adoção de regimes que não deram certo em lugar nenhum.




O Rei do Maniqueísmo


No Blog Paidéia Gaúcha leio um texto de Emir Sader. A mesma lenga lenga de sempre. A esquerda contra a direita, a luta de classes mundial, a direita que domina a Europa com Merkel, Sarkozy e Berlusconi etc.


Emir Sader é o rei do maniqueísmo. Ele chega a ser infantil e só pode cativar mesmo as pessoas que têm pouco acesso a leitura ou a boa informação. Era legal, muito legal, na época da ditadura dos milicos, ser de esquerda. Mas o tempo mudou, as pessoas mudaram e hoje ser de esquerda não é tão legal assim, como prega Emir. A Europa que vota na direita e na esquerda sabe muito bem como tudo isso funciona. E a Europa está a mil anos luz do Brasil. O Brasil votou na esquerda porque acreditou num Brasil decente e o governo do PT não mostrou ao Brasil um país decente, mas Lula tem sim suas popularidades. Eu já fui de esquerda e me orgulho de ter sido, hoje eu voto no Serra, na Yeda, no Fogaça e não me considero um cara de direita. Infelizmente, no Brasil de hoje estamos recém engatinhando na praxis democrática e por isso o Emir Sader faz algum tipo de sucesso....

terça-feira, 29 de abril de 2008

As STASI's da Vida


Ainda sinto o efeito e o hipnotismo do filme que assisti ontem a noite em DVD, o filme alemão "a Vida dos Outros". E um lado que chamou - e muito - minha atenção é de como a propaganda do socialismo real enfatizava o aspecto humanista do regime. Todas as pessoas que apoiam o regime -- por opção ou por medo -- estão do lado humano do bem, estão a serviço da boa causa enquanto que todas as pessoas que se opõem ao sistema ou exercem a sagrada liberdade de crítica estão a defender o mal, são agentes contrários ao regime humanista. E por causa disso tais manifestações devem ser reprimidas para assegurar o próprio regime. É questão de sobrevivência e sobrevivência ideológica.


Eu sou um navegador de sites, listas e blogs de esquerda e consigo visualizar razoavelmente essa briga ideológica entre o bem e o mal. A discussão é puramente maniqueísta. A pessoa humanitária, culta, de boa moral, de boa índole tem que necessariamente votar no PT ou na esquerda, não pode nunca ter votado no Serra, na Yeda ou no Fogaça e quem assim age é fascistão, direitóide, neoliberal e reacionário. Típico infantilismo maniqueísta. Certos articulistas, como o Emir Sader da vida, ou blogueiros de diversos blogs alternativos de esquerda poderiam muito bem fazer parte da perversa polícia secreta da antiga Alemanha Oriental, a fanática Stasi.


Na verdade, o raciocínio é o mesmo: não há meio termo. Ou as pessoas fazem parte do reino do bem, do humanismo, daqueles que se preocupam com o ser humano ou as pessoas fazem parte do lado malvado e desumano da vida, onde circula o mercado e a concorrência. Como se a realidade da vida fosse 8 ou 80. Como se não houvesse nenhum tipo de meio termo, como se a dialética fosse sempre sem síntese, radical. Não é assim que caminha a humanidade. A flexibilização, o diálogo, a compreensão, o bom senso, a razoabilidade são movimentos inerentes ao ser humano. Mas nada disso importa para aqueles que trabalham sempre com o maniqueísmo do bem e do mal, impondo uma falsa idéia do mal e do bem, utilizando surrados chavões exaltando um falso humanitarismo, manipulando idéias, a impondo questionáveis ideais e ideologias e sublimando a virtude de um pensamento único completamente capenga ou gagá.


E assim caminha, infelizmente, o Brasil e certos blogs. A tirana Stasi caiu como castelo de cartas, assim como morreu o socialismo real na Europa, mas no Brasil e na América Latina bolivariana ainda existem aqueles que gostariam de exaltar o "lado humano" de um regime calando e reprimindo todos aqueles que ousam fazer qualquer tipo de crítica.


Angeli


Maioria dos Moradores de Rua é Homem e Alfabetizado


Uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e divulgada nesta terça-feira (29), em Brasília, revela o perfil dos moradores de rua brasileiros. Os pesquisadores escolheram cidades com mais de 300 mil habitantes e saíram a campo entrevistando moradores de rua com mais de 18 anos de idade. A principal conclusão do estudo é que as pessoas em situação de mendicância são em sua maioria homens alfabetizados e jovens, que abandonaram suas casas por problemas com álcool ou drogas ou por terem perdido o emprego.Uma equipe formada por 1.479 pesquisadores e assistentes sociais saiu a campo para entrevistar pessoas que habitam calçadas, praças, rodovias, parques, viadutos, postos de gasolina, praias, barcos, túneis, depósitos e prédios abandonados, becos, lixões, ferro-velho ou que pernoitam em instituições como albergues e abrigos. No total, foram ouvidos 31.922 pessoas, espalhados por cidades médias e por quase todas as capitais brasileiras, com exceção de São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Cada entrevistado respondeu a um questionário com cerca de 20 perguntas. A análise dos dados recolhidos revela que 82% da população de rua é formada por homens. Mais da metade (52%), têm entre 25 e 44 anos de idade. Quanto à raça, 39,1% se declararam pardos, 29,5% se disseram brancos e 27,9% se identificaram como negros. Do total de indivíduos pesquisados, 48,4% estão fora de casa há mais de dois anos. Dois em cada três (69,6%) dormem na rua, enquanto 22% costumam dormir em albergues ou outras instituições. Outros 8,3% costumam alternar, ora dormindo na rua, ora dormindo em albergues.Surpreendentemente, as pessoas em situação de mendicância se revelaram escolarizadas. Do total, 74% sabiam ler e escrever e quase a metade (48,4%) disseram ter completado o ensino fundamental. Os principais motivos pelos quais essas pessoas passaram a viver e morar na rua se referem aos problemas de alcoolismo e/ou drogas (35,5%); desemprego (29,8%) e desavenças com familiares (29,1%).

