Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A Bela Dividida




O combativo blogueiro Cristovão Feil do Diário Gauche (ali nos favoritos) escreveu um polêmico artigo com o título E a Bela Acordou! Como se o Pt fosse uma Bela Adormecida que está acordando diante de um golpe midiático que não existe, diante de movimentos organizados por setores da classe média, como esse tal Cansei, da OAB-SP.

É a velha estratégia de mostrar que o país está dividido. É a provocação ao ódio de classe. É exatamente esse movimento que cria o ritmo necessário para criar os fatos ensejadores da revolta social. Quando Lula recebeu o buuu da classe média no Maracanã a sonolenta esquerda abriu o olho esquerdo da sonolência. Quando o avião da TAM se espatifou em Congonhas, a esquerda ficou em alerta. Era impossível descontextualizar o incidente do caos aéreo que tomou conta dos aeroportos deste Brasilsão.

A verdade é a seguinte, o Brasil tem de funcionar. O Estado tem de funcionar. Não é alimentando antagonismo social, criando o ódio entre classes que o Brasil vai funcionar. Muito pelo contrário.

Querem dividir o Brasil que não está dividido. Isso faz lembrar, o que os milicos diziam na época da ditadura: Brasil Ame-o ou Deixe-o. O Brasil é único. Fogaça estava errado quando escreveu não existe paz sem divisão. Existe sim paz no consenso.
Por que o partido socialista de Allende hoje governa o Chile que cresce e está em uma situação econômica e social de causar inveja aos seus vizinhos? Porque se fez um pacto, uma "consertación". Por que a Espanha se desenvolveu tanto a partir do pacto de Moncloa? Por que Portugal também se desenvolveu a partir da revolução dos cravos? Porque houve pacto.
Os scholars do século XIX acham que conciliação, pacto, consenso são palavras proibidas num governo de esquerda. O governo do PT está indo na direção certa, mas derrapa na ideologia da divisão, fomentada pela pequena meia dúzia que apenas grita.
Agenda do consenso é, sobretudo, a inclusão social dos excluídos e para que isso ocorra o Brasil tem de crescer. E para o Brasil crescer é necessário investimentos estatais e privados. O PAC é uma boa idéia. Mas tem de se fazer reformas e flexibilizações na legislação brasileira para se adaptar aos novos tempos. É o que fez o Chile, é o que fez a Espanha, é o que fez Portugal. São exemplos a serem seguidos.
Mas a esquerda sequer quer falar sobre isso, porque é paranóica e se assusta por qualquer movimento cansei da vida e inventa um monte de história, porque ainda acredita nos ideais do século XIX. Ou ela entra no pacto ou ela vai ficar restrita a meia dúzia de sempre. O Brasil não quer discórdia, quer convergência.
Nenhum país do mundo se desenvolveu econômica e socialmente fomentando o conflito de classes, a divisão. Não existe um único exemplo nesse sentido. E querem atirar a primeira pedra.

5 comentários:

PoPa disse...

Caro Maia, Fogaça estava certo, pois ele falou "não creio em paz sem divisão de tanto amor que espalhei".

Há que dividir o amor. Lula parece querer dividir o ódio...

Anônimo disse...

Temos um impasse, então: de um lado, querem que o presidente reaja ao festival de anti-lulismo que há na grande mídia, e até no movimento Cansei. De outro, não pode criar antagonismo, tem de unir todos em favor do Brasil.

Eu não acredito em consensos. E o principal problema não é o andar de baixo. É o de cima. Como construir um consenso de "dividir o bolo" se a "elite" não vai abrir mão de nada? Quem vai entrar com o sacrifício?

A esquerda revolucionária (do século XIX, como dizes), quer a revolução. Well, "we all want to change the world", né?

Resta a pergunta: quem vai se oferecer ao sacrifício pra divisão de riquezas? Quem não tem nada? Quem tem alguma coisinha? Quem tem muito?

Ou vamos esperar "o bolo crescer", para parafrasear o Delfim, e depois esperar que algo aconteça e o bolo se divida magicamente?

Já te adianto uma coisa: a direita não sabe responder isso. A esquerda responde com o "vamos à luta, companheiros".

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, esse é o discurso da Iena do Hanna Barbera: isso não vai dar certo. Mas como é que deu certo em outros países? A história da humanidade também foi construída em cima da conciliação, do pacto e do consenso.

Exemplo vivo: o PT foi contra a reforma da previdência na época de FHC. E por que foi: queria sentar no trono do Planalto. Reforma da previdência vai ser sempre antipopular, mas tem de ser feita para equilibrar as contas do Estado. Mas o PT foi contra e quando, afinal, conquistou o poder fez a mesma reforma -- e piorada.

Se houvesse o compromisso com o pacto social o PT teria sentado á mesa da conversação e o Brasil teria feito uma reforma da previdência decente.

O ponto positivo do governo do PT é que o partido aprendeu a ser poder. E isso é fundamental num regime de alternância do poder, porque qualifica a democracia.

Não interessa, Guimas, a ninguém vivermos o Brasil da violência e da violência social.

O consenso deve interessar a todos. A riqueza se dilui, Guimas. Não é necessário decretos para fazer ela se diluir, basta um Estado atento, competente e fiscalizador controlando o mercado que não pode --- e nem deve -- se concentrar.

Anônimo disse...

Maia, teu discurso é de uma utopia instigante - talvez tão grande quanto a utopia socialista.

Sou a favor destas utopias - sua existência faz com que se busque um estado de coisas perfeito - impossível e inalcançável.

Só discordo em relação à riqueza: ela não se dilui não, Maia, e o Brasil é o "exemplo vivo" disto - temos riqueza e pobreza de sobra.

Anônimo disse...

Acredita mesmo que não há um golpe em andamento, uma perseguição, uma ridicularização do Governo por parte da mídia?

Que é só imaginação, complexo de perseguição?