Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Será Possível Negociar com o Hamas?


A Diplomacia precisa incluir o Hamas
Editorial do Financial Times de hoje



É bem possível que a carnificina da terça-feira na Faixa de Gaza, depois que Israel bombardeou três escolas assinaladas com a bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU) que abrigavam refugiados da ofensiva contra o Hamas, seja o "momento Qana" da crise atual - como se fosse uma repetição do bombardeio de refugiados em uma base da ONU no sul do Líbano, o provocou a interrupção da campanha militar israelense de 1996 em meio aos protestos internacionais. As tentativas de Israel de impor uma censura à mídia nas suas operações na Faixa de Gaza não foram capazes de impedir que as imagens emergissem com todo o seu horror. Dos cerca de 650 palestinos mortos nos 12 últimos dias, a ONU estima que cerca de 200 são crianças.Uma espécie de processo diplomático teve início: começando com uma suspensão por três horas diárias do bombardeio israelense para permitir a entrada na Faixa de Gaza dos alimentos, combustíveis e medicamentos dos quais há uma carência desesperadora. É uma grande ajuda. Mas não é suficiente. Os amigos de Israel nos Estados Unidos e na Europa precisam solicitar energicamente ao Estado judeu que não só suspenda o fogo, mas que também se comprometa com um desfecho que estabeleça as bases de uma solução abrangente para a batalha entre israelenses e palestinos no sentido de determinar como será compartilhada a Terra Santa (ou de identificar se isto é o que será feito). É em tal solução que reside a única segurança real para Israel, bem como a justiça para os palestinos. Teme-se que Israel possa estar apenas seguindo uma lógica de guerra, prolongando o ataque à Faixa de Gaza: para neutralizar a ação dos islamitas pelo maior tempo possível; restaurar a força do seu poder de dissuasão, e persuadir o mundo de que, no fundo, um conflito em torno de terras ocupadas é na verdade parte da "guerra global contra o terrorismo".Há também problemas quanto ao plano franco-egípcio, mesmo que Israel o esteja levando tão a sério quanto afirma Nicolas Sarkozy. O plano não identifica quem policiará a fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza para evitar o contrabando de armas pelo Hamas; e ele seria negociado entre Israel e a Autoridade Palestina, significando a Fatah, que há três anos foi derrotada nas urnas pelo Hamas e colocada para fora de Gaza. Se o objetivo é uma solução, existe obviamente uma falta de conexão entre a condução de um processo diplomático como se não houvesse Hamas e a execução de uma operação militar como se a presença contínua do grupo fosse uma ameça à existência de Israel. Qualquer resolução para este conflito terá que envolver o Hamas - com regras que proíbam ataques contra civis. O Hamas tem ainda que se comprometer a reconhecer Israel tão logo um Estado palestino seja criado na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Caso Israel deseje uma solução de dois Estados, o país deverá exercer algum comedimento. A força avassaladora é uma resposta militar compreensível, contanto que ela seja utilizada contra um inimigo militar identificável. Mas usá-la dentro de uma área urbana bloqueada e densamente povoada, na qual o maior número de baixas se dá entre a população civil, é uma medida desproporcional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Negociar com quem tem como principal objetivo a destruição completa de um país não me parece possível. Como disse o Popa em outro post, o Hamas só não logrou êxito em detonar Israel por falta de recursos. Tivessem eles o poder militar de Israel, as coisas seriam um pouco diferentes...

Mas também vale salientar que o Hamas representa a maior parte da opinião dos palestinos de Gaza. O grupo quando foi eleito já trazia a marca da intolerância e o germe do ódio, e mesmo assim foi o preferido.

Só para marcar bem, o principal objetivo do Hamas não é a criação do Estado palestino, mas a destruição de Israel. Que os palestinos escolham melhor seus representantes, pois os que estão aí querem é a guerra.

E é isso que estão recebendo.