Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Burro ou Mal Intencionado?



Leio na Zero Hora de hoje artido do Luiz Fernando Veríssimo, o LFV, com o título de Fora Povo.

Ele trata daquela pesquisa que esse blog já comentou, sob o título "A Boa Elite", sobre o livro do sociólogo Alberto Carlos Almeida que lançou o livro "A Cabeça do Brasileiro, publicado na edição 2.022 da Veja que diz o seguinte:

Se alguém é eleito para cargo público deve usá-lo em benefício próprio?
40% dos analfabetos concordam
3% dos que têm nível superior concordam

É certo recorrer ao jeitinho brasileiro para resolver problemas como o de se livrar de uma multa?
57% dos analfabetos concordam.
3% dos que têm nível superior concordam.

A polícia está certa em bater nos presos para que eles confessem seus crimes?
51% dos analfabetos concordam
14% dos que têm nível superior concordam.

Programas de TV que fazem críticas ao governo devem ser proibidos?
56% dos analfabetos concordam
8% dos que têm nível superior concordam
.

Segundo LFV: Pesquisa recente concluiu que a elite brasileira é mais moderna, ética, tolerante e inteligente do que o resto da população. Nossa elite, tão atacada através dos tempos, pode se sentir desagravada com o resultado do estudo, embora este tenha sido até modesto nas suas conclusões. Faltou dizer que, além das suas outras virtudes, a elite brasileira é mais bem-vestida do que as classes inferiores, tem melhor gosto e melhor educação, é melhor companhia em acontecimentos sociais e é incomparavelmente mais saudável. E que dentes!A pesquisa reforça uma tese que tenho há anos, segundo a qual o Brasil, para dar certo, precisa trocar de povo. Esse que está aí é de péssima qualidade. Não sei qual seria a solução. Talvez alguma forma de terceirização, substituindo-se o que existe por algo mais escandinavo. As campanhas assistencialistas que tentam melhorar a qualidade do povo atual só a pioram, pois, se por um lado não ajudam muito, pelo outro o encorajam a continuar existindo. E pior, se multiplicando. Do que adianta botar comida no prato do povo e não ensinar a correta colocação dos talheres, ou a escolha de tópicos interessantes para comentar durante a refeição? Tente levar o povo a um restaurante da moda e prepare-se para um vexame. O povo brasileiro só envergonha a sua elite.Se não tivéssemos um povo tão inferior, nossos índices sociais e de desenvolvimento seriam outros. Estaríamos no Primeiro Mundo em vez de empatados com Botsuana. São, sabidamente, as estatísticas de subemprego, subabitação e outros maus hábitos do povo que nos fazem passar vergonha.Que contraste com a elite. Jamais se verá alguém da elite brigando e fazendo um papelão numa fila do SUS como o povo, por exemplo. Mas o que fazer? Elegância e discrição não se ensina. Classe você tem ou não tem. Mas o contraste é chocante, mesmo assim. Esse povo, decididamente, não serve.Se ao menos as bolsas-família fossem Vuitton...

O deboche de LFV demonstra burrice ou má fé.

O que a matéria da Veja afirma é que esses analfabetos devem ser incluídos na cidadania e qualidade de vida. Veja apenas mostrou -- de forma explícita -- o contraste que existe entre o Brasil escolarizado, que estuda, que frequenta a universidade, que tem acesso à cidadania, que goza de razoavel qualidade de vida do Brasil analfabeto, que não tem acesso à escola, a um sistema decente de saúde, que não tem direito à cidadania, que vive no mundo da violência e que pratica violência e que está longe e distante da qualidade de vida.

É claro, é evidente, é cristalino que LFV entendeu a matéria de Veja, mas quer ele fazer coro com o sectarismo e a burrice de certa esquerda que pensa que tem o monopólio do trombone e que chama classe média de classe mérdia. Quando a classe média bota a boca no trombone e se organiza em movimentos, esses burros e sectários abrem a boca e dizem que se trata de movimento da elite golpista, burguesa e reacionária. É para esses que LFV quer fazer média.

5 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Eduardo, me desculpe mas vou discordar de vc. O LFV foi irônico. A pesquisa do sociólogo é tendenciosa, como pode ser visto na última edição do programa Roda Viva. Alguns dos protestos da classe média são sem fundamento e foram engendrados por um grupo sempre descontente, saudosista da ditadura militar, que se aproveitou do sofrimento dos parentes das vitimas do acidente da TAM. Mal ou bem, os acusados do mensalão chegaram ao STF, se serão condenados é uma outra história. Mas foram indiciados e agora são réus. Não se pode generalizar como fez o sociólogo, afirmar que os pobres são mais propensos a desonestidade, pois aí incorreríamos nas teses nazistas do doutor Césare Lombroso, na antropometria, que afirmava que certos indivíduos são propensos a delinqüência pelo formato do crânio.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Castro, o sociólogo apenas se utilizou de um resultado de uma pesquisa que apenas revelou o óbvio: as pessoas que têm menos acesso à educação ( e isso não é apenas problema do Brasil) tem mais propensão à desonestidade, ao preconceito, à manipulação etc.. E tem essas características exatamente porque são carentes de educação. A pesquisa apenas revela que o EStado brasileiro não funciona como deveria funcionar; ou seja dar ao povo carente deste Brasil uma educação decente, um serviço público decente. E é nesse sentido que os movimentos de classe média devem ser interpretados. A classe média cansou desse serviço público que não funciona, que é burocrático, é ineficiente e não atende aos pobres deste Brasil como deveria atender. Vamos aumentar a nossa classe média trazendo mais e mais excluídos para a inclusão social. Este é o caminho para o futuro do Brasil.

Carlos de Castro disse...

Carlos, concordo com seus argumentos, é imprescindível a inclusão social, para o país realmente se tornar uma potência no século XXI. Já temos 25 anos de uma tentativa de retorno a democracia. Digo tentativa, pois se analisarmos com isenção, o que é que realmente temos? Lula é o terceiro presidente civil que terminou um mandato. Collor sofreu um impeachment, Itamar cumpriu parte do mandato, era seu vice, FHC, dois mandatos cumpridos, e agora Lula tentando terminar o segundo mandato. No Senado a palhaçada do tira não tira Renan como vc disse lá no blog. O problema da inclusão social e aumento da classe média é dificílimo como sabemos, de acordo com um relatório da ONU, divulgado em 02 de agosto, existe no mundo um bilhão de pessoas abaixo da linha de pobreza.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Eu não sou cético, Castro, em relação à inclusão social dos excluídos. O Brasil precisa de obras de infraestrutura para tocar o barco e isso gera emprego e imposto. Existe uma linguagem de desenvolvimento temos apenas de segui-la. Uma coisa é certa, nenhum país se desenvolve econômica e socialmente alimentando antagonismos social. POr isso critiquei com certa veemência o LFV.

Anônimo disse...

Então, há anos eu escrevo falando mal do povo enquanto todos teimam em falar mal dos governos. O governo democrático, seja lá qual for, é reflexo do seu povo, seja esse qual for. O que temos aí é saído do povo.
Abração