Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Filhinhos da Mamãe


Fiquei sabendo agora, nem sabia desse fenômeno da nossa época. Sai da casa da mamãe quando tinha 23 anos. Fui  morar sozinho num apê alugado, na cidade baixa em Porto Alegre,  onde mal cabia meus LP´s. Foi uma grande experiência de vida. Hoje, lendo a crônica do Ruy Castro, na Folha abaixo, descobri que existe uma tendência de rapazes de mais de 30 anos morarem com a querida mamãe. Quem diria.


Morando com mamãe


 Custei a perceber que era uma tendência: a quantidade de rapazes de 30 anos ou mais, hoje em dia, ainda vivendo com os pais e sendo sustentados por eles -abdicando da liberdade pelos confortos e conveniências da cama, comida e roupa lavada. Foi para isso que os jovens dos anos 60 fizeram duas ou três revoluções?


Nenhum garoto de 1968 trocaria a canja de galinha do Beco da Fome, em Copacabana, às 4h, pelo toddy com biscoitos servido pela mãe às 21h, depois de "O Sheik de Agadir". Ou a aventura de morar num apê tipo já-vi-tudo em Botafogo -o mobiliário consistindo de uma estante de tijolos com uma ripa de madeira por cima (roubados de alguma construção vizinha) e de uma esteira de praia à guisa de cama- pelo quarto acolhedor e quentinho que ocupava desde guri no vasto apartamento dos pais.


Quem chegasse à provecta idade de 20 anos e não tivesse endereço próprio era tido como anormal -a norma era entrar para a faculdade aos 18 ou 19, arranjar um emprego e ir à vida, como até as meninas estavam fazendo. As vantagens de morar sozinho eram poder ir ao banheiro com a porta aberta, namorar a qualquer dia e hora e promover reuniões para derrubar a ditadura ou para escutar o disco novo da Nara, o que viesse primeiro.


Hoje, há marmanjos de até 40 anos morando com a mãe, na Europa, nos EUA e no Brasil. Na Itália são chamados de "mammoni" (filhinhos da mamãe); na Espanha, de "ni-ni" ("ni estudian, ni trabajan"); na Inglaterra, de "kidults" ("kids", crianças, com adultos). Eles se defendem: formaram-se, gostariam de trabalhar, mas o mercado é cruel, não consegue assimilá-los, são desempregados crônicos e não têm como pagar aluguel, comprar um imóvel nem pensar.


E, além disso, ninguém cozinha como a mamãe.

2 comentários:

Bípede Falante disse...

Hoje em dia ninguém cozinha como a mamãe, exceto o papai.
E o problema não está no desejo dos filhos de quererem ficar e sim na dificuldade dos pais de deixá-los partir.

Fábio Gilarde disse...

É verdade ningem cozinha como a mamãe e o papai, mas acho que o mais dificil para sair jovem de casa é achar um alguel de apartamento que se encache no que o jovem possa pagar. otimo post, parabens.