A pesquisa põe em xeque a noção de que moradores de rua são pessoas que abandonaram suas cidades de origem e não mantêm nenhum vínculo familiar. Uma parte considerável (58%) se disse originária da mesma cidade em que se encontra (58%) ou de locais próximos. E mais: 51,9% dos entrevistados afiramaram possuir algum parente que residindo na mesma cidade onde se encontram.Entre os que já moraram em outras cidades, 45,3% se deslocaram em busca de novas oportunidades de trabalho. O segundo principal motivo foram as desavenças familiares (18,4%).Questionados sobre o que fazem para sobreviver, 70,9% dos entrevistados disseram exercer alguma atividade remunerada. Apenas 15,7% revelaram que a sua principal fonte de renda são as esmolas. Quanto ao tipo de atividade exercida, os moradores de rua pesquisados se dividem em catadores de materiais recicláveis (27,5%), flanelinhas (14,1%), trabalhadores da construção civil (6,3%), limpeza (4,2%) e carregador/estivador (3,1%).Como se pode imaginar, os níveis de renda dessa parcela da população são baixos. Mais da metade dos moradores de rua entrevistados (52,6%) disseram ganhar entre R$ 20 e R$ 80 por semana. A grande maioria (88,5%) disse não receber qualquer benefício de órgãos governamentais, tal como o Bolsa Família. Um em cada cinco entrevistados disse que não consegue se alimentar todos os dias, por falta de recursos financeiros. Mas quatro em cada cinco afirmaram conseguir fazer pelo menos uma refeição por dia.Boa parte das pessoas em situação de mendicância utiliza os serviços de saúde pública, como hospitais e postos de saúde. Nessas ocasiões, 75% deles possuem pelo menos algum documento que comprove a sua identidade. A maioria tem carteira de identidade (58,9%), certidão de nascimento ou casamento (49,5%) e CPF (42,2%). A pesquisa reevelou que os moradores de rua em geral são pessoas saudáveis. Apenas um terço deles afirmou ter algum problema de saúde. A doença mais freqüente é hipertensão (10,1%), seguida por problemas psiquiátricos (6,1%) e HIV/aids (5,1%). Questionados sobre que tipo de discriminação sofrem por viver em situação de rua, os entrevistados disseram que freqüentemente são impedidos de entrar em certos locais, tais como lojas, shopping centers e meios de transporte coletivo.Com base nos dados levantados nessa pesquisa, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome diz que pretende elaborar políticas públicas para lidar com o problema da mendicância. A idéia é estabelecer um plano nacional para ajudar as cidades médias e grandes a combaterem o problema, e quem sabe reintegrar essas pessoas à sociedade. Em cada uma das 71 cidades pesquisadas, o total de pessoas em situação de rua gira em torno de 0,061% da população local.


A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen)


Assisti ontem em DVD um filme que fazia muito tempo queria ver. Neste blog já havia postado o comentário do Contardo Calligaris sobre a Vida dos Outros ( Das Leben der Anderen, Alemanha, 2006, notável direção de Florian Henckel von Donnersmarck). É daqueles filme que quando termina e aparecem os "letreiros", os registros de atores e produção, a pessoa fica calada, sentada na cadeira, ouvindo a música e pensando no que viu.


O filme, ganhador do Óscar de melhor filme estrangeiro, realmente é muito bom.


Ulrich Mühe (Gerd Wiesler), o burocrata da Stasi (a terrível polícia secreta da antiga Alemanha Oriental) chega na hora pontual em seu posto. Ele coloca os fones de ouvido e monitora as conversas no apartamento do famoso dramaturgo Georg Dreyman (Sebastião Koch), que nunca escreveu nada contra o regime. A vida do burocrata é outra, bem diferente da vida do intelectual, mas elas se aproximam numa aliança de cumplicidade. O filme "A Vida dos Outros" conta a história da maravilhosa cumplicidade que pode haver entre pessoas que pouco têm em comum, entre investigado e investigador, vítima e algoz, entre pessoas que não compartilham dos mesmos temas e gostos, mas que estão inseridas no mesmo contexto totalitário. É a história da vida do burocrata que cumpre ordens do Estado censor, cujo regime impõe, a fórceps, a "socialização do humanitarismo". De um lado o "bem da humanidade" e de outro os possíveis movimentos que se organizam para destruir os "valores da sociedade humanitária" que censura. Nesse paradoxo, nada é tão maniqueísta assim e por isso o filme revoluciona pela sensibilidade em mostrar o possível entendimento que pode haver entre pessoas que estão situadas aparentemente em pólos opostos. O pivô de toda a história é a companheira de Dreyman a atriz Christa-Maria (Martina Gedeck que fez a Chef no Simplesmente Martha) que sonha passar para o outro lado do muro de Berlim, custe o que custar, inclusive delatando as pessoas que diz amar. A história acontece no ano de 1984, cinco anos antes da queda do muro. Lá pelas tantas o burocrata da Stasi se dá conta de que ele está sendo um agente de interesses pessoais e que aquele sólido regime humanista não é tão sólido e humanista assim. E o dramaturgo investigado se envolve com a mídia do ocidente que lhe envia uma máquina de escrever para datilografar artigos e enviar para o outro lado do muro. É que a Stasi mantinha registros de cada uma das máquinas de escrever do país – o que tornava impossível escrever um texto anônimo – e preservava até amostras do cheiro de seus suspeitos, caso fosse necessário procurá-los com cães. E o burocrata investigador, enfim, encontra motivos para denunciar o investigado, mas não denuncia. E essa contradição, esse paradoxo é a grande beleza do filme. É nesse exato momento de descoberta que o elo de cumplicidade finalmente se interliga. Depois que o muro cai, em 1989, o dramaturgo investigado descobre que sua vida estava sendo totalmente monitorada e que uma pessoa desconhecida não o denunciou. E no final das contas, o escritor oferece seu último livro, Soneto para um Homem Bom, ao seu desconhecido cúmplice.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Paris Ocupada



Uma exposição de fotos de Paris no período da ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, está causando polêmica na França, por mostrar apenas imagens de pessoas despreocupadas e elegantes. Acima, a Praça da Concórdia.


A exposição, que reúne 250 fotos e é apresentada como "uma visão da vida parisiense durante a ocupação alemã", não mostra os aspectos dramáticos desse período, como as longas filas de espera em frente às lojas de alimentação ou a perseguição e deportação de judeus.



As fotos, coloridas, o que era raríssimo na época, foram realizadas pelo fotógrafo francês André Zucca, que trabalhava para a revista de propaganda nazista Signal. Acima, Ponte da Tournelle, em Paris. Morador de Noisy-le-Sec, carrega seus pertences após o bombardeio de 19 de abril de 1944.


Zucca, correspondente de guerra para o jornal France Soir e a Paris Match, foi "requisitado" pelos alemães em 1941 para trabalhar na Signal, revista bimestral divulgada em todos os países ocupados pela Alemanha. Acima, Jardim de Luxemburgo, maio de 1942.


O secretário municipal de Cultura, Christophe Girard, denunciou uma "manipulação por trás das belas imagens" e pediu o encerramento da exposição. O prefeito Delanoë pediu que debates sobre a ocupação alemã e sobre a exposição sejam organizados com historiadores durante o evento.


O prefeito da capital, Bertrand Delanoë, decidiu retirar das ruas os pôsteres de divulgação da mostra, mas decidiu mantê-la em cartaz, apesar dos protestos em relação às imagens. Acima, o cinema "Lux Bastille" e a estação de metrô da Bastilha.
As fotos e os textos foram pescados na BBC Portuguese.

Quando o Juiz é Parte a Indenização é Maior


Interessante, bem interessante o levantamento que a Folha fez, na edição de domingo, 27 de abril, sobre as indenizações promovidas por Juízes. Por que eles ganham mais do que as outras partes?

