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Educação: as medidas e o Cpers
Zero Hora do último domingo listou medidas cuja implantação está sendo pretendida pela Secretaria Estadual da Educação em 2009. Algumas, por óbvio, ainda geram dúvida, sinalizam para situações discutíveis e merecem maior explicação. Outras, no entanto, vão diretamente ao encontro do anseio da sociedade, pois revelam clara preocupação com a melhoria da qualidade do ensino.
São propostas que preveem o uso de ferramentas de gestão já testadas, com excepcionais resultados, tanto pela iniciativa privada quanto por diversos governos do mundo todo.
Exemplifico: nos concursos públicos, os professores seriam avaliados com maior profundidade em suas próprias áreas de conhecimento. Ou seja: um profissional de matemática teria de provar o quanto sabe – pasmem! – de matemática. Parece algo óbvio, não? Pois é, mas o Cpers não gosta da ideia e entende que isso é pressuposto. Para o sindicato, um candidato que tem faculdade em determinada área não precisa ser testado sobre os temas dela mesma. O Estado, então, deveria abrir mão de tal possibilidade para avaliar mais a capacidade didática.
Todavia, desde quando existe boa didática sem conteúdo?Exemplifico mais: gratificação por desempenho e fim das gratificações por tempo de serviço. Para mudar de classe profissional, os professores passariam por uma avaliação periódica. Claro que tal proposta precisa ser detalhada, mas especialistas em recursos humanos defendem que incentivar funcionários por qualificação, e não pelo tempo de serviço, costuma gerar resultado superior.
Aqui, entretanto, no lugar de premiar o progresso, a carreira acaba conduzindo à acomodação. E – admitamos –, assim como em qualquer área, há diversos professores que, depois da faculdade, não visitaram mais uma biblioteca sequer, nem mesmo folhearam um livro de atualização de sua área. O Cpers, claro, é contra tudo isso também.
Outro ponto: a SEC gostaria de estabelecer metas aos diretores de escolas e exigir cursos específicos de administração escolar aos pretendentes a esse cargo. Temos excepcionais diretores, mas continua sendo ilógico submeter a comunidade escolar, de tempos em tempos, a uma disputa eleitoral. É uma eleição sem sentido! Sim, isso mesmo: diretor de escola não é político e não necessariamente deve ter a simpatia do seu público. Precisa – isto sim – ser um bom gestor, organizar o colégio, comandar a equipe, cobrar resultados e chefiar com mão firme.
E, não raras vezes, essa característica não é comum a um professor muito queridinho. Adivinhem o que o Cpers acha? Nem pensar...Este artigo não é contra professores e diretores, até porque tenho muitos amigos e familiares em tais posições. Quem assim o rotular, está de má vontade. Apenas tento demonstrar, sem desconhecer o baixo salário que recebe o magistério, que a categoria não pode amoldar-se cegamente ao discurso corporativo e sindicalista, principalmente quando ele serve a um objetivo partidário.
E é especialmente dos bons professores que a sociedade espera uma posição mais equilibrada, não como “chapa-branca” deste ou de qualquer outro governo, mas como profissionais que têm independência e amor pelo que fazem, que sabem fazer autocrítica e que não resumem o complexo processo de ensino e aprendizagem unicamente à questão salarial. A categoria pode e deve estabelecer um bom debate a respeito de tudo isso com o governo e a sociedade, mas, primeiro, precisa ter abertura e dispensar viseiras ideológicas, algo que parece incomum ao Cpers.
*Advogado e escritor
Publicado na ZH de hoje.
Um comentário:
Sindicato serve pra isso mesmo, garantir tetas, mamatas e privilégios. Manter e status quo. A proteção, estabilidade, segurança é tudo o que importa.
Eu trabalhei na mais corporativista das instituições, e tenho uma boa idéia de como funciona a coisa.
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