Raul Carrion fica irritado quando passa numa vitrine e lê a expressão "sale". |
Hoje o deputado estadual Raul Carrion, PC do B-RS, escreve artigo na Zero Hora, reproduzido na íntegra abaixo, justificando seu projeto de lei, aprovado (vejam só) por 26 deputados gaúchos, no sentido de que palavras estrangeiras devem ser traduzidas no Rio Grande do Sul.
Destaco a parte mais importante e, também, mais folclórica e provinciana do texto do nobre deputado comunista:
Sabemos que toda língua é viva e se enriquece com as contribuições dos outros idiomas, incorporando palavras ou expressões que não têm equivalente no seu vocabulário. Mas isso não se confunde com o uso indiscriminado, abusivo e empobrecedor que vemos nos dias de hoje, seja na propaganda, na publicidade ou em certos meios de comunicação, que usam e abusam de palavras estrangeiras, sem qualquer necessidade, dificultando o seu entendimento por grande parte da população e desprezando a nossa língua pátria. Assim, em vez de “autosserviço”, insistem em escrever “self-service”, no lugar de “moda”, usa-se “fashion”, ao invés de “intervalo para café”, orgulham-se em dizer “coffee break”, trocam “liquidação” por “sale”, o estacionamento agora é “parking”, e assim por diante.
Tipicamente comunista. Um burocrata que quer regrar tudo. O mundo de hoje é globalizado e certas expressões são, pois, globalizadas e, portanto, utilizadas universalmente. Qual o problema de se utilizar a expressão self-service, fashion, coffee break, sale e parking? Não vejo problema algum. Não me sinto incomodado, como a grande e imensa maioria das pessoas. Não fico nada chateado e irritado quando leio numa vitrine a expressão "sale". Gosto de fazer um happy hour ou um coffe break. Isso não é modismo, isso é uma forma do mundo inteiro se comunicar, se entender. E tem gente que é contra. São, como diz o Llosa filho, os perfeitos idiotas latino americano.
Valorizemos a nossa língua,
Raul Carrion (Dep. Estadual, PCdoB-RS)
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul acaba de aprovar projeto de lei, de minha autoria, dispondo que, em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita, deve ser feita a tradução para a língua portuguesa das expressões ou palavras estrangeiras utilizadas. Caso estas não tenham equivalente em português, o seu significado deverá estar indicado a seguir, com o mesmo destaque. O texto legal exclui dessa exigência, por óbvio, os nomes próprios.
O referido projeto inspirou-se na Lei Toubon – do governo Mitterrand, na França –, na Lei Estadual 272/09 – do ex-governador Roberto Requião –, na Lei 5.033/09, da cidade do Rio de Janeiro, e no projeto de lei 1.676/99, do deputado federal Aldo Rebelo, já aprovado em caráter terminativo na Câmara dos Deputados, pronto para ser votado no Senado.
O objetivo dessa lei, mais do que punitivo, é educativo, de proteção dos direitos dos consumidores – os quais têm o direito a conhecer em sua língua pátria as características, qualidade, composição e preços dos produtos e serviços oferecidos (nos termos dos artigos 30 e 31 do Código de Defesa do Consumidor) – além de valorização e defesa da nossa língua, patrimônio cultural da nação e expressão da existência soberana do nosso povo. Aliás, a palavra “idioma” se origina do grego e significa “caráter próprio de alguém”.
Sabemos que toda língua é viva e se enriquece com as contribuições dos outros idiomas, incorporando palavras ou expressões que não têm equivalente no seu vocabulário. Mas isso não se confunde com o uso indiscriminado, abusivo e empobrecedor que vemos nos dias de hoje, seja na propaganda, na publicidade ou em certos meios de comunicação, que usam e abusam de palavras estrangeiras, sem qualquer necessidade, dificultando o seu entendimento por grande parte da população e desprezando a nossa língua pátria. Assim, em vez de “autosserviço”, insistem em escrever “self-service”, no lugar de “moda”, usa-se “fashion”, ao invés de “intervalo para café”, orgulham-se em dizer “coffee break”, trocam “liquidação” por “sale”, o estacionamento agora é “parking”, e assim por diante.
Existem estudos desenvolvidos por linguistas afirmando estar cientificamente demonstrado que, em princípio, todas as línguas têm condição de gerar as palavras que necessitarem quando provocadas.
Nossa lei sequer proíbe esse uso abusivo, simplesmente exige que o mesmo seja traduzido ou explicado, para que qualquer cidadão brasileiro tenha acesso ao seu significado.
*Deputado estadual (PC do B) lista
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4 comentários:
O governador Tarso Genro já conversou com pelo menos meia dúzia de especialistas em linguística sobre a lei aprovada na Assembleia Legislativa na semana passada, que determina a tradução de palavras ou expressões estrangeiras em documentos, materiais informativos e de propaganda e publicidade, e nos meios de comunicação. Ele afirmou nesta segunda-feira (25) que pretende realizar uma “oitiva” com o deputado Raul Carrion (PC do B) e especialistas, o que indica que sua decisão pode demorar um pouco. “Queremos que a decisão seja fundada na visão que a inteligência brasileira tem sobre o assunto. Temos acadêmicos de alto nível que trabalham esta questão em todo o país e no Rio Grande do Sul”, disse.
Tarso revelou que já ouviu especialistas contrários à lei e alguns a favor, com ressalvas. “Tenho ouvido várias pessoas, há opiniões divergentes sobre o assunto. Tem professores que entendem que a iniciativa é boa, com algum tipo de correção e aqueles que entendem o cerceamento pode até gerar uma reação adversa, de pessoas trazerem estrangeirismos desnecessários para se contrapor à lei”. O governador voltou a rechaçar as críticas que ridicularizaram o projeto do deputado Raul Carrion. Afirmou que é preciso analisar de maneira “sensata” o projeto e sem a “visão atrasada de que um país não pode defender sua língua”.
O discurso do governador dá a entender que a tendência é de que o projeto seja vetado, ou parcialmente, ou totalmente. Entretanto, Tarso Genro levantou a possibilidade de que, caso o projeto seja considerado inconsistente, o governo pode lançar um novo projeto, ou pedir que a Assembleia elabore um novo projeto. “Muitas vezes um projeto tem um sentido nobre, mas não está bem fundamentado”, disse.
O governador também levantou outra alternativa, de que seja feita uma campanha em defesa da língua portuguesa. “Acho que um programa de promoção, de afirmação da língua portuguesa talvez possa ter mais efeito que uma visão normativa, de proibição. Acho que isso pode ser o mais adequado”, disse. Mesmo que o projeto seja vetado, Tarso Genro indica que está interessado por este tema. “É um assunto palpitante, um bom debate para se fazer”.
Obrigado pelas úteis informações, Anônimo. Se eu fosse Tarso, que faz um bom governo, não entraria nessa celeuma. É muita perda de tempo. É uma discussão sobre o nada. As pessoas vão continuar usando essas palavras "modais". Ou vocês acreditam que os gaúchos, a partir da lei aprovada, vão dizer hora feliz para comemorar com chopps (qual a tradução de chopps?) depois de um workshop?
Um palerma com "p" maiúsculo!!!
Só isso...
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