As indenizações por danos morais fixadas em processos iniciados por juízes contra organismos de imprensa têm valor aproximadamente três vezes maior do que as estipuladas em ações movidas por pessoas de outras áreas de atuação.A reportagem analisou as decisões proferidas em 130 processos abertos contra televisões, jornais e revistas de todo o país. Foram consideradas as diferentes instâncias e autorias.Segundo o levantamento, o magistrado que recorreu à Justiça alegando ter se sentido ofendido por alguma reportagem obteve, em média, uma indenização de cerca de R$ 470 mil ou 1.132 salários mínimos.Uma outra pessoa que tenha buscado no Poder Judiciário o mesmo tipo de reparação teve como resposta uma indenização menor, fixada em aproximadamente R$ 150 mil ou 361 salários mínimos."Eu não tinha idéia disso, estou perplexo", afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que disse ser inconcebível existir um tratamento diferenciado entre um magistrado e um cidadão comum (leia texto abaixo).Se o universo dos "não-magistrados" for reduzido para as pessoas comuns, ou seja, se forem excluídos os artistas, políticos, advogados e membros do Ministério Público, a quantia estipulada judicialmente é menor, fica em torno de R$ 120 mil ou 289 salários mínimos.Nesse valor total estão incluídos os processos movidos pelas três pessoas acusadas no caso da Escola Base, que estourou em 1994, quando inocentes foram presos por acusações improcedentes de violência contra crianças.As indenizações fixadas em favor dos três envolvidos foram elevadas -para cada um foi definido, somando as diversas empresas jornalísticas acionadas na Justiça, cerca de R$ 2 milhões por danos morais.Se os processos da Escola Base forem excluídos da contagem, o valor de indenização estabelecido para pessoas comuns que foram em juízo contra a imprensa se reduz para R$ 30 mil por pessoa, ou seja, cerca de 72 salários mínimos.InstânciasO levantamento das sentenças proferidas em diversas instâncias judiciais revelou uma tendência de os juízes das varas cíveis, de primeira instância, fixarem valores mais altos nas indenizações em geral.Essa quantia pode ser modificada na segunda instância (Tribunais de Justiça), para mais ou para menos, e normalmente é reduzida pelos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de Brasília, que é a terceira instância judicial.Dificilmente casos de indenização chegam ao Supremo Tribunal Federal (STF).Isso porque processos de reparação financeira são tidos como factuais e dependem mais de uma interpretação de cada magistrado sobre a situação reclamada. A vocação do Supremo é discutir questões constitucionais.Segundo o levantamento da reportagem, em média, juízes de primeira instância fixaram em aproximadamente R$ 940 mil -ou 2.265 salários mínimos- as indenizações por danos morais para os colegas do Poder Judiciário.Nos Tribunais de Justiça (segunda instância) essa média foi reduzida para R$ 236 mil (568 salários mínimos).Quando chegou às mãos dos ministros do STJ (terceira instância), a quantia reparatória foi mantida em cerca de 500 salários mínimos (R$ 207,5 mil).Entre os processos analisados, a indenização mais alta estipulada pelo Judiciário contra um organismo de imprensa foi dada numa ação movida pelo juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, que era titular da Vara de Infância e Juventude de Jundiaí quando foi acusado de supostas irregularidades em caso de adoção internacional de crianças em 1994.Decisão da primeira instância condenou a Folha a pagar 500 salários mínimos relativos a cada uma das 31 reportagens sobre o caso, o que dá cerca de R$ 6,4 milhões. O processo ainda não foi analisado pelo Tribunal de Justiça.

Faltam Índios para Tantas ONGs

Pandere, cacique da Aldeia Roosevelt dos índios Cinta Larga

Pesquei do Blog da Santa que pescou do Reinaldo Azevedo:


Faltam índios para tantas ONGs


No Brasil inteiro, há 750 mil índios. Só na Amazônia, confesso, não sei quantos são. Mas vamos fazer de conta que todos estão lá: 750 mil silvícolas para 100 mil ONGs resultam numa média de 7,5 índio por entidade. Digamos que metade delas se dedique, sei lá eu, a salvar o minhocuçu (tem isso por lá?), o mico-leão-da-cara-preta (idem), o papa-aranha, a papaconha preta e o miçoco... Aí teríamos 15 índios por ONG. Considerando que parte dos nossos bons selvagens de short Adidas, celular da Motorola e camionete Land Rover está fora da Amazônia, o número de índios por ONG volta a cair. Se cada uma pegasse a grana que recebe das mais diversas entidades para, de fato, cuidar da nossa brava gente, dava para botar todos os nativos na Sorbonne... E MAIS:"Política indigenista: governo repassa centenas de milhões para ONGs e está ausente das aldeias" (GobloOnline

Classe C busca traquejo social em aulas de etiqueta


A nossa classe dominante, a Classe C ( e que bom que isso está ocorrendo) está mudando seus hábitos. Leio na Folha de ontem que os cursos de etiqueta do Senac estão lotados.


Num auditório lotado do Senac de Osasco, uma mesa posta exibe uma taça de vinho tinto, uma flûte de champanhe, dois pratos, um fundo e um raso, duas xícaras, uma grande, outra pequena, e fileira em que se contam nove talheres.

A julgar pela curiosidade e pelo interesse da platéia, ninguém sabe ao certo manejar aquela variedade de utensílios montados no palco para comer à francesa num jantar formal.Uma hora depois do previsto, muito além dos 15 minutos de tolerância permitidos pelo "fashionable-late", aquele pequeno atraso chique, o motivo do encontro aparece e dá a primeira lição: "pontualidade é fundamental, não existe elegância atrasada", diz o consultor de etiqueta Fábio Arruda.


