Na tarde de Quinta-feira fui para a praia e sintonizei a gaúcha. Estava iniciando o Painel RBS com o debate entre a secretária de educação do RS, Mariza Abreu e a presidente do CPERS, Rejane de Oliveira. Ouvi todo o debate e sai com a mesma sensação de sempre: o Rio Grande do Sul continua sendo um local atrasado politicamente. Parece que aqui não existe nenhuma possibilidade de diálogo, de consenso, de convergência.
Essa presidente do CPERS francamente.... Elá é atrasada. Ela defende com unhas e dentes um plano de carreira da década de 70, da época dos governos militares, que visava regularizar uma situação daquela época. O CPERS defende o status quo, o engessamento, a manutenção de discutíveis privilégios, exclusivamente os interesses corporativos. A atual presidente do CPERS não está minimamente interessada em melhorar as condições de educação dos estudantes no RS. Sua participação no debate foi para marcar sua postura arrogante de intransigência. Profundamente lamentável.
Abaixo o artigo do David Coimbra, publicado na ZH de sexta-feira sobre o Painel RBS. Ele tocou no ponto certo: será que algum governo tem intenção de liquidar com a educação em seu estado???
Mariza e Rejane
Saí perplexo do Painel RBS, do qual participei ontem como entrevistador.Perplexo, essa é a palavra.A ideia era debater a Educação no Estado. Lá estavam, dois metros a minha frente, dentro de seus circunspetos casaquetos, a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, e a secretária de Educação, Mariza Abreu. E em nenhum momento, nenhum minuto, nenhum átimo de segundo, elas tiveram um único ponto de contato. Nenhuma convergência, nenhuma concordância. Zero. A impressão é de que ali não se encontravam uma representante de entidade de classe e uma representante do governo; a impressão é de que ali se encontravam duas inimigas.
A presidente do Cpers, sobretudo ela, parece programada inexoravelmente para a oposição. Alguém dirá que sou contra o Cpers, ou contra os professores, ou a favor do governo, bibibi. Pouco se me dá. Não vou atrelar meu julgamento ao maniqueísmo tacanho que grassa pelo Rio Grande amado. O fato é que, depois da experiência de ontem, passo a duvidar da possibilidade de que alguma proposta do governo, qualquer proposta, vá receber apoio ou sequer compreensão do Cpers.
O que me deixa desconfiado.Segundo Rejane de Oliveira, o governo pretende liquidar com a Educação no Rio Grande do Sul e extinguir as supostas conquistas dos professores. Mas será possível isso? Será que um governo pode ser assim tão maligno? Tão mal-intencionado? Será que as pessoas que estão no governo pretendem o Mal e tão-somente o Mal? Tenho a tendência de suspeitar de tudo o que é apresentado como absoluto.
***
Existe uma tese de que é assim mesmo que funciona a engrenagem democrática: a oposição, por princípio, tem de se opor. Pelo menos é desta forma que se comporta a máquina democrática gaúcha. A oposição quase sempre é feroz e sistemática. A oposição é sempre do contra.Em alguns lugares é diferente. Estive na Suíça, por exemplo, e lá é exatamente o contrário: lá eles tentam fazer com que todos os governos funcionem, a despeito de quem esteja no poder. Para isso os suíços promovem um rodízio. Os partidos se revezam no comando do país, um período para cada um. Assim fica garantido que a obra de um não será desmanchada pela administração do outro. Afinal, um e outro sabem que, ali adiante, voltarão ao poder.Não creio que seja uma fórmula aplicável ao Rio Grande do Sul, o Rio Grande do Sul, não há dúvida, não é a Suíça. Mas o exemplo mostra que existe alternativa à oposição incondicional. A colaboração, talvez. Ou, no mínimo, a tolerância.
***
No caso do Rio Grande do Sul, isso é impossível. Por essa razão, o Painel de ontem foi muito positivo. Mais do que apresentar as propostas do governo e do sindicato, expôs a intimidade da convivência entre as partes. É como se elas fossem um casal e nós, entrevistadores, telespectadores, ouvintes, como se nós entrássemos na sala deste casal e privássemos com eles. Como se acompanhássemos as discussões que têm todos os dias, no café da manhã, no almoço, no jantar. E, depois disso, ficamos, nós, lamentando. Porque o divórcio parece inevitável.
***
Existe uma tese de que é assim mesmo que funciona a engrenagem democrática: a oposição, por princípio, tem de se opor. Pelo menos é desta forma que se comporta a máquina democrática gaúcha. A oposição quase sempre é feroz e sistemática. A oposição é sempre do contra.Em alguns lugares é diferente. Estive na Suíça, por exemplo, e lá é exatamente o contrário: lá eles tentam fazer com que todos os governos funcionem, a despeito de quem esteja no poder. Para isso os suíços promovem um rodízio. Os partidos se revezam no comando do país, um período para cada um. Assim fica garantido que a obra de um não será desmanchada pela administração do outro. Afinal, um e outro sabem que, ali adiante, voltarão ao poder.Não creio que seja uma fórmula aplicável ao Rio Grande do Sul, o Rio Grande do Sul, não há dúvida, não é a Suíça. Mas o exemplo mostra que existe alternativa à oposição incondicional. A colaboração, talvez. Ou, no mínimo, a tolerância.
***
No caso do Rio Grande do Sul, isso é impossível. Por essa razão, o Painel de ontem foi muito positivo. Mais do que apresentar as propostas do governo e do sindicato, expôs a intimidade da convivência entre as partes. É como se elas fossem um casal e nós, entrevistadores, telespectadores, ouvintes, como se nós entrássemos na sala deste casal e privássemos com eles. Como se acompanhássemos as discussões que têm todos os dias, no café da manhã, no almoço, no jantar. E, depois disso, ficamos, nós, lamentando. Porque o divórcio parece inevitável.
Um comentário:
É um evidente conflito de interesses. O do governo, tenho certeza, não é o de liquidar a educação, o do sindicado, também tenho certeza, é o de proteger uma catiguria. Mas, ativamente, ninguém parece preocupado com a formação dos estudantes.
Credo.
Postar um comentário