Enquanto esperava o elevador, no hall de entrada do prédio onde trabalho, a faxineira falava no seu celular com o filho que mora no interior. Gustavo, dizia ela, vamos chegar ai pelas 10 horas de sábado. Sairemos de corsa pelas 7 da manhã e, em três horas, chegaremos. Prepare o almoço que vai ser uma festa.
Esse tipo de conversa é novidade no Brasil. Primeiro, porque os pobres neste país não tinham acesso à telefonia. Esse serviço, na época do monopólio estatal, era privilégio de poucos. Sim, a "maldita" privatização universalizou e democratizou esse importante e fundamental serviço. Além disso, faxineira no Brasil da década de 80, início de 90, não tinha carro; nem ela e nem sua família.
Temos sim de comemorar essas conquistas que interessam a todos os brasileiros. O que é de se lamentar é que nossas estradas rodoviárias são péssimas e perigosas e praticamente não existe, neste país continental, ferrovias. O que por si só é um absurdo. Gostaria de ter ouvido o seguinte diálogo no celular da simpática faxineira: Gustavo, chegaremos ai pelas 9 horas de sábado, pois pegaremos o trem das 7, prepare o almoço que vai ser uma festa.
9 comentários:
Particularmente fico muito feliz, também, vendo essa ascensão social. Mas me incomoda saber que boa parte disso é decorrente de uma política de crédito agressiva, cujos efeitos futuros não se sabem ao certo.
De qualquer modo, eu torço para que esse processo de ascensão social se mantenha, só isso diminuirá as enormes diferenças brasileiras e criará crescimento sustentável de nossa economia.
Qual a relação entre uma suposta "política de crédito agressiva" com o uso de telefones celulares pelos pobres? Ora! Simplesmente a quebra do monopólio barateou certas coisas, dentre elas a telefonia. Foi o tal terrível capitalismo neoliberal que permitiu essa ascensão dos pobres, que hoje podem usufruir de bens de consumo que antes eram privilégios de ricos.
Em 2006 enquanto eu tomava dois ônibus para ir ao trabalho, minha faxineira "brasileira" em Genebra ía para a minha casa com uma BMW bem novinha, que ela fazia questão de contar que comprara com o dinheiro exclusivo da faxina. À tarde ela tinha outro emprego como secretária. Era um paulista bonita, gentil, educada e bem casada, mas que não tinha vergonha alguma do trabalho, desde que fosse honesto. Cobrava 80 francos por apenas duas horas. No outro trabalho eu não sei quanto ganhava, mas o salário mínimo aqui é CHF 3,000.00 ou seja US$ 3,000.00. Um dia o Brasil chega lá.
Amém, terráqueo.
Terráqueo disse tudo.
Carlos Eduardo, anotei o livro do sobre mitos gregos. Quero te indicar um outro sobre os mitos gregos, um pouco mais antigo, mas excelente, não sei se já conhece. Escrito por um grande especialista, para o público leigo:
Jean-Pierre Vernant. O Universo, os Deuses, os Homens. Eu adorei.
Espero, sinceramente, Terráqueo que o Brasil um dia chegue lá. Janaina, este livro do Vernant é muiiiiito citado pelo Luc Ferry na "Sabedoria dos mitos gregos", editado no final do ano passado.
Se teclo no meu laptop Acer conectado na web pelo modem Huawei cedido pela Tim devo desconhecer os pobrema das privataria e das grobarizaçaum? Naum, bom mesmo era na época da Telebrás e da CRT! Telefone naum tinha nem funcionava direito...mas tinha us oreião e bastante emprego prus cumpanheiro!
Muito bom Ogro Zen, muito bom....
HOje em dia vende-se celular,carro, móveis, computadores com prestações de pequeno valor... exatamente como essas pessoas podem comprar.
Não haveria esse boom apenas com a abertura do mercado de comunicação, à ele, houve agregada uma política de crédito...
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