Uma das cerca de cem pessoas ali presentes que querem dominar as regras de comportamento e aprender um pouco de traquejo social, a manicure Sônia Maria Isaltina, 34, nascida numa família pobre de Osasco, na Grande São Paulo, "de pais que vieram do nada", segundo diz, permeou a pobreza e chegou à classe C, a porta de entrada para a sociedade de consumo de massa.Num salão que hoje atende mulheres de maior poder aquisitivo, ela não sabe como se portar em certas situações e se sente um tanto constrangida.E o que os outros podem ver de inadequado no comportamento social de Isaltina, ela agora começa a perceber na massa de cerca de 20 milhões de brasileiros que migraram das camadas sociais mais baixas para a classe C só nos últimos dois anos."Andei de avião pela primeira vez no começo do ano. Não sabia como me comportar nem com a aeromoça nem com as dondocas. Por isso que quero fazer esse curso", afirma. "As pessoas estão começando a circular em lugares a que não tinham acesso. Acho ótimo que tenham acesso a privilégios", diz a consultora Glória Kalil.A percepção da manicure levanta uma questão de comportamento: qual o efeito colateral da expansão da baixa renda?Nessa troca de papéis, os novos ricos, antigas vítimas da rejeição da alta sociedade, passam agora a rejeitar essa "nova classe C", nomenclatura criada por eles próprios. Antes que alguém da platéia do Senac veja certa dose de elitismo, Fábio Arruda alerta: "etiqueta não é esnobismo, é respeitar o espaço do outro". "E em etiqueta tudo tem uma orientação lógica."Ele explica, é assim: "Tudo que entra é pelo lado esquerdo, tudo que sai, pelo direito. Imagina a confusão que seria se todo mundo sentasse nas cadeiras como quisesse..."O público dá gargalhadas, anota tudo em bloquinhos, Arruda gesticula pra cá, as pessoas imitam de lá, e as dicas de cerimonial seguem.O foco agora é postura. "Gente, a mulher que pára assim [ele faz o gesto, de pernas abertas]. Ou veio a cavalo ou está assada. E no homem, então? Fica aparecendo o repolho."No palco, Arruda ensina como lidar com a fileira de talheres nas laterais do prato (sempre de fora para dentro), como segurá-los (suavizando os movimentos, com os cotovelos junto ao corpo e os punhos elevados) e como não atacar a comida num jantar formal (forrando o estômago antes de sair de casa). Em dois tempos, todas as mulheres imitavam.A empresária Daiany Nagao, 25, diz ter tido dificuldades no começo do namoro com o marido, Christian Nagao, executivo da Nike, por não saber se portar em algumas situações e fez um curso de etiqueta para aprender as regras de comportamento social. Nas novas rodas que passou a freqüentar, sentia a rejeição velada dos ricos e grã-finos. Agora, ela aponta os erros dos outros."Estava na ponte aérea e vi um passageiro brigando com a aeromoça porque queria beber. Com essas promoções, que cobram R$ 1 e dividem em inúmeras vezes, qualquer um pode voar", diz Dayane.Desde Pigmalião, obra-prima de George Bernard Shaw, que ensinar etiqueta e boas maneiras sempre desperta interesse tanto de quem não tem traquejo social quanto de quem tem, ou acha que tem.Quem não se lembra de Odete Roitman, a milionária de Beatriz Segall em "Vale Tudo" que ensinou à sogra -e por tabela ao Brasil- que servir copo d'água em bandeja e sobre pires "é coisa de empregada"?Rico de novela, aliás, é assunto da palestra no Senac. "É uma tragédia, é caricato. As pessoas copiam rico de novela, meu Deus! Aquilo é cafona no último grau", diz Arruda.Pobre? Popular? "Nem pensar. São palavras vetadas com todas as letras da propaganda", diz um alto publicitário da agência Young & Rubicam, que detém a conta das Casas Bahia.Dinheiro compra verniz? "As pessoas aplicam, mas é feito em barco, não dura. Limites continuam existindo. Tem gente que consegue chegar lá, mas tem de fazer direito", diz Arruda.

Itaipu - Um Tratado Justo


Recomendo a Leitura do artigo publicado na Folha de ontem do engenheuri Jorge Samek, diretor-geral brasileiro de Itaipu.


Um tratado justo



Após 35 anos da sua assinatura, em 26/4/73, o Tratado de Itaipu continua objeto de grande interesse público. Não é para menos. Foi por meio dele que Brasil e Paraguai solucionaram, de forma pacífica e definitiva, um litígio de fronteira que remontava ao período colonial. E criaram um empreendimento binacional que se tornou modelo de integração solidária e eqüitativa. Por que, então, o Tratado de Itaipu ainda é questionado? Nas sociedades democráticas, nenhum assunto de interesse público deve ficar longe do olhar vigilante dos seus cidadãos. A transparência é um quesito básico da democracia. É salutar, portanto, que as sociedades brasileira e paraguaia e seus governantes, democraticamente eleitos, discutam se o tratado vem cumprindo seus objetivos. A renovação da liderança política paraguaia recoloca em pauta o Tratado de Itaipu. Vamos fazer esse debate com tranqüilidade, sem arrogância nem prepotência. De antemão, no entanto, a sociedade brasileira precisa saber que não há nenhuma situação de injustiça ou relação de exploração a ser reparada em Itaipu. O Brasil jamais se valeu do seu poder econômico para impor ao Paraguai uma condição de subalternidade em Itaipu. Isso não significa que o país tenha sido pusilânime ao defender os seus interesses legítimos no empreendimento. Para viabilizá-lo, assumiu pesados encargos, vinculando o suprimento de parcela significativa da sua demanda energética a Itaipu e direcionando ao projeto enorme esforço financeiro num período de severa restrição fiscal. Itaipu é uma grande obra de engenharia política, jurídica e diplomática. Os artífices do tratado tiveram a inteligência de perceber que essa parceria não poderia prosperar em bases comerciais. Se tivesse sido pensada como um simples negócio, os direitos em Itaipu teriam de ser proporcionais ao aporte financeiro de cada uma das partes. Dadas as dimensões do projeto, o Paraguai não teria condições de arcar com a parcela de encargos (capital e garantias para empréstimos) correspondentes ao seu inalienável e indiscutível direito a 50% da produção da usina. Assim, ao mesmo tempo em que consagra plena igualdade de direitos, o tratado estabelece mecanismos para viabilizar economicamente o empreendimento, levando em conta as acentuadas disparidades e assimetrias entre os países. Como os encargos da construção de Itaipu foram repartidos proporcionalmente à capacidade econômica dos parceiros, coube ao Brasil assumir 100% dos financiamentos, dívidas no exterior e garantias aos credores. Falharão, portanto, todas as tentativas de interpretar o tratado a partir de uma ótica puramente econômica ou comercial. Por uma simples razão: a viabilidade de Itaipu foi assegurada com base em três garantias que desafiam a lógica de mercado: (i) receita anual suficiente para cumprir com todos os seus compromissos financeiros; (ii) obrigação das "altas partes" (Eletrobrás e Ande) de contratar toda a potência instalada; e (iii) mercado cativo para a energia produzida. Em troca dessas garantias -que protegeram e continuam protegendo Itaipu dos riscos inerentes às oscilações de mercado-, ficou estabelecido que toda a energia produzida deve ser destinada ao consumo exclusivo de Brasil e Paraguai. A venda a terceiros abriria a possibilidade de qualquer dos sócios especular em benefício próprio, o que geraria benefícios desiguais para os países, em flagrante conflito com o espírito do tratado. Nestes 35 anos, a aplicação do Tratado de Itaipu jamais se desviou dos princípios de justiça e eqüidade que o inspiraram. Os benefícios gerados são expressivos. A dívida estará integralmente paga em 2023, com recursos obtidos da energia produzida, o que comprova que as bases do tratado são justas e sustentáveis. Itaipu responde hoje por 20% de toda a energia consumida no Brasil e 95% da energia que abastece o Paraguai -que se tornou um dos poucos países que têm soberania energética assegurada pelas próximas quatro décadas, um ativo valioso para impulsionar seu desenvolvimento. Além disso, o Paraguai já recebeu US$ 4,5 bilhões referentes a royalties e compensação por cessão de energia -benefícios que não podem ser desconsiderados. Sem ignorar o fato de que o tratado permitiu ao país tornar-se co-proprietário de uma empresa que tem hoje um valor de mercado estimado em US$ 60 bilhões. Assim, Brasil e Paraguai devem se orgulhar do Tratado de Itaipu.

