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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

No Brasil do Pop Presidente o Que Realmente Vale São as Inversões de Valores



Muito bom o editorial da Folha de hoje. E tem gente que quer calar a voz da grande mídia. Por que será?



A culpa é da oposição


Em vez de tomar medidas contra o descalabro da Receita, presidente vai ao programa de sua candidata para atacar as vítimas

Ganhou fama na internet o vídeo em que o presidente Lula responde com maus modos a um rapaz pobre do Rio de Janeiro, que dizia gostar de jogar tênis. Tratava-se de "esporte da burguesia", declarou o presidente, entre alguns impropérios.


Talvez a seus olhos também pareçam simplesmente coisa "da burguesia" as reações ao episódio gravíssimo da quebra do sigilo fiscal de contribuintes, entre os quais pessoas ligadas ao candidato José Serra.


Não pertencia "à burguesia", entretanto, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que depois de dar declarações contrárias aos interesses do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, teve sua conta bancária devassada pelos chefões do poder petista.


Do garoto da favela a personagens do PSDB não há nada em comum exceto o fato de representarem algum potencial de atrito aos poderosos do momento. E estes põem em prática seu longo aprendizado de arrogância e de abuso, tão logo se julgam ao abrigo dos olhos do público.


Fazendo-se entretanto de vítima, como é seu costume, aliás, o presidente da República ocupou parte do horário eleitoral de sua candidata para atribuir ao "preconceito" as críticas que o escândalo da Receita merecidamente recebeu da oposição.


Embalada por uma música sentimental, a aparição de Lula no programa de terça-feira foi uma demonstração deprimente do modo com que o mandatário encara a democracia, o debate político e seu próprio papel institucional.


Conclamou os adversários a manifestarem "mais amor pelo Brasil", como se fosse dos petistas e de seus aliados o monopólio desse sentimento. Criticou "os que só querem destruir", como se tivesse esquecido os tempos em que exerceu oposição sistemática. Condenou a "baixaria", como se fosse elevado o propósito de investigar a declaração de renda da filha de um candidato à Presidência.


Lula nem sequer citou o caso, escapando de explicações acerca do descalabro das violações, sejam as de evidente caráter político, sejam aquelas cujas motivações ainda são menos claras.


Fosse para agir como presidente da República, Lula deveria desde já afastar os responsáveis pela desmoralização da Receita Federal. Preferiu agir segundo os padrões da "república de companheiros" que se estabelece no país, pedindo novamente votos para sua candidata.


Não havendo provas do envolvimento direto de Dilma Rousseff na armação engendrada na Receita Federal, foi por certo temerária e excessiva a atitude tucana de pedir a impugnação da candidatura petista na Justiça Eleitoral. Eleições não se ganham por meio desse expediente.


Mas uma democracia se vê ainda mais atingida quando o Estado se torna aparelho nas mãos de uma camarilha arrogante e impenitente, que o põe a serviço de seus interesses eleitorais, de seu desrespeito com os direitos dos cidadãos, de sua permanente vocação para a chantagem moral e para a intimidação política.



3 comentários:

Fábio Mayer disse...

É fato, um momento feio, um presidente desrespeitando o cargo que ocupa.

Porque presidente, se quer defender sua candidata, chama uma entrevista coletiva e afirma em alto e bom som que vai investigar com rigor e que não partiu ordem nenhuma nem dele, nem de nenhum de seus ministros.

Na terça, ficou a impressão de que ele preferiu passar a mão na cabeça dos aloprados.

guimas disse...

Fábio,

O Lula, a Dilma, o presidente do PT já disseram que não houve ordens para a quebra do sigilo (obviamente), e que querem as investigações andando. Dilma disse em entrevista, inclusive, que quer que as investigações terminem antes das eleições.

O que acontece é que para a "camarilha" anti-petista, nada disso interessa. O que interessa é o desgaste e o escândalo.

A forçação de barra desta quebra de sigilo está beirando o ridículo. Já surgiu até entrevista do Serra falando disso em 2000. Tem no youtube. Querer ligar quebra de sigilos da receita a esta eleição é, no mínimo, vergonhoso.

A respeito do editorial:

"Mas uma democracia se vê ainda mais atingida quando o Estado se torna aparelho nas mãos de uma camarilha arrogante e impenitente, que o põe a serviço de seus interesses eleitorais, de seu desrespeito com os direitos dos cidadãos, de sua permanente vocação para a chantagem moral e para a intimidação política."

Exatamente o MESMO pode ser dito do episódio de compra de votos para a emenda da reeleição, dos "limites da irresponsabilidade" das privatizações, das estripulias mentirosas da nossa mídia.

O editorial é o esperneio de um grupo político contra outro.

Pulha Garcia disse...

Lula anda a aprender com o amigo Chavez ...