Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

'Só Israel Pode Parar Israel'


Morrer em Gaza
Editorial do El País


Não há trégua na operação israelense para exterminar o Hamas na faixa mediterrânea.
Apesar dos mais de 500 palestinos e cinco israelenses mortos, os esforços diplomáticos para pôr fim ao massacre em Gaza inspiram no observador a interminável aflição do demasiado visto. A UE assume um certo destaque diante da omissão, por jogo duplo, do governo americano de saída, que se limita a dar um cheque em branco a Israel para prosseguir na operação de extermínio, e do que entra, com o silêncio do presidente eleito Barack Obama. Mas dele não cabe esperar qualquer mudança imediata em campo.Uma missão de paz européia encabeçada pelo ministro das Relações Exteriores checo - país que ocupa a presidência rotativa da UE -, Karel Schwarzenberg, com Tony Blair, representante do Quarteto diante do conflito, e Javier Solana, alto comissário da Comunidade Européia para Assuntos Exteriores, percorre a região reconhecendo que não tem uma fórmula de cessar-fogo a propor.Como se faltasse representação européia, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sempre ávido por destaque internacional, conferenciou na segunda-feira com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, à espera de desembarcar hoje na região. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, cancelava com certa precipitação uma visita oficial à Síria, enquanto a Itália tentava coordenar com Espanha e Grécia um diálogo "no âmbito mediterrâneo", que também não parecia de extrema urgência.No Conselho de Segurança da ONU, que permaneceu imóvel desde o começo da operação militar, diante da negativa dos EUA a aceitar qualquer resolução que condenasse Israel, mesmo que vagamente, estuda-se um novo texto promovido pelos países árabes, que poderia permitir pelo menos a aprovação de uma exigência de cessar-fogo enquanto ainda resta algo de Gaza em pé.Nesta fase da ofensiva, que começou no sábado com a entrada de 10 mil soldados israelenses na faixa mediterrânea, com a aparente intenção de fragmentar o território e erradicar metodicamente de cada segmento os terroristas do Hamas, o invasor empregou bombas de cachos e de fósforo, particularmente indiscriminadas em sua ação sobre todos os que ali se encontram, civis, mulheres ou crianças. Israel, no entanto, afirma que usou esses explosivos só em campo aberto e nunca em aglomerações urbanas, onde seu efeito seria especialmente monstruoso para qualquer sensibilidade civilizada.Diante da ocultação de Washington, da insuficiência da UE e da parcimônia forçada do Conselho de Segurança, mais a patética falta de vontade de ação internacional do mundo árabe, só Israel pode parar Israel, diante do espanto da opinião pública mundial; e só o Hamas pode se convencer de que sua ação é suicida, além de criminosa. O mundo olha e estremece, os atores matam e, sobretudo, no lado palestino, morrem.
Charge de Glauco.

3 comentários:

Anônimo disse...

"(...) o invasor empregou bombas de cachos e de fósforo (...)"

Mesmo que não esteja escrito em algum lugar que usar estes dois dispositivos é crime, ainda assim é crime. O primeiro gera pequenas bombas que eventualmente não explodem, ou melhor, explodem, mas quando não se espera. Geram campos minados. E fósforo branco, bom, quem usa essa merda não pode alegar estar destruindo instalações físicas... É uma forma cruel de matar pessoas.

A propósito, nós, Brasil, somos oficialmente contra a proibição de bombas cacho. Produzimos e vendemos essa merda.

Anônimo disse...

Só Israel pode parar Israel:

Em artigo publicado no jornal The Independent, o jornalista inglês radicado no Líbano, Robert Fisk, denuncia as mentiras contadas pelo governo de Israel para tentar justificar as atrocidades cometidas em Gaza (e atrocidades anteriores também). Fisk escreve:

“O que surpreende é que tantos líderes ocidentais, tantos presidentes e primeiros-ministros e, temo, tantos editores e jornalistas tenham acreditado na mesma velha mentira: que os israelenses algum dia tenham se preocupado em poupar civis. Todos os presidentes e primeiros-ministros que repetiram a mesma mentira, como pretexto para não impor o cessar-fogo, têm as mãos sujas do sangue da carnificina de ontem. O que aconteceu não foi apenas vergonhoso. O que aconteceu foi uma desgraça. ‘Atrocidade’ é pouco para descrever o que aconteceu. Falaríamos de ‘atrocidade” se o que Israel fez aos palestinos tivesse sido feito pelo Hamas. Israel fez muito pior. Temos de falar de ‘crime de guerra’, de matança, de assassinato em massa”.

“Reportei as desculpas que o exército de Israel tem oferecido ao mundo, já várias vezes, depois de cada chacina. Dado que provavelmente serão requentadas nas próximas horas, adianto algumas delas: que os palestinos mataram refugiados palestinos; que os palestinos desenterram cadáveres para pô-los nas ruínas e serem fotografados; que a culpa é dos palestinos, por terem apoiado um grupo terrorista; ou porque os palestinos usam refugiados inocentes como escudos humanos.

O massacre de Sabra e Chatila foi cometido pela Falange Libanesa aliada à direita israelense; os soldados israelenses assistiram a tudo por 48 horas, sem nada fazer para deter o morticínio; são conclusões de uma comissão de inquérito de Israel. Quando o exército de Israel foi responsabilizado, o governo de Menchaem Begin acusou o mundo de preconceito contra Israel. Depois que o exército de Israel atacou com mísseis a base da ONU em Qana, em 1996, os israelenses disseram que a base servia de esconderijo para o Hezbollah. Mentira.

Israel insinuou que os corpos das crianças assassinadas num segundo massacre em Qana teriam sido desenterrados e expostos para fotografias. Mentira. Sobre o massacre de Marwahin, nenhuma explicação. As pessoas receberam ordens, de um grupo de soldados israelenses, para evacuar as casas. Obedeceram. Em seguida, foram assassinadas por matadores israelenses. Os refugiados reuniram os filhos e puseram-se à volta dos caminhões nos quais viajavam, para que os pilotos dos helicópteros vissem quem eram, que estavam desarmados. O helicóptero varreu-os a tiros, de curta distância. Houve dois sobreviventes, que se salvaram porque fingiram estar mortos. Israel não tentou nenhuma explicação.

12 anos depois, outro helicóptero israelense atacou uma ambulância que conduzia civis de uma vila próxima – outra vez, soldados israelenses ordenaram que saíssem da ambulância – e assassinaram três crianças e duas mulheres, Israel alegou que a ambulância conduzia um ferido do Hezbollah. Mentira.

Cobri, como jornalista, todas essas atrocidades, investiguei-as uma a uma, entrevistei sobreviventes. Muitos jornalistas sabem o que eu sei. Nosso destino foi, é claro, o mais grave dos estigmas: fomos acusados de anti-semitismo. Por tudo isso, escrevo aqui, sem medo de errar: agora recomeçarão as mais escandalosas mentiras.”

Uma outra mentira denunciada por Fisk é a de que o cessar-fogo em Gaza teria sido rompido pelo Hamas: "O cessar-fogo foi rompido por Israel, primeiro dia 4/11; quando bombardeou e matou seis palestinenses em Gaza e, depois, outra vez, dia 17/11, quando outra vez bombardeou e matou mais quatro palestinos".

A tradução dos trechos do artigo é de Caia Fitipaldi.

PoPa disse...

Difícil tomar posição assim, tão à distância mas o hamas não tem boas intenções com Israel. Apesar de ser um governo constituído, prega a exterminação completa de Israel. Não o fazem por pura incompetência...