Mal-Estar de Maio 68 - Entrevista Edgar Morin


Mal-estar de Maio de 68 é ainda mais profundo hoje

FOLHA - Quarenta anos depois, o que ficou dos acontecimentos de Maio de 68?
EDGAR MORIN - 1968 foi, antes de mais nada, um ano de revolta estudantil e juvenil, numa onda que atingiu países de naturezas sociais e estruturas tão diferentes como Egito, EUA, Polônia... O denominador comum é uma revolta contra a autoridade do Estado e da família. A figura do pai de família perdeu importância, dando início a uma era de maior liberdade na relação entre pais e filhos. A revolta teve um caráter mais marcante nos países ocidentais desenvolvidos. Teóricos achavam que vivíamos numa sociedade que resolveria os problemas humanos mais fundamentais. E, de repente, percebeu-se que havia uma insatisfação na parte mais privilegiada dessa sociedade, que é a juventude estudante. Jovens de classes privilegiadas que desfrutavam de bens materiais preferiram buscar uma vida comunitária, num sinal de que o consumismo da sociedade ocidental não resolvia os problemas e aspirações humanas. Muitos desses jovens trocaram a cidade pela vida com as cabras, em busca de felicidade. Esses grupos não duraram, porque não conseguiram resolver os problemas e conflitos -só perduram comunidades que têm o cimento religioso. Mas o importante é que houve um processo de auto-afirmação da adolescência como entidade social e cultural. O rock, muito além da música, consiste em agrupamentos de jovens. É uma maneira de se vestir e se comportar. É a autonomização da adolescência, que se afirma por oposição ao mundo adulto dos professores e pais. Depois disso, a poeira baixou e tudo pareceu voltar ao que era antes. Mas houve mudanças, sim. Foi depois de 68 que os homossexuais e as minorias étnicas se afirmaram e que o novo feminismo se desenvolveu. A imprensa feminina francesa pré-68 dizia: "sejam bonitas e façam uma boa comidinha para agradar aos seus maridinhos". Depois de 68, essa mesma imprensa passou outro recado: "vocês estão ficando velhas, seus filhos foram embora e seus maridos as traem, então resistam". Foi uma verdadeira crise da idéia de felicidade, que é a grande mitologia da sociedade ocidental.


FOLHA - Um levante semelhante seria possível hoje em dia?


MORIN - Fatos históricos dificilmente se repetem, mas eu me pergunto se a comemoração de Maio de 68 não vai estimular jovens a seguirem o mesmo caminho. Na França, houve recentemente uma pseudo-reforma do ensino que despertou mais uma vez movimentos estudantis consideráveis. Claro, não tem nada a ver com Maio de 68, mas é alguma coisa. Hoje em dia, movimentos estudantis se generalizam rapidamente e prosseguem mesmo quando o governo satisfaz os seus pedidos. É a alegria de estar juntos na rua, de desafiar os professores e a polícia. Até quando as reivindicações são ridículas, o fenômeno é importante, pois permite ao jovem tornar-se cidadão, escapando assim da crescente tendência ao apolitismo.


FOLHA - Mas o mal-estar que causou Maio de 68 permanece...


MORIN - Não só permanece, como agravou-se. Onde há vida urbana e desenvolvimento, há estresse e ritmos de trabalho desumanos. A poluição causa males terríveis, e nossa civilização é incapaz de impedir a criação de ilhas de miséria. Mas o que piorou mesmo foi o fato de termos perdido a fé no progresso. O mundo ocidental dava como certa a idéia de que o amanhã seria radioso. Mas, nos anos 90, percebeu-se que a ciência trazia também coisas como armas de destruição em massa e que a economia estava desregulada, enterrando de vez a promessa de que as crises haviam deixado de existir. O sentimento de precariedade é agravado pelo fato de os pais não saberem se seus filhos terão um emprego. Tampouco há esperança vinda da esfera política. Os políticos hoje se contentam em pegar carona no crescimento econômico. Não bastasse a ilusão de que esse crescimento da economia resolveria os problemas, eis que agora impera a estagnação. O mal-estar está mais profundo, inclusive nas classes que têm acesso ao consumo. E quando não há mais futuro, a gente se agarra a um presente desprovido de sentido ou ao passado -nação e religião.


FOLHA - O senhor acredita no choque das civilizações?


MORIN - Parece cada vez mais grave a confrontação entre os mundos árabe-islâmico e ocidental. Mas isso não é um choque de civilizações, até porque boa parte do mundo muçulmano está amplamente ocidentalizada. O problema é que os países árabe-islâmicos estão tomados por um desespero ligado ao fracasso da democracia e do socialismo naquela região e à imensa corrupção trazida pelo capitalismo. Diante disso, parte da população torna-se ultra-religiosa e pensa que a salvação está numa interpretação integrista da sharia, a lei islâmica. O choque das civilizações é uma profecia que se auto-realiza. Acreditar nela é estimulá-la. Além disso, islã, cristianismo e judaísmo têm um tronco comum. São fés monoteístas muito parecidas. Por isso me tranqüiliza saber que grandes civilizações como a China e a Índia tiveram a felicidade de escapar disso. Muitos males advêm dos monoteísmos. Olhe o que acontece com a questão israelo-palestina. Nos dois lados impera cada vez mais a visão religiosa de um problema fundamentalmente nacionalista. Repare na força dos evangélicos nos EUA, berço da sociedade mais materialista do mundo e onde a teoria do criacionismo não pára de se espalhar. Tudo isso é uma grande regressão. Não acredito no choque das civilizações, acredito na volta da barbárie em suas mais diversas formas.


FOLHA - Uma das maiores mudanças mundiais das últimas décadas, a internet, na sua opinião, afastou ou aproximou as pessoas?


MORIN - Se considerarmos o fato de a internet ser um instrumento polivalente, que serve até aos interesses do crime, acho que a rede aproxima as pessoas. A internet tornou-se um sistema nervoso artificial que tomou conta do planeta. É algo que ajuda muito na hora de desenvolver afinidades, encontrar amigos, amores ou parceiros de hobby. A internet é um fato universal importantíssimo. Mas os sistemas de comunicação não criam compreensão. A comunicação apenas transmite informação. É preciso estimular o surgimento de uma consciência planetária. Se a internet não desenvolver a idéia da comunidade de destinos da humanidade, terá apenas uma função limitada e parcelar.


FOLHA - Que papel restou para o intelectual hoje?


MORIN - O intelectual é alguém que toma a palavra em público para levantar problemas fundamentais. Infelizmente, os intelectuais foram levianos quando se tornaram stalinistas ou maoístas. Eles enganaram as pessoas.Por outro lado, é ruim quando nos deparamos com um mundo entregue a peritos, especialistas e economistas, que são incapazes de enxergar a abrangência dos problemas essenciais e globais.Intelectuais são necessários, mesmo quando eles se enganam. Quanto mais o mundo acha que não precisa deles, mais eles fazem falta (risos).

