Na Folha de hoje.
Os 1.300 mortos, cerca de 5.500 feridos e mais de 4.000 casas destruídas na ofensiva militar de 22 dias de Israel na faixa de Gaza representaram a vitória da causa palestina e do Hamas e a derrota de Israel -ao menos na opinião de vítimas dos bombardeios ouvidas ontem pela Folha. Se um dos objetivos de Israel era tentar voltar os palestinos contra o grupo extremista, desestabilizando-o internamente, a tática de ataque pode ter saído pela culatra. Dos entrevistados, muitos dos quais perderam parentes e suas casas, nenhum criticou os extremistas do Hamas, nem mesmo pessoas ligadas ao rival Fatah. Para muitos, a destruição e o grande número de mortes de civis pôs a opinião pública mundial ao lado dos palestinos e fez com que o Hamas passasse a ser tratado como governante legítimo de Gaza -o grupo, que venceu as legislativas de 2006, não é considerado interlocutor oficial nem por Israel nem pelos EUA, que o classificam como terrorista. "Israel não conseguiu nada do que queria e se vingou contra os civis, destruindo tudo. É só destruição civil. É esse um dos maiores exércitos do mundo?", indaga Ramadan Mahmoud Ghonin, cuja casa foi destruída e usada por Israel como base. "Isso é loucura. Minha vizinha foi morta dentro de casa. Por que atirar em uma mulher? Não conseguiram matar os guerrilheiros, assassinaram mulheres e crianças." No segundo andar da moradia no bairro de Betlahia, além de latas de atum e embalagens de barras energéticas deixadas por soldados israelenses, havia dezenas de cápsulas de fuzis. "O ódio contra Israel, pelo que houve, é tão grande que não há espaço para reclamar do Hamas", diz Youssef El Awa.
Mártires
Nas ruas de Gaza, as bandeiras verdes do grupo continuam a tremular no alto de mesquitas, casas e postes, ao lado de milhares de pôsteres de "mártires", ostentando fuzis ou não. "Qual é o problema com o Hamas? Ele venceu as eleições, é o governo legítimo", disse o professor Shawqi Ramal Salem, que teve a casa destruída por bombardeio israelense. Para Karam Basim Selman, "quem ganhou a luta foi o povo palestino, de Gaza". "Todos, qualquer criança, mulher, homem, velho guerrilheiro, todos venceram a guerra, até os mortos. Cada um lutou e desempenhou um papel à sua maneira, mesmo que não tenha pegado em armas", diz Selman. Muitos argumentam que Israel não obteve êxito militar porque, dizem, matou poucos membros do Hamas e muitos civis, além de não ter destruído muitos dos túneis na fronteira que servem para contrabando -violando o bloqueio econômico imposto a Gaza em junho de 2007, quando o grupo expulsou o rival Fatah do território e assumiu seu controle. "O Hamas continua no poder. Governos no mundo ficaram a favor da causa palestina contra Israel. [Muitos] já não chamam o Hamas de terroristas, mas de Hamas. Israel fortaleceu a causa palestina e o partido", afirma Omar El Jamal. Para um militante do Fatah, o momento seria de união entre os adversários, mas a suposta "vitória" impede isso por ora. "As duas partes deveriam se aproximar, pois o inimigo principal é Israel. Ainda vejo divisão, e o motivo é que Israel não ganhou a guerra. Se a vencesse, a união provavelmente aconteceria mais facilmente", disse.
Um comentário:
É uma tristeza o que acontece na mídia mundial e brasileira. Colocar este tipo de declaração em um jornal de grande circulação, é dar um tom de veracidade no que está escrito ali. Mas qualquer pessoa com QI de dois dígitos, percebe que, na realidade, a existência de Israel é que torna tudo complicado, pois o hamas não aceita o Estado de Israel. Com mortos ou sem mortos, não há diferença. E se é um governo legalmente constituído, onde está escrito que ele pode lançar - ou permitir que se lance - bombas e foguetes contra Israel e sua população civil? E os homens bomba, são "presentes"?
É uma guerra burra, sem dúvida, mas a burrice não está do lado israelense. Ou, pelo menos, não a maior parte dela...
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