Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 5 de abril de 2011

Dando Visibilidade ao Radicalismo



Do Blog do sociólogo Rudá Ricci destaco artigo de José Roberto Toledo publicado no Estadão sobre o caso Bolsonaro.

Dependência e Preconceito

Estão tentando transformar Jair Bolsonaro (PP-RJ) em vítima - sob o argumento, falacioso e cínico, de que as críticas a ele pretendem cercear a liberdade de expressão do deputado. É cínico porque Bolsonaro vive em um eterno 1.º de abril, defende até hoje a ditadura militar e, por tabela, a censura que o regime instalou no País. É uma falácia porque nunca Bolsonaro foi tão instigado a falar quanto agora e, infelizmente, nunca foi tão ouvido. O que se discute é se o deputado deve arcar com as consequências do que diz, mesmo escondido atrás da imunidade parlamentar.



Levado ao absurdo, o argumento de que os parlamentares são inimputáveis pelo que falam no exercício do mandato permite que amanhã um deputado ou senador pregue o terrorismo ou o assassinato de adversários sem sofrer nenhum tipo de consequência. Será o preço da democracia? Cassar Bolsonaro é legalmente complicado e politicamente duvidoso. Não apenas ele poderia posar de mártir da liberdade de expressão, como facilmente seria substituído por outros do mesmo calibre. Basta lembrar que há um Bolsonaro deputado estadual e outro vereador. Mais importante é combater as ideias. Rechaçar o racismo, a homofobia e a ditadura. Bancar o avestruz e fazer de conta que nada aconteceu também pode ser trágico.
 
Após transformar em celebridade o pastor da Flórida que ameaçava queimar exemplares do Alcorão, a imprensa norte-americana baniu-o do noticiário. Para não dar visibilidade ao seu radicalismo. Como se o fato só existisse ao ser noticiado pelos meios de comunicação tradicionais. Nada mais superado. Mesmo sem cobertura maciça da mídia, Terry Jones queimou o livro sagrado dos muçulmanos. Não foi preciso mais do que um par de fotos no Facebook e um vídeo no YouTube para que a fogueira religiosa de Jones alcançasse o outro lado do mundo. Fanáticos religiosos vigiam-se uns aos outros. Clamando vingança pela queima do Alcorão, fundamentalistas mataram e degolaram funcionários da Organização das Nações Unidas que trabalhavam no Afeganistão. As vítimas não tinham nada a ver com as taras do pastor Jones nem com as de seus assassinos. Essa tragédia mostra o quanto é perigoso ignorar pregações de ódio. Um discurso racista aqui, uma agressão a homossexuais acolá sinalizam que há tensões sociais se acumulando. Se não forem dissipadas, um dia elas podem explodir e espalhar estilhaços para todos os lados, inclusive onde estão os avestruzes.

3 comentários:

PoPa disse...

Quanta bobagem se fala em nome da coerência...

Carlos Eduardo da Maia disse...

O CQC que estava em baixa deu um salto com a entrevista do Bolsonaro.

senna madureira disse...

Essa gente (Preta Gil, Bolsonaro, Direito do Negro, etc ) se alimentam de escândalos e polêmicas.

Bem como os ridículos programas tipo CQC e que tais...

Como ocorre aqui, o humor político e o politicamente correto poderiam ser abrangidos sem insultar a inteligência individual de cada um