O FRANCÊS Edgar Morin é um dos últimos grandes pensadores vivos. Filósofo, historiador e sociólogo, aos 87 anos se empolga ao falar dos movimentos estudantis atuais e diz que uma das maiores conquistas de Maio de 68 foi a afirmação da adolescência como entidade social autônoma. Mas o intelectual acredita que a crise moral que provocou o levante de 40 anos atrás é hoje muito mais grave porque o mundo, segundo ele, perdeu totalmente a crença num futuro melhor.
Edgar Morin passou boa parte de sua trajetória intelectual defendendo a transdisciplinaridade, a idéia segundo a qual as ciências são complementares e o conhecimento só é válido quando colocado sob a luz da abrangência. Convidado a abrir a segunda edição do ciclo de palestras "Fronteiras do Pensamento Braskem-Copesul", em Porto Alegre, Morin avisou que o tema de sua intervenção seria "1968-2008: o mundo que eu vi e vivi". Foi uma oportuna maneira de analisar os rumos da humanidade às vésperas do 40º aniversário da revolta francesa de Maio de 1968, o evento estudantil e operário que ultrapassou fronteiras, disseminando os valores que até hoje norteiam boa parte da modernidade ocidental. Horas antes da palestra, no último dia 14, Morin conversou por 40 minutos com a Folha no saguão de um luxuoso hotel da capital gaúcha. Os gestos frágeis e a voz definhante não condizem com o discurso vibrante e apaixonadamente engajado de um homem que dedicou a vida ao entendimento humano.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Santiago


Pesquei da Santa


Do Blog da Santa pesquei a imagem e o texto.


"Quem ganha, são todo mundo" (Lula)
Por ocasião da XII Reunião da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento - Unctad (Gana, África). Na foto de Clayton de Souza/AE, Lula e Celso Amorim zzzzzz...



Leio no RS Urgente que a Editora Boitempo está lançando o livro: Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI, do sociólogo italiano Giovanni Arrighi.


É uma oportunidade para refletir sobre o chamado “fenômeno chinês”. Professor de Sociologia da Universidade Johns Hopkins (EUA), Arrighi investiga as causas e as conseqüências do acelerado crescimento da China nos últimos anos. Ele prevê ameaças de enfrentamentos futuros, a decadência da hegemonia dos Estados Unidos e a criação de uma nova ordem internacional.


Para Arrighi, os EUA ainda são dominantes econômica, militar e politicamente. “Mas é uma dominação sem hegemonia, no sentido de que hegemonia não é apenas dominação pura, mas também a capacidade de fazer os outros acreditarem que você age no interesse geral.” Em seu livro, ele também aborda a preocupação dos Estados Unidos e suas tentativas de conter a expansão chinesa, originada do crescimento econômico ocorrido nos anos 1990.


A obra pretende interpretar a transferência do epicentro da economia política mundial da América do Norte para a Ásia, à luz da teoria de desenvolvimento econômico de Adam Smith, e apresentar uma releitura do clássico A riqueza das nações a partir dessa transferência. No fim do século XVII, Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, previu uma equalização de poder entre os impérios do Ocidente e o Oriente colonizado.


Comento: sou leitor crítico do Arrighi, mas não aposto como ele. Não acredito, por enquanto, em hegemonia chinesa. A China está muiiiito longe disso, as recentes manifestações contra os jogos olímpicos de Pequim estão a mostrar exatamente isso. A China apesar de sua abertura econômica continua politicamente fechada.Além disso, O centro de tudo é a Europa, sobretudo a Europa central e duvido, duvido muito que os países europeus -- e mesmo o Japão concorrente direto da China -- vão se submeter a hegeomonias chinesas. Por enquanto isso é impossível...

Ronaldo


Dia Ruim Para Yeda

Ontem foi um dia péssimo para o governo Yeda. Primeiro o secretário Ariosto Culau é visto tomando chopp com o complicadérrimo Lair Ferst no shopping Total, na capital gaúcha, foto acima publicada na Zero Hora. Segundo, o Diego Casagrande está a dizer que Luis Fernando Tubino -- aquele mesmo que gravou a confissão do Diógenes de Oliveira afirmando para a polícia não reprimir o crime organizado -- revelou ter informações de que Lair Ferst teria pago R$ 400 mil para ajudar na compra da casa da governadora. Tubino revelou essas informações na madrugada de hoje na CPI do Detran.

Acho de grande gravidade esta vergonhosa suposta doação do gangster Lair Ferst com Yeda. Acho complicadíssimo e isso tem que ser sim averiguado e com grande transparência. Considero complicada a situação da Yeda e lastimo muito por isso, porque votei nela e não acho que ela esteja fazendo um mau governo. Aliás, é o governo que mais fez para controlar e estancar o crônico e estrutural déficit do Estado -- que gasta muiiiiito mais do que arrecada -- e quem paga essa conta somos nós, os gaúchos. E controlar e estancar o déficit é também realizar medidas impopulares como cortar gastos, demitir servidores e desestatizar certos serviços. Yeda tem tido essa coragem e determinação. Talvez o vice governador Paulo Feijó tenha muito mais coragem e determinação para fazer realmente as reformas que o RS precise.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

E se Tiradentes tivesse Vencido?


Artigo do historiador Kenneth Maxwell publicado hoje na Folha, comento depois.



História contrafactual


Dois poderosos símbolos históricos brasileiros estavam em exibição nesta semana, ou deveriam estar. Em resumo, "Tiradentes", de um lado, e "1808", do outro. Trata-se de mitologias em certa medida inventadas: o mito cultivado pela Velha República, no século 19, em torno do alferes Joaquim José da Silva Xavier, ante a nova mitologia que vem emergindo com a reabilitação do príncipe herdeiro dom João no bicentenário de sua chegada ao Rio de Janeiro a fim de estabelecer uma corte européia transoceânica em solo brasileiro. Os mineiros modernos fazem tudo o que podem a cada Dia de Tiradentes, como fizeram na segunda-feira, para fazer da solene lembrança de aspirações tragicamente abortadas de independência, república progressista e constitucional e soberania nacional -defendidas por Tiradentes e seus colegas de conspiração em 1789- um circo político paroquiano. Os cariocas, enquanto isso, fizeram da celebração do 1808 uma desculpa para "re-portuguesar" a historiografia do período e celebrar todas as coisas que Tiradentes havia tentado rejeitar e repudiar: monarquia, deferência e sujeição às preocupações e envolvimentos europeus. Estranhamente, não sabemos que aparência tinha Tiradentes. Os fragmentos de documentação que sobrevivem do século 18 indicam, porém, que era carismático, persuasivo, contencioso, inimigo das convenções e corajoso. Para "1808", por outro lado, temos um rosto definido com muita clareza em múltiplos retratos: o príncipe regente, dom João, era certamente desprovido de carisma, cronicamente indeciso, muito acomodado e excessivamente gordo e feio. Mas um desses homens, Tiradentes, fracassou, enquanto o outro, dom João, apesar de toda a sua indecisão, agiu quando era necessário agir e tomou a extraordinária medida de transferir a corte portuguesa ao Brasil -onde ele estaria seguro contra as ameaças de Napoleão e do exército deste, bem como mais independente da Grã-Bretanha e de sua poderosa marinha. Tiradentes tentou mudar a história; dom João conseguiu. As conseqüências desse fracasso e desse sucesso, sem dúvida, ajudaram a fazer do Brasil o que ele é. O legado de dom João envolvia continuidade, autoridade, centralismo, burocracia e unidade territorial. O caminho da rebelião, democracia, federalismo e cidadania participativa que Tiradentes propunha não foi seguido. Será que o Brasil teria se saído melhor caso Tiradentes tivesse triunfado? É impossível dizer. Mas certamente teria sido diferente.


Gosto do Maxwell. Sou um leitor e "pescador" de seus artigos, mas dessa vez ele mistura alhos com bugalhos. Primeiro, Tiradentes morreu em 1792 e a família real chegou em 1808. Se o Brasil se tornasse independente no final do século XVIII, a família real não teria vindo ao Brasil e teria sido presa pelas tropas de Napoleão. E o que ocorreria com o Brasil? Tiradentes e os insurgentes teriam força e poder para manter toda essa unidade territorial? Dificilmente. O certo é que o Brasil existe hoje como unidade federativa tendo em vista a vinda da família real em 1808. Muito possívelmente o Brasil seria esfacelado em diversos países, como aconteceu com a américa espanhola. Para certos defensores do separatismo seria a glória de tudo.

A Turba do Pega e Lincha - Contardo Calligaris


Artigo de Contardo Calligaris na Folha de hoje:
NA ÚLTIMA sexta-feira, passei duas horas em frente à televisão. Não adiantava zapear: quase todos os canais estavam, ao vivo, diante da delegacia do Carandiru, enquanto o pai da pequena Isabella estava sendo interrogado.O pano de fundo era uma turba de 200 ou 300 pessoas. Permaneceriam lá, noite adentro, na esperança de jogar uma pedra nos indiciados ou de gritar "assassinos" quando eles aparecessem, pedindo "justiça" e linchamento. Mais cedo, outros sitiaram a moradia do avô de Isabella, onde estavam o pai e a madrasta da menina. Manifestavam sua raiva a gritos e chutes, a ponto de ser necessário garantir a segurança da casa. Vindos do bairro ou de longe (horas de estrada, para alguns), interrompendo o trabalho ou o descanso, deixando a família, os amigos ou, talvez, a solidão -quem eram? Por que estavam ali? A qual necessidade interna obedeciam sua presença e a truculência de suas vozes? Os repórteres de televisão sabem que os membros dessas estranhas turbas respondem à câmera de televisão como se fossem atores. Quando nenhum canal está transmitindo, ficam tranqüilos, descansam a voz, o corpo e a alma. Na hora em que, numa câmera, acende-se a luz da gravação, eles pegam fogo. Há os que querem ser vistos por parentes e amigos do bar, e fazem sinais ou erguem cartazes. Mas, em sua maioria, os membros da turba se animam na hora do "ao vivo" como se fossem "extras", pagos por uma produção de cinema. Qual é o script? Eles realizam uma cena da qual eles supõem que seja o que nós, em casa, estamos querendo ver. Parecem se sentir investidos na função de carpideiras oficiais: quando a gente olha, eles devem dar evasão às emoções (raiva, desespero, ódio) que nós, mais comedidos, nas salas e nos botecos do país, reprimiríamos comportadamente. Pelo que sinto e pelo que ouço ao redor de mim, eles estão errados. O espetáculo que eles nos oferecem inspira um horror que rivaliza com o que é produzido pela morte de Isabella. Resta que eles supõem nossa cumplicidade, contam com ela. Gritam seu ódio na nossa frente para que, todos juntos, constituamos um grande sujeito coletivo que eles representariam: "nós", que não matamos Isabella; "nós", que amamos e respeitamos as crianças -em suma: "nós", que somos diferentes dos assassinos; "nós", que, portanto, vamos linchar os "culpados". Em parte, a irritação que sinto ao contemplar a turma do "pega e lincha" tem a ver com isto: eles se agitam para me levar na dança com eles, e eu não quero ir. As turbas servem sempre para a mesma coisa. Os americanos de pequena classe média que, no Sul dos Estados Unidos, no século 19 e no começo do século 20, saíam para linchar negros procuravam só uma certeza: a de eles mesmos não serem negros, ou seja, a certeza de sua diferença social. O mesmo vale para os alemães que saíram para saquear os comércios dos judeus na Noite de Cristal, ou para os russos ou poloneses que faziam isso pela Europa Oriental afora, cada vez que desse: queriam sobretudo afirmar sua diferença. Regra sem exceções conhecidas: a vontade exasperada de afirmar sua diferença é própria de quem se sente ameaçado pela similaridade do outro. No caso, os membros da turba gritam sua indignação porque precisam muito proclamar que aquilo não é com eles. Querem linchar porque é o melhor jeito de esquecer que ontem sacudiram seu bebê para que parasse de chorar, até que ele ficou branco. Ou que, na outra noite, voltaram bêbados para casa e não se lembram em quem bateram e quanto. Nos primeiros cinco dias depois do assassinato de Isabella, um adolescente morreu pela quebra de um toboágua, uma criança de quatro anos foi esmagada por um poste derrubado por um ônibus, uma menina pulou do quarto andar apavorada pelo pai bêbado, um menino de nove anos foi queimado com um ferro de marcar boi. Sem contar as crianças que morreram de dengue. Se não bastar, leia a coluna de Gilberto Dimenstein na Folha de domingo passado. A turba do "pega e lincha" representa, sim, alguma coisa que está em todos nós, mas que não é um anseio de justiça. A própria necessidade enlouquecida de se diferenciar dos assassinos presumidos aponta essa turma como representante legítima da brutalidade com a qual, apesar de estatutos e leis, as crianças podem ser e continuam sendo vítimas dos adultos.

A Brigada é a Geni


A Brigada é a Geni


Aroldo Medina, Major da Brigada Militar gaúcha

ZH fez uma reportagem equilibrada sobre moradores de rua abordados pelo 9º BPM. A matéria publicada no dia 18 de abril suscitou manifestação da designer Kátia Ozório classificando o trabalho da Brigada como uma ação equivocada, em artigo veiculado no jornal Zero Hora no dia 19 de abril. A leitura da opinião da designer me fez lembrar da música do Chico Buarque Geni e o Zepelim.


A Brigada atende todo mundo, nas mais diferentes situações. Além do policiamento ostensivo que procura fazer mesmo com pouquíssimas viaturas, brigadianos e brigadianas em número cada vez menor, estas as verdadeiras razões que fazem as pessoas esperarem, atende desde ocorrências policiais até os casos mais inusitados. Faz parto em viaturas quando faltam ambulâncias. A Brigada leva pessoas doentes para os hospitais, não cobra corrida e o paciente que chega ao hospital acompanhado da polícia normalmente é atendido.Requisitada nas emergências, doa sangue aos enfermos. Pega jacaré em quintal. Captura cobra dentro de casa. Vive prendendo bandidos, diariamente, que voltam às ruas na semana seguinte. Socorre pessoas acidentadas. Combate incêndios. Mergulha nas piores condições para procurar afogados. Salva incontáveis vidas nos verões ensolarados. Embrenha-se nos matos procurando desaparecidos. Já dirigiu ônibus e caminhão de lixo em Porto Alegre, em greves das categorias. Participa das Forças da ONU, em missões de paz. Vela seus inúmeros mortos tombados no combate ao crime.


Certa feita, estava de serviço junto ao 190 e uma atendente me passa uma ligação, na qual uma senhora pergunta se posso mandar uma viatura na casa dela para desligar o forninho do seu fogão. A senhora visitava uma amiga na zona norte de Porto Alegre e morava no Lami. Havia esquecido o forninho ligado e deixado a chave da sua casa na vizinha, que não tinha telefone. Mandei a viatura!


Nos arredores de Santa Maria e Itaara chamam a Brigada para atender fenômenos envolvendo discos voadores. No interior de nosso Estado, também chamam a Brigada para caçar "chupa-cabras pampeiros" e outras feras que atacam ou dilaceram animais domésticos. Casa mal assombrada ou algum demônio que rouba o sossego público, ladrões de cemitério, lá também está a Brigada caçando os fantasmas.


Chamar a Brigada para tirar mendigo da rua, é mais uma, entre mil missões em que a BM responde presente. Uma simples leitura do Decreto-Lei 3.688 de 03/10/1941 - Lei das Contravenções Penais, artigos 37, 42, 59, 60, 61, 62 e 68, que tratam de perturbação do sossego alheio, mendicância, vadiagem, embriaguez, ofensa ao pudor, sujeira em lugar de acesso público, recusa de identidade, independentemente dos antecedentes criminais da pessoa abordada, dão amparo legal à BM para atender aos chamados das pessoas importunadas por moradores de rua, que também respeitamos.


Em meus 22 anos de Brigada, só testemunhei a corporação recusar uma "ocorrência". Era Semana da Pátria e alguém resolveu fazer cocô no palanque. Chamaram um soldado da Brigada para limpar. O soldado chegou, olhou para a "evidência" e arrematou com toda calma: "É com o DMLU!" Deu as costas e voltou para o patrulhamento no seu posto.


É por tudo isso que foi inevitável sentir um grande desconforto cultural como policial, ao ler a opinião da dona Kátia Ozório, opinião que me fez lembrar de imediato a letra da música do Chico e de todo o seu contexto, comparando-a com as missões de polícia e reescrevendo-a em minha mente: "Joga pedra na Brigada, Ela é feita pra apanhar, Ela é boa de cuspir, Ela atende qualquer um, Maldita Brigada"!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Choque de Civilizações


Outro dia na feira do Bom Fim em Porto Alegre, comprei um artesanato de uma índia e que custava 15 reais. Dei uma nota de 50 e a índia não entendia, não sabia que troco dar. Tentava contar com os dedos e o resultado não saia. Tive que trocar os 50 e dar os 15 bem contadinho. Ela ficou tri agradecida. O índio brasileiro faz parte de um outro mundo, de um outro contexto, de uma outra cultura, de uma outra ciência. E é realmente uma imensa violência impôr a eles a nossa cultura, o nosso contexto, a ciência do homem branco "civilizado". Eis ai o choque de civilizações. Interessante é que o índio norte-americano sabe contar, tem espírito empreendedor. Em diversas reservas indígenas norte-americana os índios administram cassinos e o fruto dessa preciosa graninha serve para pagar as contas e melhorar a qualidade de vida de toda a tribo. Mas o índio brasileiro não quer saber de aprender essa linguagem....

Angeli


O Neoliberalismo Morreu?


Notícia prematura de uma morte

Clovis Rossi

Temo ser prematura a notícia da morte do neoliberalismo, dada com exclusividade na edição de segunda desta Folha por esse excelente analista que é Luiz Carlos Bresser-Pereira. Convém primeiro qualificar a morte. Se se trata do conceito de "todo o poder aos mercados", o grito de guerra do neoliberalismo, é bem possível que Bresser tenha razão. Mas, se se trata de sua aplicação prática, suspeito que o suposto cadáver revela notável higidez. Bresser usou, no atestado de óbito, dois fatos da vida que, a meu ver, provam exatamente o contrário, ou seja, a sobrevida do "todo o poder aos mercados". Eram o socorro ao Bear Stearns e as revoltas em países atingidos pela alta de preço de alimentos. Ora, o que ficou claríssimo é que os governos agiram com enorme rapidez para socorrer o sistema financeiro, mas não exibem nem remotamente a mesma velocidade para encarar o problema da fome decorrente da alta de preços de alimentos. Pior: a quantidade de dinheiro despejada no socorro ao sistema financeiro daria para matar a fome do mundo todo, até daqueles que nunca passaram perto dela e nem reparam se os alimentos estão mais caros ou não. Mesmo sendo comparativamente menor -bem menor- a quantia de dinheiro requerida para escapar do risco de fome em massa, os governantes ficam discutindo, academicamente, se a inflação da comida é culpa dos biocombustíveis ou dos subsídios do mundo rico a seus agricultores ou das carências da agricultura nos países mais pobres. Na hora de ajudar os bancos, não houve discussão. Foram ao ponto e abriram as arcas. Uma das características centrais do tal neoliberalismo é exatamente essa: os mercados comandam o governo. A política, a que deveria ter "pê" maiúsculo, não tem lugar nesse esquema, açambarcado pelo capitalismo financeiro.

Juiz solta hackers, mas exige que leiam obras clássicas


Para conceder liberdade provisória a três jovens detidos sob a acusação de praticar crimes pela internet, um juiz federal do Rio Grande do Norte determinou uma condição inédita: que os rapazes leiam e resumam, a cada três meses, dois clássicos da literatura.As primeiras obras escolhidas pelo juiz Mário Jambo, 49, foram "A hora e a vez de Augusto Matraga", conto de Guimarães Rosa (1908-1967), e "Vidas Secas", de Graciliano Ramos (1892-1953).Os acusados Paulo Henrique da Cunha Vieira, 22, Ruan Tales Silva de Oliveira, 23, e Raul Bezerra de Arruda Júnior, 30, foram liberados no dia 17, após nove meses presos por envolvimento na Operação Colossus, da Polícia Federal. A operação, deflagrada em agosto de 2007, investiga uma suposta quadrilha que roubava senhas bancárias pela internet. Foram cumpridos 29 mandados de prisão no Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Paraíba. Ao conceder a liberdade provisória aos três jovens, o juiz listou 12 condições, como não freqüentar casas de prostituição, lan houses e salas de bate-papo virtual. Jambo, que há três anos atua como juiz federal, disse que a Justiça precisa sair da "mesmice".Três condicionantes se relacionam à educação dos acusados: freqüentar instituição de ensino, comprovar presença e aproveitamento nas aulas, ler e resumir os textos indicados.Os três rapazes aceitaram as condições e já estão soltos. Como os jovens são peritos em internet, o magistrado determinou que os relatórios sobre as obras deverão ser feitos pelos jovens de próprio punho.Sobre a escolha das obras de Ramos e Rosa, o juiz destacou o caráter educativo. "Nada como ler um "Vidas Secas" para perceber o que é vida dura, o que é necessidade de dinheiro."Segundo Jefferson Witame Gomes Júnior, advogado de Oliveira, seu cliente ainda não se matriculou na faculdade, mas já comprou os livros. "a decisão [judicial] foi uma forma de integrá-los à sociedade e uma redenção, porque já não há educação no Brasil. Uma decisão dessas favorece jovens a utilizar a inteligência para fins positivos."